1º Trimestre/2013
Tema: “Igreja
– Missão e Crescimento”
Subsídio
para lição 6 da revista da EBD – Educação Cristã Continuada.
Leitura
Básica: 2Corintios 9:6-9
“Cada um contribua segundo tiver proposto no
coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria”(2Co 9:7)
I.
INTRODUÇÃO
No ensino bíblico sobre finanças,
chama a atenção o fato de que todas as coisas pertencem a Deus: “Do Senhor é
a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1).
Pelo que podemos deduzir das Escrituras Sagradas, desde os primórdios da
civilização, ainda na primeira geração de homens após a queda do Éden, havia o
costume de se cultuar a Deus com a apresentação de produtos do trabalho humano,
como demonstração de gratidão e de reconhecimento da soberania de Deus sobre
todas as coisas. Assim, vemos Caim e Abel, os dois filhos mais velhos do
primeiro casal, apresentando ofertas ao Senhor, num gesto que se infere fosse
costumeiro e resultado do ensino dos pais a estes filhos. Entendemos, desta
forma, que o primeiro casal tinha plena consciência de que Deus era o dono de
todas as coisas e que o resultado do trabalho humano, que Deus dissera que
seria penoso, era fruto da misericórdia divina que, apesar do pecado, não tinha
deixado de amparar o homem. De pronto, pois, observamos que a oferta era apenas
uma demonstração material de reconhecimento da soberania divina. Não se
procurava agradar a Deus com bens, pois Deus, sendo o dono de todas as coisas,
não precisava de qualquer bem que lhe seja trazido pelo homem, até porque o bem
que, eventualmente, for trazido não é do homem, mas já é do Senhor (Sl 24:1).
Deus Se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está no coração do
homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é
que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem,
ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo
espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que
haverá aceitação por parte do Senhor (Gn 4:7). No Novo Testamento, este Deus
que não muda nem nEle há sombra de variação (Tg 1:17), torna a nos ensinar que
Ele ama àquele que dá com alegria (2Co 9:7).
A questão é: administrar com
sabedoria, honestidade, com senso de responsabilidade, as finanças da Igreja
visando único e exclusivamente o seu crescimento e a expansão do Evangelho. Os
líderes podem fazer o que quer, como quer e quando quer as contribuições da
Igreja? Ao estudarmos as Escrituras, aprendemos que a forma como se administram
as finanças podem afetar grandemente a implantação das igrejas e a expansão do
Evangelho.
I. PRINCÍPIOS DO SUSTENTO PRÓPRIO.
Precisamente, o que estamos a
tratar neste tópico da lição é acerca da independência financeira da igreja
local. A Bíblia Sagrada não dá indícios de que uma igreja local dependesse
financeira e permanentemente de outra. Os Gálatas foram aconselhados a
sustentarem os seus próprios mestres (Gl 6:6). Paulo instrui Timóteo no sentido
de ensinar que cada igreja cuidasse de suas próprias viúvas e seus necessitados
(1Tm 5:3-10). Todavia, embora cada igreja deva ter a sua própria autonomia
financeira, não significa que, em momentos difíceis e incomuns, uma ou várias
igrejas locais não devam auxiliar outras. Foi o que ocorreu com os irmãos da
Judéia à época do governo do imperador romano Claudio. Num determinado período
desse governo houve uma grande fome em todo o mundo de então, fato que foi
mencionado em Atos 11:27,28. Os discípulos de Cristo em Antioquia, conforme as
suas posses, enviaram socorro aos irmãos que moravam na Judéia por intermédio
de Barnabé e Paulo (At 11:29,30). O apóstolo Paulo, ao ser enviado as gentios,
assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que efetivamente
esforçou-se por cumprir (Gl 2:9,10). Durante suas viagens missionárias nas
províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, o apóstolo esforçou-se para
levantar essa oferta especial destinada aos pobres da Judéia (1Co 16:11-14; 2Co
8:1-24; 2Co 9:1-15). Ele deu testemunho à igreja de Roma acerca dessa oferta
levantada pelos irmãos da Macedônia e Acaia destinada aos pobres dentre os
santos que viviam em Jerusalém (Rm 15:25-27). Não só levantou essa oferta entre
as igrejas gentílicas, como a entregou com fidelidade (At 24:1618).
1. É
bíblico o sustento do Obreiro. Nos dias em que vivemos, de um
consumismo desenfreado, de uma mercantilização aguçada da fé (2Pe 2:3), não é
desarrazoado surgirem aqueles que veem no sustento financeiro dos obreiros
pelas igrejas locais um suposto desvio espiritual ou doutrinário na atualidade,
o que, entretanto, não corresponde à realidade. A Bíblia Sagrada concorda com o
sustento financeiro dos ministros do Evangelho e, por isso, as igrejas locais
devem, sim, propiciar o sustento dos obreiros que desempenham seu ministério em
tempo integral, como também de missionários que levem a Palavra para outros
rincões, fora ou dentro do território nacional. Fazendo isto, as igrejas só
amealharão para si bênçãos dos céus, pois, além de estar atendendo a uma
recomendação do Senhor Jesus, estarão contribuindo para que muitas almas sejam
salvas por seu intermédio.
2. Paulo
ensinou sobre o sustento do Obreiro. Ao defender sua autoridade
apostólica dos que o acusavam na Igreja de Corinto, Paulo declarou: “Pequei,
porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque
de graça vos anunciei o evangelho de Deus?”. Então ele afirma que para anunciar o Evangelho, “de graça”, ou
seja, sem nada receber deles, teve que ser sustentado, recebendo salário de
outras Igrejas – “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo
salários; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui
pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade...”(2Co
11:7-9). Paulo está, pois, censurando a Igreja de Corinto por não ter ela
suprido as suas necessidades.
Em sua primeira Carta aos
Coríntios ele havia deixado claro seu ensino sobre o sustento do Obreiro: “Não
temos nós o direito de comer e de beber?... Ou só eu e Barnabé não temos
o direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita a sua própria
custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e
não come do leite do gado? Digo isto segundo os homens? Ou não diz a lei também
o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que
trilha o grão. Porventura, tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente
por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar
com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.
Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as
carnais?”(1Co 9:4-11).
3. Cada
igreja local deve ser responsável pelo sustento dos seus obreiros, daqueles
que, comprovadamente, são vocacionados para tal e exercem o seu ministério em
tempo integral. Quando eu falo que o obreiro é
digno de salário não significa que ele deva se apropriar indevidamente de toda
a renda da igreja, principalmente dos
dízimos, como a maioria se comporta atualmente. Ele deve ter um salário fixo
para o seu sustento e de sua família. O apóstolo Paulo foi assalariado por uma
igreja local. Tanto fazia jus a um salário, na qualidade de obreiro em tempo
integral na obra do Senhor, que, quando os filipenses lhe mandaram ajuda
financeira, ele a recebeu, prova de que isto era lícito. Aliás, a igreja dos
filipenses foi uma igreja que sempre ajudou o apóstolo financeiramente ao longo
de seu ministério.
O próprio Jesus disse que o
obreiro é digno do seu salário (Lc 10:7), numa clara alusão de que faz bem a
igreja que sustenta os seus obreiros, permitindo com isto que façam a obra de
Deus livre de preocupações ou de sofrimentos, que nada contribuem para o bem da
igreja (Hb 13:17).
Portanto, as igrejas locais
devem, sim, para o bem da obra do Senhor, sustentar os seus obreiros que estão
integralmente dedicados à obra do Senhor, mas os obreiros devem fazê-lo
compreendendo que não podem ser pesados à igreja local, recebendo seus salários
com parcimônia, tendo um padrão de vida condizente com o nível financeiro das
igrejas que os sustentam e não deixando de trabalhar secularmente se não houver
condições financeiras para que a igreja o sustente dentro de um padrão de vida
minimamente aceitável.
4. A
importância de uma profissão. Muitas vezes, mesmo tendo o
necessário para sua sobrevivência, o obreiro terá de trabalhar secularmente, em
especial o missionário transcultural, se isto for agradável e bem visto na
cultura do povo onde se está a evangelizar. Dependendo do conceito do povo, a
falta de uma atividade pode ter uma interpretação tão negativa que prejudique a
credibilidade da pregação da Palavra do Senhor. Por isso, o missionário deve
estar bem preparado para saber qual a estratégia que terá de utilizar para ganhar
almas para Jesus (1Co 9:20,21).
Paulo tinha uma profissão:
fazedor de tendas (At 18:3) ), ofício que deve ter aprendido durante a sua
infância e adolescência em Tarso. Convicto de que o Senhor o havia escolhido
desde o ventre de sua mãe (Gl 1:15), pôde entender que tudo o que fizera e
aprendera até o início de seu ministério, havia sido uma preparação divina para
o propósito que havia na sua vida. Por isso, sabendo que havia sido separado
para pregar o evangelho, passou a usar da habilidade que havia aprendido para o
seu próprio sustento, pois seu objetivo era cumprir a tarefa que lhe havia sido
cometida pelo Senhor, qual seja, pregar o evangelho na Macedônia.
Hoje em dia, há muitos obreiros
que não mais se comportam deste jeito. Dizem que o Senhor os chamou a fazer uma
obra, a pregar o evangelho em determinado local, mas, em primeiro lugar, querem
saber quem os vai sustentar. Vão fazer a obra, desde que alguém se disponha a
cuidar da sua sobrevivência e de sua família. Não é, porém, assim que a Bíblia
nos ensina. O chamado divino na vida de alguém não está sujeito a uma prévia
estruturação financeira. Paulo foi para Tessalônica sem depender da ajuda
financeira dos filipenses, não tendo pensado duas vezes para arregaçar as
mangas e tentar se manter através daquilo que sabia fazer, ou seja, fabricar
tendas.
5. Doutrina do Sustento do
Obreiro
a) O modelo de Cristo: sem
“buffet” e sem serviço “à la carte”.
Quando Jesus enviou os seus doze discípulos para um trabalho missionário
ordenou-lhes dizendo: “Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em
cidades de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de
Israel...Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem
alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque
digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que
entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos ai até que vos
retireis” (Mt 10:5-11). Perceba que o Senhor garantiu aos seus discípulos a
subsistência material: eles não deveriam se preocupar com roupas, calçados,
alimentação e hospedagem. Contudo, não, há referência nenhuma a qualquer tipo
de “mordomia”, de conforto, de alto salário, não! Nada! Em relação a eles
pode-se dizer que foi árduo o trabalho missionário, mas, certamente, ninguém
passou necessidade, ninguém voltou descalço e maltrapilho.
O mesmo aconteceu quando Jesus
enviou os setenta discípulos. Eles receberam idênticas
instruções, e a mesma garantia: “E, em qualquer casa onde entrardes, dizei
primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho da paz, repousará
sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará a vós. E ficai ai na mesma casa,
comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário.
Não andeis de casa em casa” (Lc 10:5-7). Comendo e bebendo do que eles
tiverem – sem “buffet” e sem serviço “à la carte”. Viver como o povo vive,
morar como o povo mora, comer como o povo come, parece-nos que era isto que o
Senhor Jesus quis ensinar àqueles que por Ele foram enviados. Aqueles setenta
discípulos enviados, ao retornarem não tinham uma só queixa a fazer, mas,
muitas bênçãos para contar – “E voltaram os setenta com alegria, dizendo:
Senhor pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam”(Lc 10:17). O Senhor
Jesus não falou e nem garantiu qualquer tipo de “mordomia”, não fez nenhuma
promessa de riquezas aos seus enviados, mas assegurou o sustento do Obreiro.
b) O
modelo de Paulo: o mínimo necessário.
Paulo, da mesma forma, seguindo nas pisadas de Seu Mestre, detalhou a Doutrina
do Sustento do Obreiro, assegurando, também, o mínimo necessário. Numa de duas
Epístolas chamadas Epistolas Pastorais por conterem orientações especificas à
vida e ao trabalho dos obreiros, ele afirmou: “Porque nada trouxemos para
este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e
com que nos cobrimos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser rico
caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que
submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de
toda espécie de males; e nessa cobiça alguns desviaram da fé e se traspassaram
a si mesmos com muitas dores. Mas tu, o homem de Deus, foge destas coisas e
segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Milita a
boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado,
tendo feito boa confissão diante de muitas testemunhas” (1Tm 6:7-12).
As Epístolas 1 e 2 Timóteo e Tito
são chamados de “Epistolas Pastorais”, porque foram dirigidas mais para
pastores do que propriamente para as Igrejas. Assim, o trecho transcrito acima,
é, essencialmente, de interesse direto de cada obreiro. Paulo acabara de sair
da prisão, de Roma. Estava com cerca de sessenta e cinco anos de idade. Mais de
trinta dedicados ao Ministério. Nenhum bem imóvel, nenhuma reserva financeira
para lhe garantir o futuro. Com toda autoridade de Deus ele podia ensinar o
jovem pastor Timóteo, dizendo: “Tendo, porém, sustento e com que nos
cobrirmos, estejamos com isto contentes”. Paulo não tinha mais do que isto!
Estas instruções não estavam sendo passadas para um pastor de uma pequena
igreja do interior. Estavam sendo passadas ao pastor de Éfeso. Éfeso era uma
grande, rica e importante cidade. Sua igreja com mais de dez anos de
existência, seus membros, certamente, se contavam aos milhares, e seus
obreiros, às centenas.
Paulo, ao deixar a prisão, de
Roma, provavelmente no ano 63 d.C., voltou ao campo missionário. Em Éfeso,
detectou alguns problemas de ordem doutrinária, na Igreja. Paulo, então, deixou
ali Timóteo, um obreiro de sua inteira confiança, ao qual, encaminhou estas
duas Epistolas, nas quais procurou orientá-lo como um obreiro deve proceder
diante da Igreja. No trecho bíblico transcrito, Paulo orientou e advertiu Timóteo,
bem como aos obreiros de todos os tempos, de igrejas grandes, ou pequenas, do
interior ou de “Éfeso”, como proceder em relação ao Direito Bíblico do Sustento
do Obreiro.
II. O VALOR DO
SUSTENTO LOCAL
O plano bíblico para sustento da
igreja e trabalho de expansão do Evangelho é que as despesas sejam divididas
entre os membros do corpo de Cristo. Quando os membros da igreja local
sustentam a igreja, têm mais interesse e sentem uma responsabilidade maior de
envolver-se nos ministérios da igreja. Há um senso apurado de que somos
cooperadores com Cristo neste ministério. É bom afirmar que quaisquer recursos
financeiros para a igreja jamais seja advinda de fontes externas. Biblicamente,
devem serem oriundos dos seus membros e congregados. É claro que em muitas
igrejas, cujos líderes são gananciosos, compulsivos e materialistas, usam de
artifícios mentirosos para arrancar dinheiro dos incautos a fim de
abastecer-se. Há igrejas que usam métodos heterodoxos e escusos para fazer o
levantamento de gordas ofertas destinadas não à assistência dos necessitados,
mas ao enriquecimento de obreiros fraudulentos.
O apóstolo Paulo nos mostra
vários princípios que devem reger a contribuição cristã. Por falta de espaço
nesta Aula, vamos examinar somente cinco princípios (adaptados do livro
“Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus” – rev. Hernandes Dias Lopes).
1. A
contribuição cristã é uma graça de Deus concedida à igreja - “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a
graça de Deus concedida Às igrejas da Macedônia” (2Co 8:1). Paulo ensinou a
igreja que contribuir é um ato de graça.
O apóstolo usa seis vezes a palavra graça em relação ao ato de
contribuir (2Co 8:1,4,6,9,19; 9:14). A graça é um favor divino contrário ao
merecimento humano. A graça em Deus é sua compaixão pelos que são indignos. Sua
graça é maravilhosamente gratuita. Sempre é concedida sem levar em conta o
mérito.
A contribuição, portanto, não é
um favor que fazemos à igreja ou aos necessitados, mas um favor imerecido que
Deus faz a nós. A graça é a força, o poder, a energia da vida cristã, como ela
age em nós por intermédio do Espírito Santo. A graça ama e se regozija em dar e
oferecer. Se temos a graça de Deus em nós, ela se mostrará no que oferecemos
aos outros. E em tudo o que dermos, devemos fazê-lo estando conscientes que é a
graça de Deus que opera em nós.
2. A
contribuição cristã é paradoxal em sua ação. Os crentes da Macedônia
enfrentavam tribulações e pobreza. Eram perseguidos pelas pessoas e oprimidas
pelas circunstâncias. Eram pressionadas pela falta de quietude e pela falta de
dinheiro. Essas duas situações adversas, entretanto, não os impediram de
contribuir com generosidade e alegria (2Co 8:2).
O rev. Hernandes Dias Lopes,
citando Frank Carver, diz que sob perseguições e na pobreza, a graça produziu
na igreja da Macedônia “duas das mais adoráveis flores do caráter cristão: a
alegria e a generosidade”. Dois paradoxos são aqui ventilados por Paulo:
- Em primeiro lugar, tribulação
versus alegria – “Porque, no meio de muita prova de tribulação,
manifestaram abundância de alegria”(2Co 8:2). Os Macedônios tinham muitas
aflições. Eles foram implacavelmente perseguidos (At 16:20; Fp 1:28,29; 1Ts
1:6; 2:14), mas isso não impediu que eles contribuíssem com generosidade. Longe
de capitularem a tristeza, a murmuração, a amargura, por causa da tribulação,
os crentes macedônios exultavam com abundante alegria. A reação deles foi
transcendental.
Muitas vezes, quando passamos por
tribulações, perdemos a alegria e nos encolhemos pensando apenas em nós mesmos.
Os macedônios mostraram que a alegria do crente não é apenas presença de coisas
boas nem apenas ausência de coisas ruins. Nossa alegria não vem de fora, mas de
dentro. Sua fonte não está nas circunstancias, mas em Cristo.
- Em segundo lugar, profunda
pobreza versus grande riquezas – “[...] e a profunda pobreza deles superabundou
em grande riqueza da sua generosidade”(2Co 8:2b). Os macedônios não
ofertaram porque eram ricos, mas apesar de serem pobres. Eles eram pobres, mas
enriqueciam a muitos; nada tinham, mas possuíam tudo (2Co 6:10). Não deram do
que lhes sobejava, mas apesar do que lhes faltava. A extrema pobreza deles os
impulsionou a serem ricos de generosidade. Eram generosos embora fossem também
necessitados. A expressão “profunda pobreza” significa “miséria
absoluta” e descreve um mendigo que não tem coisa alguma, nem mesmo a esperança
de receber algo.
3. A
contribuição cristã não é resultado da pressão dos homens, mas do exemplo de
Cristo. Há igrejas que
estão desengavetando as indulgencias da Idade Média e vendendo as bênçãos de
Deus, cobrando taxas abusivas por seus serviços. Há igrejas que levantam
dinheiro apenas para enriqueceram, lançando mão de metodologias opressivas. A
igreja não pode imitar o mundo. O mundo enriquece tirando dos outros; o cristão
enriquece doando aos outros. A contribuição cristã não deve ser compulsória.
Não devemos contribuir por pressão psicológica. Contribuição cristã não é uma
espécie de barganha com Deus. A motivação da generosidade da contribuição é o
amor. Paulo disse: “[...] mas, para provar, pela diligencia de outros, a
sinceridade do vosso amor” (2Co 8:8b). Sem amor até mesmo nossas doações mais
expressivas são pura hipocrisia. A natureza humana acaricia a hipocrisia, as
motivações impróprias, a pretensão e a contribuição para ser vista pelos
homens. O apóstolo Paulo disse que podemos dar todos os nossos bens aos pobres,
mas se isso não foi motivado pelo amor, não terá nenhum valor (1Co 13:3).
4. A
contribuição cristã é proporcional na sua expressão. A contribuição cristã deve estar de acordo
com a prosperidade (1Co 16:2) e segundo as posses (2Co 8:11). Não dá
liberalmente quem não oferta proporcionalmente. Não dá com alegria quem não
oferta proporcionalmente. A proporção é a prova da sinceridade. Deus é o Juiz.
Jesus elogiou a pequena oferta da viúva pobre, dizendo que ela havia sido maior
que a dos demais ofertantes. Os outros deram sobras; a oferta da viúva era
sacrificial.
Quando há proporcionalidade na
contribuição financeira não há sobrecarga para ninguém. Quem muito recebe,
muito pode dar. Quem pouco recebe, do pouco que tem ainda oferece uma oferta
sacrificial. Devemos contribuir de acordo com a nossa renda para que Deus não
torne a nossa renda de acordo com a nossa contribuição.
5. A
contribuição cristã deve ser marcada por honestidade em sua administração. É
preciso ter coração puro e mãos limpas para lidar com dinheiro. Há muitos
obreiros que são desqualificados no ministério porque não lidam com
transparência na área financeira. Judas Iscariotes, embora discípulo de Cristo,
era ladrão (cf. João 12:6). Sua maneira desonesta de lidar com o dinheiro o
levou a vender Jesus por míseras trinta moedas de prata. Muitos pastores e
líderes, ainda hoje, perdem o ministério porque não administram com
transparência o dinheiro que arrecadam na igreja.
O apostolo Paulo foi diligente em
despertar a igreja para contribuir, mas também foi cuidadoso na forma de
arrecadar as ofertas e administrá-las. Ele não lidava sozinho com dinheiro, era
acompanhado por Tito (2Co 8:16,17) e por mais dois irmãos altamente
conceituados nas igrejas (2Co 8:18,22,23). Sinceramente, os líderes de hoje
precisam urgentemente aprender com esse bandeirante da honestidade.
Portanto, não importa
se a igreja é grande e rica, ou se é pequena e pobre. É ali o seu lugar de
adoração, é ali a Casa do Senhor, é ali onde você é abençoado, e é ali que você
tem seus compromissos financeiros. A igreja precisa de nossa
contribuição financeira para garantir condições de crescimento e para honrar os
seus compromissos, que não são poucos.
III. ENSINO BÍBLICO SOBRE FINANÇAS
O dinheiro está no âmago de
muitos problemas das igrejas. Algumas delas enchem seus cofres, exigindo
dízimos de seus membros para financiar estilos de vida extravagantes dos
dirigentes da igreja. Muitos usam o dinheiro da igreja para construir grandes
empresas. É isto que Deus quer? Em absoluto!
Aqueles que verdadeiramente
procuram seguir Jesus precisam buscar sua vontade no Novo Testamento. Ali
encontramos tanto instruções dadas por apóstolos inspirados, como exemplos de
como as igrejas obtinham e usavam o dinheiro no serviço do Senhor.
O que a
Bíblia diz sobre as finanças da igreja.
Ao
entrarmos neste estudo, será útil lembrarmos de dois princípios básicos sobre
as igrejas do Novo Testamento:
- Primeiro, no
plano de Deus, a igreja é um corpo espiritual, com uma missão espiritual.
Muitos dos problemas das igrejas modernas, relacionados com dinheiro, são
resultado de decisões humanas de deslocar o centro das atenções de sua missão
espiritual para os interesses sociais, políticos ou comerciais.
- Segundo, no Novo
Testamento, as igrejas locais eram autônomas, cada uma servindo
independentemente sob a autoridade da palavra de Cristo. O Novo Testamento não
fala de nenhum tipo de estrutura de organização ligando as igrejas locais. As
hierarquias enormes das denominações, tão comuns nestes dias, nunca são
encontradas no Novo Testamento.
1. Como as igrejas do Novo
Testamento recebiam dinheiro?
a) Normalmente, das contribuições
dos cristãos. As igrejas, geralmente, recebiam seu dinheiro de
contribuições voluntárias dos membros. "Quanto à coleta para os santos,
fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana,
cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando,
para que se não façam coletas quando eu for"(1Co 16:1-2). "Pois
nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas,
vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos
apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha
necessidade" (Atos 4:34-35). Paulo ensinava que os cristãos deveriam
dar voluntariamente e com alegria: "Cada um contribua segundo tiver
proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem
dá com alegria" (2Co 9:7).
b) Em casos excepcionais, de
outras igrejas. Em casos de necessidade, tal como aquela causada
por severa fome na Judéia, as igrejas pobres receberam assistência financeira
das congregações mais prósperas de outros lugares (Atos 11:27-30). É por isso
que Paulo enviou instruções à igreja Coríntia (também mencionadas em Romanos
15:25-32) sobre as doações para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém (1Co
16:1-4; 2Co 8).
2. Como as igrejas do Novo Testamento usavam seu dinheiro?
a) Para pregar e ensinar o
Evangelho. Desde que a missão principal da igreja é espiritual (1Tm
3:15), não é surpresa que as igrejas do Novo Testamento usassem seu dinheiro
para espalhar o evangelho. Exemplos deste emprego dos fundos arrecadados
incluem o sustento financeiro de homens que pregavam o evangelho (1Co 9:1-15;
2Co 11:8; Fp 4:10-18), e dos que serviam como presbíteros (1Tm 5:17-18).
b) Para acudir os santos
necessitados. Quando os cristãos pobres necessitavam de assistência, o
dinheiro da oferta era usado para acudir àquelas necessidades (Atos 4:32-37;
6:1-4).
3. O que Deus autorizou para nossos dias?
Desde que
a Bíblia registra tudo o que precisamos saber para servir a Deus de modo
aceitável (2Pe 1:3; Judas 3; 2Tm 3:16-17), aqueles que hoje procuram servir ao
Senhor praticarão somente o que é autorizado no Novo Testamento. Deus não nos
deu permissão para tentar melhorar seu plano. O modelo do Novo Testamento pode
parecer muito simples, e não sofisticado, às pessoas que estão rodeadas por
imensos empreendimentos multinacionais, mas os fiéis precisam contentar-se em
fazer a obra de Deus à maneira de Deus. Nossa missão não é juntar grande
riqueza ou construir enormes organizações. Nossa missão é servir Jesus e
mostrar a outros como fazer o mesmo. Os verdadeiros cristãos não estão
interessados em competir com o mundo, mas simplesmente procuram agradar a Deus.
As igrejas que seguem o modelo do
Novo Testamento receberão seu dinheiro de contribuições voluntárias dos
cristãos. Nos casos em que há mais irmãos pobres do que a congregação é capaz
de ajudar, elas podem também receber assistência de outras congregações.
Então, este dinheiro será
dedicado à obra que Deus autorizou. A principal missão da igreja sempre será
espiritual, alcançando os perdidos e edificando os salvos. Os recursos
financeiros da igreja serão usados para cumprir sua missão de proclamar a pura
mensagem do evangelho. Quando há casos de necessidade entre os discípulos, a
igreja pode usar o dinheiro ofertado para dar assistência. Quando as igrejas
mais prósperas sabem de tais necessidades nas congregações mais pobres, elas
podem fazer como as igrejas da Galácia, Macedônia e Acaia fizeram, ou seja,
enviar dinheiro para ajudar seus irmãos mais pobres (veja 1Co 16:1; 2Co 8:1-4;
9:1-2).
CONCLUSÃO
Muitos, especialmente jovens,
desejam e sonham em ser um Missionário; conhecer povos diferentes,
viajar pelo mundo, entrar em contato com novas e diferentes culturas! Uma
emoção! Outros desejam, a qualquer custo, ser um Obreiro Local. Alguns,
erradamente, é claro, pensam no Ministério como uma forma de garantir sua
sobrevivência, gozando de muitas regalias, ou “mordomias”, sem precisar
trabalhar; um crasso engano! Falta, na verdade, para muitos, uma
conscientização e mais informações sobre o árduo trabalho ministerial, seja
como Missionário, ou Obreiro Local.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus – rev. Hernandes
Dias Lopes.
O que a Bíblia Ensina Sobre a
Igreja e seu Dinheiro? - Dennis Allan.
O árduo trabalho missionário – Ev. Dr. Caramuru Afonso
Francisco.
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