2º
Trimestre/2017
Texto Base:
Mateus 1:18, 21-23; 3:16,17
"[...] E o
seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe
da Paz" (Is.9:6).
Esta é a última Aula do
2º Trimestre letivo de 2017. Ao longo do trimestre estudamos o caráter de
11(onze) personagens bíblicos, homens e mulheres de Deus que deixaram um legado
espiritual exemplar, a ser recomendado pela Bíblia Sagrada como exemplos a ser
seguido. Nesta Aula, estudaremos a respeito do Homem mais importante que já
esteve aqui neste mundo – Jesus Cristo, o Senhor. Sua vinda a este mundo
ocorreu de forma sobrenatural; foi tão significativa e marcante que a história
da humanidade foi dividida em duas partes: antes e depois de Cristo. Sua
encarnação não somente significou Deus entre nós, o Emanuel (Mt.1:23), mas o
cumprimento da promessa do Criador de redimir o homem da queda; Ele se
humanizou como "a semente da mulher" que haveria de ferir a cabeça do
Diabo (Gn.3:15). Como Homem, Jesus teve um desenvolvimento e um caráter
perfeito que refletia a sua natureza divina. Ele viveu como qualquer judeu de
sua época: foi apresentado no Templo por seus pais; participou das festas
judaicas; trabalhou como carpinteiro; pagou impostos e teve uma vida sociável,
indo a jantares na casa dos amigos e a festa de casamento. Por isso, Jesus deve
ser nosso modelo e referência como Homem impecável e servo obediente. Que
possamos seguir sempre os seus passos, glorificando o seu nome.
I. JESUS DE
NAZARÉ, O FILHO DO HOMEM
1. Sua entrada no mundo. Sua entrada no mundo não
teve a participação da semente do homem, mas da mulher, como estava vaticinada
nas Escrituras Sagradas (Gn.3:15). A Sua concepção foi virginal. Isaias,
setecentos anos antes de Cristo nascer, assim profetizou: “Eis que uma virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is.7:14). Maria
concebeu, sem que conhecesse varão. Diz a Bíblia que o anjo Gabriel foi o
enviado especial da parte de Deus à cidade de Nazaré, "a uma virgem",
cujo nome era "Maria" (Lc.1:26,27). O Deus Filho tornou-se humano por
meio de uma concepção milagrosa, operada pelo Espírito Santo no útero de Maria.
A concepção de Jesus,
portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí o anjo afirmar
para Maria: “o santo que de ti há de nascer, será chamado filho de
Deus”(Lc.1:35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa com
duas naturezas: divina e humana, mas inculpável. Como humano, Jesus se
compadece das fraquezas do ser humano (Hb.4:15,16); como o divino Filho de
Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do
poder de satanás (At.26:18; Cl.2:15; Hb.2:14,15; 7:25); como Ser Divino e
também Homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos
pecados de cada um de nós; como Sumo Sacerdote, preenche os requisitos para
interceder por todos os que por ele aproximam-se de Deus (Hb.2:9-18;
5:1-9;7:24-28;10:4-12).
É interessante observar,
portanto, que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento
algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua
concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo
que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse
vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação de toda
aquele que nele crer (João 3:16).
2. Por que Deus tornou-se Homem? Jesus se fez homem para remir o homem
perdido, através do mistério da encarnação. Ele veio para morrer, como homem
sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles,
por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, Adão. Agora, os
homens podem ser salvos por Ele. Tornar-se homem em Jesus foi a única
possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido - “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o
mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:17). Diz Paulo:
"Mas, vindo a plenitude dos tempos,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que
estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gl.4:4,5).
Jesus, integrante da
Trindade, adicionou a si mesmo uma natureza humana, e se tornou um homem, um
Homem Perfeito. A Bíblia diz que Jesus é Deus encarnado - "No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus…E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós..." (João 1:1,14); e "porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade,"(Cl.2:9). Jesus, portanto,
tem duas naturezas: Ele é Deus e Homem imaculado (1Pd.2:22). Jesus é
completamente humano, mas Ele também tem uma natureza divina, visto que Ele foi
gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:30,31; 34,35). Ao ser
concebido, Jesus se fez Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.
COMO DEUS
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COMO HOMEM
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Ele é adorado (Mt.2:2,11;
14:33; 28:9).
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Ele adorava ao Pai (João
17).
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As pessoas oram pra ele
(Atos 7:59; 1Co.1:2).
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Ele orava ao Pai (João
17:1).
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Ele é chamado de Deus (João
20:28; Hb.1:8).
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Ele foi chamado de homem
(Mc.15:39; João 19:5).
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Ele é chamado de Filho de
Deus (Mc.1:1).
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Ele foi chamado de Filho do
Homem (João 19:35-37).
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Ele não tem pecado
(1Pd.2:22; Hb.4:15).
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Ele foi tentado (Mt.4:1).
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Ele sabia de todas as
coisas (João 21:17).
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Ele cresceu em sabedoria
(Lc.2:52).
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Ele dá a vida eterna (João
10:28).
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Ele morreu (Rm.5:8).
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Toda a plenitude da
divindade habita nele (Cl.2:9).
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Ele teve um corpo de carne
e ossos (Lc.24:39).
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3. Jesus é Deus. A primeira informação que as Escrituras nos
trazem a respeito de Jesus é a de que Ele é Deus, é uma das Pessoas Divinas, o
Filho. O apóstolo João, ao escrever o seu evangelho, deixa-nos isto bem claro
ao afirmar que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo
era Deus” (João 1:1), numa afirmação tão clarividente que tem, mesmo, tirado o
sono de todos quantos procuram negar esta verdade bíblica, como é o caso das
“Testemunhas de Jeová”. Para que não houvesse qualquer dúvida de quem era este
Verbo a que João se referia, o próprio evangelista no-lo diz no versículo 14
deste mesmo capítulo: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós e vimos a Sua
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
Jesus é o Verbo eterno.
Ele preexiste à criação. Ele não teve origem, pois é da mesma substância do Pai
e do Espírito Santo. Antes que todas as coisas viessem a existir, Ele já
existia eternamente em comunhão com o Pai e com o Espírito Santo. Mesmo se
fazendo Homem, não deixou de ser Deus. Ele não abdicou de sua divindade ao
tabernacular-se entre nós.
Jesus não foi a primeira
criação de Deus como ensinava Ário de Alexandria no século quarto e como prega
ainda hoje algumas seitas heréticas, como, por exemplo, “as Testemunhas de
Jeová”. Na verdade, Jesus é coigual, coeterno e consubstancial com o Pai. Ele é
auto-existente e imutável. Ele e o Pai são um. Jesus tem os atributos da
divindade: ele é o Criador e sustentador da vida. Ele conhece todas as coisas e
pode todas as coisas. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Ele foi e é adorado como Deus. Ele reivindicou ser adorado como Deus. Ele
realizou obras milagrosas como Deus. Sua vida, seus ensinos e suas obras
provam, de forma irrefutável, sua divindade.
Portanto, Jesus é Deus
desde a eternidade. Esteve envolvido no ato da criação, indicando que já
existia antes dela. Paulo confirma a sua atuação criadora: “Porque nele foram
criadas todas as coisas que há nos céus e na terra...Tudo foi criado por ele e
para ele”(Cl.1:16); João 1:3 diz que “todas as coisas foram feitas por ele, e
sem ele nada do que foi feito se fez”. De acordo com João 10:30 e 17:5, Cristo
afirmou possuir a mesma natureza de Deus e glória igual a de Deus.
4. Jesus, o Filho do Homem. O termo “Filho do Homem”
tem dois significados nas Escrituras Sagradas. O primeiro significado é
usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14; é um título Messiânico -
"Eu estava olhando nas minhas visões
da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e
dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio,
e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o
servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino
jamais será destruído". Jesus é o único a quem foi dado domínio,
glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si mesmo, Ele
estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Ele estava
proclamando ser o Messias. Os judeus daquela época com certeza estariam bem
familiarizados com o termo e a quem se referia.
O segundo significado para o termo "Filho
do Homem" é que Jesus realmente era um ser humano. Deus chamou o profeta
Ezequiel de "filho do homem" diversas vezes no Livro de Ezequiel. Disse
Deus: “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo” (Ez.2:1). Deus
estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem é um
homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1), mas Ele também era um ser humano (João
1:14). 1João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo
espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus". Sim,
Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Mas, também, Jesus
era o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a
frase "Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele
realmente é um ser humano.
De todos os seus títulos,
'Filho do Homem' é o que Jesus preferia usar a respeito de si mesmo. E os
escritores dos evangelhos sinóticos usam a expressão 69 vezes. “Porque o Filho do homem não veio para destruir
as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc.9:56).
5. Seu desenvolvimento humano e espiritual. Em toda a sua
humanidade, Jesus era um “menino” que estava submetido ao processo de
desenvolvimento como todo indivíduo, porque realmente se fez carne e, em
virtude disto, necessitava se desenvolver tanto física quanto psíquica e
espiritualmente. Crescia em sabedoria, conforme a graça de Deus. Era perfeito
quanto à natureza humana, prosseguindo para a maturidade, segundo a vontade de
Deus, plenamente consciente de que Deus era seu Pai (Lc.2:49). Vejamos algumas
fases desse desenvolvimento:
a) seu desenvolvimento físico. Jesus passou pelas
mesmas fases de desenvolvimento físico, aprendendo a andar, falar, brincar e
trabalhar. Por causa disso ele pode identificar-se conosco em cada fase do
nosso crescimento. Diz o texto sagrado: “E o menino crescia e se fortalecia em
espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc.2:40).
b) seu desenvolvimento social (Lc.2:52). “E crescia Jesus em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. Aqui vemos a
verdadeira humanidade e o crescimento normal do Senhor Jesus: (a) Crescimento
mental: Jesus crescia “em sabedoria”; (b) Crescimento físico: “estatura”; (c)
Crescimento espiritual: e “graça, diante de Deus”; (d) Crescimento social: e
dos “homens”. Jesus era perfeito em todo aspecto do seu crescimento.
A narrativa de Lucas
passa silenciosamente por cima dos dezoito anos que o Senhor Jesus passou em
Nazaré como Filho de um carpinteiro. Esses anos nos ensinam a importância de
preparação e treinamento, a necessidade de paciência e o valor do trabalho
diário. Eles advertem contra a tentação de pular do nascimento espiritual ao
ministério público. Espiritualmente falando, os que não têm infância e
adolescência normal atraem desastre na sua vida e no seu testemunho
posteriores.
c) seu desenvolvimento espiritual (Lc.2:39). “… crescia, e se
fortalecia em espírito...”. Jesus passara a infância crescendo e se
fortalecendo em espírito, enchendo-se de sabedoria, tendo sobre si a graça de
Deus. A graça de Deus estava sobre ele. Jesus andava em comunhão com Deus e na
dependência do Espírito Santo. Ele estudava a Bíblia, passava tempo em oração e
se alegrava em fazer a vontade do Pai.
Seu crescimento e
fortalecimento, diz-nos o texto bíblico, era “em espírito”. O crescimento de
Jesus se dava na comunhão com o Senhor. O espírito faz a ligação entre Deus e o
homem, e Jesus crescia, enquanto homem, neste quesito, até quando se tornou
responsável diretamente diante de Deus, segundo a lei, a iniciar a tratar dos
negócios de seu Pai (Lc.2:49).
O fato de a Bíblia dizer
que o menino crescia e se fortalecia é a prova de que a plenitude do Espírito
Santo não estava ainda sobre o menino ou o adolescente Jesus. Tinha Ele tido a
consciência do bem e do mal, escolhendo o bem, o que proporcionou o início do
seu progresso espiritual, mas, de modo algum, pode-se admitir um Jesus
milagreiro, como o apresentado pelos “evangelhos da infância”. Nem no Egito,
nem em Nazaré, Jesus fez qualquer milagre, pois ainda não era chegada a hora.
Se Jesus, sendo Deus,
enquanto homem necessitava crescer e se fortalecer em espírito, que diremos de
nós? Não se pode exigir de um ser humano que atinja de imediato a plenitude
espiritual. Muito pelo contrário, a Bíblia é repleta de textos que nos indicam
a necessidade de crescermos na graça e no conhecimento de Jesus (2Pd.3:18), de
nos aperfeiçoarmos continuadamente (Ef.4:11-14).
II. O
MINISTÉRIO E CARÁTER SUPREMO DE JESUS CRISTO
1. O caráter
exemplar de Jesus. Quando falamos do caráter de Cristo, estamos a falar de todas as
qualidades demonstradas e apresentadas pelo Senhor Jesus enquanto esteve entre
nós, qualidades estas que devem estar presentes em todos aqueles que se dizem
filhos de Deus, que se dizem herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo
(Rm.8:17). Se somos coerdeiros de Cristo e filhos de Deus é porque participamos
da mesma natureza do Senhor (2Pd.1:4) e, se temos a mesma natureza, estamos
ligados à videira verdadeira (João 15:4), temos de produzir o mesmo fruto
produzido por Jesus. Em seu ministério, Jesus demonstrou aspectos do seu
caráter que são referência e modelo para todos os que o aceitam como Senhor e
Salvador. Suas ações revelam tanto o lado divino como o lado humano de sua
personalidade marcante e singular.
a) Humildade (Mt.5:3). Jesus demonstrou sua
humildade ao despojar-se de sua glória (Fp.2:6,7, na irrestrita obediência à
vontade do Pai (João 5:30; 6:39). Sendo Deus, Criador e Senhor, despojou-se de
seus atributos divinos; tornou-se homem e servo, humilhando-se "até à
morte" (Fp.2:6-8); permitiu ser batizado por João Batista no rio Jordão.
Este sentiu-se constrangido, dizendo que Jesus é que deveria batizá-lo, mas
Jesus insistiu com João para que o batizasse, a fim de cumprir "toda a
justiça" (Mt.3:13-15); quando lavou os pés dos discípulos (João 13:3-5); e
ao relacionar-se com todas as pessoas, independentemente de sua raça ou posição
social (Mt.9:11; 11:19; João 3:1-5; 4:1-30).
Ao se fazer carne (João 1:14),
o Verbo, que era Deus (João 1:1), cumpre a vontade divina, submete-se à vontade
soberana, para que o homem pudesse ser salvo. Jesus, então, pode nos ensinar
sobre “humildade de espírito”, porque, desde o instante mesmo de sua
encarnação, nada mais fez senão a vontade de Deus.
Jesus mandou que
aprendêssemos dEle a humildade (Mt.11:29) e que, em nossas petições, sempre nos
conformássemos à vontade de Deus (Mt.6:10). Ele, próprio, ao orar, sempre quis
que a vontade de Deus fosse feita e não a dEle (Mt.26:42). Temos sido humildes
de espírito? Temos querido fazer a vontade de Deus?
A humildade é um aspecto
do caráter imprescindível a todos os crentes (Ef.4.1,2; Cl.3.12), pois os
humildes sempre alcançam o favor do Senhor (Tg.4.6). Só é do reino dos céus
aquele que for “pobre de espírito”, ou seja, que renunciar a si mesmo e fizer
tão somente aquilo que Deus quer que seja feito.
b) Mansidão (Mt.5:5). A identificação de Jesus
com o cordeiro é a maior demonstração de sua mansidão. Jesus não era apenas
Cordeiro porque haveria de ser imolado para pagar o preço do pecado do mundo
(João 1:29; 1João 2:2), mas também porque os ovinos são animais que externam
brandura, mansidão e submissão. Com efeito, os ovinos são animais dóceis e sem
qualquer mecanismo natural de defesa, motivo pelo qual sempre foram associados
à ideia de inocência.
Jesus sempre demonstrou
mansidão, notadamente nos momentos mais angustiantes e difíceis por que passou,
quando de sua paixão e morte. Nesta oportunidade, comportou-se como uma ovelha,
mantendo-se calado, sem abrir a sua boca, precisamente como fazem as ovelhas
quando vão para o matadouro (Is.53:7; Mt.27:14; At.8:32).
É mais fácil ser manso
quando tudo nos é favorável. No entanto somos exortados a conservar a mansidão
em todas as situações a fim de modelarmos o nosso caráter cristão. Entretanto,
não devemos confundir mansidão com relaxo diante dos assuntos relacionados ao
Reino de Deus, que inclui a luta pela justiça. O Pentateuco apresenta Moisés
como um homem muito manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra
(Nm.12.3), no entanto, perdeu a oportunidade de entrar na terra prometida
quando deixou de ser manso (batendo na rocha com a qual deveria falar); quebrou
as tábuas da lei, ao contemplar o deus-bezerro, depois de ter visto a glória do
Deus invisível.
O Jesus que se manteve
silencioso quando foi julgado (Mt.27:12-14; cf. Is.53:7) foi o mesmo que
expulsou os comerciantes de uma das áreas do templo (João 2.14-17) e não se
cansava de denunciar a hipocrisia dos fariseus (Mt.23:13ss).
A indignação deve fazer
parte do caráter cristão; do contrário, o cristão será um cínico. No entanto,
mesmo a indignação deve ser exercida com mansidão (2Tm.2:25), que não pode ser
confundida com timidez, com falta de firmeza ou com covardia.
c) Misericórdia e compaixão (Mt.5:7). Misericórdia é a
compaixão pela necessidade alheia. A misericórdia nada mais é que a bondade em
ação, o fazer bem. Como podemos pretender ter o bem de Deus e do próximo, se
não fazemos bem a ninguém? Jesus foi misericordioso com os homens em suas
fraquezas e privações (Mc.5:19; Hb.2:17; Tg.5:11; 2Co.1:3 ver Mt.15:22,32; 17:15).
A bondade de Jesus é
demonstrada em todas as suas curas, sermões, ensinos e palavras proferidas ao
longo do seu ministério, ministério este que prossegue, pois a Bíblia nos diz
que Ele está a interceder em prol dos transgressores (Is.53:12). A cada
instante, temos visto a manifestação da bondade do Senhor, sempre fazendo o bem
aos homens, tanto que tudo quanto sucede aos que O amam e são chamados pelo seu
decreto é para o seu bem (Rm.8:28). Certíssimo está o poeta sacro Joel Carlson
ao dizer: “Meu Jesus, Tu és bom, Tu és tudo pra mim” (hino 25 da Harpa Cristã).
Na parábola do Bom
Samaritano, Jesus pôs em evidência a insensibilidade dos religiosos que não
tinham compaixão pelos caídos à beira do caminho (Lc.10:30-37). Temos sido
bons? Temos feito o bem? As Escrituras afirmam que quem sabe fazer o bem e não
o faz, peca (Tg.4:17), como também que o verdadeiro e genuíno servo do Senhor é
alguém que não se cansa de fazer o bem (Gl.6:9; 2Ts.3:13).
d) Caráter pacificador (Mt.5:9). Jesus é o príncipe da
Paz (Is.9:6). A paz de Cristo não é a ausência de conflitos, porquanto, como o
próprio Jesus admite, a sua presença geraria conflitos entre os homens
(Mt.10:34). No entanto, é uma paz que existe mesmo em virtude dos conflitos,
pois é a segurança e a tranquilidade decorrentes do perdão dos nossos pecados,
da nossa justificação.
Temos a paz de Cristo
porque sabemos que fomos retirados do charco de lodo e agora temos nossos pés
firmados na rocha (Sl.40:2). Quando somos justificados pela fé em Cristo Jesus,
quando temos o perdão dos nossos pecados, passamos ter paz com Deus (Rm.5:1) e,
assim, desfrutamos também da paz de Deus (Fp.4:7; Cl.3:15).
Precisamos promover a paz
entre as pessoas, temos o dever de ser pacificadores. A paz que recebemos de
Cristo é para ser distribuída entre os que nos cercam. Certa feita Ele exortou:
"Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, vai
reconciliar-te primeiro com teu Irmão, e depois vem, e apresenta a tua
oferta" (Mt.5:23,24). De forma mais prática, ele reproduziu a mensagem do
salmo 133, tão esquecida nos dias atuais.
Muitos, baseados na
assertiva do Senhor de que Ele viria trazer espada e não paz, costumam
justificar o mau comportamento que têm, já que são verdadeiras fontes de
intrigas nos lugares que frequentam, em especial, na igreja local. Jesus,
porém, nunca promoveu dissensão. Apenas disse que, em virtude de sua Palavra,
haveria o surgimento de conflitos, já que muitos aceitariam a sua Palavra e
outros a rejeitariam, não havendo como se evitar a luta entre a luz e as
trevas, mas, em momento algum, permitiu o Senhor que os conflitos se iniciassem
pelo seu discípulo. Muito pelo contrário, o apóstolo Paulo nos ensina que
“…quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm.12:18b).
Nas suas últimas
instruções aos discípulos Jesus afirmou que lhes deixava a sua Paz, que não era
a paz do mundo (João 14:27). A paz do mundo é uma paz precária, insegura e
sujeita a temores constantes, porque é apenas a ausência de conflitos, uma
ausência que não é garantida por coisa alguma. A Paz de Cristo é diferente, é
um estado de quietude interior, embora as circunstâncias externas demonstrem a
existência de conflitos sociais, econômicos, religiosos, etc.
2. Na prática, Ele demonstrou o seu imenso amor
pelos pecadores. Está escrito que Ele “...andou fazendo o bem, e curando a todos os
oprimidos do diabo...” (Atos 10:38). Pela Virtude do Espírito Santo, Jesus
curou os enfermos e ressuscitou mortos, levantou paralíticos, abriu os olhos e
os ouvidos dos cegos surdos, e fez falar os mudos; expulsou demônios e libertou
os oprimidos; multiplicou os pães e os peixes, repreendeu as forças da natureza,
acalmando o mar, fazendo cessar o vento e a tempestade. Os fariseus queriam
matar a mulher adúltera, mas Jesus a perdoou e ordenou que não pecasse mais (João
8:11). Portanto, o amor é a essência do caráter de Jesus Cristo. Ele declarou
ao doutor da lei que o maior dos mandamentos é amar a Deus acima de tudo, e o
segundo, é amar ao próximo como a si mesmo (Mt.22:34-40). O amor é "a
marca do cristão" (João 13:34,35).
3. Seu caráter é referência para a Igreja. O Caráter de Cristo é
exemplar. Ele foi um líder-servo, que nos deixou o exemplo e exorta-nos a
segui-lo. Ele disse: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos
fiz, façais vós também" (João 13:15). O Senhor dos senhores servia a todos
os seus servos e Ele mesmo concluiu: Ora, se sabeis estas coisas,
bem-aventurados sois se as praticardes (João 13:17). Segundo o ensinamento de
Jesus, um líder só será bem-sucedido se compreender que ele é um servo de
todos. Esses ensinamentos de Jesus foram direcionados apenas aos apóstolos; e
quem foram os apóstolos? Foram os lideres escolhidos para servirem aos santos,
a igreja. Um dos ensinamentos mais claros é este: Jesus ensinou que o
verdadeiro líder deve servir.
Concordamos que o Senhor
dos senhores, Jesus Cristo, mesmo sendo o maior Senhor, foi também o maior de
todos os servos. Ele é o Senhor que serviu. Em Filipenses 2:6-11, temos que:
“Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, (...) se esvaziou, assumindo a forma
de servo, tornando-se semelhança de homens; (...) a si mesmo se humilhou, (...)
pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para
gloria de Deus pai”. Aqui está a prova cabal e conclusiva que, para ser líder-servo
é necessário tornar-se servo, e sendo servo você não estará deixando de ser
senhor. Jesus mesmo servindo nunca deixou de ser Deus. Deus é Deus, pode fazer
o que lhe aprouver sem deixar de ser o que é, e sempre foi e sempre será:
Senhor!
A igreja de Cristo deve
seguir o exemplo de Jesus. Diz o apóstolo João: ”aquele que diz estar nele,
também deve andar como ele andou” (1João 2:6). Viver como salvo é viver de modo
distinto dos demais homens. Pela Bíblia sabemos haver um padrão ético que deve
ser observado por todo aquele que quiser viver como salvo. Nenhum crente salvo,
filho de Deus, integrante do reino de Deus aqui na terra, do qual é embaixador,
poderá pensar ser possível viver de qualquer maneira. Seria triste engano
pensar que o Rei Jesus poderia reconhecer como seu embaixador alguém que não
pensasse como ele pensa, que não agisse como ele próprio agiria, que não
falasse como ele falou. De um embaixador se requer estar plenamente afinado com
aquele soberano, ou governante que ele representa. Somos embaixadores de
Cristo.
III. A MORTE,
RESSURREIÇÃO E VOLTA DE CRISTO
Falar destes três temas
num tópico final de uma Aula é muita pretensão. Todavia, faremos um resumo.
1. A morte de Cristo, exemplo supremo de amor. Jesus morreu (Mt.27:50;
Fp.2:8; João 19:30,34). Enquanto Deus, Jesus jamais poderia morrer, porque Deus
é eterno e a própria vida; todavia, enquanto homem, embora não tivesse jamais
pecado, Jesus morreu para que, pela sua morte, pudéssemos ter vida. Os soldados
romanos confirmaram isso (João 19:33).
A morte de Cristo é a
concretização do amor de Deus pela humanidade. O seu significado pode ser
resumido no que Ele próprio disse a Nicodemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que' deu o seu Filho unigénito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João
3:16). Ao morrer por todos nós, Jesus agiu como nosso Representante. Quando Ele
morreu, todos morreram nele. Assim como o pecado de Adão se tornou o pecado de
seus descendentes, também a morte de Cristo se tornou a morte daqueles que nele
creem (Rm.5:12-21; 1Co.15:21,22). Por causa de seu sacrifício vicário somos
agora nova criatura (2Co.5:17), ou seja, temos uma nova posição em relação a
Deus e ao mundo. Temos agora uma nova forma de viver, na qual desaparece a vida
pregressa e os velhos costumes. Por ocasião da conversão, não apenas viramos
uma página de nossa vida velha, começamos um novo estilo de vida sob o controle
do Espírito Santo. Esse novo estilo de vida é consequência lógica da conversão,
pois o amor de Deus pela humanidade constrange-nos a viver integralmente para
Ele.
Não são poucos os
movimentos religiosos que negam a morte de Jesus. Muitos espíritas insistem em
dizer que Jesus era um “espírito evoluído” e, portanto, jamais poderia ter
morrido, embora isto tenha aparentemente ocorrido. Deste mesmo parecer são os
muçulmanos, que afirmam que mataram outra pessoa em lugar de Jesus, que teve
vida longa, morrendo em idade avançada. Tudo isto, porém, nada mais é que
engano, pois Jesus realmente morreu, porque se fez homem e semelhante aos
irmãos. Ele mesmo testemunhou isso: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para
todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap.1:18).
2. A ressurreição de Cristo. A ressurreição é a
restituição à vida, ou seja, o retorno à unidade entre corpo, alma e espírito,
que havia quando da vida física. É válido ressaltar que a ressurreição de Jesus
foi a primeira ressurreição propriamente dita, porque Jesus ressuscitou em corpo
glorificado, para não mais morrer. É importante observar que Jesus ressuscitou
enquanto homem e, portanto, foi o Deus Pai quem O ressuscitou (Atos 2:32; 3:15;
4:10; 10:40; 13:30,37; Rm.4:24; 1Co.6:14; 15:15; 1Pd.1:21). Jesus foi
ressuscitado para que se cumprissem as Escrituras (Lc.24:44-48) e, nesta
ressurreição, Jesus é o primogênito dentre os mortos (Cl.1:18), as primícias
dos que dormem (1Co.15:20), porque foi o primeiro homem a ressurgir em corpo
espiritual (1Co.15:44), incorruptível (1Co.15:42), imortal (1Co.15:54). Com a
ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp.2:9), passando, então, a
ser chamado de Nosso Senhor (Rm.1:4), tendo todo o poder no céu e na terra
(Mt.28:18).
3. A vinda de Cristo em glória. Diz o texto sagrado: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho
do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem
vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.20:30).
A vinda de Jesus em
glória é a verdade mais preciosa que contém a Bíblia Sagrada. Enche o coração
do crente de gozo e eleva-o por cima das lutas, temores, necessidades, provas e
ambições deste mundo, e o faz mais que vencedor em todas as coisas.
Na sua gloriosa vinda, as
nuvens serão a sua carruagem; os anjos, a sua escolta; o arcanjo, o seu arauto
e; os santos, o seu glorioso cortejo.
Na primeira vinda, a
glória de Cristo não era perceptível: veio ao mundo de maneira muito singela e
modesta, como um bebê, em meio a uma grande pobreza - seu berço era um cocho de
animais, uma manjedoura; sua mãe o envolveu em panos; Ele, sendo Deus,
"Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap.19:16), se fez pobre (Zc.9:9;
2Co.8:9). Mas na sua vinda em glória será diferente: sua glória será mui
grandemente perceptível (Mc.14:62); Ele virá "com poder e grande
glória" (Mt.24:30); Ele virá cercado de anjos (2Ts.1:7); Ele virá com seus
santos para reinar sobre a Terra (Judas14). Aleluia!
A Vinda de Jesus em
Glória se dará após a Grande Tribulação. Ele retornará a esta Terra para
cumprir todas as profecias messiânicas, redimir Israel e a natureza,
estabelecer a justiça e a paz, tão esperada nesta Terra.
Breve Jesus virá. A
Bíblia diz: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a
cada um segundo a sua obra” (Ap.22:12). “Ora
vem, Senhor Jesus” (Ap.22:20).
CONCLUSÃO
Concluímos esta Aula, e
este trimestre letivo, afirmando que Jesus Cristo é o melhor modelo, exemplo,
de caráter a ser imitado, como ensinou o apóstolo Paulo (1Co.11:1). Ele foi
chamado de “Caminho”, pois é a jornada de Cristo debaixo do sol que devemos
imitar para que, assim como Ele chegou à glória vencedor, também lá possamos
chegar um dia, dia este que está tão próximo. Não é outro o sentido que Pedro
nos dá a respeito da vida de Cristo, ao afirmar que “…Cristo padeceu por nós, deixando-nos
o exemplo, para que sigais as Suas pisadas” (1Pd.2:21). Também não é por outro
motivo que o próprio Senhor Jesus se intitulou como “o caminho, a verdade e a
vida” (João 14:6a). “Caminho” não significa tão somente acesso, mas, também, um
modelo, um padrão a ser seguido, uma continuidade de passos e de atitudes que
levam a um determinado lugar. Jesus é o Caminho, porque, através da sua vida,
deixou-nos o exemplo a ser seguido, o modo de vida que nos conduz à glória
eterna com Ele.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão.
CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. O papado e os dogmas de
Maria.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A infância de Jesus.
PortalEBD_2008.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O caráter de Cristo.
PortalEBD_2007.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Jesus, Verdadeiro
Deus, verdadeiro Homem. PortalEBD_2008.
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