MATEUS E MARCOS
Texto Básico: Mateus 13:44-48
“Pois o próprio Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos”(Mc 10:45)
INTRODUÇÃO
Na Aula anterior estudamos sobre
“Jesus e os Quatro Evangelhos”. Tivemos uma noção de suas características
gerais, seu panorama geográfico e seu contexto histórico, além de seu
maravilhoso tema: Jesus Cristo. Vimos que os Evangelhos foram endereçados a
pessoas diferentes e com propósitos diversos: Mateus foi escrito para os judeus
e apresentou Jesus como Rei; Marcos escreveu para os romanos e apresentou Jesus
como Servo; Lucas escreveu para os gregos e apresentou Jesus como o Homem
perfeito; e João escreveu um evangelho universal e apresentou Jesus como Deus,
o Verbo encarnado. Vimos que os Evangelhos se harmonizam entre si; mas, ao
mesmo tempo, cada um deles é ímpar, porquanto cada escritor sagrada registrou a
história de Jesus à sua maneira particular.
Nesta Aula, vamos estudar dois
dos Evangelhos: Mateus e Marcos. Veremos a maneira distinta como cada um
apresenta a pessoa e o Ministério de Cristo. Por exemplo, Mateus refere-se a
Jesus usando o título “Filho de Davi” por oito vezes. Marcos usou esse mesmo
título apenas por duas vezes. Mateus deu mais ênfase ao cumprimento de
profecias por parte de Jesus; Marcos concentrou a atenção sobre os feitos de
Jesus. Ao estudar sobre estes dois maravilhosos livros, certamente notaremos
outras diferenças. Enquanto estudamos, que o Senhor nos ajude a contemplá-lo
como nosso Messias, ajudando-nos a seguir o Seu belo exemplo, como servos
obedientes e voluntários de Deus.
I.
MATEUS, O EVANGELHO DO REI-MESSIAS
O Evangelho de Mateus é a ponte perfeita entre o Antigo e o
Novo Testamento. Suas primeiras palavras nos levam de volta a Abraão, o
patriarca do povo de Deus do Antigo Testamento, e a Davi, o primeiro grande rei
de Israel. Devido à sua ênfase, ao acentuado teor judaico, às inúmeras citações
das Escrituras hebraicas e por ser o livro que encabeça o Novo Testamento,
Mateus está na posição lógica para a apresentação da mensagem cristã ao mundo.
Mateus tem mantido essa primeira
posição na sequencia dos quatro evangelhos por muito tempo. Isso se deve ao
seguinte: até os tempos modernos, aceitava-se universalmente que Mateus havia
sido o primeiro evangelho a ser escrito. O estilo organizado e claro de Mateus
também fez dele o mais apropriado para a leitura em público. Portanto, era o
Evangelho mais popular, às vezes até disputando esse lugar com o Evangelho de João.
O tema do Evangelho de Mateus é Jesus
Cristo. O nome Jesus o apresenta como o Salvador Jeová. O
título Cristo(“ungido”) o apresenta como o tão esperado Messias
de Israel. O título filho de Davi está associado como as funções
de ambos: Messias e Rei no Antigo Testamento. O título filho de Abraão
apresenta o Salvador como o cumprimento máximo das promessas feitas ao
progenitor do povo Hebreu.
1. Data e Autoria.
a) Data. Não é
possível determinar a data em que esse Evangelho foi escrito. Embora alguns eruditos
defendam ter escrito no final do século I, é bastante provável que o livro
tenha sido concluído entre os anos 40 d.C. e 60 d.C. O ponto de vista de que o evangelho tinha de
ser escrito após a destruição de Jerusalém(70 d.C.) baseia-se fundamentalmente
no fato de não se acreditar na habilidade de Cristo em prever aquele evento
futuro detalhadamente, e em outras teorias racionalista que ignoram ou negam a
inspiração divina.
b) Autoria. Apesar
de o nome do autor do Evangelho não estar identificado no texto, desde os
primórdios tem sido conhecido como o Evangelho de Mateus. Não há razão alguma
para duvidar que o livro tenha sido de fato escrito por Mateus, o outrora
desprezado coletor de impostos que, posteriormente, transformou-se em um dos
doze discípulos de Jesus(cf. Mc 2:14-17; Lc 5:27).
Mateus era jovem quando Jesus o chamou. Judeu de
nascença, sua profissão era a de cobrador de impostos, e ele abandonou tudo
para seguir a Cristo. Uma de suas muitas recompensas foi que ele se tornou um
dos doze apóstolos. Outra é que ele foi escolhido como o escritor do Evangelho
que leva o seu nome. É aceito de forma geral que Mateus também era conhecido
como Levi(Mc 2:14; Lc 5:27).
2. Ênfase. No seu
Evangelho, Mateus dispõe-se a mostrar que Jesus é o Messias de Israel que o
povo tanto aguardava, o único que poderia reivindicar legalmente o trono de
Davi. Ele revela grande interesse em relacionar Jesus com as profecias do
Antigo Testamento. Existem 129 referências ao Antigo Testamento. Essa ênfase
indica que Ele estava escrevendo a leitores para os quais o cumprimento de
profecias era importante e significativo. Queria mostrar que Jesus é o Messias
e nele se cumpriram as profecias do Antigo Testamento.
Mateus, mais do
que os demais evangelistas, se esforça em mostrar o contexto
veterotestamentário. Cada acontecimento significativo da vida de Jesus é
resultado direto do cumprimento das Escrituras – "para que se
cumprisse": a concepção virginal (Mt 1:23), o nascimento em Belém (Mt
2:6), a ida e depois o regresso do Egito (Mt 2:15), a matança promovida por
Herodes (Mt 2:17-18), seu estabelecimento em Nazaré (Mt 2:23), João Batista (Mt
3:3), seu ministério pedagógico (Mt 2:4, 15-16), seus milagres (Mt 8:17), sua
atitude de Servo (Mt 12:17-21), seu ensino por meio de parábolas (Mt 13:35),
sua entrada Triunfal em Jerusalém (Mt 21:5), sua paixão (Mt 26:56). A
observação que cabe aqui é que Mateus se utiliza de forma muito livre e pessoal
cada um destes textos do Antigo Testamento.
O livro de Mateus não professa ser uma narrativa
completa da vida de Cristo. Começa com sua genealogia e seus primeiros anos, e
então passa para o início do seu ministério público quando Ele tinha
aproximadamente trinta anos. Guiado pelo Espírito Santo, Mateus seleciona esses
aspectos da vida e do ministério do Salvador que comprovam sua condição de Ungido
de Deus(é justamente isso o que significa Messias e Cristo).
O livro vai até o ponto mais alto: o julgamento, a morte, o sepultamento, a
ressurreição e a ascensão do Senhor Jesus. E nesse ápice, é óbvio, foi
assentado o fundamento da salvação do homem. É por essa razão que o livro é
chamado de Evangelho – não tanto porque ele mostra o caminho pelo qual pessoas
pecaminosas podem receber a salvação, mas, pelo contrário, porque descreve a
obra sacrifical de Cristo pela qual a salvação se tornou possível.
3. Características
especiais. São sete as características essenciais deste Evangelho:
a) É o mais judaico dos quatro Evangelhos.
b) Contém a exposição mais sistemática dos ensinos
de Jesus e do seu ministério de cura e libertação. Isso levou a Igreja, no
século II, a usá-lo intensamente na instrução dos novos convertidos.
c) Os cinco sermões principais contêm os textos mais
extensos dos Evangelhos sobre o ensino de Jesus: durante o seu ministério na
Galiléia, e quanto a escatologia(as últimas coisas a acontecer).
d) O Evangelho de Mateus, de modo específico,
identifica eventos da vida de Jesus como sendo cumprimento do Antigo
Testamento, com mais frequencia do que qualquer outro livro do Novo Testamento.
e) Menciona o reino dos céus(reino de Deus) duas vezes mais
do que qualquer outro Evangelho. Há trinta e oito referencias ao “Reino de
Deus” ou ao “Reino dos Céus”.
f) Mateus destaca: os padrões de retidão do reino de
Deus(Mt cap. 5-7); o poder divino ora em operação no reino, sobre o pecado, a
doença, os demônios e a morte; e o triunfo do reino, na vitória final de
Cristo, nos fins dos tempos.
g) Mateus é o único Evangelho que menciona a Igreja
como entidade futura pertencente a Jesus(Mt 16:18; 18:17).
h) Não há ordem cronológica. Mateus não apresenta
fatos e ensinos na ordem em que ocorreram ou foram ditos. A ordem só é seguida
em parte: no início do livro (nascimento, batismo, tentação) e no final (última
semana, morte, ressurreição e ascensão). No meio - as parábolas, milagres e
ensinamentos -, não se encontram ordenados cronologicamente.
i) Mateus contém 15 parábolas (10 exclusivas). Um
dos efeitos das parábolas é a fixação do ensinamento. Isto quando o mesmo é
compreendido. Trata-se então de um recurso didático. Aliás, tal propósito
encontra-se subjacente a muitos elementos e práticas do judaísmo e do
cristianismo.
j) Mateus narra 20 milagres (3 exclusivos). Embora o
número seja grande, as narrativas são resumidas.
k) Mateus apresenta Jesus como Rei. Tal propósito já se
nota na apresentação da genealogia. A expressão "Filho de Davi"
ocorre 9 vezes no livro.
4. Aspectos exclusivos. Entre os quatro Evangelhos, somente Mateus registra um
ensino especifico sobre a Igreja. E nas três vezes em que a palavra aparece são
provenientes da boca de Jesus (Mt 16:18 e 18:17 duas vezes), se revestindo de
grande importância. Na primeira referência Jesus declara ser o fundamento da
Igreja que haveria de surgir após sua ressurreição, na segunda é estabelecido o
padrão de autoridade e disciplina da Igreja.
Outros
aspectos exclusivos: Mateus contêm nove incidentes, dez
parábolas e três milagres que não se encontram nos demais evangelhos. Entre
essas coisas foram incluídas, por exemplo, a visão de José (Mt 1:20-24), a cura
do mudo endemoninhado (Mt 9:32,33) e as parábolas do trigo e do joio (Mt
13:24-30, 36-43), e dos talentos (Mt 25:14-30).
5. Esboço de Mateus. Há vários esboços sobre o livro de Mateus, diferentes
entre si. A sua composição depende muito de quem os elabora. Assim, o presente
esboço é uma entre tantas maneiras de se apresentar o evangelho de Mateus.
A. A PREPARAÇÃO DO REI (Mt 1:1 a 4:11):
1) A descendência do Rei (Mt
1:1-17 – a genealogia).
2) O advento do Rei (Mt 1:18
a 2:13 – advento = vinda).
3) O embaixador do Rei (Mt
3:1-17). Era comum entre os reis o envio de mensageiros diante de
si para anunciar a aproximação da comitiva real. Iam estes anunciando em alta
voz a chegada do rei. Os súditos deviam então se colocar em atitude e posição
de reverência. Muitas vezes era comum que todos se prostrassem diante do rei.
Da mesma forma, João Batista foi enviado na frente de Jesus para anunciar a sua
chegada, cumprindo-se assim a profecia de Isaías (Is 40).
4) A prova do Rei (Mt 4:1-11 – A
tentação no deserto).
B. O PROGRAMA DO REI (Mt 4:12 a 16:12):
1) O começo do reino (Mt
4:12-25). Jesus começou a pregar dizendo: arrependei-vos. O
arrependimento é o começo do reino de Deus na vida do homem. A seguir Jesus
escolhe seus discípulos.
2) O manifesto do reino (Mt cap.
5-7). Manifesto = declaração pública. Jesus vem a público
apresentar as propostas do seu reino. Assim como Moisés recebeu no monte Sinai
as leis da antiga aliança, Jesus também sobe ao monte e promulga as normas do
Reino de Deus.
3) Os sinais do Reino (Mt cap. 8-9). Nessa parte
Mateus apresenta alguns milagres de Jesus. Seu reino não é composto apenas de
palavras, ensinamentos, mas demonstração de poder. Vemos então nesses capítulos
a autoridade do Rei Messias sobre: homens, toda sorte de enfermidades (Mt
9:35), deficiências físicas, morte, pecado, natureza, demônios. Fica em
evidência o absoluto alcance do Reino de Deus.
4) Os mensageiros do Reino (Mt
cap.10-11). Os mensageiros aqui citados são: João Batista, seus
discípulos, e os discípulos de Jesus. João estava passando por uma crise de
dúvidas. O rei Jesus, que ele mesmo anunciara não havia tomado nenhuma
providência para libertá-lo do cárcere. Surgiu então o questionamento:
"Será este mesmo o Cristo?" Muitas vezes o evangelho pode não atender
às nossas expectativas particulares. Alguns problemas podem persistir e isso
pode trazer a frustração. Contudo, os propósitos divinos são superiores aos
nossos. "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as
coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são
limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciado o evangelho".
5) Os princípios do reino (Mt
cap.12). Jesus dá destaque para a misericórdia e o amor em
detrimento de uma observação apenas literal da lei. Apresenta-se nesse trecho a
superioridade de Cristo sobre o templo, o sábado, o profeta Jonas e o rei
Salomão (Mt 12:6,8,41,42). O Rei Jesus é superior a todos os valores e figuras
importantes do judaísmo
6) Os mistérios do reino (Mt
13:1-52). Jesus apresenta, por meio de parábolas, diversas
características do reino, as quais se encontram ao mesmo tempo ocultas e
reveladas. Ocultas para a multidão e reveladas para os discípulos.
7) A ofensa do reino (Mt 13:53 a
16.12). Após encerrar suas parábolas, Cristo se dirigiu à sua
Nazaré, onde foi rejeitado por seus compatriotas. Em seguida temos o relato da
morte de João Batista. As reações negativas contra o reino tornam-se mais
intensas. Os fariseus entram em cena novamente em perseguição ao Mestre (Mt
15:2; 16:1). Surge então o fermento maligno contra o fermento do reino (Mt
16:6). As obras malignas também crescem. A perseguição contra Cristo estava
crescendo.
C. A PAIXÃO DO REI (Mt 16:13 a
28:20):
1) A revelação do Rei (Mt 16:13 a
17:27). Embora Jesus já fosse publicamente conhecido há um bom
tempo, as pessoas não sabiam muito bem quem Ele era. Sabiam apenas que Jesus
curava os enfermos e multiplicava os alimentos. Nem os discípulos possuíam uma
visão definida sobre ele.
2) A doutrina do Rei (Mt cap. 18-20). Conforme
deduzem alguns comentaristas, uma das preocupações de Mateus era o atendimento
das necessidades da sua comunidade, a igreja. Por isso ele selecionou e
organizou seu material da forma com o temos hoje. Nesses capítulos encontramos
ensinamentos de Jesus sobre humildade, o valor de uma alma, o perdão, decisões
da igreja, divórcio, o perigo das riquezas e as recompensas aos seus
seguidores.
3) A rejeição do Rei (Mt cap.
21-22). Os judeus recebem Jesus em Jerusalém com entusiasmo.
Porém, estranham sua atuação no templo, quando ele expulsa os comerciantes e
derruba suas mercadorias. Da mesma forma muitos estranham as mudanças que Jesus
deseja fazer em suas vidas após terem-no recebido como Salvador.
4) As censuras do Rei (Mt cap.
23). Até então, os fariseus vinham praticando um tipo de
"perseguição teológica" contra Jesus. Tentavam colocá-lo em
dificuldade afim de apanhá-lo em alguma palavra. Jesus, por sua vez, vinha
administrando o conflito de forma amigável. Porém, no capítulo 23, Jesus parte
para o confronto. Ele usa palavras duras e revela publicamente toda a corrupção
dos fariseus.
5) As predições do Rei (Mt cap
24-25). Temos nesse trecho um discurso apocalíptico de Jesus. É a
escatologia do Mestre tratando dos sinais dos últimos tempos, o surgimento de
falsos cristos, sua segunda vinda, o arrebatamento, o juízo e a eternidade.
Fica demonstrada então o conhecimento de Cristo sobre os eventos futuros,
exceto sobre o dia da sua vinda. Já que ninguém sabe esse dia, senão o Pai,
Jesus reforça bem a necessidade de vigilância por parte de seus seguidores.
6) Os sofrimentos do Rei(Mt
cap.26-27). As autoridades religiosas levaram às últimas consequências
sua perseguição ao Mestre. Essa parte trata da traição de Judas, prisão e morte
de Jesus. Até nesse momento, o título real acompanha o Messias. Sobre sua cruz
se coloca a inscrição em caracteres romanos, gregos e hebraicos: "Este é
Jesus, o Rei dos judeus." (Mt 27:37 Lc 23:38).
7) O triunfo do Rei (Mt cap. 28).
Encerrando seu livro, Mateus fala sobre a ressurreição de Jesus. Está então
demonstrado o poder triunfal do Rei Messias sobre sua própria morte. Agora,
tendo recebido todo poder nos céus e na terra, Ele dá ordens aos seus
discípulos para que levem o Evangelho a todas as nações.
II.
MARCOS, O EVANGELHO DO SERVO TRABALHADOR
Marcos, também, é
considerado um dos evangelhos sinóticos. O termo sinótico vem de duas
palavras gregas, cujo significado é “ver conjuntamente”. Dessa maneira, Mateus,
Marcos e Lucas tratam basicamente dos mesmos aspectos da vida e ministério de
Cristo. Dos Evangelhos sinóticos, Marcos é o mais breve.
Nesse Evangelho, temos a
maravilhosa história do Perfeito Servo de Deus, o Senhor Jesus Cristo. É a
história de alguém que deixou de lado a forma exterior de sua glória no Céu e
assumiu a forma de Servo na Terra (Fp 2:7). É a história incomparável de alguém
que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos”(Mc 10:45).
Se lembrarmos que esse Servo
Perfeito e Trabalhador era nenhum outro a não ser Deus, o Filho, e que Ele
voluntariamente se vestiu com o avental de escravo, tornando-se Servo dos
homens, o Evangelho brilhará com incessante esplendor.
Aqui vemos o Filho encarnado de
Deus vivendo como um Homem dependente na Terra. Tudo o que Ele fez estava em
perfeita obediência à vontade do Pai, e suas obras poderosas foram todas
realizadas no poder do Espírito Santo.
Aquele que é perfeitamente Deus,
também é perfeitamente homem. O Messias entrou na História não para conquistar
os reinos do mundo com espada, mas para servir os homens, aliviar suas
aflições, curar suas enfermidades, levantar os caídos, morrer na cruz para a
remissão de seus pecados. Como Servo, Jesus foi tentado, falsamente acusado,
perseguido, ferido, cuspido, ultrajado, pregado na cruz.
Este Evangelho é um valioso
manual de serviço para os que desejam ser fiéis e verdadeiros servos do Senhor.
1. Autoria. A
maioria dos autores aceita a opinião unânime da igreja primitiva de que este
Evangelho foi escrito por João Marcos.
Embora ele não tenha sido um discípulo de Cristo, seguramente presenciou
muitos fatos da sua vida, visto que morava em Jerusalém e sua casa tornou-se um
ponto de encontro da Igreja (At 12:12). Sua mãe chamava-se Maria.
Os pais da Igreja, unanimemente
aceitaram João Marcos como o autor deste Evangelho. Papias, um dos pais da
Igreja do começo do século II, afirma que o Evangelho de Marcos é a compilação
do testemunho pessoa de Pedro acerca da vida e ministério de Cristo. Marcos não
foi discípulo de Cristo, mas de Pedro. De acordo com Papias, Marcos foi o
intérprete de Pedro.
Outros pais da Igreja, incluindo
Justino, o mártir, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes e Eusébio,
confirmam Marcos como o autor deste Evangelho. Também associam o Evangelho de
Marcos com o testemunho do apóstolo Pedro. Irineu, outro pai da Igreja, afirma:
“Depois da morte de Pedro e Paulo, também Marcos, discípulo e intérprete de
Pedro, nos legou por escrito as coisas que foram pregadas por Pedro”.
Marcos é o mais aramaico dos evangelhos, o que evidencia ser um relato da
palavra falada de Pedro.
Marcos era considerado um filho
de Pedro na fé (1Pe 5:13). Ele teve um estreito relacionamento com Pedro. O
apóstolo o chama “meu filho”. Possivelmente o próprio Pedro o tenha levado a
Cristo e seja seu pai na fé. Quando Pedro foi solto da prisão, foi para casa de
Maria, mãe de Marcos, onde a igreja estaca reunida.
A tradição de que Marcos escreveu
em Roma é demonstrada pela grande quantidade de palavras latinas em relação aos
outros evangelhos (como centurião, censo, denário, legião e pretório).
Marcos foi chamado por Paulo para assisti-lo no final da
sua vida(2Tm 4:11). Marcos estava em Éfeso quando Paulo foi preso pela segunda
vez. Agora, Paulo está num calabouço romano, aguardando o seu martírio. Paulo
reconhece que o mesmo jovem que ele dispensara no passado agora lhe é útil e
deseja tê-lo como seu cooperador no momento final da sua vida. Isso nos prova a
mudança de conduta de Paulo bem como sua mudança de conceito acerca de Marcos.
Dez vezes no Novo Testamento nosso autor é mencionado por
seu nome gentílico(latim) - “Marcos” -, e três vezes por seu nome composto
judeu e gentílico - “João Marcos”. Marcos, o “servo”, ou assistente, primeiro
de Paulo(At 12:25; 13:5), depois de seu primo Barnabé(Cl 4:10; At 15:37-40) e,
de acordo com tradição confiável, de Pedro antes de sua morte, foi a pessoa
ideal para escrever o Evangelho do Servo Perfeito.
2.
Ênfase. Marcos é o Evangelho da Ação. Jesus é apresentado nesse
Evangelho como servo que está sempre em atividade. Marcos descreve Cristo,
sempre ocupado, se deslocando de um lugar para outro, curando, libertando,
pregando e ensinando as pessoas. As obras de Cristo têm mais ênfase que as suas
palavras.
Marcos
contém somente uma parábola que não é encontrada em nenhum outro Evangelho(Mc
4:26-29), enquanto Lucas tem dezoito parábolas que lhe são peculiares.
Entre os seis grandes discursos
de Mateus, somente um, o das últimas coisas (Mt 24 e Mc 13), acha-se igualmente
relatado em Marcos, e mesmo assim, de forma resumida.
O euthys (imediatamente,
logo, então) ocorre mais de quarenta e duas vezes em Marcos.
Marcos
descreve Jesus como um Rei ativo, enérgico, que se move rapidamente como um
conquistador vitorioso sobre as forças da natureza, da doença, dos demônios e
da morte.
Marcos enfatiza mais os milagres
de Cristo do que seus sermões. Em cada capítulo do Evangelho até seu ministério
final em Jerusalém, há pelo menos o registro de um milagre. Ele realizou
milagres para demonstrar sua compaixão pelas pessoas(Mc 1:41,42), para
convencer as pessoas acerca de quem Ele era (Mc2:1-2) e para ensinar os
discípulos acerca da sua verdadeira identidade como Deus(Mc 8:14-21).
3. Características especiais.
a) O Evangelho de Marcos é
geralmente considerado o primeiro Evangelho que foi escrito. Embora esse fato
não tenha um consenso unânime, a maioria dos estudiosos crê que Marcos foi
escrito antes dos outros evangelhos.
b) O estilo de Marcos é ágil, cheio de energia e conciso.
Ele enfatiza mais as ações que as palavras do Senhor, o que se evidencia no
registro de dezenove milagres, mas somente quatro parábolas. Os romanos estavam mais interessados em ação
que em palavras, por isso Marcos descreve mais os milagres de Cristo que os
seus ensinos.
c) Como um Evangelho aos romanos, ele se detém em
explicar os termos judaicos ao seus
leitores (Mc 7:3,4; 7:11; 14:12). Quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo, a
tomou pela mão e lhe disse: “Talita cume”, que quer dizer: “Menina eu te
mando, levanta-te”.
d) Marcos usou várias palavras latinas. Isso pode
ser constatado observando alguns textos (Mc 5:9; 12:15,42; 15:16,39).
e) Marcos foi o evangelista que menos citou o Antigo
Testamento. Ele, por exemplo, não cita em seu Evangelho o termo “lei”.
f) Marcos
omite todas as genealogias judaicas. Isso se coaduna com o interesse de Marcos
na vida de serviços de Jesus, pois a história da família de um servo não é
importante.
g) Marcos inicia seu Evangelho de modo repentino, e
descreve os eventos da vida de Jesus de modo sucinto e rápido, introduzindo os
episódios mediante o advérbio grego que corresponde a “imediatamente”. Este
termo aparece 42 vezes no evangelho de Marcos(no original), apenas 7 vezes em
Mateus e uma única vez em Lucas, indicando a prontidão, pressa e espontaneidade
como Jesus servia.
h) Marcos usou a contagem de tempo romano. Podemos
constatar isso em Mc 6:48; 13:35. Portanto, todas as evidências nos indicam que
Marcos escreveu esse Evangelho para os romanos.
William Barclay considerava o Evangelho de Marcos o mais
importante do mundo, visto que serviu de fonte para os outros evangelhos e é o
primeiro relato da vida de Cristo que a humanidade conheceu Dos 661 versículos de Marcos, Mateus
reproduz 606. Há apenas 55 versículos de Marcos que não se encontram em Mateus,
mas Lucas utiliza 31 destes. O resultado é que há somente 24 versículos de
Marcos que não se encontram em Mateus ou Lucas. Isso parece provar que tanto
Mateus quanto Lucas usaram o Evangelho de Marcos como fonte(Barclay, William,
Marcos, 1974: p.11,12).
4. Esboço de Marcos.
a) A
preparação do Servo (Mc 1:1-13).
b) Os
primeiros ministérios do Servo na Galiléia(Mc 1:14-3:12).
c) O chamado
do Servo e o treinamento dos seus discípulos(Mc 3:13-8:38).
d) A viagem
do Servo para Jerusalém (Mc 9-10).
e) O
ministério do Servo em Jerusalém (Mc 11-12)
f)
O discurso do Servo no Monte das Oliveiras (Mc 13).
g) O
sofrimento e a morte do Servo (Mc 14-15).
h) O triunfo
do Servo (Mc 16).
CONCLUSÃO
A parte mais importante do Evangelho não é o que nós
devemos fazer, mas o que Deus fez por nós em Cristo. O Evangelho não é
discussão nem debate, mas uma proclamação. O Evangelho está centralizado na
pessoa de Cristo Jesus. O Conteúdo do Evangelho é Jesus Cristo: sua vida, obra,
morte, ressurreição, governo e segunda vinda. Alguém disse que Cristo criou o
Evangelho pela sua obra; Ele pregou o Evangelho pelas suas palavras, mas Ele é
o próprio Evangelho.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação
Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia –
J.D.DOUGLAS.
Panorama do Novo Testamento – ICI, São
Paulo, 2008).
William Macdonald – Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento).
Comentário Bíblico NVI – EDITORA
VIDA.
Prof. Anísio Renato de Andrade –
Introdução ao estudo dos evangelhos e Evangelho de Mateus.
Ver. Hernandes Dias
Lopes – Marcos, o Evangelho dos milagres.
Amigo. É para mim uma honra estar no seu blog, poder ver e ler as belas palavras aqui contidas. Seu blog é uma benção, fiquei maravilhado, seu amor a Jesus nota-se nas palavras escritas, continue a ser esta grande benção, a deixar-se usar pelo grande Oleiro. Quero aproveitar a oportunidade para partilhar o meu blog : Peregrino E Servo. Vou ficar muito feliz se tiver a gentileza de fazer uma visita ao meu blog e deixar um comentário, e se desejar, mas só se quiser siga, de volta vou retribuir. Deus te abençõe ricamente.
ResponderExcluirAntónio Batalha.