domingo, 3 de fevereiro de 2013

A VIDA FINANCEIRA DA IGREJA


1º Trimestre/2013


Tema: “Igreja – Missão e Crescimento”

Subsídio para lição 6 da revista da EBD – Educação Cristã Continuada.

Leitura Básica: 2Corintios 9:6-9

 

 “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”(2Co 9:7)

 

I. INTRODUÇÃO


No ensino bíblico sobre finanças, chama a atenção o fato de que todas as coisas pertencem a Deus: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1). Pelo que podemos deduzir das Escrituras Sagradas, desde os primórdios da civilização, ainda na primeira geração de homens após a queda do Éden, havia o costume de se cultuar a Deus com a apresentação de produtos do trabalho humano, como demonstração de gratidão e de reconhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas. Assim, vemos Caim e Abel, os dois filhos mais velhos do primeiro casal, apresentando ofertas ao Senhor, num gesto que se infere fosse costumeiro e resultado do ensino dos pais a estes filhos. Entendemos, desta forma, que o primeiro casal tinha plena consciência de que Deus era o dono de todas as coisas e que o resultado do trabalho humano, que Deus dissera que seria penoso, era fruto da misericórdia divina que, apesar do pecado, não tinha deixado de amparar o homem. De pronto, pois, observamos que a oferta era apenas uma demonstração material de reconhecimento da soberania divina. Não se procurava agradar a Deus com bens, pois Deus, sendo o dono de todas as coisas, não precisava de qualquer bem que lhe seja trazido pelo homem, até porque o bem que, eventualmente, for trazido não é do homem, mas já é do Senhor (Sl 24:1). Deus Se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn 4:7). No Novo Testamento, este Deus que não muda nem nEle há sombra de variação (Tg 1:17), torna a nos ensinar que Ele ama àquele que dá com alegria (2Co 9:7).

A questão é: administrar com sabedoria, honestidade, com senso de responsabilidade, as finanças da Igreja visando único e exclusivamente o seu crescimento e a expansão do Evangelho. Os líderes podem fazer o que quer, como quer e quando quer as contribuições da Igreja? Ao estudarmos as Escrituras, aprendemos que a forma como se administram as finanças podem afetar grandemente a implantação das igrejas e a expansão do Evangelho.

I. PRINCÍPIOS DO SUSTENTO PRÓPRIO.

Precisamente, o que estamos a tratar neste tópico da lição é acerca da independência financeira da igreja local. A Bíblia Sagrada não dá indícios de que uma igreja local dependesse financeira e permanentemente de outra. Os Gálatas foram aconselhados a sustentarem os seus próprios mestres (Gl 6:6). Paulo instrui Timóteo no sentido de ensinar que cada igreja cuidasse de suas próprias viúvas e seus necessitados (1Tm 5:3-10). Todavia, embora cada igreja deva ter a sua própria autonomia financeira, não significa que, em momentos difíceis e incomuns, uma ou várias igrejas locais não devam auxiliar outras. Foi o que ocorreu com os irmãos da Judéia à época do governo do imperador romano Claudio. Num determinado período desse governo houve uma grande fome em todo o mundo de então, fato que foi mencionado em Atos 11:27,28. Os discípulos de Cristo em Antioquia, conforme as suas posses, enviaram socorro aos irmãos que moravam na Judéia por intermédio de Barnabé e Paulo (At 11:29,30). O apóstolo Paulo, ao ser enviado as gentios, assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que efetivamente esforçou-se por cumprir (Gl 2:9,10). Durante suas viagens missionárias nas províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, o apóstolo esforçou-se para levantar essa oferta especial destinada aos pobres da Judéia (1Co 16:11-14; 2Co 8:1-24; 2Co 9:1-15). Ele deu testemunho à igreja de Roma acerca dessa oferta levantada pelos irmãos da Macedônia e Acaia destinada aos pobres dentre os santos que viviam em Jerusalém (Rm 15:25-27). Não só levantou essa oferta entre as igrejas gentílicas, como a entregou com fidelidade (At 24:1618).

1. É bíblico o sustento do Obreiro. Nos dias em que vivemos, de um consumismo desenfreado, de uma mercantilização aguçada da fé (2Pe 2:3), não é desarrazoado surgirem aqueles que veem no sustento financeiro dos obreiros pelas igrejas locais um suposto desvio espiritual ou doutrinário na atualidade, o que, entretanto, não corresponde à realidade. A Bíblia Sagrada concorda com o sustento financeiro dos ministros do Evangelho e, por isso, as igrejas locais devem, sim, propiciar o sustento dos obreiros que desempenham seu ministério em tempo integral, como também de missionários que levem a Palavra para outros rincões, fora ou dentro do território nacional. Fazendo isto, as igrejas só amealharão para si bênçãos dos céus, pois, além de estar atendendo a uma recomendação do Senhor Jesus, estarão contribuindo para que muitas almas sejam salvas por seu intermédio.

2. Paulo ensinou sobre o sustento do Obreiro. Ao defender sua autoridade apostólica dos que o acusavam na Igreja de Corinto, Paulo declarou: “Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?”.  Então ele afirma que para anunciar o Evangelho, “de graça”, ou seja, sem nada receber deles, teve que ser sustentado, recebendo salário de outras Igrejas – “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo salários; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade...”(2Co 11:7-9). Paulo está, pois, censurando a Igreja de Corinto por não ter ela suprido as suas necessidades.

Em sua primeira Carta aos Coríntios ele havia deixado claro seu ensino sobre o sustento do Obreiro: “Não temos nós o direito de comer e de beber?... Ou só eu e Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita a sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não come do leite do gado? Digo isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura, tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?”(1Co 9:4-11).

3. Cada igreja local deve ser responsável pelo sustento dos seus obreiros, daqueles que, comprovadamente, são vocacionados para tal e exercem o seu ministério em tempo integral. Quando eu falo que o obreiro é digno de salário não significa que ele deva se apropriar indevidamente de toda a renda da igreja, principalmente  dos dízimos, como a maioria se comporta atualmente. Ele deve ter um salário fixo para o seu sustento e de sua família. O apóstolo Paulo foi assalariado por uma igreja local. Tanto fazia jus a um salário, na qualidade de obreiro em tempo integral na obra do Senhor, que, quando os filipenses lhe mandaram ajuda financeira, ele a recebeu, prova de que isto era lícito. Aliás, a igreja dos filipenses foi uma igreja que sempre ajudou o apóstolo financeiramente ao longo de seu ministério.

O próprio Jesus disse que o obreiro é digno do seu salário (Lc 10:7), numa clara alusão de que faz bem a igreja que sustenta os seus obreiros, permitindo com isto que façam a obra de Deus livre de preocupações ou de sofrimentos, que nada contribuem para o bem da igreja (Hb 13:17).

Portanto, as igrejas locais devem, sim, para o bem da obra do Senhor, sustentar os seus obreiros que estão integralmente dedicados à obra do Senhor, mas os obreiros devem fazê-lo compreendendo que não podem ser pesados à igreja local, recebendo seus salários com parcimônia, tendo um padrão de vida condizente com o nível financeiro das igrejas que os sustentam e não deixando de trabalhar secularmente se não houver condições financeiras para que a igreja o sustente dentro de um padrão de vida minimamente aceitável.

4. A importância de uma profissão. Muitas vezes, mesmo tendo o necessário para sua sobrevivência, o obreiro terá de trabalhar secularmente, em especial o missionário transcultural, se isto for agradável e bem visto na cultura do povo onde se está a evangelizar. Dependendo do conceito do povo, a falta de uma atividade pode ter uma interpretação tão negativa que prejudique a credibilidade da pregação da Palavra do Senhor. Por isso, o missionário deve estar bem preparado para saber qual a estratégia que terá de utilizar para ganhar almas para Jesus (1Co 9:20,21).

Paulo tinha uma profissão: fazedor de tendas (At 18:3) ), ofício que deve ter aprendido durante a sua infância e adolescência em Tarso. Convicto de que o Senhor o havia escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1:15), pôde entender que tudo o que fizera e aprendera até o início de seu ministério, havia sido uma preparação divina para o propósito que havia na sua vida. Por isso, sabendo que havia sido separado para pregar o evangelho, passou a usar da habilidade que havia aprendido para o seu próprio sustento, pois seu objetivo era cumprir a tarefa que lhe havia sido cometida pelo Senhor, qual seja, pregar o evangelho na Macedônia.

Hoje em dia, há muitos obreiros que não mais se comportam deste jeito. Dizem que o Senhor os chamou a fazer uma obra, a pregar o evangelho em determinado local, mas, em primeiro lugar, querem saber quem os vai sustentar. Vão fazer a obra, desde que alguém se disponha a cuidar da sua sobrevivência e de sua família. Não é, porém, assim que a Bíblia nos ensina. O chamado divino na vida de alguém não está sujeito a uma prévia estruturação financeira. Paulo foi para Tessalônica sem depender da ajuda financeira dos filipenses, não tendo pensado duas vezes para arregaçar as mangas e tentar se manter através daquilo que sabia fazer, ou seja, fabricar tendas.

5. Doutrina do Sustento do Obreiro

a) O modelo de Cristo: sem “buffet” e sem serviço “à la carte”.  Quando Jesus enviou os seus doze discípulos para um trabalho missionário ordenou-lhes dizendo: “Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel...Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos ai até que vos retireis” (Mt 10:5-11). Perceba que o Senhor garantiu aos seus discípulos a subsistência material: eles não deveriam se preocupar com roupas, calçados, alimentação e hospedagem. Contudo, não, há referência nenhuma a qualquer tipo de “mordomia”, de conforto, de alto salário, não! Nada! Em relação a eles pode-se dizer que foi árduo o trabalho missionário, mas, certamente, ninguém passou necessidade, ninguém voltou descalço e maltrapilho.

O mesmo aconteceu quando Jesus enviou os setenta discípulos. Eles receberam idênticas instruções, e a mesma garantia: “E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará a vós. E ficai ai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lc 10:5-7). Comendo e bebendo do que eles tiverem – sem “buffet” e sem serviço “à la carte”. Viver como o povo vive, morar como o povo mora, comer como o povo come, parece-nos que era isto que o Senhor Jesus quis ensinar àqueles que por Ele foram enviados. Aqueles setenta discípulos enviados, ao retornarem não tinham uma só queixa a fazer, mas, muitas bênçãos para contar – “E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam”(Lc 10:17). O Senhor Jesus não falou e nem garantiu qualquer tipo de “mordomia”, não fez nenhuma promessa de riquezas aos seus enviados, mas assegurou o sustento do Obreiro.

b) O modelo de Paulo: o mínimo necessário. Paulo, da mesma forma, seguindo nas pisadas de Seu Mestre, detalhou a Doutrina do Sustento do Obreiro, assegurando, também, o mínimo necessário. Numa de duas Epístolas chamadas Epistolas Pastorais por conterem orientações especificas à vida e ao trabalho dos obreiros, ele afirmou: “Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrimos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser rico caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, o homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo feito boa confissão diante de muitas testemunhas” (1Tm 6:7-12).

As Epístolas 1 e 2 Timóteo e Tito são chamados de “Epistolas Pastorais”, porque foram dirigidas mais para pastores do que propriamente para as Igrejas. Assim, o trecho transcrito acima, é, essencialmente, de interesse direto de cada obreiro. Paulo acabara de sair da prisão, de Roma. Estava com cerca de sessenta e cinco anos de idade. Mais de trinta dedicados ao Ministério. Nenhum bem imóvel, nenhuma reserva financeira para lhe garantir o futuro. Com toda autoridade de Deus ele podia ensinar o jovem pastor Timóteo, dizendo: “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isto contentes”. Paulo não tinha mais do que isto! Estas instruções não estavam sendo passadas para um pastor de uma pequena igreja do interior. Estavam sendo passadas ao pastor de Éfeso. Éfeso era uma grande, rica e importante cidade. Sua igreja com mais de dez anos de existência, seus membros, certamente, se contavam aos milhares, e seus obreiros, às centenas.

Paulo, ao deixar a prisão, de Roma, provavelmente no ano 63 d.C., voltou ao campo missionário. Em Éfeso, detectou alguns problemas de ordem doutrinária, na Igreja. Paulo, então, deixou ali Timóteo, um obreiro de sua inteira confiança, ao qual, encaminhou estas duas Epistolas, nas quais procurou orientá-lo como um obreiro deve proceder diante da Igreja. No trecho bíblico transcrito, Paulo orientou e advertiu Timóteo, bem como aos obreiros de todos os tempos, de igrejas grandes, ou pequenas, do interior ou de “Éfeso”, como proceder em relação ao Direito Bíblico do Sustento do Obreiro.

 

II.  O VALOR DO SUSTENTO LOCAL

 

O plano bíblico para sustento da igreja e trabalho de expansão do Evangelho é que as despesas sejam divididas entre os membros do corpo de Cristo. Quando os membros da igreja local sustentam a igreja, têm mais interesse e sentem uma responsabilidade maior de envolver-se nos ministérios da igreja. Há um senso apurado de que somos cooperadores com Cristo neste ministério. É bom afirmar que quaisquer recursos financeiros para a igreja jamais seja advinda de fontes externas. Biblicamente, devem serem oriundos dos seus membros e congregados. É claro que em muitas igrejas, cujos líderes são gananciosos, compulsivos e materialistas, usam de artifícios mentirosos para arrancar dinheiro dos incautos a fim de abastecer-se. Há igrejas que usam métodos heterodoxos e escusos para fazer o levantamento de gordas ofertas destinadas não à assistência dos necessitados, mas ao enriquecimento de obreiros fraudulentos.

O apóstolo Paulo nos mostra vários princípios que devem reger a contribuição cristã. Por falta de espaço nesta Aula, vamos examinar somente cinco princípios (adaptados do livro “Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus” – rev. Hernandes Dias Lopes).

1. A contribuição cristã é uma graça de Deus concedida à igreja  - “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida Às igrejas da Macedônia” (2Co 8:1). Paulo ensinou a igreja que contribuir é um ato de graça.  O apóstolo usa seis vezes a palavra graça em relação ao ato de contribuir (2Co 8:1,4,6,9,19; 9:14). A graça é um favor divino contrário ao merecimento humano. A graça em Deus é sua compaixão pelos que são indignos. Sua graça é maravilhosamente gratuita. Sempre é concedida sem levar em conta o mérito.

A contribuição, portanto, não é um favor que fazemos à igreja ou aos necessitados, mas um favor imerecido que Deus faz a nós. A graça é a força, o poder, a energia da vida cristã, como ela age em nós por intermédio do Espírito Santo. A graça ama e se regozija em dar e oferecer. Se temos a graça de Deus em nós, ela se mostrará no que oferecemos aos outros. E em tudo o que dermos, devemos fazê-lo estando conscientes que é a graça de Deus que opera em nós.

2. A contribuição cristã é paradoxal em sua ação. Os crentes da Macedônia enfrentavam tribulações e pobreza. Eram perseguidos pelas pessoas e oprimidas pelas circunstâncias. Eram pressionadas pela falta de quietude e pela falta de dinheiro. Essas duas situações adversas, entretanto, não os impediram de contribuir com generosidade e alegria (2Co 8:2).

O rev. Hernandes Dias Lopes, citando Frank Carver, diz que sob perseguições e na pobreza, a graça produziu na igreja da Macedônia “duas das mais adoráveis flores do caráter cristão: a alegria e a generosidade”. Dois paradoxos são aqui ventilados por Paulo:

- Em primeiro lugar, tribulação versus alegria – “Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria”(2Co 8:2). Os Macedônios tinham muitas aflições. Eles foram implacavelmente perseguidos (At 16:20; Fp 1:28,29; 1Ts 1:6; 2:14), mas isso não impediu que eles contribuíssem com generosidade. Longe de capitularem a tristeza, a murmuração, a amargura, por causa da tribulação, os crentes macedônios exultavam com abundante alegria. A reação deles foi transcendental.

Muitas vezes, quando passamos por tribulações, perdemos a alegria e nos encolhemos pensando apenas em nós mesmos. Os macedônios mostraram que a alegria do crente não é apenas presença de coisas boas nem apenas ausência de coisas ruins. Nossa alegria não vem de fora, mas de dentro. Sua fonte não está nas circunstancias, mas em Cristo.

- Em segundo lugar, profunda pobreza versus grande riquezas – “[...] e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade”(2Co 8:2b). Os macedônios não ofertaram porque eram ricos, mas apesar de serem pobres. Eles eram pobres, mas enriqueciam a muitos; nada tinham, mas possuíam tudo (2Co 6:10). Não deram do que lhes sobejava, mas apesar do que lhes faltava. A extrema pobreza deles os impulsionou a serem ricos de generosidade. Eram generosos embora fossem também necessitados. A expressão “profunda pobreza significa “miséria absoluta” e descreve um mendigo que não tem coisa alguma, nem mesmo a esperança de receber algo.

3. A contribuição cristã não é resultado da pressão dos homens, mas do exemplo de Cristo.  Há igrejas que estão desengavetando as indulgencias da Idade Média e vendendo as bênçãos de Deus, cobrando taxas abusivas por seus serviços. Há igrejas que levantam dinheiro apenas para enriqueceram, lançando mão de metodologias opressivas. A igreja não pode imitar o mundo. O mundo enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece doando aos outros. A contribuição cristã não deve ser compulsória. Não devemos contribuir por pressão psicológica. Contribuição cristã não é uma espécie de barganha com Deus. A motivação da generosidade da contribuição é o amor. Paulo disse: “[...] mas, para provar, pela diligencia de outros, a sinceridade do vosso amor” (2Co 8:8b). Sem amor até mesmo nossas doações mais expressivas são pura hipocrisia. A natureza humana acaricia a hipocrisia, as motivações impróprias, a pretensão e a contribuição para ser vista pelos homens. O apóstolo Paulo disse que podemos dar todos os nossos bens aos pobres, mas se isso não foi motivado pelo amor, não terá nenhum valor (1Co 13:3).

4. A contribuição cristã é proporcional na sua expressão.  A contribuição cristã deve estar de acordo com a prosperidade (1Co 16:2) e segundo as posses (2Co 8:11). Não dá liberalmente quem não oferta proporcionalmente. Não dá com alegria quem não oferta proporcionalmente. A proporção é a prova da sinceridade. Deus é o Juiz. Jesus elogiou a pequena oferta da viúva pobre, dizendo que ela havia sido maior que a dos demais ofertantes. Os outros deram sobras; a oferta da viúva era sacrificial.

Quando há proporcionalidade na contribuição financeira não há sobrecarga para ninguém. Quem muito recebe, muito pode dar. Quem pouco recebe, do pouco que tem ainda oferece uma oferta sacrificial. Devemos contribuir de acordo com a nossa renda para que Deus não torne a nossa renda de acordo com a nossa contribuição.

5. A contribuição cristã deve ser marcada por honestidade em sua administração. É preciso ter coração puro e mãos limpas para lidar com dinheiro. Há muitos obreiros que são desqualificados no ministério porque não lidam com transparência na área financeira. Judas Iscariotes, embora discípulo de Cristo, era ladrão (cf. João 12:6). Sua maneira desonesta de lidar com o dinheiro o levou a vender Jesus por míseras trinta moedas de prata. Muitos pastores e líderes, ainda hoje, perdem o ministério porque não administram com transparência o dinheiro que arrecadam na igreja.

O apostolo Paulo foi diligente em despertar a igreja para contribuir, mas também foi cuidadoso na forma de arrecadar as ofertas e administrá-las. Ele não lidava sozinho com dinheiro, era acompanhado por Tito (2Co 8:16,17) e por mais dois irmãos altamente conceituados nas igrejas (2Co 8:18,22,23). Sinceramente, os líderes de hoje precisam urgentemente aprender com esse bandeirante da honestidade.

Portanto, não importa se a igreja é grande e rica, ou se é pequena e pobre. É ali o seu lugar de adoração, é ali a Casa do Senhor, é ali onde você é abençoado, e é ali que você tem seus compromissos financeiros. A igreja precisa de nossa contribuição financeira para garantir condições de crescimento e para honrar os seus compromissos, que não são poucos.

III.  ENSINO BÍBLICO SOBRE FINANÇAS


O dinheiro está no âmago de muitos problemas das igrejas. Algumas delas enchem seus cofres, exigindo dízimos de seus membros para financiar estilos de vida extravagantes dos dirigentes da igreja. Muitos usam o dinheiro da igreja para construir grandes empresas. É isto que Deus quer? Em absoluto!

Aqueles que verdadeiramente procuram seguir Jesus precisam buscar sua vontade no Novo Testamento. Ali encontramos tanto instruções dadas por apóstolos inspirados, como exemplos de como as igrejas obtinham e usavam o dinheiro no serviço do Senhor.

O que a Bíblia diz sobre as finanças da igreja.

Ao entrarmos neste estudo, será útil lembrarmos de dois princípios básicos sobre as igrejas do Novo Testamento:

- Primeiro, no plano de Deus, a igreja é um  corpo espiritual, com uma missão espiritual. Muitos dos problemas das igrejas modernas, relacionados com dinheiro, são resultado de decisões humanas de deslocar o centro das atenções de sua missão espiritual para os interesses sociais, políticos ou comerciais.

- Segundo, no Novo Testamento, as igrejas locais eram autônomas, cada uma servindo independentemente sob a autoridade da palavra de Cristo. O Novo Testamento não fala de nenhum tipo de estrutura de organização ligando as igrejas locais. As hierarquias enormes das denominações, tão comuns nestes dias, nunca são encontradas no Novo Testamento.

1. Como as igrejas do Novo Testamento recebiam dinheiro?

a) Normalmente, das contribuições dos cristãos. As igrejas, geralmente, recebiam seu dinheiro de contribuições voluntárias dos membros. "Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for"(1Co 16:1-2). "Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade" (Atos 4:34-35). Paulo ensinava que os cristãos deveriam dar voluntariamente e com alegria: "Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria" (2Co 9:7).

b) Em casos excepcionais, de outras igrejas. Em casos de necessidade, tal como aquela causada por severa fome na Judéia, as igrejas pobres receberam assistência financeira das congregações mais prósperas de outros lugares (Atos 11:27-30). É por isso que Paulo enviou instruções à igreja Coríntia (também mencionadas em Romanos 15:25-32) sobre as doações para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém (1Co 16:1-4; 2Co 8).

2.  Como as igrejas do Novo Testamento usavam seu dinheiro?

a) Para pregar e ensinar o Evangelho. Desde que a missão principal da igreja é espiritual (1Tm 3:15), não é surpresa que as igrejas do Novo Testamento usassem seu dinheiro para espalhar o evangelho. Exemplos deste emprego dos fundos arrecadados incluem o sustento financeiro de homens que pregavam o evangelho (1Co 9:1-15; 2Co 11:8; Fp 4:10-18), e dos que serviam como presbíteros (1Tm 5:17-18).

b) Para acudir os santos necessitados. Quando os cristãos pobres necessitavam de assistência, o dinheiro da oferta era usado para acudir àquelas necessidades (Atos 4:32-37; 6:1-4).

3.  O que Deus autorizou para nossos dias?

Desde que a Bíblia registra tudo o que precisamos saber para servir a Deus de modo aceitável (2Pe 1:3; Judas 3; 2Tm 3:16-17), aqueles que hoje procuram servir ao Senhor praticarão somente o que é autorizado no Novo Testamento. Deus não nos deu permissão para tentar melhorar seu plano. O modelo do Novo Testamento pode parecer muito simples, e não sofisticado, às pessoas que estão rodeadas por imensos empreendimentos multinacionais, mas os fiéis precisam contentar-se em fazer a obra de Deus à maneira de Deus. Nossa missão não é juntar grande riqueza ou construir enormes organizações. Nossa missão é servir Jesus e mostrar a outros como fazer o mesmo. Os verdadeiros cristãos não estão interessados em competir com o mundo, mas simplesmente procuram agradar a Deus.

As igrejas que seguem o modelo do Novo Testamento receberão seu dinheiro de contribuições voluntárias dos cristãos. Nos casos em que há mais irmãos pobres do que a congregação é capaz de ajudar, elas podem também receber assistência de outras congregações.

Então, este dinheiro será dedicado à obra que Deus autorizou. A principal missão da igreja sempre será espiritual, alcançando os perdidos e edificando os salvos. Os recursos financeiros da igreja serão usados para cumprir sua missão de proclamar a pura mensagem do evangelho. Quando há casos de necessidade entre os discípulos, a igreja pode usar o dinheiro ofertado para dar assistência. Quando as igrejas mais prósperas sabem de tais necessidades nas congregações mais pobres, elas podem fazer como as igrejas da Galácia, Macedônia e Acaia fizeram, ou seja, enviar dinheiro para ajudar seus irmãos mais pobres (veja 1Co 16:1; 2Co 8:1-4; 9:1-2).

CONCLUSÃO


Muitos, especialmente jovens, desejam e sonham em ser um Missionário; conhecer povos diferentes, viajar pelo mundo, entrar em contato com novas e diferentes culturas! Uma emoção! Outros desejam, a qualquer custo, ser um Obreiro Local. Alguns, erradamente, é claro, pensam no Ministério como uma forma de garantir sua sobrevivência, gozando de muitas regalias, ou “mordomias”, sem precisar trabalhar; um crasso engano! Falta, na verdade, para muitos, uma conscientização e mais informações sobre o árduo trabalho ministerial, seja como Missionário, ou Obreiro Local.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus – rev. Hernandes Dias Lopes.

O que a Bíblia Ensina Sobre a Igreja e seu Dinheiro? - Dennis Allan.

O árduo trabalho missionário – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

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