4º Trimestre/2017
Texto Base: João 1:1-14
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a
respeito do nascimento de Jesus Cristo, o Unigênito Filho de Deus, que veio ao
mundo com a sublime missão de salvar a humanidade perdida em seus delitos e
pecados. O Seu nascimento foi o cumprimento da promessa de Deus logo após a queda
do homem, no afã de restaurá-lo ao status quo da criação (Gn.3:15). Foi o maior
acontecimento da história da humanidade. Sem esse acontecimento o ser humano
estaria perdido para sempre. Deus moveu céus e terra para que, na plenitude do
tempo, de acordo com Gálatas 4:4, Jesus, o próprio Deus encarnado, nascesse
para trazer salvação a toda humanidade - “Vindo, porém, a plenitude do tempo,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”.
I. O ANUNCIO DO
NASCIMENTO DO SALVADOR
1. No Antigo Testamento. O Nascimento de Jesus
foi profetizado desde o Jardim do Éden (Gn.3:15). Os patriarcas apontaram para
esse dia; os profetas descreveram esse momento. Todo o Antigo Testamento foi uma
preparação para esse glorioso acontecimento. Através dos gregos, Deus deu ao
mundo uma língua universal. Através dos romanos, Deus deu ao mundo uma lei
universal. Através dos judeus, Deus deu ao mundo uma revelação sobrenatural.
Agora, na plenitude dos tempos, Deus enviou o anjo Gabriel para comunicar o
raiar desse glorioso dia.
O Antigo Testamento está repleto de profecias e vaticínios que apontam
para o nascimento de Jesus, o Messias, como o Redentor. Entre os Salmos e profetas do Antigo Testamento há incontáveis
profecias sobre como seria o Messias (Lc.24:44). No discurso proferido no
Templo o apóstolo Pedro mostra que Jesus é o profeta que Deus levantaria para
ser ouvido, conforme a profecia de Moisés (Atos 3:18-26). Aliás, a lei de
Moisés, que Israel tinha que obedecer antes da época de Cristo, constantemente
apontava para Jesus - "A lei nos serviu de aio para conduzir a
Cristo" (Gl.3:24). Portanto, Jesus Cristo está presente em todo conteúdo
das Escrituras Sagradas, história e instituições, de maneira direta e indireta.
Ele é, assim, o cumprimento das profecias proferidas pelos profetas do Antigo
Testamento. O próprio Jesus assim falou: “E, começando por Moisés e por
todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”(Lc.24:27).
Portanto, toda beleza
poética e profética do Antigo Testamento, remete, aponta e prefigura o advento
da obra de Cristo.
“Do Antigo Testamento, Isaias foi um dos profetas mais específicos, profícuos
e profundos sobre o Messias. Suas predições estão repletas de poesia arrebatadora
que fluem da inspiração divina de um profeta culto que se colocou inteiramente
à disposição do Senhor para, com detalhes, vaticinar o nascimento e a vida de
Cristo. Suas profecias são tão abrangentes que o livro de Isaías é chamado de
"o Evangelho do Antigo Testamento", pois descortina, diante do leitor,
a Cristo e seu evangelho 700 anos antes de Ele nascer. O tema central de Isaias
é o amor de Deus demonstrado no socorro ao seu povo através do sacrifício do
Servo Sofredor, ou seja, a grande salvação de Deus, apesar da situação
calamitosa do povo de Israel. Por isso, um dos principais objetivos de Isaias
ao escrever era, dentre outros, anunciar a vinda do Messias, o único que seria
capaz de tirar o povo do pecado e trazer completa libertação” (Claiton Ivan
Pommerening. A Obra da Salvação. CPAD).
2. No Novo
Testamento. Foi anunciado pelos anjos, não a autoridades dominantes - políticos ou
religiosos -, mas a pessoas simples e humildes.
a) Anunciado a Maria. O mesmo anjo Gabriel que
há seis meses visitara Zacarias na Judeia agora é enviado por Deus a Maria, em
Nazaré, na Galileia. Esse anjo que assiste diante de Deus é o mensageiro de
Deus para comunicar o evento mais auspicioso e esperado da história. O anjo não
é enviado a Roma, a sede do poder político; não é enviado a Jerusalém, a sede
do poder religioso; não é enviado ao palácio do rei, para falar aos poderosos e
aos ricos daquela época. Mas é enviado a uma jovem pobre, noiva de um homem
pobre, numa cidade pobre, marcada pelo desprezo. Nazaré é a cidade natal de
Maria, com uma população de apenas algumas centenas de pessoas. Nazaré era tão
obscura que nunca é mencionada no Antigo Testamento nem na lista de Flavio Josefo
das 56 cidades da Galileia. Nazaré tampouco é mencionada no Talmude, que lista
63 cidades. Hendriksen diz, com razão, “que o ventre que guardou o maior de
todos os tesouros não foi o de uma princesa, mas de uma virgem comprometida a
casar-se com um carpinteiro da aldeia de Nazaré, um pequeno vilarejo da
Galileia, considerado por alguns com desdém (João 1:46)”.
O anjo Gabriel, que só aparece em Lucas capítulo 1 e em Daniel 8:16;
9:21, anuncia a Maria que ela conceberia um filho. Em Lucas 1:28 temos a
saudação de Gabriel a Maria: “E, entrando o anjo aonde ela estava, disse:
Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo”. Favorecida, ou agraciada,
quer dizer que Deus a escolheu para ser o veículo por meio do qual traria o
salvador ao mundo.
Em Lucas 1:29 encontramos a primeira reação de Maria ao anúncio do anjo.
Ela perturbou-se muito e pôs-se a pensar no significado dessa saudação. Quando
o sobrenatural toca no que é natural, produz perplexidade, produz temor. Não
sei como você encararia um anjo que se apresentasse diante de você. Certamente
a sua reação seria a mesma de Maria.
Em Lucas 1:30-33, Gabriel anuncia que Maria havia achado graça diante de
Deus e que seria usada como instrumento divino para trazer ao mundo o Filho do
Altíssimo. Que grande privilégio! Gabriel, então, descreve quem seria esse bebê
que iria nascer: Seu nome seria Jesus; Seria chamado filho do Altíssimo; Seria
alguém reconhecido como filho de Davi; Seria alguém da linhagem real; Seria
alguém que reinaria para sempre - “O seu reinado não teria fim!”; Ele seria
santo (Lc.1:35); aeria chamado Filho de Deus.
Em Lucas 1:34 vemos a reação de Maria: “Como será isto?”. Essa foi uma
boa pergunta. E ela apresentou a razão para o questionamento: "Eu nunca
tive relação sexual com homem algum. Como posso dar à luz?”. Então, em Lucas
1:35, Gabriel descreve como tudo aconteceria: O Espírito Santo teria papel
fundamental, o poder do Deus Altíssimo a envolveria com a sua sombra e Maria
ficaria grávida. Vemos, aqui, que o menino que nasceria era divino, Filho de
Deus, no sentido de ser da mesma natureza divina de Deus. Ele não seria filho
de José, noivo de Maria.
Portanto, o nascimento de Jesus foi independente de qualquer homem. A
semente humana é pecaminosa. Nenhum homem pode procriar um ser que seja santo.
Todos os homens são pecadores. Davi, o rei salmista, quando falou a respeito do
seu próprio nascimento, disse: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu
minha mãe” (Sl.51:5). Quando a pessoa nasce, já possui a contaminação pelo
pecado, já nasce com o vírus do pecado. Então, para que Jesus nascesse, teve de
ser gerado de Deus, por meio do Espírito Santo. Esse é o motivo por que dizemos
que Ele foi gerado por obra e graça do divino Espírito Santo.
b) Anunciado aos
pastores. Em Lucas 2:8-20 temos o relato do anúncio angelical do nascimento do
Filho do Homem aos pastores. A beleza celestial revelada aos pastores mostra
como Deus trata as pessoas de um modo diferente de nós. Aquela revelação
celestial não foi feita aos reis ou imperadores da terra, não foi feita nos
teatros dos grandes centros de então, nem nos palácios suntuosos dos Césares,
nem dos Herodes, mas na campina de Belém onde estavam os pobres pastores. A
eles Deus revelou a sua glória. Aquele momento tinha que ser revestido de
glória celestial, pois a maior mensagem de todos os tempos estava sendo
entregue: “Eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo
o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o
Senhor” (Lc.2:10,11).
Quando os anjos anunciaram o nascimento do Salvador aos pastores, estes
foram tomados de grande alegria e glória do Senhor (Lc.2:9), pois ao ouvirem
palavras tão alentadoras e o coral de anjos cantando foram imediatamente à
procura do Salvador (Lc.2:13-18). Segundo estudiosos, os pastores eram
desprezados pela maioria da sociedade, porque, pelo trabalho que tinham,
ficavam quase impedidos de observar a lei cerimonial. Eles não eram dignos de
confiança e seus testemunhos não eram aceitos nos tribunais. Deus mobilizou
seus anjos para anunciarem não a Herodes, não a César Augusto, mas aos pastores
de Belém, as boas-novas de grande alegria: o nascimento de Jesus, o Messias, o
Filho do Homem. O anjo também disse que eles não deviam temer. Estavam ali para
trazer uma mensagem de grande alegria, pois o Salvador esperado durante
milênios havia nascido em Belém. Era uma grande notícia que devia interessar a
todos. Os pastores ficaram profundamente interessados. Como será que essa
notícia seria recebida se fosse dada a Herodes ou a César? Como reagiriam à
mensagem? Será que teriam ido até a manjedoura de Belém?
Em Lucas 2:12 os anjos dão o sinal para que os pastores encontrem Jesus:
“Encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura”. Essa é a
grande notícia divina. O Rei da glória se fez homem e humilhou-se nascendo em
humilhação, identificando-se com os desprezados pela sociedade.
Em Lucas 2:14 a mensagem dos anjos ecoou pelas campinas, invadindo a
noite de Belém. Eles louvaram a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas maiores
alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem!”. A mensagem
divina é de paz aos homens. O pecado trouxe inimizade, mas Jesus pode dar paz
aos que creem. O homem não terá paz a não ser que tenha Cristo como seu
Salvador.
Os pastores foram e viram tudo o que os anjos tinham anunciado. Ficaram
maravilhados com o que viram e ouviram. Eles saíram anunciando a todos o que
contemplaram (Lc.2:20). É maravilhoso quando o homem vai a Cristo e recebe a
mensagem do amor divino. Ele é transformado e passa a anunciar aos outros o que
Jesus representa para a sua vida. Você tem compartilhado sobre o que Jesus é
para você? Ah! Precisamos mais do que nunca dar um testemunho mais vibrante da
pessoa sublime e gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo. O mundo necessita ouvir
essa mensagem!
3. Jesus é
visitado pelos magos do Oriente(Mt.2:11). Os magos foram procurar o “rei dos judeus” em
Jerusalém (Mt.2:1,2), mas acabaram encontrando o menino em Belém, em uma casa,
prova de que o casal se instalara naquela cidade, pelo menos neste período de
menos de dois anos após o nascimento de Jesus. Tendo os magos visto a “estrela”
no dia do nascimento de Jesus e até interpretarem o que isto significava e, por
fim, resolvido viajar até Jerusalém para adorarem o “rei dos judeus”, decorreu
um bom período, período este que é inferior a dois anos, diante da deliberação
de Herodes de matar a todas as crianças de dois anos para baixo que haviam
nascido em Belém. Nada havia de especial no menino Jesus, como se pode
perceber, tanto que foi preciso que a “estrela” os guiasse, depois que sua
sabedoria humana os conduzira, equivocadamente, a Jerusalém.
Ao chegarem à presença do menino Jesus O adoram e ofertaram-lhe dádivas -
“E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o
adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e
mirra”. Notem que esses magos vieram do oriente, mas eles não adoraram a
estrela, eles não adoraram os astros; quando eles chegaram não adoraram a Maria;
eles se prostram diante de Jesus e O adoram, porque só Jesus é digno de ser
adorado, porque só Jesus merece culto e a rendição completa do nosso coração,
do nosso louvor e da gratidão do nosso coração. E ao adorarem o menino Jesus,
eles reconheceram que Ele é Rei, Sacerdote e Profeta; por isso, entregaram para
Ele ouro, incenso e mirra, dádivas que simbolizavam o tríplice ministério de
Jesus, ou seja, de Rei (ouro), Sacerdote (incenso) e Profeta (mirra).
II. A CONCEPÇÃO
DO SALVADOR
1. A concepção
virginal. Maria
concebeu, sem que conhecesse varão. Diz a Bíblia que o anjo Gabriel foi o
enviado especial da parte de Deus à cidade de Nazaré, "a uma virgem",
cujo nome era "Maria" (Lc.1:26,27). Naqueles tempos, a virgindade
física de uma jovem era um valor de grande significado espiritual e moral
(Is.62:5).
Isaias, setecentos anos antes de Cristo nascer, assim profetizou: “Eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”
(Is.7:14). Larry Richards diz que a palavra hebraica “almah”, encontrada aqui, em Isaias 7:14, pode ser traduzida por
“jovem não casada”; mas essa palavra foi traduzida para o grego como “parthenos”, que só pode significar
virgem. A jovem não casada da profecia devia ser interpretada como uma ”mulher
não casada e virgem”. Portanto, a concepção virginal é um dos maiores milagres
das Escrituras Sagradas, pois, se fosse possível criar um feto usando apenas o
óvulo de uma mulher, essa criança seria uma filha mulher, e não um filho homem.
Apenas um homem pode dar o cromossomo que, junto com o da mulher, torna possível
o nascimento de um filho do sexo masculino. Certamente, este cromossomo, com os
outros que formaram a Pessoa teantrópica de Jesus (totalmente Deus e totalmente
homem), foi dado pelo Espírito Santo.
O Deus Filho tornou-se humano por meio de uma concepção milagrosa,
operada pelo Espírito Santo no ventre de Maria. Dentre muitas jovens ricas
daquela época e de famílias que moravam em Jerusalém, Deus escolheu uma humilde
e simples jovem da mais humilde e desprezível cidade dos termos de Israel,
“porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está
diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1Sm.16:7).
Observemos bem que Jesus foi concebido em uma virgem, mas Maria não ficou
virgem para sempre. A virgindade dela cessou com o nascimento de Jesus, assim
como também a sua abstinência sexual em relação a seu marido, José. A Bíblia
diz que José não a conheceu até que Jesus nasceu (Mt.1:25), sendo certo,
também, que José e Maria tiveram filhos, como o dizem os moradores de Nazaré, a
cidade onde Jesus foi criado (Mt.13:55; Mc.6:3).
Por que Jesus tinha que nascer de uma virgem? Porque o nosso Redentor,
para expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que ser numa só
Pessoa tanto Deus como Homem impecável. O apóstolo Paulo falando sobre a
humanidade impecável de Jesus, diz: “porque nos convinha tal sumo sacerdote,
santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que
os céus” (Hb.7:26). O nascimento virginal de Jesus, portanto, satisfaz estas
duas exigências: deidade e Homem impecável. Todavia, a única maneira de Ele
nascer como homem era nascer de uma mulher; a única maneira de ele ser Homem
impecável era ser concebido pelo Espírito Santo (Mt.1:20; cf. Hb.4:15) e; a
única maneira de Ele ser deidade era ter Deus como seu Pai.
Jesus Cristo, portanto, nos é revelado como uma só Pessoa com duas
naturezas: divina e humana, mas inculpável. Como humano, Jesus se compadece das
fraquezas do ser humano (Hb.4:15,16); como o divino Filho de Deus, Ele tem
poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do poder de satanás
(At.26:18; Cl.2:15; Hb.2:14,15; 7:25); como Ser Divino e também Homem
impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos pecados de cada um
de nós; como Sumo Sacerdote, preenche os requisitos para interceder por todos
os que por ele aproximam-se de Deus (Hb.2:9-18; 5:1-9;7:24-28;10:4-12).
Portanto, a concepção virginal de Jesus teve o propósito de fazê-lo
entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que
humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte,
garantir a salvação de todo aquele que nele crer (João 3:16).
2. O nascimento
do Salvador. O nascimento do Salvador é um evento emblemático e simbólico acerca do
propósito que Ele veio realizar: salvar o mundo (João 3:16). Para isso, o Filho
nasceu longe de casa, peregrinou para Belém sem acomodações adequadas, num
ambiente inóspito e extremamente humilde (Lc.2:1-7). Deus usou César Augusto
(Lc.2:1), o imperador romano, para a concretização dos seus planos. Deus, em
sua soberania, o usou para publicar um decreto, fazendo o Messias nascer em
Belém de Judá, na nação de Israel, para cumprir as profecias do Antigo
Testamento.
O imperador César Augusto, que era reverenciado como divindade, foi usado
pelo verdadeiro Deus para determinar a ida de José e Maria à cidade de Davi
para registrarem-se – “Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade” (Lc.2:3).
Nessa ocasião, como na eternidade havia sido planejado (Ap.13:8), Deus veio ao
mundo, encarnado, nascendo exatamente em Belém, como já havia sido profetizado
pelo profeta Miquéias: “E tu, Belém
Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será
Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade” (Mq.5:2).
Belém era uma pequena vila, talvez com apenas uma hospedaria, e tinha
recebido muitas pessoas de outros locais por causa do recenseamento. Estava
lotada e, por isso, José e Maria não acharam lugar, e ficaram mesmo numa rude
estrebaria, onde nasceu o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Salvador do
mundo.
Segundo estudiosos, César Augusto com seu decreto objetivava arrecadar
mais impostos, recrutar para o serviço militar e fazer a contagem dos povos
conquistados para dimensionar a grandeza do seu império, porém, Deus o
escolhera como um instrumento para realizar os planos eternos da salvação da
humanidade. O decreto de César Augusto foi editado no tempo perfeito de Deus e
de acordo com o seu perfeito plano de trazer seu Filho ao mundo.
Jesus nasceu numa simples manjedoura (Lc.2:7), com toda simplicidade
incontestável (Lc.2:12). Como bem disse o Pr. Claiton Ivan Pommerening, “Jesus
nasceu num contexto de pobreza, o que mostra sua humilhação e serviço aos
desafortunados (Lc.4:18-21). O Filho de Deus cresceu numa família, o que mostra
a importância que Deus dá à célula máter da sociedade (Lc.2:40). Assim, o
ministério terreno de Jesus seria abrangente (Lc.2:49), mostrando que o Reino
de Deus já havia chegado à Terra (Lc.10:9,11)”.
III. O VERBO SE
FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS
1. O Verbo de Deus (João 1:1) – “No princípio, era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. João inicia seu
evangelho com esta solene verdade. Diz mais: “E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade” (João 1:14). João deixa claro que o Filho de Deus, que se
encontrava no seio do Pai, foi concebido pelo Espírito Santo para habitar entre
nós (Sl.2:7; Is.7:14; João 1:18;3:16).
Por que João denomina-o “Verbo de Deus”? Sendo Cristo o executivo do Pai,
todas as coisas vieram à existência por intermédio dEle; sem Ele, nada do que é
existiria. A expressão “no princípio” transporta-nos a Gêneses 1:1. Na criação,
Jesus já atuava: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que
foi feito se fez” (João 1:3). Portanto, o evangelista João aponta o “Verbo”
como alguém que já existia desde a eternidade; não foi criado, mas gerado.
Jesus “é imagem do Deus invisível o primogênito de toda a criação” (Cl.1:15).
Jesus assumiu sua humanidade para revelar-nos Deus e sermos conduzidos ao Pai.
2. A encarnação
do "Verbo". A encarnação é uma verdade bendita e gloriosa, é o raiar do Sol da Justiça
na escuridão da história humana. O verbo se fez carne e habitou entre nós (João
1:14). Deus veio morar com o homem. Na verdade, a grande mensagem do Novo
Testamento é que a vida se manifestou – “porque a vida foi manifestada, e nós a
vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o
Pai e nos foi manifestada” (1João 1:2). O eterno entrou no tempo e foi
manifestado aos homens. O divino fez-se humano. Aquele a quem nem os céus dos
céus podiam conter deitou numa manjedoura e foi enfaixado com panos. Ele
comunicou-se com os homens, fazendo-se homem. O Criador do universo nasceu
entre os homens. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2Co.5:18).
Deus revelou-se na criação (Rm.1:20), mas a criação, por si mesma, jamais seria
capaz de contar a história do amor do Criador. Deus também se revelou de
maneira mais plena nas Escrituras (2Tm.3:16,17), mas a revelação mais completa
e absoluta de Deus deu-se em seu Filho, Jesus Cristo. Jesus disse: "Quem
me vê a mim, vê o Pai" (João 14:9).
A encarnação de Cristo mostra algumas verdades
que precisamos saber:
· Mostra a eternidade de Cristo. Cristo, ao se encarnar, revela que Ele era
pré-existente. Ele vivia em outro lugar antes de vir ao mundo. João antes de
dizer que Ele se encarnou afirma que Ele já existia desde a eternidade e foi o
Criador de tudo o que existe (João 1:1-3). A vida de Jesus não começa no ventre
de Maria, e o próprio Cristo confirma isto (João 8:38,42,58; 17:5), e também
Paulo (Fp.2:5-7). Portanto, Ele é eterno.
· Mostra ao mundo quem é Deus. O homem jamais viu Deus, por isso Cristo
aqui revelou o caráter de Deus (João 1:18). Os atos e palavras de Jesus foram
os mesmos do Pai (João 5:19,30; 8:19,28,29). Quem quisesse conhecer a Deus O
veria em Jesus (João 14:7-10), pois Ele era a expressão exata do Ser de Deus
(Hb.1:1-3).
· Mostra o supremo amor de Cristo. O ato da encarnação por parte de Cristo
não foi uma obrigação, mas foi uma obra voluntária. Ele veio a terra para ser o
sacrifício perfeito porque quis, Ele “Se” esvaziou. Não deixou de ser Deus, nem
perdeu Seus poderes com este ato, mas se fez pobre para que fôssemos ricos
(2Co.8:9). Tudo em Sua vida foi voluntário, até sua morte (Mc.10:45; João
6:51;10:15,17,18). Todo Seu ministério foi motivado por amor. Foi por amor que
Ele, mesmo sabendo tudo o que ia acontecer consigo, aqui desceu e viveu Sua
missão amando até o fim (João 13:1).
3. Por que o Verbo se fez “carne”? Observe alguns porquês da encarnação de
Cristo e entenda esta necessidade.
a) Porque o ser humano nasce morto em pecado. Todos nascem em
pecado, e assim em débito com Deus (Rm.3:23; 5:12; Ef.2:1-3), merecendo com
isso o castigo pelo pecado, a morte eterna, que é o pagamento desta dívida
(Rm.6:23a).
b) Porque não se pode ser salvo cumprindo rituais religiosos. Os esforços
pessoais do ser humano de nada valem. Paulo passou boa parte de sua vida
ensinando que a salvação não poderia ser alcançada cumprindo-se regras
religiosas como a Lei de Moisés, por exemplo (Gl.cap.3-4). Por ter uma natureza
pecaminosa (carnal) o ser humano não atinge as exigências de Deus
(Rm.7:12-24;8:7,8).
c) Porque não se pode ser salvo praticando boas obras. Obras de pessoas
pecadoras, mortas espiritualmente, são mortas também (Is.64:6). Só a graça de
Deus proporciona a salvação (Ef.2:8-10), e esta graça veio com a encarnação de
Cristo (João 1:17,18).
d) Porque Deus é amor. A encarnação de Cristo para morrer como inocente no lugar de criaturas
pecadoras demonstra o grande amor de Deus. Este foi o motivo maior pelo qual
Ele enviou Cristo ao mundo (João 3:16; Rm.8:39; 1Joao 4:19). Foi apenas por
amor que Deus veio a terra, em Cristo se fez Emanuel (Deus conosco) (Mt.1:23).
Na cruz foi concretizado esse amor.
Diante de tudo isso, podemos afirmar e acreditar quão importante foi a
encarnação do Verbo de Deus. A salvação só foi realizada porque Cristo veio em
carne (Ef.2:15: Cl.1:22; 1Pd.3:18;4:1). O caminho à presença de Deus foi aberto
pela Sua carne (Hb.10:22). Foi por se encarnar que Ele pôde ser o Mediador
entre Deus e os homens (1Tm.2:5).
CONCLUSÃO
Diante do que foi
exposto, podemos afirmar que o advento de Jesus Cristo foi o acontecimento mais
glorioso, mais espetacular na história da humanidade. Seu nascimento, sua morte
e sua ressurreição foram os maiores acontecimentos do universo. Fomos
alcançados pela graça de Deus, um favor imerecido, uma provisão salvífica
maravilhosa e graciosa para nós. O Verbo da vida, Aquele que estava com o Pai,
a Vida manifestada, Jesus, é a essência e o conteúdo da própria vida eterna. Jesus
se fez homem, deixou parte da sua glória, se humilhou e se fez maldição por nós
para que pudéssemos ter comunhão com o Pai e ter então direito legal à vida
eterna. Conhecer a Cristo é ter a vida eterna (1João 1:2). A vida eterna não é
apenas uma quantidade interminável de tempo no céu, mas um relacionamento
estreito com Cristo a partir de agora e para sempre (1João 1:2; 5:20; João 17:3).
Como homem perfeito, Jesus é o nosso exemplo em todas as esferas da vida, por
isso, precisamos olhar para Ele e seguir sempre os seus passos. Olhemos firmemente
para o Salvador e não permitamos que as dificuldades e tribulações da vida
embacem os nossos olhos e nos leve a perder o alvo da vida cristã: Jesus, o
Salvador.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e
exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação.CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1,2,3 João.
Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego.
A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Leon L.
Morris. Lucas (Introdução e comentário). pg. 34.
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