4º
Trimestre/2017
Texto Base:
1João 4:13-19
Trataremos nesta Aula a
respeito do grande Amor e da Misericórdia de Deus no perfeito plano divino da
Salvação, que é a culminação destes dois atributos de Deus, e somente é
possível porque Ele amou a humanidade infinitamente a ponto de entregar seu Filho
Jesus para morrer no lugar dela. Por méritos próprios, nenhum ser humano
alcançaria a dádiva da Salvação, pois ela é, e continuará sendo, resultado da
maravilhosa graça de Deus. Assim, por intermédio de sua misericórdia, Deus concedeu
perdão ao pecador, fazendo deste seu filho por adoção, dando-lhe vida em
abundância. E assim como o Pai nos amou e nos perdoou, nós como filhos seus,
precisamos também amar e sermos misericordiosos, pois agindo com amor e
misericórdia, estaremos glorificando o nome dEle.
I. O MARAVILHOSO AMOR DE DEUS
1. Deus é amor. A Bíblia nos diz que
"Deus é amor" (1João 4:8). Mas como podemos começar a entender essa
verdade? Há várias passagens na Bíblia que nos dão a definição de Deus para o
amor. O verso mais conhecido é João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. Então, uma forma que Deus define amor é com o
ato de dádiva; e a maior demonstração do amor de Deus pelo mundo foi quando Ele
deu o seu Filho Unigênito para morrer, vicariamente, por toda a humanidade,
“para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Esse é
um amor incrível, porque somos nós que escolhemos permanecer separados de Deus
através de nossos próprios pecados, mas é Deus quem conserta essa separação
através de Seu grande sacrifício pessoal, e tudo que precisamos fazer é aceitar
esse presente.
Outro verso excelente
sobre o amor de Deus é encontrado em Romanos 5:8: "Mas Deus prova o seu
próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores”. Assim como em João 3:16, não é mencionado nesse versículo
nenhuma condição imposta por Deus para o Seu amor. Deus não diz: "assim
que você colocar sua vida em ordem, eu vou amar você"; Ele também não diz:
"sacrificarei meu Filho se você prometer me amar". Na verdade,
encontramos justamente o contrário em Romanos 5:8. Deus quer que saibamos que
Seu amor é incondicional, por isso Ele mandou Seu Filho, Jesus Cristo, para
morrer por nós quando ainda éramos pecadores que não mereciam ser amados. Não
tínhamos que arrumar nossas vidas, nem tínhamos que fazer promessas a Deus para
que pudéssemos experimentar do Seu amor. Seu amor por nós tem sempre existido,
e, por causa disso, Ele já deu e sacrificou tudo que era necessário muito tempo
antes de percebermos que precisávamos de Seu infinito amor.
2. Deus é amor, mas a Salvação é Condicional. Cremos no livre arbítrio,
ou seja, na liberdade de escolha dada por Deus ao homem. Para nós, a Salvação
preparada por Deus destina-se a todos os homens; é o que o texto sagrado
explicita: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16). Nesse “todo aquele” não há exclusão de ninguém. Todos
podem crer, e Deus quer que todos creiam, pois “a graça de Deus se há
manifestada, trazendo Salvação a todos os homens” (Tito 2:11); “porque isto é
bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se
salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:3,4). Porém, cremos que
essa Salvação é condicional, ou seja, exige-se que o homem permaneça em Jesus.
Paulo falou da possibilidade do “irmão fraco”, perecer - “E pela tua ciência
perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu” (1Co.8:11). Portanto, cremos
que a Salvação é extensiva a todos os homens, desde que creiam em Jesus e o
aceitem como seu Salvador - “Quem crer e for batizado será salvo...” (Mc.16:16).
Assim, para nós, as bênçãos que o ser humano recebe de Deus, incluindo a
própria Salvação, precisam ser cuidadas e guardadas com muito temor, pois é
possível perdê-las - “...guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”
(Ap.3:11). Creia nisso!
3. Deus é amor,
mas castiga o filho rebelde. A pior coisa para Deus é quando seu povo se afasta dele (Oséias 11:1,2).
A pior coisa para Deus é quando o seu povo quer voltar para o Egito (Números
11). A pior coisa é quando o povo de Deus se recusa a converter-se (Oséias
11:5), e quando está “acostumado a desviar-se de Deus” (Oséias 11:7). Veja o
exemplo de Israel. Israel não quis ouvir e se mostrou insuportável. E o que
Deus fez com Israel? Quando lemos a profecia de Oséias (Os.11:5-7), vamos ver
que Deus iria castigar o seu povo. Deus não aceitava a atitude rebelde do seu
povo. Deus mandaria o rei da Assíria para castigar o seu povo. O rei da Assíria
seria como um chicote nas mãos de Deus. Deus mandou o profeta Oséias a dizer:
“Não voltará para a terra do Egito, mas a Assíria será seu rei, porque
recusam converter-se. E cairá a espada sobre as suas cidades, e consumirá os
seus ferrolhos, e os devorará, por causa dos seus conselhos”.
Oséias profetizou sobre
este castigo, e isso realmente aconteceu. O rei da Assíria chegou e levou em
exílio uma grande parte do povo de Israel. Muitos morreram na guerra; muitos
morreram por causa da fome; muitos morreram no cativeiro e; muitos morreram no
exílio. Deus castigou o seu filho, mas Ele não o matou. Deus reagiu como está
escrito em Provérbios 19:18: “Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas
não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar”.
Deus fala também sobre o
castigo que dará ao seu filho, mas ele fala também sobre o seu amor, que
prevalece:
“Como te deixaria, ó
Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como Admá? Ou como Zeboim?
Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se
acendem. Não executarei o furor da minha ira; não voltarei para destruir a
Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; eu não virei com
ira” (Os.11:8,9).
Deus castigou enquanto
tinha esperança, e alguns filhos foram assassinados, mas aqueles que voltaram,
tremendo e se arrependendo, foram recebidos com graça e amor. Assim é Deus! Ele
castiga aquele a quem muito ama, e quer que ele volte para Ele novamente. Cabe
aqui a Parábola do Filho pródigo (Lc.15:11-32). Deus se revelou assim em Êxodo
34:7 e depois mais uma vez no Salmo 103:
“O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno; não
repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata
segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.
Pois quanto o céu se alteia em cima da terra, assim é grande a sua misericórdia
para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de
nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o
Senhor se compadece dos que o temem”.
Assim é Deus! Assim é o
amor do nosso Pai celestial!
II. UM DEUS MISERICORDIOSO
1. O que é
misericórdia? No plano vertical, ou seja, no plano de Deus em relação ao
pecador, misericórdia significa a fidelidade de Deus mediante a aliança de amor
estabelecida com a humanidade (Sl.89:28), apesar da infidelidade dela. O homem não
tinha esperança de nada além da culpa do pecado. Ele era impotente para
livrar-se do pecado porque não podia resistir às tentações do diabo, “mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm.5:8,9). Sob a nova aliança,
Deus afirma: “Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de
seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hb.8:12).
Agradeçamos a Deus por
sua misericórdia. Mas, lembremo-nos que ainda que agora tenhamos esperança
através de sua misericórdia em Cristo, ainda podemos pecar. A misericórdia de
Deus não é incondicional. Assim como mostrou misericórdia a Israel e depois
tirou-a, por causa da desobediência do seu povo, ele nos promete o mesmo.
“Porque, se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da
verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa
expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver
rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será
considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o
sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu
retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair
nas mãos do Deus vivo” (Hb.10:26-31).
Conhecendo a misericórdia
de Deus, bem como nossa fraqueza da carne, adverte-nos as Escrituras Sagradas: “...
guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo, para a vida eterna” (Judas 1:21); “Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb.4:16).
No plano horizontal, ou seja, no plano humano
em relação ao próximo, misericórdia significa lançar o coração na miséria do
outro e estar pronto em qualquer tempo para aliviar a sua dor. Misericórdia é
ver uma pessoa sem alimento e lhe dar comida, é ver uma pessoa solitária e lhe
fazer companhia; é atender às necessidades e não apenas senti-las; é mais do
que sentir piedade por alguém. A palavra hebraica para misericórdia é “chesed”,
que é a capacidade de entrar em outra pessoa até que praticamente podemos ver
com os seus olhos, pensar com sua mente e sentir com o seu coração.
O maior exemplo de amor e
misericórdia foi demonstrado por Jesus. Ele declarou que veio ao mundo não para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida por nós (Mt.20:28). Ele curou os
doentes, alimentou os famintos, abraçou as crianças, foi amigo dos pecadores,
tocou os leprosos. Ele fez com que os solitários se sentissem amados. Ele
consolou os aflitos, perdoou os que haviam caído em opróbrio.
O apóstolo Paulo disse
que exercer misericórdia com os necessitados é uma graça que Deus nos dá em vez
de um favor que fazemos às pessoas. Veja o testemunho que ele dá dos crentes da
Macedônia com relação a este aspecto (2Co.8:1-5):
1. Também, irmãos,
vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
2. como, em muita
prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda
pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade.
3. Porque, segundo o
seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente,
4. pedindo-nos com
muitos rogos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os
santos.
5. E não somente fizeram como nós
esperávamos, mas também a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor e depois a
nós, pela vontade de Deus.
Este ato misericordioso
dos irmãos da Macedônia é uma demonstração tangível daquilo que Paulo exortou
em Gálatas 6:2: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de
Cristo”.
A misericórdia, portanto,
não é uma virtude natural. Para realizamos tal ato precisamos amar com amor
divino. Por natureza o homem é mau, cruel, insensível, egoísta, incapaz de
exercer a misericórdia. Precisamos nascer de novo antes de sermos
misericordiosos. Precisamos de um novo coração, antes de termos um coração
misericordioso. Você tem ajudado seus irmãos a carregarem suas cargas ou você
tem ainda acrescentado mais peso a elas?
2. O Pai da misericórdia. A Bíblia afirma que Deus
é o Pai da misericórdia (2Co.1:3) – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação”. Essa
expressão “Pai de misericórdia” significa a fonte inesgotável de todas as
misericórdias de que os crentes são e serão objeto. Observe que Deus precisa
ser primeiro o Pai de Cristo, para que Ele possa ser “o Pai de misericórdia”
para nós. A misericórdia de Deus precisa ver a justiça de Deus satisfeita. Um
atributo de Deus não pode destruir o outro (Salmos 85:10). Deus não pode falhar
em Sua própria justiça, mas ela precisa ser satisfeita por Cristo (Rm.3:26).
Cristo tomou para si a nossa natureza, para morrer por nós (Hb.2:14,17), para
que Deus pudesse ser nosso Pai, apesar dos nossos pecados, pois Ele puniu os
nossos pecados em Cristo, nosso fiador (Hb.7:22). Deus, portanto, a partir do
seu coração de misericórdia, encontrou um caminho para que Ele pudesse nos
fazer o bem, e juntar a Sua misericórdia com a Sua justiça. Deus é santidade;
nós somos uma massa de pecado e corrupção. Mas Cristo morreu por nós, e Deus é
o Pai de misericórdias para todos aqueles que estão em Cristo. Como a justiça
de Deus para o pecado foi satisfeita, o obstáculo é removido e a torrente de
misericórdias de Deus flui livremente.
O Pai da misericórdia glorifica a Si mesmo ao mostrar misericórdia. Deus
é misericordioso antes de sermos convertidos. Ele atrasa a Sua ira e não pune o
pecador imediatamente. Deus é misericordioso no perdão de todos os pecados, na
punição e na culpa, quando nós confiamos em Cristo. Deus é misericordioso na
correção de alguns dos pecados dos Seus filhos (Hb.12:6). Ele é misericordioso
na continuação das nossas bênçãos diárias. Se nós temos conforto, isto é
misericórdia; se nós temos força, isto é misericórdia. As Suas misericórdias
não falham, mas renovam-se cada manhã (Lm.3:22-23). Tudo que vem de Deus para
os Seus filhos é mergulhado em misericórdia.
3. Misericórdia com o pecador. Misericórdia é um
atributo moral de Deus, que o leva a não dar ao pecador o que ele merece.
Merecemos o seu castigo, mas Ele nos dá sua graça imerecida - “As misericórdias
do Senhor são a causa de não sermos consumidos” (Lm.3:22). Todas as
misericórdias têm sua origem em Deus e só podem ser recebidas dele. A Bíblia
fala da riqueza das misericórdias de Deus (Sl.5:7;69:16), da sua terna
misericórdia (Tg.5:11) e da grandeza da sua misericórdia (Nm.14:19); também
fala da multidão das suas misericórdias (Sl.51:1) – “Tem misericórdia de mim, ó
Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a
multidão das tuas misericórdias”. A cada dia, a misericórdia de Deus pode ser
experimentada, pois ela nunca acaba – “Rendei graças ao SENHOR, porque ele é
bom; porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl.136:1 - ARA).
As promessas de Deus são
promessas de misericórdia. Sempre que um pecador se arrepende,
independentemente de quantos ou quão maus os seus pecados possam ser, Deus irá
esquecer-se de todos eles (1João 1:7). A Bíblia fala para a alma culpada:
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao
SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em
perdoar” (Is.55:7). Nós somos vingativos, rápidos para nos ofendermos e
procurarmos vingança. Nossos pensamentos de misericórdia são pobres e
estreitos, porque somos inclementes e sem piedade. Mas os pensamentos de Deus
estão acima dos nossos pensamentos, e os Seus caminhos estão acima dos nossos
caminhos (Is.55:7,8). A misericórdia de Deus é infinita!
Quando Deus é severo com
pecadores, na Sua justiça, é por causa do erro deles. O Seu coração é
misericordioso (Lm.3:33). Ele é bom em Si mesmo. Nós O provocamos para ser severo
na justiça. Contudo, em Sua própria natureza, Ele “tem prazer na misericórdia”
(Mq.7:18). Portanto, Ele será misericordioso com todo aquele que se arrepender
dos seus pecados e se apossar de Cristo, através de uma fé verdadeira. Este é o
nome pelo qual Deus quer ser conhecido: “compassivo, clemente e longânimo e
grande em misericórdia e fidelidade” (Êx.34:6).
III. AMOR, BONDADE E COMPAIXÃO NA VIDA DO SALVO
1. Amor como
adoração a Deus. O principal mandamento bíblico é: “Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de
todas as tuas forças” (Mc.12:30). Este não é apenas um preceito moral, mas um
sentimento de profunda devoção de coração. Logo, mediante o amor divino, o
salvo em Cristo é levado a demonstrar, em atitudes e palavras, o quanto ele ama
a Deus, sabendo que isso só foi possível porque o Pai amou-o primeiro (1João
4:19).
Amar a Deus significa
submeter-se à vontade do Senhor, fazer aquilo que Ele nos manda na sua Palavra;
significa renunciar à vontade própria, ao ego, à sua individualidade para fazer
aquilo que o Senhor determinou que fizéssemos. Não é possível amar a Deus sem
observar a sua Palavra.
O pecador que rejeita a
oferta da Salvação, por meio de Jesus Cristo, único e suficiente Salvador (João
14:6), por natureza, é considerado inimigo de Deus – “Porque, se nós, sendo
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”. Mas, por intermédio da
reconciliação que Cristo operou na cruz, o próprio Deus tomou a iniciativa e
capacitou o salvo a amá-lo – “Amados, se Deus assim nos amou, também nós
devemos amar uns aos outros. Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1João
4:11,19). A primeira prova que temos de que alguém realmente se tornou um filho
de Deus é o fato de que ele passou a amar a Deus, e amar a Deus é simples de
ser verificado: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando” (João
15:14); “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama”
(João 14:21a).
2. Amar ao próximo. O
amor a Deus é pressuposto para que se tenha amor ao próximo. Quem ama a Deus,
ama o próximo(1João 4:21). Não é possível amar o próximo sem que antes se ame a
Deus. Vimos no tópico I deste
estudo que Deus, nosso Pai, é amor. Ora, se Deus é amor, como pode gerar filhos
que não tenham o mesmo amor? Somos filhos de Deus, e, como filhos, possuímos as
características do nosso Pai celestial; assim sendo, naturalmente, devemos amar
como Ele amou (2Pd.1:4; João 15:12); do contrário, não seremos considerados
seus filhos. Jamais alguém que seja feito filho de Deus (João 1:12), que tenha
sido gerado da água e do Espírito (João 3:5), que seja participante da natureza
divina (2Pd.2:4), não tenha, pois, o amor divino.
O apóstolo Paulo afirma
que “o amor de Cristo nos constrange" (2Co.5:14); nos constrange a amar o
próximo (Mt.5:43-45; Ef.5:2; 1João 4:11), porque Cristo morreu por ele também
(Rm.14:15; 1Co.8:11), e quando fazemos o bem a quem precisa fazemos ao próprio
Senhor (Mt.25:40), isto é bem ensinado na famosa parábola do bom samaritano (Lc.10:30-37).
- Amar o próximo é assumir o lugar do outro. É sentir as
necessidades alheias, tomar para si o sofrimento de alguém. É ver o próximo
como gostamos que este nos veja. Mas como amar assim, se a natureza humana é,
em si mesma, egoísta e interesseira? O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos,
no capítulo 5, versículo 5, diz que o amor de Deus é derramado em nosso
coração. É esse amor de Deus a fonte do amor que nos habilita a amar uns aos
outros.
- Amar o próximo não é somente dizer que o ama, mas demonstrar
isso na prática – os atos falam mais alto do que as palavras. Por isso é que
dizem que a pregação com a nossa vida, com os nossos atos, são mãos penetrantes
do que as palavras. A Bíblia diz que devemos suportar uns aos outros - isso é o
amor em prática, no sentido pleno. Suportar não significa concordar com os
erros do outro, por exemplo, mas não excluir alguém de nosso convívio, de
imediato e definitivamente, por ter praticado algo contra nós. Devemos suportar
nosso próximo, mesmo sem gostar de sua atitude, sabendo que um dia iremos fazer
alguma coisa contra aquela mesma pessoa e vamos querer que ela nos suporte.
- Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja, sentir a
sua dor, como se fosse nossa e, assim, suprir as necessidades imediatas do
nosso semelhante, lembrando que ele é tão imagem e semelhança de Deus quanto
nós. O individualismo e o egoísmo têm dificultado, e até impedido, gestos de
amor ao próximo, até mesmo entre cristãos. Quem é o nosso próximo? É qualquer
ser humano, como bem nos explicitou Jesus na parábola do bom samaritano (Lc.10:30-37),
e este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e qualquer barreira, toda
e qualquer tradição.
- Amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista
material, mas, sobretudo, levar este alguém a uma vida de comunhão com Deus, a
um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Medidas emergenciais
são necessárias, como nos mostra a
parábola do bom samaritano, mas é extremamente necessário que levemos o
próximo a entender que deve, sobretudo, amar a Deus, para que também ame o
próximo, como nós o amamos.
3. Amor como serviço diaconal. O mandamento de amar o
próximo é antigo; ele é da Lei Mosaica - “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Lv.19:18). Mas, Jesus transformou este mandamento em novo mandamento no fato
de que Ele realmente chamou as pessoas a vivê-lo. Sua vida toda o encarnou. “Quando
Ele lavou os pés dos discípulos, Ele ensinou, na prática, um estilo de vida que
deveria caracterizar seus discípulos (João 13:14), ou seja, o de um servir ao
outro”.
A vida cristã é um sem-número
de novos começos instigados pelo desafio sempre novo de amar uns aos outros
como Cristo nos amou. É nossa missão quando lidamos com pessoas difíceis e
impossíveis. Na verdade, a vida é difícil para todos, porém alguns têm mais
dificuldade que outros. Não entendemos bem o porquê disso. Talvez Deus permita
essa diferença para que haja oportunidade de crescimento espiritual no serviço
diaconal do cristão. Assim expressou Paulo: “Levai as cargas uns dos outros e
assim cumprireis a lei de Cristo”(Gl.6:2). É na pratica do amor de alto preço
que o mandamento se torna novo outra vez. O cristianismo experimental é sempre
novo, conquanto o cristianismo doutrinário seja sempre antigo.
Aliviar os sofrimentos e
as angústias de outras pessoas é serviço diaconal cristão. Muitas vezes podemos
fazer muito com pouco. Esse tipo de serviço é também um testemunho de amor
cristão. Provavelmente Tiago tenha falado que a fé sem as obras seja morta, nos
exortando ao serviço para o bem comum. Ele disse: “Aquele que sabe fazer o bem
e não o faz, comete pecado”(Tg.4:17). E Jesus declarou o seguinte: “E aquele
que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade
de discípulos, em verdade vos digo, que de modo algum perderá sua
recompensa”(Mt.10:42 ). Portanto, o serviço em favor do próximo, uma vida
sacrificada em favor de quem está perto de nós, demonstra, na prática, a grandeza
do amor de Deus.
Portanto, o amor como
serviço diaconal é um dever e é coerente com o caráter de Deus. O cristão que
passou pelo novo nascimento, que foi regenerado, justificado e santificado deve
amar sem preconceito e incondicionalmente a todas as pessoas. É o que João
exorta aos seus leitores: "Amados, se Deus assim nos amou, também devemos
amar uns aos outros" (1João 4:11). Ele nos encoraja a amarmos à maneira de
Deus, que entregou seu Filho à morte por amor. Aquele que não ama como Deus
amor não pode ser considerado conhecedor de Deus – “...e qualquer que ama é
nascido de Deus e conhece a Deus; Aquele que não ama não conhece a Deus”(1João
4:7,8). Portanto, não há alternativa para nós, pois está escrito que, como
filhos de Deus, temos de agir como Ele agiu. A Bíblia diz que se nós amamos uns
aos outros Deus está em nós(1João 4:11).
CONCLUSÃO
“O amor e a misericórdia
de Deus extrapolam a compreensão humana, pois ainda que se usem os melhores
recursos linguísticos, estes não seriam capazes de descrever quão
incomensuráveis são essas virtudes divinas. Nem mesmo o amor de uma mãe pelo
seu filho é capaz de sobrepor o amor e a misericórdia de nosso Deus. Por isso,
resta-nos expressar esse amor em nossa relação com cada criatura” (LBM.CPAD).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e
exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1,2,3 João.
Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego.
A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Amor: o Fruto
excenlente.PortalEBD_2005.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento.
CPAD.
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