1º Trimestre_2013
Texto Básico: 1Reis 21:1-5;15,15
“Não
erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isto
também ceifará” (Gl 6:7)
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a respeito
da cobiça de Acabe. A cobiça é um desejo forte, constante e insaciável; ela
pode levar o homem a pisar no seu próximo para subir na vida, chegando a roubar
e matar. O mundo em que vivemos é orientado por um estilo de vida
materialista, hedonista e pragmatista, todavia, o Evangelho demanda de cada um
de nós um estilo rigorosamente contrário ao mundano.
Existe o desejo legítimo e a
cobiça. O primeiro refere-se ao suprimento das necessidades e, em alguns
casos, um pouco mais, atingindo o nível do conforto; o segundo vai muito além,
alcança o excesso e avança rumo ao proibido. Mas onde está a exata fronteira
entre uma e outra coisa? É difícil dizer onde o desejo correto se
transforma em cobiça, assim como não podemos determinar com certeza a exata
quantidade de comida que alguém precisa consumir. Cada indivíduo é capaz de
reconhecer que a sua necessidade foi suprida e seu apetite saciado. Depois
disso, o desejo torna-se cobiça. Disse o sábio Salomão: “Se achaste mel, come
somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a
vomitar” (Pv 25:16). Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de
todas as árvores, exceto uma (Gn 2:16,17). Quando desejamos o que Deus proibiu,
está caracterizada a cobiça. O décimo mandamento assevera: “Não cobiçarás a
casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo,
nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu
próximo” (Ex 20:17). Portanto, o direito do outro é um dos nossos
limites.
I.
O OBJETO DA COBIÇA DE ACABE
O objeto da cobiça do rei Acabe:
a herança de Nabote. Acabe possuía riqueza e todo tipo de bens materiais, mas
dirigiu seus olhos e sua cobiça à propriedade de subsistência de Nabote, seu
vizinho. Seu desejo incontido desencadeou uma série de pecados: abuso de
autoridade, acusação, falso testemunho, homicídio e roubo (1Rs 21). A proposta
que Acabe fez a Nabote parecia justa, generosa e irrecusável, pois oferecia em
troca uma outra vinha melhor, ou se desejasse, lhe daria em dinheiro o que ela
valia. Acontece que o valor da vinha para Nabote ia para além das questões
mercantilistas. Ele considerava aquela propriedade uma herança inegociável, e
cuja venda implicaria em transgressão ao mandamento do Senhor (cf Lv 25:13-28 e
Nm 36:7,9). Nabote procedeu corretamente; de acordo com o livro de Levitico, a
terra pertencia ao Senhor (Lv 23:23). Assim sendo, Nabote não poderia vender
aquilo que lhe fora dado como uma herança do Senhor. Diante da resposta e
posicionamento de Nabote, a reação de Acabe foi de desgosto e indignação, pois
o seu capricho não fora alcançado, o que desencadeou no rei uma crise emocional
(1Rs 21:4). Mas, Acabe queria aquela propriedade a qualquer custo; aquele
espaço de terra, era o seu objeto de maior desejo. Por ser rei, imaginava que podia
atropelar a lei de Deus e emplacar injustiça social. Para concretizar o seu
intento, esse rei fraco e sem personalidade arquitetou, em conluio com sua
impiedosa esposa Jezabel, uma das mais sórdidas tramas registradas nas páginas
Sagradas: a morte do inocente Nabote. Mas, o juízo de Deus foi severo contra a
casa de Acabe; veja isso no tópico IV abaixo.
Atualmente, muitos líderes e
irmãos caprichosos, que não se contentam com aquilo que possuem, e que acham
que seus desejos precisam ser atendidos e satisfeitos por todos, estão
dominados pela cobiça. Tenhamos cuidado, pois a cobiça é abominação ao Senhor
(Dt 7:25); é a raiz de todos os males ((Tg 4:15,15).
II.
AS CAUSAS DA COBIÇA DE ACABE
A principal causa da cobiça de
Acabe: o domínio incontrolado do “ter”, de “possuir”, aquilo que é do outro,
neste caso a vinha de Nabote. Esta vinha era próxima ao palácio real, isto é,
da casa de verão, e, aparentemente, Acabe, levado por um capricho, desejava
transformá-la em um jardim.
Entendemos pelo texto sagrado que
aquela propriedade fora passada a Nabote por herança: “Porém Nabote disse a
Acabe: guarda-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais” (1Rs 21:3), o
que fortalecia a convicção de Nabote de que ele não deveria vendê-la nem
trocá-la por outra propriedade. É provável que Nabote tenha sido criado naquele
terreno, dedicando-se com seus pais ao cultivo de uvas. Se Nabote tivesse feita
essa venda ou trocada por outra vinha, ele teria transgredido não só uma
tradição, como também a sua consciência (cf Lv 25:23-28; Num 36:7ss). Acabe
reconhecia isso; ele era cônscio de que Nabote estava religiosamente obrigado a
conservar a posse de sua terra e que essa obrigação não poderia ser
contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele estava
totalmente dominado pela cobiça, qual um viciado de drogas; somente a casa de
verão não lhe satisfazia, queria agora construir uma horta ao lado dela para
que seus desejos pudessem ser realizados; não se importava em quebrar o
mandamento divino: “não cobiçarás”(Ex 20:17). Desta feita, o que fez Acabe
diante da resposta negativa de seu súdito? Ficou entristecido, como uma criança
mimada, e não quis se alimentar. O desejo despertado pela cobiça é tão poderoso
que acaba por tornar-se ocupação única do cobiçoso. Acabe não desejava mais
comer, ou fazer qualquer outra coisa (1Rs 2:4).
Ao observar o estado em que se
encontrava Acabe, Jezabel, sua mulher, procurou tomar conhecimento do que havia
acontecido, o que lhe foi relatado pelo rei (1Rs 21.5-6). Diante do que ouviu,
Jezabel, que já havia em outros episódios demonstrado a sua influência e força
no reino, que tomava decisões sem pedir a aprovação do seu manipulável e omisso
marido, possuidora de um temperamento difícil e cruel em suas deliberações,
toma para si as dores de Acabe e declara: “governas tu, com efeito, sobre
Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de
Nabote, o jezreelita” (1Rs 21:7). Jezabel se coloca aqui como aquela que
satisfará a cobiça de Acabe. Uma esposa sábia não adota tal postura, antes,
aconselha o seu marido sobre os princípios do contentamento. Em fim, o desejo
exacerbado e maligno de Acabe resultou no assassinato do obediente Nabote,
resultando assim na inobediência a outro mandamento da lei moral de Deus: “não
matarás” (Ex 20:13).
III.
O FRUTO DA COBIÇA
O fruto da cobiça de Acabe:
assassinato do obediente Nabote. O pecado de Acabe envolveu várias pessoas,
inclusive os anciãos e os nobres de Israel (1Rs 21:8), os quais sem temor e
piedade co-participaram do plano maligno da esposa de Acabe. Como Acabe não se
apossou imediatamente da vinha de Nabote, Jezabel continuou com seu plano
diabólico. Sem escrúpulos, sem temor a Deus, sem piedade e sem misericórdia,
Jezabel articula um plano onde Nabote seria vitimado por uma terrível calúnia.
Usando o nome e o sinete de seu marido, ela escreveu cartas aos anciãos e aos
nobres da cidade e que habitavam com Nabote, onde dizia o seguinte: “Apregoai
um jejum e trazei Nabote para a frente do povo. Fazei sentar defronte dele dois
homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e
contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra. Os
homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como
Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia
mandado. Apregoaram um jejum e trouxeram Nabote para a frente do povo. Então,
vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra
ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e
contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu”.
“É interessante observar que o
maligno plano de Jezabel se reveste de um caráter espiritual, com direito a
proclamação de um jejum e com o argumento de que Nabote teria blasfemado contra
Deus (e contra o rei). É possível “espiritualizar” até a cobiça. Em nome de
Deus, e com a máscara da falsa espiritualidade, muitas barbáries e injustiças
são realizadas sob a influência do “espírito de Jezabel”, muitas cobiças são
alimentadas à custa da destruição de vidas, casamento e famílias”(pr. Altair
Germano).
Nunca foi exposta a falsa
acusação de blasfêmia levantada contra Nabote perante a assembleia dos anciãos
e dos nobres. Este sincero israelita foi apedrejado de acordo com a lei (cf Lv
24:13-16), sob o testemunho de duas pessoas (falsas testemunhas, claro) que
teriam presenciado a suposta ofensa (cf Dt 17:6,7). Com o assassinato de
Nabote, Acabe se apropriou indevidamente da sua vinha.
É curioso ver que pessoas
malignas não adoram ao Senhor nem o temem, mas não se furtam de usar o nome do
Senhor para perverter o juízo e cometer atrocidades. Mas lembremo-nos de que
Deus não se deixa escarnecer nem deixa seu nome ser usado em vão.
IV.
AS CONSEQUÊNCIAS DA COBIÇA
A combinação de pecados
relacionados à cobiça produz um veneno tão poderoso que ameaça de morte tanto
as pessoas à sua volta como o próprio cobiçoso. O mundo "jaz no
Maligno", e tem se tornado em "ninho" aconchegante para
que o pecado cresça, venha à luz, e cause os males da destruição e da morte.
Precisamos estar alertas para este fato. As consequências do pecado é a morte
(Rm 6:23).
1.
Julgamento divino. A cobiça do rei Acabe teve uma consequência ainda mais funesta do que
toda a sua idolatria. Acabe e sua mulher Jezabel muito haviam irado o Senhor
por causa da intensa idolatria e da quase substituição do Senhor por Baal como
deus nacional do reino do norte. Entretanto, a morte de Nabote, planejada
covardemente por Jezabel, motivada pela cobiça do rei Acabe, foi a “gota
d’água” da ira de Deus. Por causa disto, Deus sentenciou toda a casa de Acabe à
morte(1Rs 21;
2Rs 10:1-14). A
sentença do julgamento de Acabe e Jezabel foi transmitida por Elias, o
profeta: “Então, veio a palavra do SENHOR a Elias, o tisbita, dizendo: Levanta-te,
desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que
está na vinha de Nabote, aonde tem descido para a possuir. E falar-lhe-ás,
dizendo: Assim diz o SENHOR: Porventura, não mataste e tomaste a herança?
Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No lugar em que os cães
lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo. E
também acerca de Jezabel falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto
ao antemuro de Jezreel” (1Rs 21:18,19,23). Acabe ainda se recusou a admitir
seu pecado contra Deus; em vez de fazê-lo, acusou Elias de ser seu inimigo (cf
1Rs 21:20). É quase impossível que os que se tornam cegos pela cobiça e pelo
ódio, enxerguem seus próprios erros.
2.
Arrependimento e morte. A sentença divina trouxe medo e condenação a
Acabe: “Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas
vestes, e cobriu a sua carne de pano de saco, e jejuou; e dormia em cima de
sacos e andava mansamente” (1Rs 21:27). Acabe foi mais perverso do que
qualquer outro rei de Israel (1Rs 16:30; 21:25), mas quando se arrependeu com
profunda humildade, Deus atentou para ele e prometeu que o castigo sobre a sua
casa seria suspenso até uma outra ocasião – “Não viste que Acabe se humilha
perante mim? Porquanto, pois, se humilha perante mim, não trarei este mal nos
seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal sobre a sua casa” (1Rs
21:29). O mesmo Senhor que foi misericordioso com ele deseja ser benigno
conosco. Não importa quão perverso alguém seja; nunca é tarde demais para se
humilhar, voltar-se a Deus e pedir-lhe perdão.
É bom ressaltar, porém, que,
embora Acabe tenha se arrependido de seus atos pecaminosos, as consequências
foram inevitáveis. Acabe, Jezabel e toda a sua família foram eliminados, da
mesma maneira como as dinastias anteriores foram rejeitadas por causa de seus
pecados. Jezabel teve uma morte horrível na mesma cidade onde havia perpetrado
seus crimes. O cobiçoso Acabe e a cruel Jezabel receberam o prêmio da
injustiça. Para ler sobre o cumprimento da sentença divina, veja 1Reis 22:38,
onde os cães lamberam o sangue de Acabe, e 2Reis 9:30 a 10:28, onde Jezabel e o
restante de sua família foram destruídos. “O pecado sempre tem seu alto
custo!”.
CONCLUSÃO
Todo ato de cobiça além de
reprovado por Deus, será também duramente punido por Ele. Assim como Nabote, os
que são vitimados por causa de sua obediência a Deus, e diante da cobiça
alheia, são por Ele devidamente justificados e vingados. Portanto, todos
aqueles que de alguma maneira detém o poder e dele abusam para realizar
propósitos pessoais e até malignos, sofrerão consequências desastrosas. De Deus
ninguém zomba! A quem muito for dado muito será cobrado. Pense nisso!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus
– Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo
Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.
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