1º
Trimestre/2018
Texto Base:
Hebreus 7:1-19
"Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores, efeito mais sublime do que os céus" (Hb.7:26).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo da Epistola aos
Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 7. Trataremos a respeito do ofício
sumo sacerdotal eterno e perfeito de Cristo, cuja ordem é muito superior à
ordem levítica (Hb.7:17). O sacerdócio de Jesus é superior ao sacerdócio
levítico porque Jesus jamais pecou e, por isso, pôde oferecer um sacrifício
perfeito, único e que não cobriu, mas tira o pecado de todos os que o aceitarem
como Senhor e Salvador. Na Cruz do Calvário, quando ele declarou “está consumado”(João
19:30), o preço da redenção foi pago; a punição exigida pela justiça de Deus
estava concretizada sobre Jesus. Agora, nEle o homem pode ser justificado.
Todo o sistema de sacrifício levítico, apresentado
no Antigo Testamento, deu lugar ao sacrifício completo de Jesus no Calvário. Dia
após dia, um sacerdote levita entrava no templo e oferecia sacrifícios de
animais para a remissão de pecados, conforme determinava a Lei de Moisés. Mas o
fato é que nenhum de seus sacrifícios podia torná-los perfeitos ou livrá-los da
consciência do pecado (Hb.9:9). Por quê? “Porque é impossível que o sangue de
touros e de bodes remova pecados” (Hb.10:4). O sangue de animais não tinha o
poder de efetuar a redenção; a imolação ritual não podia purificar a carne,
isto é, realizar a purificação cerimonial (Hb.9:13).
Deus Pai enviou Seu Filho Jesus para ser o
sacrifício perfeito pelo pecado. Jesus tomou parte na obra da redenção e
tornou-se o sacrifício da expiação, com profundo e total envolvimento, e não em
resignação passiva. Obedecendo à vontade do Pai, Cristo entregou Seu corpo como
uma oferta definitiva, permitindo que o pecado do homem fosse removido (Hb.10:5-10).
A conclusão é óbvia: Deus revogou o primeiro sacrifício, que dependia da morte
de animais, para estabelecer o segundo sacrifício, que dependia da morte de
Cristo.
I. QUANTO AO
ASPECTO DE SUA TIPOLOGIA
1. Um sacerdócio com realeza. Na
ordem sacerdotal arônico, proveniente da tribo de Levi, não era previsto a
existência de um sacerdote-rei. No contexto bíblico, isto só poderia ocorrer se
fosse de outra ordem. Na ordem sacerdotal levítico, a função sacerdotal de
oferecer sacrifícios e representar o povo diante de Deus, cabia somente aos
sacerdotes (1Sm.13:9,13; 2Cr.26:16-18); aos reis de Israel não lhes era dada esta
nobre função; aqueles que quiseram usurpar esta função sagrada, como Saul e o
rei Uzias, foram repreendidos severamente pelo Senhor (1Sm.13:8-14;
2Cr.26:16-23).
A Bíblia diz que Melquisedeque era, ao mesmo
tempo, rei e sacerdote (que era impossível sob a Lei de Moisés), e como rei
governava sobre Salém (cf. Gn.7:2). A figura histórica de Melquisedeque como
rei de Salém aparece em Gênesis 14:18-20 no contexto da guerra de cinco reis
contra quatro no vale do rei. Ele parece ter sido um homem extraordinário que
serviu ao seu povo tanto no oficio de rei como no de sacerdote. Salém se tornou
posteriormente a cidade de Jerusalém.
Durante anos, muitos acreditavam que Melquisedeque
fosse o próprio Cristo aparecendo em forma humana a Abraão – o que é
tecnicamente chamado de “cristofania” (um aparecimento de Cristo no Antigo
Testamento); isto, porém, parece improvável porque foi dito que Melquisedeque
se assemelhava a Cristo (Hb.7:3). O texto não diz que Jesus se assemelhava a
Melquisedeque, mas que Melquisedeque se assemelhava a Jesus, de forma que o seu
sacerdócio continuou sem interrupção. Uma antiga interpretação judaica dizia
que Melquisedeque era um ser angelical, mas não há qualquer evidência em
Gênesis, em Salmos 110:4 ou em Hebreus para apoiar esta teoria. A melhor
interpretação é que Melquisedeque era um sacerdote-rei histórico, não-judeu,
que viveu nos tempos antigos. Estudiosos da Bíblia supõem que Melquisedeque
pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes, que tiveram conhecimento do Deus
Altíssimo pela tradição oral inspirada, transmitida desde o princípio, quando a
religião era única e monoteísta e que conservava a esperança do Redentor da
raça humana, prometido por Deus, após a queda do homem, conforme Gn.3:15. Ele
era uma figura e um tipo de Cristo (Sl.110:4).
Portanto, Melquisedeque foi um homem real, um
servo de Deus, cuja história é registrada no Livro de Gênesis de forma a
fazê-lo semelhante Àquele que viria e cumpriria completamente os ofícios de
sacerdote e rei, e que seria verdadeiramente um Sacerdote para sempre. Jesus,
que era da tribo de Judá, é levantado por Deus como Sumo Sacerdote segundo a
ordem de Melquisedeque. Diz o autor aos Hebreus: “Tu és sacerdote eternamente,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb.7:17). Sendo da ordem de Melquisedeque,
Jesus Cristo era tanto sacerdote como rei.
2. Um sacerdócio firmado na justiça. Uma
das razões pelas quais Melquisedeque é tão significativo é que o seu nome
significa “rei de justiça” (o sufixo deste nome, “quisedeque”, significa
“justiça”). Ele é também o “rei de paz”, porque Salém significa “paz” (o termo
“Salém” pode ser traduzido como “paz”). No nome e na posição de Melquisedeque,
a justiça e a paz andam juntas. Portanto, Melquisedeque representa os mesmos traços
de caráter do Messias, o Senhor Jesus Cristo, que revelou a justiça e a paz de
Deus; Ele brevemente reinará com justiça e cujo reinado não terá fim
(cf.Is.32:1; Jr.23:5; Lc.1:33).
3. Um
sacerdócio com legitimidade divina. Afirma o texto sagrado: “sem
pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas,
sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre”
(Hb.7:3). Aqui, o autor sagrado não fornece uma genealogia para Melquisedeque,
nem um registro de sua morte. Conquanto a Bíblia não forneça detalhes sobre a
vida de Melquisedeque, é muito provável que ele tenha sido um rei e um
sacerdote humano que realmente teve pais e que, portanto, nasceu e por fim
morreu.
Por não haver nenhum registro de pai, ou mãe,
ou genealogia, no texto bíblico, é como se ele não os tivesse. Pelo fato de o
texto não registrar princípios de dias nem fim de dias, é como se Melquisedeque
nunca tivesse nascido ou morrido. A comparação é feita entre a ordem sacerdotal
de Melquisedeque e a de Arão, que dependia inteiramente da genealogia. Os
sacerdotes na família de Arão sucediam-se por ocasião da morte do sacerdote
anterior, tornando a data da morte extremamente importante. Nenhum dos aparatos
do sacerdócio de Arão (Êxodo 39) foi aplicado a Melquisedeque, exceto a sua
nomeação por parte de Deus. Desta forma, Melquisedeque prefigura o Senhor Jesus
Cristo, que é o emissário especial de Deus, cujo sacerdócio é dotado de plena legitimidade
divina.
II. QUANTO AO ASPECTO DE SUA NATUREZA
“A natureza do sacerdócio de Cristo é expressa
pela sua imutabilidade, perfeição e eternidade”.
1. Um
sacerdócio perfeito. Diz o autor de Hebreus: “De sorte que,
se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a
lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo
a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?”
(Hb.7:11). Aqui, o autor destaca que o problema do relacionamento do homem com
Deus só pôde ser resolvido por um sacrifício perfeito, algo que o sistema
levítico não tinha possibilidade de realizar.
Em Hb.7:11-19, o autor procura mostrar como o
sacerdócio levítico e o sistema ritual de sacrifícios eram insuficientes para
salvar o povo de seus pecados. Portanto, este sistema era meramente preparação,
uma figura, do que viria e se cumpriria. Se o sacerdócio levítico tivesse sido
suficiente, o autor pergunta: “que necessidade havia logo de que outro
sacerdote se levantasse?”. O sacerdócio levítico não poderia permitir que o
povo se aproximasse de Deus, porque apenas os sacrifícios de animais realmente
não poderiam fazer nada para remover os pecados. Assim, os propósitos de Deus
não poderiam ser alcançados através do sacerdócio do Antigo Testamento, porque,
desde o principio, este tinha o propósito de ser uma sombra daquilo que estava
por vir. Quando viesse esse caminho melhor, o antigo caminho se tornaria
obsoleto (veja Hb.8:7-13). Um novo caminho significaria uma nova lei e um novo
sistema (Hb.7:12). Deus não poderia simplesmente prover um outro sacerdote
humano antes; Ele proveu algo novo.
O fato é que a perfeição não era realizável
mediante o sistema levítico. Os pecados nunca eram aniquilados, e os adoradores
nunca obtinham descanso de consciência. Mas outro tipo de sacerdócio esta agora
em vigor. O sacerdote perfeito veio, e seu sacerdócio não é reconhecido
“segundo a ordem de Arão”, mas, “segundo a ordem de Melquisedeque”. Como
Sacerdote, Ele não oferece sacrifícios a Deus, mas sim ofereceu-se em
sacrifício, e mediante este sacrifício vicário é que podemos ser chamados de
filhos de Deus. Jesus é verdadeiramente o Sumo Sacerdote superior e perfeito.
2. Um
sacerdócio imutável. O Espírito Santo havia falado pela boca
de Davi que seria levantado um sumo sacerdote de outra ordem, a ordem de
Melquisedeque (Sl.110:4). Se uma nova ordem se instauraria, consequentemente a
antiga passaria. Isto se cumpriu literalmente em Jesus Cristo. Diz o texto
sagrado:
“Porque aquele de quem essas coisas se
dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar, visto ser
manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca
Moisés falou de sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de
Melquisedeque, se levantar outro sacerdote, que não foi feito segundo a lei do
mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb.7:13-16).
O fato de que o sacerdócio mudou reforça a
conclusão de que também mudou toda a estrutura legal sobre a qual ele era
baseado, a lei mosaica. Diz o texto sagrado:
“Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb.7:12).
Este é um anúncio bastante radical. Na
verdade, a lei não foi mudada, mas foi cumprida; deste modo, as suas partes
cerimoniais tornaram-se obsoletas (tais como o sistema de sacrifícios de
animais). As leis cerimoniais foram substituídas pelo próprio Cristo, que foi o
sacrifício final e suficiente.
Cristo não é apenas um outro sacerdote no
antigo sistema; antes, o sistema inteiro foi mudado, com Cristo como o Sumo
Sacerdote no novo sistema. Para os cristãos que estavam se inclinando ao
judaísmo, estas palavras serviriam como um lembrete de que os seus antigos caminhos
judaicos tinham sido cumpridos e substituídos pelo precioso Cristo.
Portanto, o sacerdócio de Cristo não há
interrupção em sua eficácia (Hb.7:24). Ele é imutável e intransferível.
3. Um
sacerdócio eterno. Diz o autor sagrado: “Porque dele assim
se testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque”
(Hb.7:17). Deus Pai declarou Jesus Cristo sacerdote para sempre. O pensamento
destacado aqui é o fato de que, diferente do sacerdócio de Arão, o sacerdócio
de Cristo é para sempre. Seu ministério nunca cessará porque sua vida nunca
terá fim. Aquele que nunca morre tornou-se o Sumo Sacerdote final, e o seu
sacrifício consertou para sempre a ruptura que o pecado humano criou entre o
Deus Todo-poderoso e a humanidade pecadora.
O historiador Josefo estimou que oitenta e
três sumos sacerdotes serviram a Israel, desde o primeiro sumo sacerdote, Arão,
até a queda do segundo Templo, em 70 d.C. Cada um serviu em seu oficio, e por
fim morreu; mas, Jesus permanece eternamente. Ele é imortal, cumprindo a
profecia de Salmos 110:4. O antigo sacerdócio era incompleto e agora está
abolido.
“E, na verdade, aqueles foram feitos
sacerdotes em grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer;
mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto,
pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles” (Hb.7:23-25).
III. QUANTO AO
ASPECTO DE SEUS ATRIBUTOS
“Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb.7:26).
1. Um
sacerdócio santo (Hb.7:26). O Sacerdote era uma pessoa
que deveria viver separada do pecado, tanto que as regras relativas à separação
eram muito mais rigorosas para os sacerdotes do que para os demais israelitas,
a ponto, mesmo, de Arão ter sido chamado “o santo do Senhor” (Sl.106:16). A lei
mosaica exigia que o sumo sacerdote não apresentasse nenhum defeito, inclusive
físico (Lv.21:16-23). Até suas vestes eram santas (Êx.28:2,4; 29:29). Contudo,
eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado.
O sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão
por causa da excelência pessoal. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, era e é santo no
sentido pleno da palavra. Ele sempre viveu separado do pecado - é o Santo
(Lc.1:35), o Santo e o Justo (At.3:14), o Santo de Deus (Mc.1:24; Lc.4:34)-, de
forma que, como tal, também preenchia este requisito para ser sacerdote. Ele
cumpriu perfeitamente tudo o que Deus Pai exigia em um sumo sacerdote que
traria a salvação para pessoas pecadoras.
2. Um
sacerdócio inculpável (Hb.7:26). Cristo é inculpável ou
inacusável em sua conduta perante os homens. Ele é completamente
irrepreensível. Durante a sua vida terrena, mesmo quando enfrentou a tentação,
Jesus permaneceu completamente obediente a Deus e completamente sem pecado. Ele
guardou-se da corrupção do mundo. O apóstolo Pedro afirmou que Jesus "não
cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano" (1Pd.2:22). Portanto, não
havia culpa nem imperfeição no sacerdócio de Cristo Jesus.
3. Um
sacerdócio imaculado. O cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser
sem mancha (Lv.9:3; 23:12; Nm.6:14). Cristo é sem mácula em seu caráter pessoal.
Ele, como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29), não
tinha qualquer mancha moral ou espiritual. Ele permanece puro mesmo quando lida
com pessoas pecadoras em um mundo corrompido. Diferentemente dos sacerdotes
arônicos, Jesus é “separado dos pecadores”. O Filho de Deus assumiu a condição
humana e se fez pecado pelos homens (2Co.5:21), mas sem pecar. Cristo é o
sacerdote imaculado e sem manchas.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Aula que, a partir da
semelhança de Cristo com Melquisedeque, o sacerdócio de Cristo é superior ao
sacerdócio da ordem levítica. Enquanto o sacerdócio de Arão e a ordem levítica
eram imperfeitos, a superioridade do sacerdócio de Cristo se revela na sua
perfeição como Filho de Deus. Com isto, devemos ser gratos a Deus por fazermos
parte de sua linhagem espiritual.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Sacerdócio eterno
de Cristo. PortalEBD_2008.
A paz querido. Sempre acesso seu blog para enriquecimento das aulas. Que Deus continue te abençoando.
ResponderExcluirPAZ DO SENHOR. GOSTARIA DE AGRADECER PELOS SEUS COMENTÁRIOS, SAO BENÇÃOS! AJUDA MUITO EM MINHAS AULAS! DEUS CONTINUE TE ABENÇOANDO!
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