2º
Trimestre/2017
Texto Base:
Lucas 1:46-49
INTRODUÇÃO
Na sequência do estudo de
personagens bíblicas que nos ensinam o caráter do cristão, estudaremos Maria, a
mulher designada por Deus, para gerar, pelo Espírito Santo, o Filho de Deus, o
Messias, aquele que veio ao mundo para salvar a humanidade perdida. Ela era
muito jovem quando recebeu tão nobre missão, porém ela se colocou submissa à
vontade divina, mostrando o quanto confiava e amava o Senhor. Ela não arrazoou
o que poderia acontecer com sua reputação, haja vista que estava desposada com
José, mas se entregou totalmente ao plano de Deus Pai. Foi uma mãe exemplar,
desde a concepção até a morte de Jesus Cristo. Sua missão foi ímpar e singular
na história das mulheres. O seu caráter humilde e submisso tem muito a ensinar
o povo de Deus da Nova Aliança.
I. MARIA, A MÃE
DE JESUS
1. Quem era
Maria. Maria,
a bem-aventurada entre as mulheres (Lc.1:28). Ela, ainda muito jovem, virgem e
desposada com José, foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus. Ser a mãe do
Messias era o desejo de qualquer mulher israelita. O povo esperava um Messias
da linhagem de Davi, e Maria era da linhagem de Davi, porém um Messias
ditatorial, guerreiro, libertador, déspota, invencível, mas nunca jamais
imaginaram vir o Messias de uma família pobre de Nazaré. O povo de Jerusalém
desdenhava os judeus da Galiléia e dizia que eles não eram puros em virtude do
seu contato com os gentios. Eles desprezavam os habitantes de Nazaré (João
1:45,46), mas Deus, em sua graça, escolheu uma jovem pobre, da pequena cidade
de Nazaré, na pobre região da Galiléia, para ser a mãe do Messias prometido.
Essa escolha teve sua origem na graça de Deus e não em qualquer mérito dela.
Deus não chama as pessoas porque são especiais, mas elas se tornam especiais
porque Deus as chama.
2. Suas qualidades e seu caráter. Por decisão divina, Maria
foi escolhida para ser a mãe do Salvador, mas, também, foi escolhida por causa
de suas qualidades morais e espirituais.
a) Maria era virgem (Lc.1:26,27). Isaias, setecentos anos
antes de Cristo nascer, assim profetizou: “Eis que uma virgem conceberá, e dará
à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is.7:14). Maria concebeu, sem que
conhecesse varão. Diz a Bíblia que o anjo Gabriel foi o enviado especial da
parte de Deus à cidade de Nazaré, "a uma virgem", cujo nome era
"Maria" (Lc.1:26,27). Naqueles tempos, a virgindade física de uma
jovem era um valor de grande significado espiritual e moral (Is.62:5).
O Deus Filho tornou-se
humano por meio de uma concepção milagrosa, operada pelo Espírito Santo no
ventre de Maria. Dentre muitas jovens ricas daquela época e de famílias que
moravam em Jerusalém, Deus escolheu uma humilde e simples jovens da mais
humilde e desprezível cidade dos termos de Israel, “porque o Senhor não vê como
vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor
olha para o coração” (1Sm 16:7).
Observemos bem que Jesus
foi concebido em uma virgem, mas Maria não ficou virgem para sempre. A
virgindade dela cessou com o nascimento de Jesus, assim como também a sua
abstinência sexual em relação a seu marido, José. A Bíblia diz que José não a
conheceu até que Jesus nasceu (Mt.1:25), sendo certo, também, que José e Maria
tiveram filhos, como o dizem os moradores de Nazaré, a cidade onde Jesus foi
criado (Mt.13:55; Mc.6:3).
Para que o nosso Redentor
pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que ser numa só Pessoa
tanto Deus como Homem impecável. O apóstolo João falando sobre a deidade de
Jesus, diz: “e sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento
para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em
seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1João 5:20).
O apóstolo Paulo falando sobre a humanidade impecável de Jesus, diz: “porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb.7:26). O nascimento virginal
de Jesus, portanto, satisfaz estas duas exigências: deidade e Homem impecável. Todavia,
a única maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma mulher; a única
maneira de ele ser Homem impecável era ser concebido pelo Espírito Santo
(Mt.1:20; cf. Hb.4:15) e; a única maneira de Ele ser deidade era ter Deus como
seu Pai.
Jesus Cristo, portanto,
nos é revelado como uma só Pessoa com duas naturezas: divina e humana, mas
inculpável. Como humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb.4:15,16);
como o divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da
escravidão do pecado e do poder de satanás (At.26:18; Cl.2:15; Hb.2:14,15;
7:25); como Ser Divino e também Homem impecável, Ele preenche os requisitos
como sacrifício pelos pecados de cada um de nós; como Sumo Sacerdote, preenche
os requisitos para interceder por todos os que por ele aproximam-se de Deus
(Hb.2:9-18; 5:1-9;7:24-28;10:4-12).
Portanto, a concepção
virginal de Jesus teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que
Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o
mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação de toda aquele que
nele crer(João 3:16).
b) Maria era agraciada. Quando o anjo apareceu a
Maria, pela primeira vez, quando da escolha para ser a mãe do Salvador, ele disse:
“...Salve, agraciada; o Senhor é contigo” (Lc.1:28). Agraciada significa
favorecida, não merecedora, pois graça significa favor não merecido. Observe,
também, que a mensagem do anjo estava na criança, e não em Maria. O Filho seria
grande, não ela (Lc.1:31-33). O nome da criança resumia o propósito do seu
nascimento: Ele seria o Salvador do mundo (Lc.1:31; Mt.1:21). O anjo revela a
Maria que a concepção seria um milagre. Disse-lhe o anjo: “Virá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o
que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”(Lc.1:35).
c) Maria tinha a presença do Senhor. Em sua mensagem, que foi
diretamente da parte de Deus, o anjo disse: “[...] o Senhor é contigo
[...]" (Lc.1:28b). Não temos dúvida de que Maria era uma jovem dedicada a
Deus; cremos que ela estava em comunhão com o Senhor e desenvolvia uma vida devocional
intensa e amorosa. Ao dizer que o Senhor era com ela, o anjo declarou o que
talvez ela não tivesse consciência de forma tão clara. Deus estava do seu lado.
Deus estava com ela. Maria tinha a presença do Senhor. Essa expressão foi usada
por Deus para outras pessoas escolhidas por Ele, tais como a Josué (Js.1:9); a Gideão
(Jz.6:12); a Israel - "Não temas, porque eu sou contigo [...]" (Is.41:10a).
Por sua condição de pertencer a uma família humilde, num lugar de pouca
expressão em Israel, Maria não deve ter sido notada por nenhuma pessoa
importante, no entanto, Deus "dá graça aos humildes" (Tg.4:6; 1Pd.5:5);
Ele "eleva os humildes" (Sl.147:6).
d) Maria era bendita entre as mulheres. O anjo declarou a
Maria: "[...] bendita és tu entre as mulheres" (Lc.1:28). Observe que
o anjo não disse que ela era bendita acima das mulheres, mas que era abençoada
entre as mulheres. Sem dúvida nenhuma, no meio de tantos milhares de mulheres,
em Israel, ser alcançada por tão grande deferência da parte de Deus era algo
acima de qualquer pensamento humano.
Quando Maria foi visitar
sua prima Isabel, quando esta estava grávida, há seis meses, de João Batista, ela,
cheia do Espírito Santo, saúda Maria com as seguintes palavras: “Bendita és tu
entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!” (Lc.1:42). Somente pelo
Espírito Santo é que Isabel poderia saudar Maria daquela maneira. E como você
pode perceber por essa saudação, Maria já estava grávida. Foi pelo Espírito
Santo que Isabel reconheceu que sua prima estava gerando o Redentor da
humanidade. É só pelo Espírito Santo que um homem ou uma mulher pode reconhecer
que Jesus é Deus e deve ser seu Senhor.
Em Lucas 1:43,44, Isabel
continuou falando pelo Espírito Santo, reconhecendo que a criança que estava
sendo gerada em Maria era o seu Senhor. Isabel, cheia de fé, também disse que
João, em seu ventre, alegrou-se pela presença do Salvador em sua casa. De
alguma maneira que nós, humanos, não conseguimos entender como o Espírito Santo
produziu alegria na criança que ainda nem tinha nascido.
Lucas 1:45 diz que aquele
momento foi muito importante para essas duas servas de Deus. Para Isabel foi
marcante, porque ficou cheia do Espírito Santo; para Maria foi importante,
porque recebeu o testemunho de uma pessoa que também estava sendo usada de modo
especial pelo Espírito Santo. Maria precisava daquele momento, daquele encontro
com Isabel. Ela era muito jovem e Isabel já tinha uma idade avançada. Isabel
podia ajudar muito a prima numa ocasião como aquela.
II. O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE MARIA, A MÃE DE
JESUS
Adaptado do livro “o papado e o dogma de Maria”, do Rev. Hernandes Dias
Lopes.
1. Maria foi
uma mulher agraciada por Deus (Lc.1:28) – “...Salve, agraciada; o Senhor é contigo”. Maria não foi escolhida para ser a mãe do Salvador por suas virtudes.
Essa escolha teve sua origem na graça de Deus e não em qualquer mérito dela.
Deus não chama as pessoas porque elas são especiais, mas elas se tornam
especiais porque Deus as chama, como foi dito anteriormente. Maria tinha
consciência disso. A ênfase da mensagem do anjo estava na criança, e não em
Maria. O Filho seria grande, não ela (Lc.1:31-33). O nome da criança, Jesus,
resumia o propósito do seu nascimento: salvar o povo dos seus pecados (Lc.1:31;
Mt.1:21).
2. Maria, uma
mulher disponível para Deus (Lc.1:38) - “Disse
então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”.
O anjo chamou Maria de “favorecida”, porém, ela preferiu um termo bem mais
humilde: serva. Não serva de
Gabriel, de José ou de homem algum, mas do próprio Senhor. Essa atitude de
Maria resume toda a sua filosofia de vida. Maria se coloca nas mãos de Deus
para a realização dos propósitos de Deus. Ela é serva. Ela está pronta. Ela se
entrega por completo, sem reservas ao Senhor. Ela está pronta a obedecer e
oferecer sua vida, seu ventre, sua alma, seus sonhos ao Senhor. Ela está
disponível para Deus. Ela está pronta a sofrer riscos, a desistir dos seus
anseios em favor dos propósitos de Deus. Ela diz: “cumpra-se em mim conforme a
tua palavra”. Estes termos mostram que ela estava disponível para Deus. De
todos os úteros da terra, o seu útero foi escolhido para ser o ninho que
ternamente acalentaria o Filho de Deus feito homem. A serva de Deus, Maria, se
apresenta, bate continência ao Senhor dos Exércitos e se coloca às suas ordens.
3. Maria, uma mulher disposta a correr riscos para
fazer a vontade de Deus (Lc.1:38) - “... cumpra-se em mim
segundo a tua palavra”. Para fazer a vontade de Deus há um preço a cumprir.
Sempre foi assim ao longo da história da Igreja àqueles que ergueram a bandeira
de obediência ao Senhor Deus. Maria arriscou tremendo reveses em sua vida
quando se propôs em fazer a vontade de Deus: ser a mãe do Salvador do mundo, o
Messias.
a) Risco de ser censurada
pelo povo. Ao
aparecer grávida na cidade de Nazaré, Maria estava exposta às mais aviltantes
censuras, haja vista que o anjo apareceu somente a ela, e não ao povo de um
modo geral. Imagine explicar uma gravidez, não explicável, para sua família,
para os seus vizinhos! Maria passou um tempo da sua vida sob uma nuvem de
suspeita por parte da família e do povo de sua cidade.
b) Risco de ser
abandonada pelo seu noivo, José, por não acreditar em sua gravidez milagrosa. Já que assumiu o
compromisso de obedecer a Deus, como enfrentar o homem que o amava e lhe dizer
que estava grávida, e que ele não seria o pai? Certamente, não foi fácil! Mas
ela estava disposta a sofrer o desprezo e a solidão. Na verdade, José não
acreditou em Maria, por isso resolveu abandoná-la (Mt.1:19). Mas, o anjo
apareceu a ele e lhe contou a verdade e ele creu na mensagem do anjo e nas
palavras de Maria (Mt.1:20). A Bíblia não registra nenhuma palavra direta de
José. Ele simplesmente obedeceu.
c) Risco de ser
apedrejada em público. O risco de Maria ser apedrejada era enorme, pois esse era o castigo
para uma mulher adúltera. Como ela já estava comprometida com José (Mt.1:19),
ele poderia, com base nos ditames da Lei Mosaica, mandar apedrejá-la. A Lei era
enfática: “Se houver moça virgem desposada e um homem a achar na cidade, e se
deitar com ela, trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis até que
morram: a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a
mulher do seu próximo. Assim exterminarás o mal do meio de ti” (Dt.22:23,24).
Percebe-se, então, que
Maria dispôs-se a pagar um alto preço por sua obediência ao projeto de Deus.
Maria era uma jovem pobre, agora grávida, com o risco de ser abandonada pelo
noivo e apedrejada pelo povo. Mas, ela não abre mão de ir até o fim, de lutar
até a morte, de sofrer todas as estigmatizações possíveis para cumprir o
projeto de Deus.
4. Maria, uma mulher que suportou tudo por amor a Deus. Nada
poderia abalar a fé de Maria, nem mesmo as piores crises. Tudo suportou por
amor a Deus.
a) suportou a crise do
desabrigo. Após
andar 130 quilômetros a pé ou de jumento, de Nazaré até Belém, ela dá à luz uma
linda criança, o seu primogênito, o Filho do Altíssimo, o Verbo que se fez
carne. Conquanto Filho do Altíssimo e da linhagem do rei Davi, não nasceu num
berço de ouro. Todos sabemos que ele nasceu numa humilde manjedoura, rodeados
de animais, e num local não muito cheiroso. Se ela duvidou de Deus? Não, claro
que não! Maria, além de uma mãe exemplar, ela era uma serva do Senhor,
plenamente submissa a Ele. Ela não duvidou de Deus, não lamentou, não murmurou,
nem se exaltou. Não reivindicou seus direitos, nem exigiu tratamento especial.
Ela dá à luz ao seu Filho sem um lugar propício, sem um médico ou parteira. Ela
está sozinha com o seu marido, sem luzes, sem holofotes, sem cuidados, sem
proteção humana.
b) suportou a crise do
desterro. Por
força de um intento maligno do rei Herodes em matar o menino Jesus, Maria foge
para o Egito. A crise agora foi ainda mais cruenta: era a crise de se sentir
sem lugar certo para morar. Maria está enfrentando a crise de sentir-se
desterrada, perseguida, ameaçada. Ela, seu marido e o seu Filho, vão para um
lugar onde serão ninguém, onde todos os vínculos importantes estarão ausentes.
Ela é humilde o bastante para fugir, corajosa o suficiente para enfrentar os
perigos do deserto. Ela caminha sintonizada pelas mãos da Providência Divina.
Ser mãe do Messias em vez de trazer-lhe status, glória e honra trouxe-lhe
solidão, perseguição, desterro. Ela obedece à voz do anjo que imperativamente
disse: “...permanece lá até que eu te avise...”(Mt.2:13).
c) suportou a crise da
discriminação social. Após o retorno do Egito, Maria foi morar em Nazaré da Galiléia,
juntamente com José e Jesus. Nazaré era considerada como subúrbio do fim do
mundo. Era um dos maiores covis de ladrões e prostitutas da época. O comentário
geral era que de Nazaré não saía nada de bom (João 1:46). Era uma região sem
vez, sem voz, sem representatividade. Era um lugar de péssima reputação. Mas é
lá, nesse caldeirão de terríveis iniquidades, nessa região da sombra da morte,
que o Filho de Deus vai crescer para ser o Salvador do mundo. É como se Deus
estivesse armando a sua barraca nas malocas mais perigosas da vida. O Filho de
Deus, o Rei dos reis, deveria ser chamado não de cidadão da gloriosa Jerusalém,
mas de Nazareno, termo pejorativo, sem prestigio.
5. Maria, uma discípula de Jesus Cristo. Após a ressurreição de
Jesus, Maria tornou-se discípula de Jesus. Com certeza, ela e os demais irmãos
de Jesus estavam dentre os quinhentos que Jesus aparecera (1Co.15:6). É tanto
que Maria e os irmãos de Jesus estavam entre aqueles que aguardavam, em oração,
a promessa do derramamento do Espírito Santo, no cenáculo (cf.At.1:14). É a
última vez que Maria aparece na Bíblia. Fechou sua passagem pela Bíblia com
chave de ouro: recebeu o Batismo com o Espírito Santo e tornou-se uma discípula
de Jesus revestida de poder. Observe bem que no cenáculo, Maria tomou o seu
lugar com os outros cristãos que aguardavam a promessa do Batismo com o
Espírito Santo. Ela não estava separada dos demais e nem acima deles. Ela
estava na companhia daqueles que eram seguidores do Senhor Jesus. A Bíblia não
diz que Maria recebeu uma porção especial do Espírito. Ela não foi mais cheia
que os demais, não. Na verdade, seu lugar doravante foi discreto. Os filhos do
seu marido José - Tiago e Judas - são mencionados e escreveram livros da
Bíblia, mas Maria não é citada mais, nem pelos apóstolos. O propósito dela não
era estar no centro do palco, mas trazer ao mundo Aquele que é a Luz do mundo,
o único digno de ser adorado e obedecido.
III. O QUE A BÍBLIA
NÃO ENSINA SOBRE MARIA, A MÃE DE JESUS
1. Maria não é mãe de Deus. Ela é mãe de Jesus, e
Jesus é Deus, mas ela não é mãe de Deus. Jesus tinha duas naturezas distintas:
divino e humana. Como Deus Ele não teve mãe e como homem não teve pai. Como
Deus ele sempre existiu, é o Pai da eternidade, o criador de todas as coisas.
Como Deus, ele preexiste a todas as coisas, é a origem de todas as coisas. Jesus
é eterno (João 1:1). Antes que Abraão existisse, Ele já existia (João 8:58). O
filho não pode vir primeiro que a mãe. Se Maria fosse mãe de Deus, José seria
padrasto de Deus, Isabel seria tia de Deus e João Batista seria primo de Deus. Portanto,
essa ideia de “Maria mãe de Deus” não tem nenhum sentido e nenhum fundamento
bíblico.
De onde surgiu essa ideia absurda? Certamente, segundo
alguns estudiosos, do concílio de Éfeso, em 431 d.C. Nesse concilio, convocado
pelo imperador Teodósio II e presidido pelo patriarca de Alexandria, Cirilo,
ocorrido entre junho e setembro de 431, foi definida a unidade pessoal de
Cristo (ou seja, Cristo-Deus e Cristo-homem são a mesma pessoa, sem qualquer
distinção) e, em consequência disto, foi proclamado que Maria era “theótokos”, ou seja, a “mãe de Deus”. É
esta a primeira declaração oficial cristã que dá a Maria um papel diferenciado,
quase 130 anos depois de concluído o Novo Testamento, e que seria o primeiro
dos documentos que levaria à mariolatria hoje existente. A conclusão do
Concílio foi a seguinte: “o filho de Maria é Jesus Cristo, Pessoa divina; Maria
é Mãe de Deus”.
A mariolatria nada mais é
que a presença de um antigo e primitivo culto pagão da deusa-mãe sob roupagens
cristãs. A deusa-mãe era uma figura constante em todas as religiões politeístas
antigas. Seja na Grécia, na Índia ou na Babilônia, a figura de uma divindade
feminina estava sempre presente, até porque é natural que o mistério da vida e
da própria gravidez intrigassem os homens, que, obscurecidos pelo pecado, não
tinham senão que divinizar a própria figura materna e entender que haveria uma
deusa-mãe a presidir estes fenômenos misteriosos, bem como a demonstrar a
afetividade e carinho que são próprios do relacionamento entre a mãe e filhos.
Esta ideia do paganismo,
que atravessou os séculos, que chegou, inclusive, a influenciar o próprio
pensamento de Israel, povo formado pelo próprio Deus para servi-lo, não iria
desaparecer tão facilmente do mundo. Aproveitando-se da própria circunstância
de que a mãe do Salvador engravidou sendo virgem, procedeu-se a uma indevida
assimilação do culto pagão de Astarote e de Tamuz a esta circunstância
evangélica, assimilação que gerou a mariolatria.
A partir do século IV,
quando há a “conversão” ao cristianismo de milhares, talvez milhões de pessoas,
depois que o imperador Constantino deixou de perseguir os cristãos e iniciou
uma aproximação com eles, visando, sobretudo, a sobrevivência do Império
Romano, que estava combalido e enfraquecido, ouve uma considerável adesão ao
movimento que redundaria na absorção por parte de alguns cristãos de práticas
pagãs de adoração à deusa-mãe. A concessão de poderes políticos e de
privilégios aos bispos cristãos, como uma tentativa de diminuir o
enfraquecimento do poder imperial, apresentou-se como um chamariz a muitos
pagãos para abraçar a nova fé, com uma inevitável consequência: a de adaptação
de crenças, costumes e tradições pagãos ao cristianismo, mediante mera mudança
de rótulos e de nomes, sem que tivesse havido mudança de atitudes. Dentro desta
linha, a absorção do culto da deusa-mãe pelo cristianismo não seria uma
exceção, esta que era uma das ideias mais fortes e cristalizadas do paganismo. Portanto,
a ideia de uma deusa-mãe sempre virgem, que tinha tido um filho igualmente
divino, foi facilmente assimilada à narrativa evangélica do nascimento virginal
de Jesus, Ele próprio Deus.
2. Maria não é imaculada. A tese de que Maria não
herdou o pecado original nem tão pouco não cometeu nenhum pecado em toda a sua
vida não tem nenhum amparo nas Escrituras. Esse dogma da imaculada conceição foi
promulgado pelo papa Pio IX em 08/12/1854. A Bíblia, porém, ensina que todos
pecaram (cf. Rm.3:23). Todos herdamos o pecado de nossos pais. Não foi diferente
com Maria. Então, por que Jesus nasceu de Maria e nasceu sem o pecado original?
Porque Jesus não nasceu de um intercurso entre Maria e José, mas o ente que
nela foi gerado, o foi pelo Espírito Santo. Jesus é semente da mulher. Maria se
reconhecia pecadora e chamou Deus de seu Salvador (Lc.1:46,47). Ela ofereceu um
sacrifício para purificação, quarenta dias após o nascimento de Jesus
(cf. Lc.2:22-24 cf. Lv.12:6-8).
3. Maria não é mediadora ou intercessora. Somente Deus pode ouvir e
atender as nossas orações. Somente Ele é digno de receber culto. O culto a
Maria e as orações que são feitas a ela estão em desacordo com o ensino da
Bíblia. Ela precisaria ter os atributos exclusivos da divindade, como
onisciência, onipotência e onipresença para poder ouvir todas as orações e
interceder. Nem Pedro, nem Paulo, nem os anjos jamais receberam adoração. Somente
Deus é digno de ser adorado. A veneração a Maria como Mãe de Deus, rainha do
céu, mãe da igreja está em total desacordo com o ensino da Palavra de Deus. Essa
ideia procedeu do entendimento da Idade Média que Jesus era um juiz muito
severo e que Maria teria um coração mais terno e compreensivo. Isso é contra a
perfeição absoluta de Deus. A doutrina proclamada “tudo por Jesus, nada sem
Maria” está em desacordo com o ensino das Escrituras. A Bíblia diz claramente
que Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tm 2:5; João 14:6;
1João 2:1; Rm.8:34; Hb.7:25).
4. Maria não é corredentora. A salvação é obra
exclusiva de Deus. Ninguém pode acrescentar nada ao que Deus já fez através do
seu Filho. O sacrifício de Cristo foi completo, vicário, pleno, cabal e
suficiente. A Bíblia é clara em afirmar: “E em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos” (At.4:12).
5. Maria não foi assunta ao Céu. No dia 01/11/1950 o papa
Pio XII promulgou o dogma de que o corpo de Maria ressuscitou da sepultura logo
depois que morreu, que o corpo e alma se reuniram e que ela foi elevada e entronizada
como rainha do céu, recebendo um trono à direita de seu Filho. Isso é um
absurdo, que vai de encontro o que a Bíblia diz. A Bíblia diz que “aos homens
está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb.9:27). Esta
verdade não exclui nenhum ser humano, inclusive Maria. Na verdade, Maria foi
sepultada e, agora, aguarda a ressurreição, no dia da Vinda de Jesus (1Ts.
4:16).
6. Maria não é autoridade suprema. A Bíblia diz que somente
a Jesus foi dado todo poder no Céu e na Terra (cf. Mt.28:18). Esse ensino que
Maria é autoridade suprema a desonra vergonhosamente. Isso só pode ser de
origem maligna para confundir as mentes incautas, levando-as à mariolatria.
Maria é digna de Admiração e honra? Claro que sim, tanto
quanto outros santos da Bíblia por haverem cumprido com fé, obediência e
humildade os encargos que Deus lhes confiou, tais como Noé, Abraão, Jó, Moisés,
Elias, Eliseu, dentre muitos outros. Honrar a Maria significa reconhecer que a
sua missão aqui na Terra foi uma das mais nobres e importantes, qual seja, a
missão de carregar em seu ventre, alimentar com seu sangue, amamentar e criar o
nosso Redentor. Todavia, não se deve dispensar a Maria honrarias superiores às
que ela merece. Nada podemos fazer para aumentar a sua posição diante de Deus.
Como justo juiz, Deus não dará a Maria nada mais nada menos do que ela merece,
do que ela conquistou com sua fé, humildade e obediência. E o que ela mais
desejou foi a sua salvação, ou seja, viver com Cristo na eternidade. Seguindo
seu exemplo, sejamos submissos à Palavra de Deus e à Sua vontade, ainda que
isso nos cause algumas dificuldades no meio em que vivemos. Que bom seria se
todos dissessem: "Cumpra-se em mim, Senhor, segundo a tua palavra”!
CONCLUSÃO
Honremos a Maria, como um
exemplo de mulher que tudo enfrentou para fazer a vontade de Deus. Tenhamos a
sua disposição para cumprir, em nós, a vontade de Deus e procuremos servir a
Jesus para participarmos daquela reunião em que ela, certamente com os demais
salvos, encontrará com o seu Senhor nos ares (1Ts.4:17). Se é para obedecermos
ao que Maria disse, sigamos o seu único mandamento registrado na Bíblia Sagrada:
“fazei tudo quanto ele vos disser” (João 2:5). Devemos, sim, fazer tudo o que
Jesus nos disser, pois “…em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do
céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”
(At.4:12).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão.
CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. O papado e os dogmas de
Maria.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Mariolatria.
PortalEBD.
A Graça e a Paz do Senhor Jesus Cristo Pastor Luciano.
ResponderExcluirQueria apenas fazer uma ressalva no seu texto meu querido irmão.
Jesus não foi ao templo com Maria para que esta fizesse o sacrifício de purificação pelo pecado com 8 dias de vida. Segundo a Levíticos 12 onde se encontra a normatização sobre partos criado pelo próprio Deus de Israel e entregue ao povo através de Moisés, consta que a criança só iria ao templo para o ritual após o quadragésimo dia de nascido (isso se o bebe fosse do sexo masculino). Portanto Jesus teria 40 dias de vida e não 8 como o senhor escreveu no texto. Obrigado e a Paz do Senhor Jesus.
Muito grato pela tua participação, amado irmão João Francisco. Você está corretíssimo. O oitavo dia referia-se à circuncisão, conforme Lc.2:22. Retificarei o texto. Inclusivo faço menção deste fato na Aula 12.
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