1º Trimestre/2018
Texto Base: Hebreus 8:1-10
"Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a
casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu
coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo"
(Hb.8:10).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao
estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 8. Trataremos
a respeito da natureza, dos aspectos e da promessa da Nova Aliança, que é
infinitamente superior à Antiga. A Epístola aos Hebreus revela que Cristo é o
“Mediador de superior Aliança instituída com base em superiores promessas”
(Hb.8:6). Ela é mais excelente porque as promessas do pacto mosaico eram
condicionais, terrenas, carnais e efêmeras, enquanto as promessas da Nova
Aliança são incondicionais, espirituais e eternas. Inúmeros são os benefícios
que a Nova Aliança oferece a todos aqueles que creem no sacrifício de Jesus e
buscam se achegar a Deus. Todos os benefícios da Nova Aliança só se tornaram
possíveis mediante a obra expiatória de Jesus Cristo, pois na Antiga Aliança
somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos uma vez no ano no dia
da Expiação. Hoje, por meio do sacrifício perfeito e eterno de Cristo, temos
livre acesso à presença de Deus. Ter livre acesso à presença do Pai, sem
dúvida, é o maior benefício que nos foi concedido pelo Senhor. Como crentes
jamais devemos negligenciar a Nova Aliança menosprezando a maravilhosa graça de
Deus.
I. UM SANTUÁRIO
SUPERIOR
“A Nova Aliança é dotada
de uma dimensão superior, de uma natureza superior e de uma importância
superior à Antiga”.
1. Pertencente a uma dimensão superior. “Ora, a suma do que
temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à
destra do trono da Majestade” (Hb.8:1). Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, está
assentado não no tabernáculo de Moisés, que é efêmero, feito por mãos humana,
mas no lugar de maior honra: “nos Céus à destra do trono da Majestade”. Esse é
o tabernáculo verdadeiro, do qual o tabernáculo terreno era uma simples figura
ou representação. O verdadeiro tabernáculo foi erigido pelo Senhor e não pelo
homem. No texto, “céus” refere-se ao santuário celestial (Hb.8:2), a morada de
Deus. Foi nesse santuário celestial que Cristo entrou para oficiar, como Sumo
Sacerdote, em nosso favor, e é o último e eterno destino de todos aqueles que
creem (cf. Hb.4:1; 6:19,20; 11:10; 12:22). Você crê nisso?
2. Possuidor de uma natureza superior. O santuário terreno era
por natureza temporal, figura do verdadeiro santuário, que é espiritual e
eterno. Diz o texto sagrado: “ministro do santuário e
do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:2). Este
“verdadeiro tabernáculo”, ou lugar de adoração, não significa que o Tabernáculo
e o Templo na terra eram falsos, mas que eram sombras imperfeitas do verdadeiro
e perfeito lugar de adoração (Hb.8:5). Antes da vinda de Cristo, o sumo
sacerdote só podia entrar em um lugar especial, o Santo dos Santos, para estar
na presença de Deus. Hoje, através da oração, nós podemos entrar na sala do
trono, no Céu, e um dia nós viveremos eternamente na presença do Senhor. Os
caminhos “antigos” do sacerdócio judeu não mais existem, eles foram
substituídos por Jesus, que é o Caminho, a Verdade, e a Vida (João 14:6).
3. Possuidor de uma importância superior. Sabe por que a Nova
Aliança nos proporciona um santuário de uma importância superior? Porque o Cristo
exaltado é o Sumo Sacerdote desse santuário. Ele serve assumindo o seu lugar de
direito como nosso Salvador e Mediador. A Epístola aos Hebreus não tenta
descrever o Céu, mas nos mostra como Cristo serve de uma maneira melhor e mais
pessoal do que qualquer outro sacerdote poderia fazê-lo. Nesse Santuário
celeste, habita a plenitude da divindade.
Na Antiga Aliança, a
ideia central do tabernáculo era que Deus habitava entre seu povo; mas, Deus
exigia um povo santo para que sua presença fosse manifesta (Lv.19:2). Sua plena
realização encontra-se na encarnação de Cristo: "E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós" (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14).
Daí que se chama Emanuel - "Deus conosco" (Mt.1:23). Na Nova Aliança,
o nosso corpo é o Tabernáculo/Templo do Espírito Santo, que habita em nós
(1Co.6:19). A presença de Deus se manifesta na igreja por meio do Espírito
Santo que habita nos crentes (Ef.2:21,22). Para o Espirito Santo habitar na
vida dos crentes, Ele exige santidade, pois “sem santificação ninguém verá o
Senhor” (Hb.12:14). Pedro enfatiza esta exortação: “mas, como é santo aquele
que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
II. UM
MINISTÉRIO SUPERIOR
“A Nova Aliança inaugurada por Cristo é superior à Antiga no aspecto
posicional, funcional e cultual”.
1. No aspecto posicional. Diz o texto sagrado:
“ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e
não o homem” (Hb.8:2). O Cristo exaltado é o ministro do santuário no Céu. Seu
ministério é apresentado como superior ao de Arão porque é oficiado em um
santuário superior e melhor (Hb.8:1-5) e em conexão com uma Aliança melhor
(Hb.8:7-13). Nesse santuário, Jesus serve assumindo o seu lugar de direito como
nosso Salvador e Mediador. Cristo retornou à presença de Deus no Céu,
“verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:2). O seu
lugar no Céu garante o nosso lugar ali também. Deus nos permite entrar na mesma
sala do trono e levar a Ele a nossa adoração e os nossos pedidos.
2. No aspecto funcional. Diz o texto sagrado:
“Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios;
pelo que era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer”
(Hb.8:3). Segundo este texto, o trabalho do sumo sacerdote era “oferecer dons e
sacrifícios”. “Dons”, aqui, é um termo geral que cobre todos os tipos de
ofertas apresentadas a Deus; eram sacrifícios quando um animal era imolado. Os
sacerdotes eram nomeados para oferecer ofertas e sacrifícios muitas vezes, e o
sumo sacerdote para oferecer, uma vez no ano, sacrifício para a expiação dos
pecados (Hb.8.3). Cristo como nosso Sumo Sacerdote deveria ter “alguma coisa
que oferecer”; Ele mesmo se deu em sacrifício a Deus em nosso lugar (1Co.5:7;
Hb.7:27) – o Dom perfeito, que nunca poderá ser superado, e ao contrário do
sacrifício levítico, não mais se repetirá - “porque isso fez ele, uma vez,
oferecendo-se a si mesmo”(Hb.7:27) -, foi efetuado de uma vez por todas. O
sacrifício de Cristo é completamente suficiente, isto é, todos os pecados estão
abrangidos na sua oferta definitiva a Deus. Portanto, o seu papel como Sumo Sacerdote,
o seu sacrifício e o seu serviço a Deus, superam o plano que havia sob a Antiga
Aliança.
3. No aspecto cultual. Argumenta o autor da
Epístola: “Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria,
havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de
exemplar e sombra das coisas celestiais...” (Hb.8:4,5). Nota-se aqui que, nos
dias que foi escrita a Epístola aos Hebreus, ainda era praticado o culto
levítico, isto é, os sacerdotes ofereciam sacrifícios e ofertas de acordo com a
lei mosaica. Na Antiga Aliança, sacrificar equivalia a prestar culto a Deus,
atribuir-lhe glória por ser Deus de quem dependemos e a quem devemos culto e
submissão. Com o transcorrer do tempo, os israelitas chegaram a atuar como se o
que importasse para Deus fossem os próprios sacrifícios em lugar do coração do
ofertante. O salmista Davi e os profetas procuraram inculcar no povo a verdade
de que Deus não se contenta com as vítimas oferecidas quando faltam o
arrependimento, a fé, a justiça e a piedade naqueles que as oferecem (cf. 1Sm.15:22;
Sl.51:16,17; Is.1:11-17; Mq.6:6-8).
Conforme Hb.8:4, todas as
atividades e funções exercidas pelos sacerdotes estavam em pleno vigor na época
em que foi escrita a Epístola, e se relacionavam estritamente ao culto.
Todavia, neste aspecto, o sacerdócio de Cristo era superior porque sua
atividade cultual era em tudo superior, visto se realizar no santuário
celestial.
É válido ressaltar que o
culto é assunto muito sério; ele é a parte mais importante daquilo que fazemos
para Deus como Igreja. Infelizmente, muitos hoje não têm olhado para o culto
com essa perspectiva e seriedade, o que só tem feito a igreja perder. Era
exatamente essa perspectiva errada em relação ao culto que muitas vezes
aconteceu sob a égide da Antiga Aliança, como se observa à época de Jeremias e
Malaquias; foi por isso que, à época de Malaquias, Deus se queixou de que os
sacerdotes estavam profanando e desprezando o culto (cf. Ml.1:7-10). O Deus de
Malaquias é o mesmo de ontem e de hoje. Ele continua não aceitando um culto que
não esteja de acordo com o que Ele estabeleceu, que não esteja de acordo com a
vontade dele, um culto em que o coração não esteja presente; Deus continua não
aceitando esse tipo de culto.
Diante disso, gostaria
que pensasse em sua atitude quando cultua. Gostaria que pensasse em sua vida
como um todo, pois o culto é a expressão externa do que a Igreja é, mas também
é expressão do nosso compromisso interno para com o Senhor.
Quando desprezamos o
culto divino recebemos o completo repúdio de Deus; Ele rejeita o ofertante e a
oferta (Ml.1:10,13). Deus rejeita o ofertante e sua oração (Ml.1:9). Quando
nossa vida está errada com Deus, não temos sucesso na oração. Em vez de Deus
ter prazer nesse culto, Ele diz que isso é um mal (Ml.1:8). Em vez de Deus
receber esse culto, Ele diz que ele é inútil (Ml.1:10).
Cultuar a Deus é a
expressão máxima de nossa devoção ao Senhor, de nossa dependência à sua Palavra
e de nossa necessidade de prestar-lhe serviço. O culto cristão é uma resposta
ao imenso amor de Deus por nós, mediante expressões de louvor e adoração. O
culto é a mais expressiva manifestação humana de aproximação com Deus. O culto
é a comunhão do homem com Deus em Cristo. O culto é a resultante de nossa
reconciliação com Deus promovida por Jesus Cristo - “Mas agora, em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”
(Ef.2:13).
III. UMA
PROMESSA SUPERIOR
“A promessa da Nova
Aliança é de natureza interior e espiritual; de natureza individual e
universal; bem como de natureza relacional”.
1. De natureza interior e espiritual. Debaixo da Antiga
Aliança, Deus havia chamado os israelitas para ser o seu povo (Êx.19:5,6). Foi
firmado um pacto no Sinai (Êx.19:7,8); todavia, deliberadamente, eles
resolveram descumprir esse pacto. Uma vez que os israelitas quebravam
continuamente o pacto de Deus, ficou patente que o antigo pacto não duraria
para sempre, por não ser perfeito. Uma parte do pacto envolvia a observância às
leis de Deus; no entanto, os israelitas decidiram desobedecer (cf. Jr.7:23,24):
“Mas isto lhes ordenei,
dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu
povo; e andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. Mas não
ouviram, nem inclinaram os ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, no
propósito do seu coração malvado; e andaram para trás e não para diante”.
Quando os israelitas
deixaram de cumprir os requisitos que lhes foram impostos, quebraram a Aliança.
Deus, entretanto, prometeu um novo pacto, que não estaria repleto de leis sobre
sacrifícios e outras responsabilidades externas. Ao contrário, ele trazia a
reconciliação espiritual, produzindo mudanças no interior das pessoas. Diz o escritor
sagrado:
“Porque, repreendendo-os,
lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a
casa de Judá estabelecerei um novo concerto, não segundo o concerto que fiz com
seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito;
como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei, diz o
Senhor. Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de
Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração
as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo. E não
ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o
Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque
serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas
prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo novo concerto, envelheceu o
primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar”
(Hb.8:8-13).
2. De natureza individual e universal. Diz o texto sagrado: “E
não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece
o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”
Hb.8:11). Aqui, o autor sagrado argumenta que a Nova Aliança também inclui
conhecimento universal do Senhor. Durante o Reino glorioso de Cristo, não será
necessário ao homem ensinar ao seu próximo ou ao seu irmão a conhecer o Senhor.
Cada um terá uma consciência interior do Senhor, desde o menor deles até ao
maior -“a Terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as aguas cobrem o
mar” (Is.11:9). Isso é mui maravilhoso a todos aqueles que esperam a volta do
Senhor Jesus!
3. De natureza relacional. O aspecto relacional é
posto em evidência na citação de Hb.8:12: "Porque serei misericordioso
para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me
lembrarei mais". A Nova Aliança é um concerto de misericórdia, graça e
perdão. A Nova Aliança promete misericórdia para um povo injusto e eterno
esquecimento de seus pecados. A lei veterotestamentária era inflexível e rígida
- ”Toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo” (Hb.2:2). Além
disso, na Antiga Aliança, a lei não poderia tratar com eficácia os pecados. Ela
fornecia a expiação dos pecados, mas não para a remoção deles. Os sacrifícios
recomendados na lei purificavam o homem para as cerimônias, ou seja, eles o
qualificavam para participar da vida religiosa da nação. Esse ritual de
purificação era externo, não tocava a vida interior; ele não provia purificação
moral nem dava ao homem consciência pura. O homem podia ser reto
cerimonialmente e perverso no coração, ou reto no coração e incorreto
cerimonialmente.
Na Antiga Aliança, o
sistema levítico, em vez de pacificar a consciência, tentava despertá-la todo
ano (Hb.10:3). Por trás do belo ritual do dia da Expiação, espreitava a
lembrança anual de que os pecados estavam apenas cobertos, e não removidos.
Todavia, na Nova Aliança, Deus não mais se lembra dos pecados de seu povo – “E jamais
me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (cf.Hb.10:17).
CONCLUSÃO
A Antiga Aliança foi
cumprida por Cristo e completada por Ele; portanto, não mais era necessária a
prática dos seus ritos na Nova Aliança. Sistemas antigos, sacrifícios antigos e
o antigo sacerdócio agora não têm mais valor para selar a aprovação de Deus. A
Antiga Aliança tinha servido ao seu propósito, e em breve seria apenas uma
lembrança. Não se pode viver no passado, de modo que a escolha real é clara:
aceitem a Nova Aliança ou nenhuma. Embora a Nova Aliança tenha sido feita com
Israel, e não com a Igreja, os cristãos têm garantido o extraordinário
privilégio de experimentar certos benefícios do novo pacto que passaram a
vigorar quando Cristo derramou Seu sangue na cruz. Hoje, a Igreja usufrui das
bênçãos espirituais da salvação, estabelecidas na Nova Aliança. As bênçãos
físicas do Novo Testamento serão cumpridas com Israel, no Milênio. Os que
seguem a Cristo são “ministros de uma Nova Aliança” (2Co.3:6), e foram chamados
para divulgar a mensagem da salvação. Louvado seja Deus por tão grande
salvação!
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Sacerdócio eterno
de Cristo. PortalEBD_2008.
David M. Levy. Um sacrifício perfeito, uma Aliança superior. http://www.chamada.com.br.
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