terça-feira, 17 de julho de 2012

EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA - Aula 04



MATEUS E MARCOS

Texto Básico: Mateus 13:44-48



“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”(Mc 10:45)

INTRODUÇÃO

Na Aula anterior estudamos sobre “Jesus e os Quatro Evangelhos”. Tivemos uma noção de suas características gerais, seu panorama geográfico e seu contexto histórico, além de seu maravilhoso tema: Jesus Cristo. Vimos que os Evangelhos foram endereçados a pessoas diferentes e com propósitos diversos: Mateus foi escrito para os judeus e apresentou Jesus como Rei; Marcos escreveu para os romanos e apresentou Jesus como Servo; Lucas escreveu para os gregos e apresentou Jesus como o Homem perfeito; e João escreveu um evangelho universal e apresentou Jesus como Deus, o Verbo encarnado. Vimos que os Evangelhos se harmonizam entre si; mas, ao mesmo tempo, cada um deles é ímpar, porquanto cada escritor sagrada registrou a história de Jesus à sua maneira particular.
Nesta Aula, vamos estudar dois dos Evangelhos: Mateus e Marcos. Veremos a maneira distinta como cada um apresenta a pessoa e o Ministério de Cristo. Por exemplo, Mateus refere-se a Jesus usando o título “Filho de Davi” por oito vezes. Marcos usou esse mesmo título apenas por duas vezes. Mateus deu mais ênfase ao cumprimento de profecias por parte de Jesus; Marcos concentrou a atenção sobre os feitos de Jesus. Ao estudar sobre estes dois maravilhosos livros, certamente notaremos outras diferenças. Enquanto estudamos, que o Senhor nos ajude a contemplá-lo como nosso Messias, ajudando-nos a seguir o Seu belo exemplo, como servos obedientes e voluntários de Deus.

I. MATEUS, O EVANGELHO DO REI-MESSIAS

O Evangelho de Mateus é a ponte perfeita entre o Antigo e o Novo Testamento. Suas primeiras palavras nos levam de volta a Abraão, o patriarca do povo de Deus do Antigo Testamento, e a Davi, o primeiro grande rei de Israel. Devido à sua ênfase, ao acentuado teor judaico, às inúmeras citações das Escrituras hebraicas e por ser o livro que encabeça o Novo Testamento, Mateus está na posição lógica para a apresentação da mensagem cristã ao mundo.
Mateus tem mantido essa primeira posição na sequencia dos quatro evangelhos por muito tempo. Isso se deve ao seguinte: até os tempos modernos, aceitava-se universalmente que Mateus havia sido o primeiro evangelho a ser escrito. O estilo organizado e claro de Mateus também fez dele o mais apropriado para a leitura em público. Portanto, era o Evangelho mais popular, às vezes até disputando esse lugar com o Evangelho de João.
O tema do Evangelho de Mateus é Jesus Cristo. O nome Jesus o apresenta como o Salvador Jeová. O título Cristo(“ungido”) o apresenta como o tão esperado Messias de Israel. O título filho de Davi está associado como as funções de ambos: Messias e Rei no Antigo Testamento. O título filho de Abraão apresenta o Salvador como o cumprimento máximo das promessas feitas ao progenitor do povo Hebreu.
1. Data e Autoria.
a) Data. Não é possível determinar a data em que esse Evangelho foi escrito. Embora alguns eruditos defendam ter escrito no final do século I, é bastante provável que o livro tenha sido concluído entre os anos 40 d.C. e 60 d.C. O  ponto de vista de que o evangelho tinha de ser escrito após a destruição de Jerusalém(70 d.C.) baseia-se fundamentalmente no fato de não se acreditar na habilidade de Cristo em prever aquele evento futuro detalhadamente, e em outras teorias racionalista que ignoram ou negam a inspiração divina.
b) Autoria. Apesar de o nome do autor do Evangelho não estar identificado no texto, desde os primórdios tem sido conhecido como o Evangelho de Mateus. Não há razão alguma para duvidar que o livro tenha sido de fato escrito por Mateus, o outrora desprezado coletor de impostos que, posteriormente, transformou-se em um dos doze discípulos de Jesus(cf. Mc 2:14-17; Lc 5:27).
Mateus era jovem quando Jesus o chamou. Judeu de nascença, sua profissão era a de cobrador de impostos, e ele abandonou tudo para seguir a Cristo. Uma de suas muitas recompensas foi que ele se tornou um dos doze apóstolos. Outra é que ele foi escolhido como o escritor do Evangelho que leva o seu nome. É aceito de forma geral que Mateus também era conhecido como Levi(Mc 2:14; Lc 5:27).
2. Ênfase. No seu Evangelho, Mateus dispõe-se a mostrar que Jesus é o Messias de Israel que o povo tanto aguardava, o único que poderia reivindicar legalmente o trono de Davi. Ele revela grande interesse em relacionar Jesus com as profecias do Antigo Testamento. Existem 129 referências ao Antigo Testamento. Essa ênfase indica que Ele estava escrevendo a leitores para os quais o cumprimento de profecias era importante e significativo. Queria mostrar que Jesus é o Messias e nele se cumpriram as profecias do Antigo Testamento.
Mateus, mais do que os demais evangelistas, se esforça em mostrar o contexto veterotestamentário. Cada acontecimento significativo da vida de Jesus é resultado direto do cumprimento das Escrituras – "para que se cumprisse": a concepção virginal (Mt 1:23), o nascimento em Belém (Mt 2:6), a ida e depois o regresso do Egito (Mt 2:15), a matança promovida por Herodes (Mt 2:17-18), seu estabelecimento em Nazaré (Mt 2:23), João Batista (Mt 3:3), seu ministério pedagógico (Mt 2:4, 15-16), seus milagres (Mt 8:17), sua atitude de Servo (Mt 12:17-21), seu ensino por meio de parábolas (Mt 13:35), sua entrada Triunfal em Jerusalém (Mt 21:5), sua paixão (Mt 26:56). A observação que cabe aqui é que Mateus se utiliza de forma muito livre e pessoal cada um destes textos do Antigo Testamento.
O livro de Mateus não professa ser uma narrativa completa da vida de Cristo. Começa com sua genealogia e seus primeiros anos, e então passa para o início do seu ministério público quando Ele tinha aproximadamente trinta anos. Guiado pelo Espírito Santo, Mateus seleciona esses aspectos da vida e do ministério do Salvador que comprovam sua condição de Ungido de Deus(é justamente isso o que significa Messias e Cristo). O livro vai até o ponto mais alto: o julgamento, a morte, o sepultamento, a ressurreição e a ascensão do Senhor Jesus. E nesse ápice, é óbvio, foi assentado o fundamento da salvação do homem. É por essa razão que o livro é chamado de Evangelho – não tanto porque ele mostra o caminho pelo qual pessoas pecaminosas podem receber a salvação, mas, pelo contrário, porque descreve a obra sacrifical de Cristo pela qual a salvação se tornou possível.
3. Características especiais. São sete as características essenciais deste Evangelho:
a) É o mais judaico dos quatro Evangelhos.
b) Contém a exposição mais sistemática dos ensinos de Jesus e do seu ministério de cura e libertação. Isso levou a Igreja, no século II, a usá-lo intensamente na instrução dos novos convertidos.
c) Os cinco sermões principais contêm os textos mais extensos dos Evangelhos sobre o ensino de Jesus: durante o seu ministério na Galiléia, e quanto a escatologia(as últimas coisas a acontecer).
d) O Evangelho de Mateus, de modo específico, identifica eventos da vida de Jesus como sendo cumprimento do Antigo Testamento, com mais frequencia do que qualquer outro livro do Novo Testamento.
e) Menciona o reino dos céus(reino de Deus) duas vezes mais do que qualquer outro Evangelho. Há trinta e oito referencias ao “Reino de Deus” ou ao “Reino dos Céus”.
f) Mateus destaca: os padrões de retidão do reino de Deus(Mt cap. 5-7); o poder divino ora em operação no reino, sobre o pecado, a doença, os demônios e a morte; e o triunfo do reino, na vitória final de Cristo, nos fins dos tempos.
g) Mateus é o único Evangelho que menciona a Igreja como entidade futura pertencente a Jesus(Mt 16:18; 18:17).
h) Não há ordem cronológica. Mateus não apresenta fatos e ensinos na ordem em que ocorreram ou foram ditos. A ordem só é seguida em parte: no início do livro (nascimento, batismo, tentação) e no final (última semana, morte, ressurreição e ascensão). No meio - as parábolas, milagres e ensinamentos -, não se encontram ordenados cronologicamente.
i) Mateus contém 15 parábolas (10 exclusivas). Um dos efeitos das parábolas é a fixação do ensinamento. Isto quando o mesmo é compreendido. Trata-se então de um recurso didático. Aliás, tal propósito encontra-se subjacente a muitos elementos e práticas do judaísmo e do cristianismo.
j) Mateus narra 20 milagres (3 exclusivos). Embora o número seja grande, as narrativas são resumidas.
k) Mateus apresenta Jesus como Rei. Tal propósito já se nota na apresentação da genealogia. A expressão "Filho de Davi" ocorre 9 vezes no livro.
4. Aspectos exclusivos. Entre os quatro Evangelhos, somente Mateus registra um ensino especifico sobre a Igreja. E nas três vezes em que a palavra aparece são provenientes da boca de Jesus (Mt 16:18 e 18:17 duas vezes), se revestindo de grande importância. Na primeira referência Jesus declara ser o fundamento da Igreja que haveria de surgir após sua ressurreição, na segunda é estabelecido o padrão de autoridade e disciplina da Igreja.
Outros aspectos exclusivos: Mateus contêm nove incidentes, dez parábolas e três milagres que não se encontram nos demais evangelhos. Entre essas coisas foram incluídas, por exemplo, a visão de José (Mt 1:20-24), a cura do mudo endemoninhado (Mt 9:32,33) e as parábolas do trigo e do joio (Mt 13:24-30, 36-43), e dos talentos (Mt 25:14-30).
5. Esboço de Mateus. Há vários esboços sobre o livro de Mateus, diferentes entre si. A sua composição depende muito de quem os elabora. Assim, o presente esboço é uma entre tantas maneiras de se apresentar o evangelho de Mateus.
A.  A PREPARAÇÃO DO REI (Mt 1:1 a 4:11):
1) A descendência do Rei (Mt 1:1-17 – a genealogia).
2) O advento do Rei (Mt 1:18 a 2:13 – advento = vinda).
3) O embaixador do Rei (Mt 3:1-17). Era comum entre os reis o envio de mensageiros diante de si para anunciar a aproximação da comitiva real. Iam estes anunciando em alta voz a chegada do rei. Os súditos deviam então se colocar em atitude e posição de reverência. Muitas vezes era comum que todos se prostrassem diante do rei. Da mesma forma, João Batista foi enviado na frente de Jesus para anunciar a sua chegada, cumprindo-se assim a profecia de Isaías (Is 40).
4) A prova do Rei (Mt 4:1-11 – A tentação no deserto).
B. O PROGRAMA DO REI (Mt  4:12 a 16:12):
1) O começo do reino (Mt 4:12-25). Jesus começou a pregar dizendo: arrependei-vos. O arrependimento é o começo do reino de Deus na vida do homem. A seguir Jesus escolhe seus discípulos.
2) O manifesto do reino (Mt cap. 5-7). Manifesto = declaração pública. Jesus vem a público apresentar as propostas do seu reino. Assim como Moisés recebeu no monte Sinai as leis da antiga aliança, Jesus também sobe ao monte e promulga as normas do Reino de Deus.
3) Os sinais do Reino (Mt cap. 8-9). Nessa parte Mateus apresenta alguns milagres de Jesus. Seu reino não é composto apenas de palavras, ensinamentos, mas demonstração de poder. Vemos então nesses capítulos a autoridade do Rei Messias sobre: homens, toda sorte de enfermidades (Mt 9:35), deficiências físicas, morte, pecado, natureza, demônios. Fica em evidência o absoluto alcance do Reino de Deus.
4) Os mensageiros do Reino (Mt cap.10-11). Os mensageiros aqui citados são: João Batista, seus discípulos, e os discípulos de Jesus. João estava passando por uma crise de dúvidas. O rei Jesus, que ele mesmo anunciara não havia tomado nenhuma providência para libertá-lo do cárcere. Surgiu então o questionamento: "Será este mesmo o Cristo?" Muitas vezes o evangelho pode não atender às nossas expectativas particulares. Alguns problemas podem persistir e isso pode trazer a frustração. Contudo, os propósitos divinos são superiores aos nossos. "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho".
5) Os princípios do reino (Mt cap.12). Jesus dá destaque para a misericórdia e o amor em detrimento de uma observação apenas literal da lei. Apresenta-se nesse trecho a superioridade de Cristo sobre o templo, o sábado, o profeta Jonas e o rei Salomão (Mt 12:6,8,41,42). O Rei Jesus é superior a todos os valores e figuras importantes do judaísmo
6) Os mistérios do reino (Mt 13:1-52). Jesus apresenta, por meio de parábolas, diversas características do reino, as quais se encontram ao mesmo tempo ocultas e reveladas. Ocultas para a multidão e reveladas para os discípulos.
7) A ofensa do reino (Mt 13:53 a 16.12). Após encerrar suas parábolas, Cristo se dirigiu à sua Nazaré, onde foi rejeitado por seus compatriotas. Em seguida temos o relato da morte de João Batista. As reações negativas contra o reino tornam-se mais intensas. Os fariseus entram em cena novamente em perseguição ao Mestre (Mt 15:2; 16:1). Surge então o fermento maligno contra o fermento do reino (Mt 16:6). As obras malignas também crescem. A perseguição contra Cristo estava crescendo.
C. A PAIXÃO DO REI (Mt 16:13 a 28:20):
1) A revelação do Rei (Mt 16:13 a 17:27). Embora Jesus já fosse publicamente conhecido há um bom tempo, as pessoas não sabiam muito bem quem Ele era. Sabiam apenas que Jesus curava os enfermos e multiplicava os alimentos. Nem os discípulos possuíam uma visão definida sobre ele.
2) A doutrina do Rei (Mt cap. 18-20). Conforme deduzem alguns comentaristas, uma das preocupações de Mateus era o atendimento das necessidades da sua comunidade, a igreja. Por isso ele selecionou e organizou seu material da forma com o temos hoje. Nesses capítulos encontramos ensinamentos de Jesus sobre humildade, o valor de uma alma, o perdão, decisões da igreja, divórcio, o perigo das riquezas e as recompensas aos seus seguidores.
3) A rejeição do Rei (Mt cap. 21-22). Os judeus recebem Jesus em Jerusalém com entusiasmo. Porém, estranham sua atuação no templo, quando ele expulsa os comerciantes e derruba suas mercadorias. Da mesma forma muitos estranham as mudanças que Jesus deseja fazer em suas vidas após terem-no recebido como Salvador.
4) As censuras do Rei (Mt cap. 23). Até então, os fariseus vinham praticando um tipo de "perseguição teológica" contra Jesus. Tentavam colocá-lo em dificuldade afim de apanhá-lo em alguma palavra. Jesus, por sua vez, vinha administrando o conflito de forma amigável. Porém, no capítulo 23, Jesus parte para o confronto. Ele usa palavras duras e revela publicamente toda a corrupção dos fariseus.
5) As predições do Rei (Mt cap 24-25). Temos nesse trecho um discurso apocalíptico de Jesus. É a escatologia do Mestre tratando dos sinais dos últimos tempos, o surgimento de falsos cristos, sua segunda vinda, o arrebatamento, o juízo e a eternidade. Fica demonstrada então o conhecimento de Cristo sobre os eventos futuros, exceto sobre o dia da sua vinda. Já que ninguém sabe esse dia, senão o Pai, Jesus reforça bem a necessidade de vigilância por parte de seus seguidores.
6) Os sofrimentos do Rei(Mt cap.26-27). As autoridades religiosas levaram às últimas consequências sua perseguição ao Mestre. Essa parte trata da traição de Judas, prisão e morte de Jesus. Até nesse momento, o título real acompanha o Messias. Sobre sua cruz se coloca a inscrição em caracteres romanos, gregos e hebraicos: "Este é Jesus, o Rei dos judeus." (Mt 27:37 Lc 23:38).
7) O triunfo do Rei (Mt cap. 28). Encerrando seu livro, Mateus fala sobre a ressurreição de Jesus. Está então demonstrado o poder triunfal do Rei Messias sobre sua própria morte. Agora, tendo recebido todo poder nos céus e na terra, Ele dá ordens aos seus discípulos para que levem o Evangelho a todas as nações.

II. MARCOS, O EVANGELHO DO SERVO TRABALHADOR

Marcos, também, é considerado um dos evangelhos sinóticos. O termo sinótico vem de duas palavras gregas, cujo significado é “ver conjuntamente”. Dessa maneira, Mateus, Marcos e Lucas tratam basicamente dos mesmos aspectos da vida e ministério de Cristo. Dos Evangelhos sinóticos, Marcos é o mais breve.
Nesse Evangelho, temos a maravilhosa história do Perfeito Servo de Deus, o Senhor Jesus Cristo. É a história de alguém que deixou de lado a forma exterior de sua glória no Céu e assumiu a forma de Servo na Terra (Fp 2:7). É a história incomparável de alguém que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”(Mc 10:45).
Se lembrarmos que esse Servo Perfeito e Trabalhador era nenhum outro a não ser Deus, o Filho, e que Ele voluntariamente se vestiu com o avental de escravo, tornando-se Servo dos homens, o Evangelho brilhará com incessante esplendor.
Aqui vemos o Filho encarnado de Deus vivendo como um Homem dependente na Terra. Tudo o que Ele fez estava em perfeita obediência à vontade do Pai, e suas obras poderosas foram todas realizadas no poder do Espírito Santo.
Aquele que é perfeitamente Deus, também é perfeitamente homem. O Messias entrou na História não para conquistar os reinos do mundo com espada, mas para servir os homens, aliviar suas aflições, curar suas enfermidades, levantar os caídos, morrer na cruz para a remissão de seus pecados. Como Servo, Jesus foi tentado, falsamente acusado, perseguido, ferido, cuspido, ultrajado, pregado na cruz.
Este Evangelho é um valioso manual de serviço para os que desejam ser fiéis e verdadeiros servos do Senhor.
1. Autoria. A maioria dos autores aceita a opinião unânime da igreja primitiva de que este Evangelho foi escrito por João Marcos.  Embora ele não tenha sido um discípulo de Cristo, seguramente presenciou muitos fatos da sua vida, visto que morava em Jerusalém e sua casa tornou-se um ponto de encontro da Igreja (At 12:12). Sua mãe chamava-se Maria.
Os pais da Igreja, unanimemente aceitaram João Marcos como o autor deste Evangelho. Papias, um dos pais da Igreja do começo do século II, afirma que o Evangelho de Marcos é a compilação do testemunho pessoa de Pedro acerca da vida e ministério de Cristo. Marcos não foi discípulo de Cristo, mas de Pedro. De acordo com Papias, Marcos foi o intérprete de Pedro.
Outros pais da Igreja, incluindo Justino, o mártir, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes e Eusébio, confirmam Marcos como o autor deste Evangelho. Também associam o Evangelho de Marcos com o testemunho do apóstolo Pedro. Irineu, outro pai da Igreja, afirma: “Depois da morte de Pedro e Paulo, também Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, nos legou por escrito as coisas que foram pregadas por Pedro”. Marcos é o mais aramaico dos evangelhos, o que evidencia ser um relato da palavra falada de Pedro.
Marcos era considerado um filho de Pedro na fé (1Pe 5:13). Ele teve um estreito relacionamento com Pedro. O apóstolo o chama “meu filho”. Possivelmente o próprio Pedro o tenha levado a Cristo e seja seu pai na fé. Quando Pedro foi solto da prisão, foi para casa de Maria, mãe de Marcos, onde a igreja estaca reunida.
A tradição de que Marcos escreveu em Roma é demonstrada pela grande quantidade de palavras latinas em relação aos outros evangelhos (como centurião, censo, denário, legião e pretório).
Marcos foi chamado por Paulo para assisti-lo no final da sua vida(2Tm 4:11). Marcos estava em Éfeso quando Paulo foi preso pela segunda vez. Agora, Paulo está num calabouço romano, aguardando o seu martírio. Paulo reconhece que o mesmo jovem que ele dispensara no passado agora lhe é útil e deseja tê-lo como seu cooperador no momento final da sua vida. Isso nos prova a mudança de conduta de Paulo bem como sua mudança de conceito acerca de Marcos.
Dez vezes no Novo Testamento nosso autor é mencionado por seu nome gentílico(latim) - “Marcos” -, e três vezes por seu nome composto judeu e gentílico - “João Marcos”. Marcos, o “servo”, ou assistente, primeiro de Paulo(At 12:25; 13:5), depois de seu primo Barnabé(Cl 4:10; At 15:37-40) e, de acordo com tradição confiável, de Pedro antes de sua morte, foi a pessoa ideal para escrever o Evangelho do Servo Perfeito.
2. Ênfase. Marcos é o Evangelho da Ação. Jesus é apresentado nesse Evangelho como servo que está sempre em atividade. Marcos descreve Cristo, sempre ocupado, se deslocando de um lugar para outro, curando, libertando, pregando e ensinando as pessoas. As obras de Cristo têm mais ênfase que as suas palavras.
Marcos contém somente uma parábola que não é encontrada em nenhum outro Evangelho(Mc 4:26-29), enquanto Lucas tem dezoito parábolas que lhe são peculiares.
Entre os seis grandes discursos de Mateus, somente um, o das últimas coisas (Mt 24 e Mc 13), acha-se igualmente relatado em Marcos, e mesmo assim, de forma resumida.
O  euthys (imediatamente, logo, então) ocorre mais de quarenta e duas vezes em Marcos.
Marcos descreve Jesus como um Rei ativo, enérgico, que se move rapidamente como um conquistador vitorioso sobre as forças da natureza, da doença, dos demônios e da morte.
Marcos enfatiza mais os milagres de Cristo do que seus sermões. Em cada capítulo do Evangelho até seu ministério final em Jerusalém, há pelo menos o registro de um milagre. Ele realizou milagres para demonstrar sua compaixão pelas pessoas(Mc 1:41,42), para convencer as pessoas acerca de quem Ele era (Mc2:1-2) e para ensinar os discípulos acerca da sua verdadeira identidade como Deus(Mc 8:14-21).
3. Características especiais.
a) O Evangelho de Marcos é geralmente considerado o primeiro Evangelho que foi escrito. Embora esse fato não tenha um consenso unânime, a maioria dos estudiosos crê que Marcos foi escrito antes dos outros evangelhos.
b) O estilo de Marcos é ágil, cheio de energia e conciso. Ele enfatiza mais as ações que as palavras do Senhor, o que se evidencia no registro de dezenove milagres, mas somente quatro parábolas.  Os romanos estavam mais interessados em ação que em palavras, por isso Marcos descreve mais os milagres de Cristo que os seus ensinos.
c) Como um Evangelho aos romanos, ele se detém em explicar os  termos judaicos ao seus leitores (Mc 7:3,4; 7:11; 14:12). Quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo, a tomou pela mão e lhe disse: “Talita cume”, que quer dizer: “Menina eu te mando, levanta-te”.
d) Marcos usou várias palavras latinas. Isso pode ser constatado observando alguns textos (Mc 5:9; 12:15,42; 15:16,39).
e) Marcos foi o evangelista que menos citou o Antigo Testamento. Ele, por exemplo, não cita em seu Evangelho o termo “lei”.
f)  Marcos omite todas as genealogias judaicas. Isso se coaduna com o interesse de Marcos na vida de serviços de Jesus, pois a história da família de um servo não é importante.
g) Marcos inicia seu Evangelho de modo repentino, e descreve os eventos da vida de Jesus de modo sucinto e rápido, introduzindo os episódios mediante o advérbio grego que corresponde a “imediatamente”. Este termo aparece 42 vezes no evangelho de Marcos(no original), apenas 7 vezes em Mateus e uma única vez em Lucas, indicando a prontidão, pressa e espontaneidade como Jesus servia.
h) Marcos usou a contagem de tempo romano. Podemos constatar isso em Mc 6:48; 13:35. Portanto, todas as evidências nos indicam que Marcos escreveu esse Evangelho para os romanos.
William Barclay considerava o Evangelho de Marcos o mais importante do mundo, visto que serviu de fonte para os outros evangelhos e é o primeiro relato da vida de Cristo que a humanidade conheceu  Dos 661 versículos de Marcos, Mateus reproduz 606. Há apenas 55 versículos de Marcos que não se encontram em Mateus, mas Lucas utiliza 31 destes. O resultado é que há somente 24 versículos de Marcos que não se encontram em Mateus ou Lucas. Isso parece provar que tanto Mateus quanto Lucas usaram o Evangelho de Marcos como fonte(Barclay, William, Marcos, 1974: p.11,12).
4. Esboço de Marcos.
a)      A preparação do Servo (Mc 1:1-13).
b)      Os primeiros ministérios do Servo na Galiléia(Mc 1:14-3:12).
c)       O chamado do Servo e o treinamento dos seus discípulos(Mc 3:13-8:38).
d)      A viagem do Servo para Jerusalém (Mc 9-10).
e)      O ministério do Servo em Jerusalém (Mc 11-12)
f)        O discurso do Servo no Monte das Oliveiras (Mc 13).
g)      O sofrimento e a morte do Servo (Mc 14-15).
h)      O triunfo do Servo (Mc 16).

CONCLUSÃO

A parte mais importante do Evangelho não é o que nós devemos fazer, mas o que Deus fez por nós em Cristo. O Evangelho não é discussão nem debate, mas uma proclamação. O Evangelho está centralizado na pessoa de Cristo Jesus. O Conteúdo do Evangelho é Jesus Cristo: sua vida, obra, morte, ressurreição, governo e segunda vinda. Alguém disse que Cristo criou o Evangelho pela sua obra; Ele pregou o Evangelho pelas suas palavras, mas Ele é o próprio Evangelho.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Prof. Anísio Renato de Andrade – Introdução ao estudo dos evangelhos e Evangelho de Mateus.

Ver. Hernandes Dias Lopes – Marcos, o Evangelho dos milagres.

Um comentário:

  1. Amigo. É para mim uma honra estar no seu blog, poder ver e ler as belas palavras aqui contidas. Seu blog é uma benção, fiquei maravilhado, seu amor a Jesus nota-se nas palavras escritas, continue a ser esta grande benção, a deixar-se usar pelo grande Oleiro. Quero aproveitar a oportunidade para partilhar o meu blog : Peregrino E Servo. Vou ficar muito feliz se tiver a gentileza de fazer uma visita ao meu blog e deixar um comentário, e se desejar, mas só se quiser siga, de volta vou retribuir. Deus te abençõe ricamente.
    António Batalha.

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