2º Trimestre/2017
Texto Base: 1Samuel 18.3,4;
19.1,2; 20:8,16,17,31,32
"E Jônatas e Davi
fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma" (1Sm.18:3).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos do relacionamento entre
Jônatas, filho de Saul, e Davi. A amizade entre eles é uma das mais
emblemáticas da Bíblia Sagrada. Jônatas seria, pela linha sucessória, o próximo
rei de Israel, e poderia ver em Davi um concorrente ao trono. Entretanto, ao
invés de a vitória de Davi sobre o gigante Golias suscitar em Jônatas a mesma
inveja e ciúme de seu pai, ele tornou-se um grande amigo de Davi. Jônatas
reconheceu nele o próximo rei (1Sm.23:17).
Construir bons relacionamentos não é fácil. Com
o avanço tecnológico e a expansão de ferramentas como o celular, cada vez mais
pessoas do mundo inteiro se relacionam e surgem novos tipos de “amizades” que
algumas das vezes resultam em casamentos, famílias e amizades de verdade, mas,
esse novo fenômeno muitas das vezes não ultrapassa a barreira dos “amigos
Online” ou “virtuais”; alguns casos, infelizmente, acabam em preocupação, medo
e até tragédias. Penso que a amizade verdadeira não pode ser reduzida aos
chamados “amigos virtuais” que comentam, compartilham e curtem suas ideias,
filosofias, pensamentos, fotos e vídeos. Os “amigos virtuais” juram que te ama
e te adora, mas quando te encontra na rua não é capaz de te reconhecer;
certamente, Jônatas e Davi não os representam, pois estes eram leais amigos em
todas as circunstâncias. Sem lealdade não pode haver amizade, é o que nos
ensina a história de Jônatas e Davi.
I. CIRCUNSTÂNCIAS QUE
UNIRAM JÔNATAS E DAVI
1. Quem era Jônatas. Era o filho mais velho de Saul, o primeiro rei
de Israel. Seu nome significa “dado por Deus” ou “presente de Deus”. Era um
guerreiro valente e hábil no combate, temente a Deus e que inspirava lealdade
aos seus comandados, bem como a todo o exército. Sua bravura fora provada,
quando, em Micmás, derrotou toda uma guarnição dos filisteus, contando apenas
com a ajuda de seu fiel escudeiro, colocando sua fé em ação (1Sm.14:1-14). Contudo,
a sua reputação e seu caráter não eclodiu nas Escrituras Sagradas pela sua
valentia, e sim pela emblemática amizade que firmara com Davi; é a mais bela
história de amizade e lealdade registrada no Antigo Testamento. Jônatas
desenvolveu amizade sincera a Davi, abrindo mão de seus direitos em favor do
amigo. Morreu em luta contra os filisteus, ao lado do pai.
2. Uma batalha que mudou a história. A amizade de Jônatas por Davi nasceu de forma
inesperada, quando assistiu, de perto, a vitória do jovem pastor de ovelhas
sobre o imbatível gigante Golias, o campeão dos filisteus, que desafiava os
exércitos israelitas, e afrontava o nome do Senhor. Os exércitos de Israel e dos filisteus estavam
acampados em dois montes, separados por um vale, o vale do Carvalho (1Sm.17:1-3).
Do acampamento dos filisteus saiu Golias, um gigante duelista, com mais de três
metros de altura, usando uma armadura que pesava mais de oitenta quilos e uma
lança cuja ponta pesava aproximadamente doze quilos. Esse gigante julgava-se
imbatível. Era um guerreiro inveterado, assombroso, experiente, que infundia
medo em todo o exército de Saul. Ele desafiou os exércitos de Israel e fez Saul
e seus soldados recuarem, inchados de medo. Durante quarenta dias, duas vezes
por dia, Golias afrontou os exércitos do Deus vivo e não apareceu ninguém com
coragem para enfrentá-lo.
3. A presença de Davi. Em
meio à orquestra do medo, ouve-se o clarinete da esperança. Entre o povo
circulou a notícia de que o jovem pastor, por nome Davi, que acabara de chegar
de Belém, para entregar víveres aos seus irmãos e ao chefe do exército (1Sm
17:12-21), estava disposto a enfrentar o gigante. Essa notícia espalhou-se
rapidamente e foi parar nos ouvidos do rei. Mas, quando souberam que eram um
jovem pastor de ovelhas e inexperiente em combate, arrefeceram a expectativa de
vitória. Logo apareceu a voz dos embaixadores do caos e das críticas, e dos
pessimistas. Os críticos foi o maior desafio que Davi teve que enfrentar
naquele instante. Davi precisou vencer aqueles que o criticavam. Segundo o Rev.
Hernandes Dias Lopes, os críticos são como erva daninha, florescem em qualquer
lugar. São os inimigos de plantão, que sempre estão à nossa espreita. Estão
espalhados por toda parte, esperando o momento para nos machucar sem piedade. Eles
estão dentro de casa, nas ruas, no trabalho, na escola e até na igreja. Você
não pode ser um vencedor de gigantes sem antes vacinar-se contra o veneno dos
críticos. O objetivo deles é sempre querer nos nivelar à sua mediocridade. Eles
são medrosos e covardes e não toleram ver em nós uma atitude de confiança
diante dos desafios da vida.
Os críticos são movidos pelo combustível da
inveja. O invejoso é aquele que se sente infeliz por não ser como você, por não
ter o que você tem e por não poder fazer o que você faz. Caim matou Abel por
inveja, em vez de seguir seu exemplo. Os irmãos de José tentaram se livrar dele
por inveja, em vez de seguir os seus passos. Os fariseus, por inveja de Jesus,
preferiram persegui-lo a seguir os seus ensinos. Os algozes de Estêvão, o
primeiro mártir da Igreja, o apedrejaram porque não podiam ser o que ele era –
ele era cheio do espírito santo; não podiam fazer o que ele fazia - prodígios e
maravilhas.
- Eliabe, irmão
de Davi, foi o seu maior crítico. Davi foi duramente criticado por ele. A raiz
da crítica era a inveja (1Sm.17:28).
- Saul,
rei de Israel, que não tinha mais o Espírito Santo (1Sm.18:12), e que estava
morto de medo do gigante (cf.1Sm.17:11), também criticou Davi, julgando-o
inepto e incapaz de enfrentar o gigante Golias (1Sm.17:33). Saul enxergou três
empecilhos em Davi:
Primeiro, ele
considerou Davi incapaz. Saul disse: "você não pode...”. Nunca diga
para uma pessoa que ela não pode. Aquele que confia em Deus, ver o invisível,
crê no incrível, crê no impossível e recebe o incrível. O apóstolo Paulo, mesmo
preso, na antessala do martírio, disse: "tudo posso naquele que me
fortalece" (Fp.4:13).
Segundo, Saul
considerou Davi inexperiente. Saul disse: "você não tem
experiência". O sucesso de uma pessoa não está na sua idade cronológica,
mas na sua confiança em Deus. Davi nunca tinha estado numa guerra, mas tinha
intimidade com o Senhor dos exércitos. Ele nunca tinha empunhado uma espada,
mas tinha matado um urso e agarrado um leão pela barba e vencido. Davi nunca
tinha usado uma armadura nem empunhado um escudo, mas manejava com perícia sua
funda. Ele não tinha performance para fazer parte do exército de Saul, mas
tinha determinação para enfrentar e vencer o gigante.
Terceiro, Saul
considerou Davi muito jovem. Saul disse: "você é ainda muito
jovem". Davi era jovem, mas corajoso; era jovem, mas confiava em Deus e
possuía a fibra de um vencedor de gigantes. Se você é jovem, não permita que os
críticos contaminem seu coração e deixem você desanimado por causa da sua pouca
idade.
- Golias,
gigante filisteu, também criticou o jovem Davi, que o desprezou, escarnecendo
dele e do Deus de Israel (1Sm.17:42,43). Ao afrontar Davi, Golias estava
afrontando o Deus de Davi. Quem toca nos filhos de Deus toca na menina dos
olhos de Deus. Quem declara guerra contra os filhos de Deus chama o próprio
Deus Todo-Poderoso para a briga. Confiando em Deus, Davi foi ao encontro de
Golias, com apenas uma funda e cinco pedras do ribeiro (1Sm.17:40-47). E com
uma única pedra derrubou o gigante, e o matou com a espada deste (1Sm.17:48-58).
Golias morreu. Davi prevaleceu. Israel ficou livre e o nome de Deus foi
glorificado. Um gigante vencido por um jovem pastor de ovelhas. Um exército
inteiro posto em fuga após um combate inusitado e desigual, que desafiava a
lógica humana.
Jônatas, filho de Saul, assistia aquele duelo,
talvez não acreditando no que via. Ele ficou profundamente tocado pela vitória
de Davi sobre Golias. Foram essas circunstâncias que levaram Jônatas e Davi a
serem grandes e leais amigos, uma amizade emblemática registrada na Bíblia
Sagrada. Deus tem seus caminhos, e, quando Ele quer, cria circunstâncias ou
muda circunstâncias segundo seus propósitos amorosos e soberanos.
II. UMA AMIZADE APROVADA
POR DEUS
A amizade entre Jônatas e Davi era uma aliança
de amor divino, um exemplo de amizade que tem muito a nos ensinar sobre o real
significado e importância da amizade verdadeira. Atualmente, a amizade é um bem
que tem se tornado cada vez mais difícil de ser encontrado.
1. Jônatas torna-se amigo de Davi. A amizade de Jonatas e Davi aconteceu a partir do
momento em que o jovem pastor de ovelhas foi apresentado ao rei Saul, após a
matança do gigante Golias. Os dois jovens, um pastor de ovelhas e o outro
membro do exército, tinham em comum a fé no Poderoso Deus de Israel, e de
imediato se afeiçoaram de tal forma que foram impulsionados por um sentimento
puro e sincero, que cresceu e foi construído com respeito, lealdade, amor e
temor a Deus.
Saul ficou estupefato diante da tremenda
vitória de Davi, e mandou o chefe do exército, Abner, chamar Davi, que levou
como troféu da batalha inusitada a cabeça do filisteu (1Sm.17:54). Diz o texto
sagrado: “Voltando, pois, Davi de ferir o filisteu, Abner o tomou consigo e o
trouxe à presença de Saul, trazendo ele na mão a cabeça do filisteu. E
disse-lhe Saul: De quem és filho, jovem? E disse Davi: Filho de teu servo
Jessé, belemita. E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de
Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma.
E Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu
pai. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua
própria alma” (1Sm.17:57,58;18:1-3). Esta passagem nos mostra que uma amizade
verdadeira é estabelecida por um vínculo muito forte, o vínculo do amor
fraternal.
2. Uma amizade fiel e duradoura. Uma verdadeira amizade é marcada pela fidelidade. Eles
foram leais amigos até o fim. A amizade entre eles não estava baseada no
compromisso para com o outro, mas no compromisso para com Deus. Não permitiram
que qualquer coisa se colocasse entre eles, nem mesmo o interesse próprio ou os
problemas familiares. Nos momentos de grande tensão, de circunstâncias
adversas, aproximaram-se ainda mais.
A amizade que nasceu no coração de Jônatas e
Davi era algo tão profundo que levou Jônatas a arriscar-se em favor de seu
amigo. Em 1Samuel 20:32,33, Saul tenta matá-lo por estar defendendo Davi - “Então, respondeu Jônatas a Saul, seu pai, e
lhe disse: Por que há de ele morrer? Que tem feito? Então,
Saul atirou-lhe com a lança para o ferir; com isso entendeu Jônatas que, de
fato, seu pai já determinara matar a Davi”. Jônatas agora sabia que se sua
amizade com Davi fosse mantida ele corria risco de vida. Contudo, isso não foi
razão forte o suficiente para abalar aquela aliança de amor firmada entre
Jônatas e Davi. Jônatas não estava disposto a abrir mão desta amizade por coisa
alguma.
Davi honrando seu compromisso e demonstrando
que sua amizade por Jônatas permaneceu mesmo depois da morte dele, procurou
saber se ainda havia algum descendente de Saul vivo - “Disse Davi: Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que
use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas?” (2Sm.9:1). Ao ser
informado de que havia um filho de Jônatas vivo, Davi o levou para morar no
palácio e comer da sua mesa (2Sm.9:10). O mais comum em uma situação como aquela
seria procurar eliminar todos os descendentes de Saul, já que estes poderiam
procurar promover um levante ou o assassinato de Davi para recuperar o trono;
no entanto, Davi ao invés de temer perder o trono, e quem sabe a sua própria
vida, corre o risco por amor a Jônatas. É preciso lembrar que Jônatas era amigo
de Davi e o amava, mas Mefibosete não necessariamente.
No Novo Testamento vemos também o exemplo de
Epafrodito, que foi outro a não se importar em correr riscos por uma verdadeira
amizade. Ele viajou cerca de 2.000Km - da Macedônia a Roma - para cuidar de
Paulo, podendo com isso perder muito, inclusive sua própria vida, seja através
de um acidente durante a viagem, uma enfermidade contraída, o que acabou
acontecendo e quase o ceifou (cf.Fp.2:27). Além disso, Paulo era acusado de
traição ao Império Romano, e esta era uma acusação grave. Ele poderia ser
condenado a morte e, quando um prisioneiro era condenado a morte, quem estava
com ele deveria morrer também. Mesmo sabendo disso, Epafrodito abandona sua cidade,
sua casa, todos os seus e vai a Roma cuidar de Paulo. Isso é amizade fiel e verdadeira;
isso é comprometimento. Que coisa maravilhosa é ter amigos assim. Felizes são
aqueles que podem ser e contar com amigos deste porte.
Assim se expressou o sábio Salomão, filho de
Davi: "Em todo o tempo ama o amigo, e na angustia se faz o irmão"
(Pv.17:17). Amigo é aquele com o qual podemos contar em todo o tempo. É, exatamente,
quando precisamos é que descobrimos quem são, ou, apenas quem é nosso
amigo, porque “o amigo ama em
todo o tempo”: na prosperidade, ou na escassez; na ventura, ou na desventura; para rir, ou para chorar juntos. “O
homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do
que um irmão” (Pv.18:24). Jesus também
disse: "Nenhum amor pode ser maior que este, o de sacrificar a
própria vida por seus amigos" (João 15:13). Você tem um amigo?
Valorize-o!
3. Uma aliança do Senhor. O relacionamento de amizade entre Davi e
Jônatas foi tão profundo e tão forte que nele se cumpre a declaração de Pedro:
“...os indoutos e inconstantes torcem e igualmente, para sua própria
perdição” (2Pd.3:16).
Torcer a Palavra de Deus, pretender que ela diga o que ela não diz,
é um perigo, e pode ter consequências eternas. Alguns profanos, diabolicamente inspirado, dizem que
havia um relacionamento homossexual entre Davi e Jônatas. Para nós, que,
segundo afirmou Paulo, temos “a mente de Cristo” (1Co.2:16), é certo que o que havia entre aqueles dois
jovens era uma profunda e sincera amizade, um sentimento amalgamado pelo “Phileo” e pelo “Ágape”, sem
qualquer concurso do “Eros”. O “Phileo” tem o sentido de amor social, ou amizade, que tanto pode existir entre
pessoas do mesmo sexo, como também entre sexos diferentes. Da mesma forma
acontece com o “Ágape”, que tem
o sentido mais puro do amor, é o amor divino, ou amor que emana do próprio
Deus, porque “Deus é amor” (1João 4:8). Estes dois sentimentos - o amor social e o amor Divino - podem unir duas pessoas do mesmo
sexo ou de sexo diferente sem a mínima participação do “Eros”, que é o amor carnal, o amor lascivo.
Entre Davi e Jônatas havia uma profunda comunhão e um laço inquebrantável de amizade,
ou amor social. O que havia entre eles
era uma união espiritual, ou uma união de almas, conforme relata a Bíblia Sagrada: “E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se
ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma” (1Sm.18:1).
É preciso ser espiritual para poder entender o significado desse amor
que une as almas de pessoas do mesmo
sexo, ou de sexos diferentes, sem qualquer conteúdo erótico, ou carnal.
Assim como Paulo considerou Tíquico e seus
outros cooperadores como amados e fiéis amigos, da mesma forma Davi foi para Jônatas um amado e fiel amigo. Jônatas amou a Davi “...com
todo o amor da sua alma” (1Sm.20:17). Assim,
quando Davi soube da morte de Jônatas, no campo de batalha, Davi lamentou, e
declarou: “Angustiado estou por
ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me eras o
teu amor do que o amor das mulheres” (2Sm.1:26). Aqui, este amor não tinha qualquer conotação
erótica. Amor das mulheres era algo que Davi conhecia muito bem. Sua poligamia
com Mical, Abigail, Ainoã, Maaca, Agita, Abigail, Eglá e seu adultério com
Bate-Seba, mostram que a maior dificuldade de Davi era a atração pelo sexo
oposto (1Sm.18:27; 25:42,43; 2Sm.3:2-5; 11:1-27). Jônatas, também, era casado e
pai de um filho, cujo nome era Mefibosete (2Sm.4:4). Portanto, em nenhum texto
da Bíblia se diz que Jônatas e Davi desobedeceram a Deus e a sua Lei, no
tocante a comportamento homossexual. Eles sabiam que, se tendessem a este
comportamento reprovável, estariam cometendo "abominação ao Senhor"
(Lv.18:22; 20:13).
Sem sombra de dúvida, a amizade leal e perene
entre Davi e Jônatas foi inspirada por Deus, haja vista que, tempos depois,
Davi seria beneficiado grandiosamente por ela, quando o amigo Jônatas o
livraria da fúria ciumenta e sanguinária de Saul. Eles fizeram aliança
espiritual, e não uma parceria abominável aos olhos do Senhor (1Sm.18:3).
Somente a má fé de quem usa a Palavra de Deus para justificar seus pecados pode
afirmar tamanha incoerência e disparate.
III. O CARÁTER DE JÔNATAS E
SUAS LIÇÕES
Caráter é a forma externa e visível da
personalidade. Jônatas, cujo nome significa “dado por Deus”, tinha um caráter
exemplar; era o oposto do seu pai; seu exemplo é prova disso. Ele entrou para a
história à sombra do pai, mas pouca coisa herdou de seu genitor. Vejamos alguns
aspectos do caráter de Jônatas.
1. Um homem corajoso. Jônatas
era valente e hábil no combate. Sua bravura já fora provada, quando, em Micmás,
derrotou toda uma guarnição dos filisteus, contando apenas com a ajuda de seu
fiel escudeiro, colocando sua fé em ação (1Sm.14:1-14). Enquanto Saul estava
debaixo da romeira (1Sm.14:2), Jônatas decidiu descer ao campo de batalha. Aliás,
esse espirito inquieto era uma marca no seu caráter; era o tipo de líder
proativo, de atitude, não esperava a coisa melhorar ou piorar para agir.
Gostava de aproveitar oportunidades, sabia que as tais eram únicas e poderia
não tê-las mais. Durante a batalha, Jônatas se tornou um com seu escudeiro. Foi
um trabalho em equipe. Enquanto Jônatas derrubava o inimigo, seu escudeiro
matava aqueles que ele derrubava (cf.1Sm.14:13). Revelou-se um comandante de
tropas, um herói e um homem de fé (1Sm.14:6). Um líder que trabalha em equipe,
unido, terá mais probabilidade de vencer as batalhas da vida. Isto os fez
avançar e impor medo aos confiantes filisteus. Nunca caia na armadilha de
pensar que, por ser o líder, poderá sozinho vencer os desafios que a liderança
oferece.
“Mas a coragem de Jônatas não era apenas
física e emocional. Ele tinha a grandeza espiritual que lhe dava confiança,
diante das adversidades (1Sm.14:1-4). Ele revelou firmeza diante dos inimigos, e
lealdade diante dos amigos”.
2. Um homem humilde. Com
o passar do tempo, Jônatas descobriu que Deus havia ungido seu amigo Davi para
ocupar o trono de Israel no lugar de seu pai, que pela lógica ele herdaria,
conforme mostra 1Samuel 20:31 - “Pois, enquanto o filho de Jessé viver sobre a
terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu reino; pelo que manda buscá-lo,
agora, porque deve morrer” (1Sm.20:31). Ignorando seu ego, a tradição e até a
vontade do rei Saul, Jônatas abdicou do seu direito ao trono e fez de tudo para
defender Davi das investidas do rei. Soube reconhecer que seu amigo tinha a
direção de Deus, e as condições humanas para substituir Saul no cargo de
monarca de Israel (1Sm.16:1,12,13). E por não comungar das mesmas ideias do
rei, Jônatas foi forçado a tomar uma posição e novamente enfrentou a fúria de
seu pai para apoiar e defender seu amigo Davi numa clara submissão à vontade do
Senhor Deus (cf. 1Sm.20).
Imagina-se quanto foi difícil para Jônatas
manter a amizade sólida e verdadeira com Davi num ambiente conflituoso e
tumultuado por interesses e o poder. Veja que Jônatas era o sucessor
naturalmente de Saul e muito em breve se tornaria o homem mais poderoso e
influente do reino de Israel, no entanto, sua amizade por Davi torna-se ainda
mais comovente, visto que, sua tocante renúncia ao direito de ser rei e seu
devotamento pelo “rival”, constitui sem dúvidas uma das mais nobres e belas
histórias de amizade.
O caráter de Jônatas é exemplar para muitos
que lideram igrejas hoje. “Há muitos, em igrejas evangélicas, que brigam por
cargos e posições, agindo, muitas vezes, com métodos carnais, seguindo o
exemplo dos ímpios. São obreiros carnais, dominados por ‘torpe ganância’ (1Tm.3:3).
A humildade é qualidade que só possuem os que têm grandeza de alma. E Deus se
agrada dos humildes” (1Pd.5:6).
3. Um homem leal. Ser
leal, agradável e receptível, independentemente das circunstâncias, precisa ter
o caráter dominado pelo Espírito Santo, pois as pessoas são difíceis e possuem
interesses, geralmente, conflitantes. Em todas as ocasiões, depois que se
tornou amigo de Davi, Jônatas demonstrou sua lealdade. Poderia ter ficado ao
lado do seu pai quando, injustamente, quis eliminar a vida de Davi. Pelo
contrário, quando soube do plano de Saul para matar Davi, Jônatas procurou o
amigo e lhe advertiu do perigo de morte (1Sm.19:1-3; 20:11-17,32,33). Na visão
ímpia de Saul, Davi era uma ameaça a Jônatas e consequentemente a toda a sua
posteridade já que se Davi assumisse o trono Jônatas não seria o próximo rei,
seu filho não seria o príncipe herdeiro e assim por diante (cf.1Sm.20:31). No
entanto, ao invés de odiar Davi e tentar eliminá-lo, ele o ama e protege.
Eliminar Davi não seria difícil já que ele dispunha de informações
privilegiadas a respeito de Davi e este confiava nele. Davi fugiria de Saul,
mas não de Jônatas.
Pior do que um inimigo é um falso amigo. Dizem
que um sábio antigo orava pedindo a Deus que cuidasse de seus amigos pois dos
inimigos ele era capaz de cuidar. Se Jônatas fosse um falso amigo, se Jônatas
se deixasse levar por interesses pessoais, Davi estaria correndo sério risco; e
é preciso lembrar que o interesse pessoal de que estamos falando não era uma
coisa qualquer, era o trono de Israel.
Muito triste é quando se confia em alguém, quando
o tem como amigo sincero, e se vê traído pelo mesmo, por ter se deixado levar
por interesses, por benefícios muito menores que aquele do qual Jônatas estava
abrindo mão. Infelizmente, isto não é algo incomum. Jônatas sabia que pessoas
valem mais que coisas, mais que posição. Para Jônatas o trono não era mais
importante que a amizade de Davi.
Jônatas teve um último encontro com Davi, onde
mais uma vez selaram o pacto de lealdade diante de Deus – “E, indo-se o moço, levantou-se Davi da banda do Sul, e lançou-se sobre
o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro e
choraram juntos, até que Davi chorou muito mais. E disse Jônatas a Davi: Vai-te
em paz, porque nós temos jurado ambos em nome do SENHOR, dizendo: O SENHOR seja
perpetuamente entre mim e ti e entre minha semente e a tua semente. Então, se
levantou Davi e se foi; e Jônatas entrou na cidade” (1Sm.20:41-43). Jônatas
veio a morrer em Gilboa ao lado de seu pai (1Sm.31:8).
CONCLUSÃO
Que o mesmo Deus que cuidou de Jônatas e Davi,
nos conceda discernimento e sabedoria para reconhecer o amor nos pequenos e
simples detalhes que constitui uma linda e verdadeira amizade. Que possamos
confiar no melhor e maior amigo de todos, Jesus Cristo. Com ele jamais corremos
o risco de nos decepcionar e se ouvirmos atentamente a sua voz, certamente
saberemos selecionar os bons e verdadeiros amigos que encontraremos durante
nossa jornada aqui na terra. “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos
mando” (João 15:14). Lembremos que sem lealdade não pode haver verdadeira amizade,
é o que nos ensina a bela história de Jônatas e Davi.
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Luciano de
Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador Cristão
– nº 70. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de
Lima. O caráter do Cristão. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Quatro Homens e um destino.
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