1º Trimestre/2014
Texto Básico: Deuteronômio 34:10-12; Hebreus
11:23-29
"Era Moisés da idade de cento e vinte anos
quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu
vigor" (Dt 34:7).
INTRODUÇÃO
Durante este
trimestre vivenciamos o caráter e as virtudes do grande homem de Deus e líder
do povo de Israel, Moisés. Inúmeros adjetivos poderão ser atribuídos a ele,
pois o seu legado nos dá um elenco superlativo de qualidades que esse grande
homem de Deus nos deixa de exemplo a ser imitado e seguido. Não há dúvida de
que o seu maior legado foi a fidelidade e sua obediência a Deus, e,
principalmente, a sua santidade; é a própria Bíblia que diz: “E nunca mais
se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor
conhecera face a face” (Dt 34:10). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor. No
último livro do Antigo Testamento, Deus
chama-o de "meu servo" (Ml 4:4), e no último livro do Novo Testamento
ele é chamado "Moisés, servo de Deus" (Ap 15:3).
O
QUE É LEGADO
O Legado constitui-se de uma história de vida de uma pessoa que fala de Deus e
vive o que ele ensina na vida pessoal, em casa, entre amigos, no mundo onde se
vive e trabalha. O legado é uma herança. Claro que no contexto que estamos estudando
não tem a ver com dinheiro ou posses que alguém deixa para os seus
entequeridos. Estamos falando em modelo de vida, exemplos de valores morais e
espirituais, deixados pelo líder para o bem do povo de Deus. Moisés serviu a
Deus com integridade e deixou uma herança para as gerações
posteriores, e seu legado foi visto na pessoa de Josué, em atitudes, milagres e
santidade. O teólogo norte-americano A.W.Tozer disse certa vez que “nada
morre de Deus quando um homem de Deus morre!”.
A fé,
as nossas atitudes, o nosso relacionamento com Deus e o compromisso com a
sua Palavra são o maior patrimônio que podemos passar às gerações
seguintes. O apóstolo Paulo, ao final da carreira, fez menção de sua fé como
algo zelosamente guardado no coração. Era a sua preciosa herança para os que
viriam depois (2Tm 4:7).
Que contribuição estaremos deixando nessa área vital de nossas relações
com Deus?
Que perspectivas nossos filhos e netos terão da fé ao olharem a nossa história?
Eles nos verão como pessoas que sempre souberam confiar em Deus e viverem
inteiramente para Ele? O maior legado que você pode deixar para seus filhos não
vem de títulos ou funções que ocupou, mas da pessoa que você foi. Filhos e
jovens anseiam por modelos, por pessoas que imitam Cristo em sua forma de viver.
Imitar Cristo tem a ver com o caráter de Cristo, de ter atitudes, palavras,
ações e compromisso que refletem a pessoa de Cristo.
A maioria dos líderes de Israel morreram sem deixar nenhuma saudade. Um
deles foi o rei Jeorão (2Cr 21:4-20). Ele foi um opressor que não tinha
qualquer sensibilidade humana. Foi um déspota impiedoso. Ele não deixou
qualquer legado edificante para os seus sucessores, ao ponto de o texto bíblico
descrever o sentimento do povo quando da sua morte, desse modo: "e
foi-se sem deixar de si saudades" (2Cr 21:20). Que este não seja o
legado dos líderes do povo de Deus da Nova Aliança!.
I. - OS ÚLTIMOS DIAS DE
MOISÉS (capítulos 31-34)
1. As palavras de despedida. Nos capítulos 29 e 30, Moisés apela pessoalmente
àquela geração a fim de que reassumam o pacto firmado com Deus e jurem lealdade
a Ele. Prediz a apostasia de Israel e seu castigo; experimentarão a bênção e a
maldição; finalmente, a graça de Deus abriria a porta para o arrependimento e
para o perdão. Deus circuncidará o coração de seu povo a fim de que obedeçam a
Ele. A circuncisão de coração refere-se à transformação da vontade, de modo que
sirvam ao Senhor com sinceridade.
O povo de Israel não devia pensar que a lei seria demasiado difícil de
cumprir. Ela não estaria no céu nem além do mar, não seria inatingível, "está
mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a fazeres" (Dt
30:11-14). Se o coração está em harmonia com Deus é fácil obedecer ao Senhor.
Paulo parafraseou esta passagem substituindo a palavra “escrita” pela Palavra
“encarnada” (Rm 10:6-8).
Moisés apresenta a Israel duas alternativas: servir ao Senhor ou servir
aos falsos deuses (ler Dt 30:15-20). Ao deixar o Senhor, Israel seria então
sempre presa dos invasores. Unicamente o braço invisível de Deus podia protegê-lo
se o povo apoiar-se nEle. Também sucede assim na vida de todo cristão: Deus é a
única defesa contra as paixões, contra os vícios e contra os maus costumes.
2. Moisés incentiva o povo a
meditar na Palavra. “Guardai, pois, as palavras deste concerto e cumpri-as para que
prospereis em tudo quanto fizerdes” (Dt 29:9). Moisés deu instruções aos
levitas para que congregassem o povo nos anos sabáticos, na Festa dos
Tabernáculos, a fim de ler-lhes a lei (Dt 31:10). Desse modo os levitas
receberam o cargo docente em Israel. Ele reforça a ideia de que os israelitas
precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que prosperassem
enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de Deus são
bem-aventurados (Sl 1:1-6).
No capítulo 32 do livro de Deuteronômio, temos o último cântico de
Moisés. O servo do Senhor se despede com adoração e louvor. O cântico de Moisés
tinha muita importância, pois os cânticos nacionais se gravam profundamente na
memória, e exercem poderosa influência para comover os sentimentos de um povo.
Na verdade, Moisés deixava claro
a Josué (futuro líder de Israel) que a nação abandonaria Deus e anularia o
concerto (Dt 31:16) divino. Junto com Moisés, Josué foi encarregado de escrever
um cântico do testemunho do concerto e ensiná-lo aos filhos de Israel (Dt
31:19). Esta canção desempenharia a função de testemunha do concerto. Quando
Israel traiu o concerto, o cântico, por sua existência e por seu teor,
testificaria que a nação conscientemente estava quebrando sua palavra (Dt
31:20,21).
3. Moisés nomeia seu sucessor
(Dt 31.7-8). Antes de falecer, Moisés impusera suas mãos sobre Josué, que foi cheio
do espírito de sabedoria (Dt 34:9). Observamos, nesse ato, a importância de os
líderes abençoarem aqueles que participam de seu ministério e prepararem uma
nova geração para estar à frente do povo de Deus.
Como auxiliar(servo) de Moisés, Josué demonstrava intensa devoção e amor
a Deus, e muitas vezes permaneceu na presença do Senhor por um longo período de
tempo(Ex 33:11). Era um homem que se deleitava na santa presença de Deus. Por
certo aprendeu muito com Moisés, seu conselheiro e guia de confiança, a
respeito dos caminhos de Deus e das dificuldades na condução do povo. Em
Cades-Barnéia, Josué serviu a Moisés como um dos doze espias que observaram a
terra de Canaã. Ele, juntamente com Calebe, rejeitou energicamente o relatório
da maioria, que retratava a incredulidade do povo(Num 14). Muitos anos antes de
substituir Moisés como líder de Israel, Josué demonstrou ser um homem de fé,
visão, coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e dedicação a Deus e à
sua Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés, já era um homem “em
que há o Espírito”(Num 27:18; Dt 34:9).
Todo líder, de qualquer seguimento, um dia terá que deixar o cargo.
Isso é um processo natural. Acontece que muitos pensam que são insubstituíveis,
ou não querem "largar" a liderança para não perder status, vantagens,
benefícios, privilégios etc. É aí que surgem os problemas. Alguns líderes
evangélicos na atualidade tratam igrejas e convenções como propriedade
particular, empresa ou negócio de família. Esquecem que a igreja tem um dono e
o seu nome é Jesus.
4. Moisés vê a Terra
Prometida e morre (Dt 34). Moisés conduziu Israel desde a saída do Egito até
as proximidades da Terra Prometida, mas não pôde entrar nela, pois desobedecera
à ordem expressa do Altíssimo, diante de todo o povo (Nm 20:12). O ocorrido foi
o seguinte: em Meribá, a água e os alimentos estavam escassos. Nessa ocasião,
mas uma vez, o povo lamentou ter saído do Egito e murmurou (Nm 20:1-5). A fim
de lhes prover o socorro, Moisés e Arão oraram, e o Senhor disse a Moisés que falasse
à rocha e ela verteria água e saciaria a sede dos hebreus. Contudo, Moisés tomou
sua vara e, em vez de fazer como o Senhor lhe ordenara, feriu a rocha por duas
vezes (Nm 20:11).
No Antigo Testamento, em diversos momentos, a rocha simboliza o Senhor
(Dt 32:15; Sl 18:31), enquanto no Novo Testamento a rocha é Cristo (Mt 7:24,25;
Mt 16:18). Por isso, Moisés pecou contra Deus, mas, como parte da recompensa
por sua fidelidade, Deus permite a Moisés contemplar a Terra Prometida do topo
do monte Nebo. Isso demonstra que embora Moisés seja libertador, não é o
libertador por excelência, pois não pôde alcançar para seu povo a vitória final.
Não obstante, não houve profeta antes nem depois em Israel como ele. Só Jesus
seria semelhante a Moisés (Dt 18:15).
Pouco antes de subir ao monte Nebo para contemplar a terra prometida e
morrer, Moisés abençoou as tribos de Israel (Dt 33:1-29). Convocou-as, exceto a
de Simeão, e profetizou poeticamente as bênçãos que elas receberiam ao
estabelecer-se em Canaã.
Pergunta-se: Moisés nunca entrou na terra prometida? Sim, vemo-lo na Palestina
falando com Cristo no monte da Transfiguração. Quão apropriado era conceder-lhe
esta honra! Moisés havia tido uma grande parte na preparação da vinda e obra
daquele cujo ministério foi prefigurado pelo grande líder de Israel.
II. LEGADO DE MOISÉS
(1)
Segundo o pr. Silas Daniel, Moisés foi:
1. Um exemplo de fé. Ao elaborar uma "Galeria
de Heróis da Fé" do Antigo Testamento, o escritor da Epístola aos
Hebreus coloca entre os seus destaques, como não poderia deixar de ser, Moisés
(Hb 11:23-29). Chama a atenção, na descrição que ele faz do grande líder
hebreu, principalmente o que lemos nos versículos 24 a 27:
“Pela fé,
Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de
tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas o vitupério de Cristo
do que os tesouros do Egito, porque tinha em vista a recompensa. Pela fé,
deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o
invisível”.
Somente um homem que ama e
serve a Deus com uma fé robusta rejeita completamente as riquezas e a glória do
mundo, preferindo sofrer fazendo a obra do Senhor. Moisés não tomava as suas
decisões baseado simplesmente no que a lógica humana e os seus cinco sentidos
lhe diziam, mas tinha em vista a importância histórica e espiritual do que
estava fazendo e "a recompensa" que receberia do seu Senhor peia sua
fidelidade ao seu chamado. Ele via além do que poderia perceber a maioria das
pessoas do seu tempo, porque ele via "o invisível".
Ademais, somente um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta não
empalidece diante das adversidades mais intensas, não esmorece diante dos
poderosos e das circunstâncias prementes que o pressionam a abandonar a vontade
divina. A Bíblia diz que Moisés desprezou completamente "a ira do
rei", a oposição dos grandes e poderosos deste mundo, e "ficou
firme", porque estava "vendo o invisível". "Ora, a fé é
o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não
vêem" (Hb 11:1).
2. Um exemplo de liderança. Moisés foi um líder notável,
que aguentou o que pouquíssimos - ou ninguém - em sua época aguentaria. Ele
guiou brilhantemente milhões de pessoas peio deserto; resistiu à oposição com
firmeza; soube superar os momentos de crise, tensão, desânimo e revolta; levou
o povo ao arrependimento várias vezes; organizou aqueles ex-escravos corno uma
sociedade; deu a eles uma identidade como nação; soube ouvir os conselhos de seu
sogro, Jetro (Êx 18:13-27), e preparou muito bem o seu sucessor, Josué.
3. Um exemplo de paciência. Números 12:3 nos lembra que
"era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia
sobre a terra". E era preciso ser muito temperante mesmo para suportar
todas as adversidades e pressões que ele enfrentou. Aliás, isso mostra quão
poderosa foi a transformação que Deus fez em Moisés, que antes fora precipitado
e assassino (Êx 2:11-13).
Mesmo um homem impetuoso e assassino como o jovem Moisés pode se tornar,
quarenta anos depois, um homem extremamente manso e humilde, em virtude da
graça transformadora de Deus; e mesmo o homem mais humilde e manso da Terra
pela graça de Deus pode ter momentos de fraqueza e perder seu autocontrole se
não tiver cuidado, como aconteceu com Moisés. Resumo da história: somos
dependentes da graça divina, do poder do Espírito Santo, tanto para
desenvolvermos a temperança quanto para mantermo-nos no centro da vontade de
Deus, humildes e temperantes, sejam quais forem as circunstâncias.
Não por acaso, a temperança é apresentada na Bíblia como uma das
virtudes do fruto do Espírito; chama-se fruto do Espírito exatamente porque é
produzido em nós pela ação do Espírito Santo de Deus, isto é, quando nos
entregamos à ação dEle em nossa vida (Gl 5:22,23).
Que Deus nos dê graça para seguirmos o bom exemplo desse homem de Deus,
que, tirando o episódio das águas de Meribá (Nm 20:7-13), durante seus quarenta
anos de ministério, nada fez "por contenda ou por vanglória, mas por
humildade" (Fp 1:3) e zelo ardente pela obra de Deus.
4. Um exemplo de intercessor.
Moisés foi
um grande sacerdote do povo de Deus (Sl 99:6). Ele intercedeu decisivamente
pelo povo de Israel em momentos de enorme crise (Êx 15:25; 33:1-17; Nm
14:13-25).
5. Seu exemplo de
integridade. Moisés
teve muitas oportunidades de corromper a sua integridade, mas escolheu
manter-se íntegro. Ele, por exemplo, preferiu sofrer com o povo de Israel a
gozar a glória e os prazeres do Egito, sendo fiel ao seu chamado (Hb 11:24-26).
6. Seu exemplo de comunhão
com Deus.
A Bíblia nos mostra que Moisés cultivava uma vida de oração, mantendo um
relacionamento muito íntimo com Deus: "Falava o Senhor a Moisés face a
face, como qualquer fala com o seu amigo" (Êx 33.11). Como frisa Matthew
Henry, "isto sugere que Deus se revelou a Moisés, não só com
clareza e evidências maiores da luz divina do que a qualquer outro dos
profetas, mas também com expressões particulares e ainda maiores de bondade e
graça. Ele fala não como um príncipe a um súdito, mas como qualquer fala com o
seu amigo, a quem ama".
Deus também quer ter hoje um
relacionamento íntimo conosco! Como destaca a Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal, "Moisés desfrutou tal favor de Deus não porque era perfeito,
genial ou poderoso, mas porque Deus o escolheu. Por sua vez, Moisés confiou
inteiramente na sabedoria e direção de Deus. A amizade com Deus era um
verdadeiro privilégio para Moisés, e estava [nesse nível] fora do alcance dos
hebreus. Mas, hoje, ela não é inalcançável para nós. Jesus chamou seus
discípulos - e, por extensão, todos os seus seguidores - de amigos (João
15:15). Ele o chamou para ser seu amigo. Você confiaria nEle como fez
Moisés?".
7. Exemplo
de Fidelidade. Esta posição relevante de Moisés é bem
mostrada pelo escritor aos hebreus que considerou Moisés como sendo “o servo
fiel em toda a sua casa” (Hb 3:2,3), por ter cumprido todas as determinações
divinas para a edificação do tabernáculo (Ex 39:43; 40:16), bem como na
transmissão da lei aos filhos de Israel (Ex 24:3). De pronto, podemos ver que
uma das principais qualidades de Moisés é esta fidelidade ao Senhor, que o fez
ser reconhecido pelo Senhor como “Seu servo” (Ex 14:31; Nm 11:11;12:7,8; Dt 3:24;
34:5: Js 1:1,2,13; 9:24; 11:12,15; 12:6; 13:8; 14:7; 18:7; 22:2,4,5). Somente
pode ser servo do Senhor aquele que for fiel a Deus, que sempre cumprir as Suas
determinações, que se submeter à Sua vontade.
III.
APRENDENDO COM MOISÉS
1. Se comunicar bem com o
povo. É indispensável que haja uma sintonia entre o
líder e os liderados. Sem comunicação, não pode haver comunhão e sem comunhão,
não há como se construir uma união onde o Senhor possa se manifestar e realizar
a sua obra.
Moisés no início sentiu grande dificuldade em se comunicar com o povo de
Israel. Fazia quarenta anos que estava no deserto, já não sabia se expressar
corretamente seja na língua egípcia, seja na língua hebraica. Era este o
sentido da expressão de que não era eloquente, “pesado de boca” e “pesado de
língua” ou, na tradução da Bíblia Hebraica, “fala lenta” e “língua trêmula”.
Se o papel do líder é, principalmente, o de falar a Palavra de Deus,
como divulgá-la e ensiná-la sem que se tenha uma mesma língua que os liderados?
Como realizar o ministério da Palavra sem uma comunicação eficaz? Muitos têm
fracassado ou, pelo menos, prejudicado seu ministério porque não se importam em
ser compreendidos pelos liderados, porque não têm qualquer preocupação em
estabelecer um canal de comunicação.
Deus, diante desta nova dificuldade apresentada por Moisés mostrou que
Ele é suficiente. Disse que Ele fez a boca do homem, como também o mudo e o
surdo. A obra é de Deus e o Senhor não precisa de técnicas humanas para poder
fazer valer a sua vontade e o seu senhorio. Deus havia resolvido livrar o seu
povo do Egito e isto seria realizado. Esta observação do Senhor para Moisés é
muito atual: quantos não têm tentado substituir o Espírito Santo na obra de
Deus por “planos”, “visões”, “estratégias” e “técnicas”? Entretanto, nada disso
pode substituir o próprio Deus, pois Ele, e somente Ele é o Senhor!
2. Não ter comunhão com o pecado e com o mal. O líder genuíno da parte de
Deus não tem qualquer comunhão com o pecado e com o mal. Quando nos sujeitamos
a Deus, passamos a lutar contra o mal. Muitos, porém, na atualidade, não querem
enfrentar o adversário, permitem que o pecado e a impureza dominem entre os
seus liderados e nesta “trégua” com o inimigo, acham que levam alguma vantagem.
Infelizmente, não é isto que nos ensina a Bíblia e o que se verá é que estes
“pacificadores” estarão sendo envolvidos pela iniquidade e farão eterna
companhia ao adversário no lago de fogo e enxofre.
3. Demonstrar amor aos seus liderados. “por que fizeste mal a este povo?” (Ex
5:22). Um verdadeiro líder é aquele que sente amor pelos seus liderados, ou
seja, é capaz de sentir aquilo que eles estão sentindo, não demonstrando
qualquer interesse próprio ou pensamento em si, mas o bem-estar daqueles que
estão sob sua responsabilidade. Moisés, nos quarenta anos do “curso do deserto”,
havia aprendido a buscar o bem-estar das ovelhas, a viver em função delas e a
sentir o que elas sentiam. Já no início de seu ministério, Moisés mostra que o
líder deve amar os seus liderados, não buscar o seu próprio proveito e, se
necessário for, anular-se em prol do grupo.
Moisés, ante a aflição vivida pelo povo e a rejeição de que foi vítima,
foi aos pés do Senhor. No momento da angústia, da dor, da solidão, da oposição,
quando as coisas parecem estar todas indo numa direção oposta ao que foi
prometido por Deus, o servo do Senhor deve correr aos pés do Senhor - “Então
tornou Moisés ao Senhor” (Ex 5:22). Que bom quando, nestes momentos
difíceis, recorremos a Deus e lhe pedimos a devida orientação. De onde nos virá
o socorro? O socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra (Sl 121:1,2).
4. Não confiar em nossas
habilidades, mas confiar na direção de Deus. Quando Israel saiu do Egito, Moisés, embora
tivesse sua liderança confirmada pelos fatos, não deixou de reconhecer que o
senhorio era de Deus. Saindo do Egito, não tomou o caminho que lhe pareceria
mais fácil, mas seguiu a direção de Deus. Moisés estava à frente do povo, mas a
orientação, a direção era de Deus (Ex 13:17). Que exemplo a ser seguido!
Quarenta anos antes, certamente não tinha sido este o caminho escolhido
por Moisés para fugir de Faraó. Mas, agora, o Moisés que estava à frente do
povo de Israel não era, em absoluto, aquele Moisés que escapara das mãos de
Faraó. Estava-se diante de um servo de Deus, que sabia que quem deveria dirigir
o povo era o Senhor.
5. Ser receptivo aos
conselhos – ser humilde. Moisés também demonstra que é humilde, pois aceitou receber um conselho
da parte de seu sogro. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do
povo, que se aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro
de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do
poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de
cem, cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e
paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro(Ex
18:24), demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a criticas.
6. Não se impor com
autoritarismo ou com soberba. Moisés mostrou, também, toda a sua humildade de
espírito. Sempre clamava a Deus para que tivesse a solução dos problemas,
jamais se impondo com autoritarismo ou com soberba. Mesmo nos momentos mais
difíceis de seu ministério, Moisés nunca quis se sobrepor sobre o povo,
demonstrando autoridade consoante a ordem de Deus que, mais de uma vez,
interveio diretamente para mostrar que Moisés era o homem chamado por Ele para
liderar o povo, como no episódio da sedição de Miriã e Arão (Nm 12:1-10).
Quando precisou usar de sua autoridade, fê-lo debaixo da chamada e do senhorio
divinos na sua vida, como no episódio da rebelião de Datã, Abirão e Coré (Nm
16).
CONCLUSÃO
Moisés deixou um precioso legado ao seu sucessor Josué. Este não apenas
herdou a primazia do poder do Espírito que operava em Moisés, mas foi herdeiro
também do seu caráter, de sua integridade e de sua fidelidade ao Senhor. O que
os líderes atuais estão deixando para as novas gerações de líderes, para os
seus sucessores? O que eles estão fazendo por eles? Ainda são referenciais como
Moisés foi para Josué? Qual o nosso legado? Sigamos o exemplo de Moisés a fim
de que possamos viver com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira
de viver.
Agradeço sobremaneira a todos
que me acompanharam durante este trimestre letivo. Creio que mais firmes estamos
em nossa jornada de fé rumo à Terra Prometida. Afirmo novamente, o deserto não é
somente momentos difíceis que passamos durante a nossa jornada, não! O deserto é
a nossa trajetória, por isso que a nossa jornada não é fácil; é imprescindível a presença de Deus, do contrário pereceremos;
e creio piamente que Sua gloriosa proteção e provisão não se afastarão de nós,
se permanecermos firmes nEle. Amém?
“O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto
sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te
dê a paz” (Nm 6:24-26).
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Elaboração:
Luciano
de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.
Eugene
H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox - O Livro de Êxodo -
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
(1) Silas Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o
Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.
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