4º
Trimestre/2018
Texto Base:
Lucas 18:9-14
"E o que a
si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será
exaltado" (Mt.23:12).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo das Parábolas de Jesus, trataremos nesta
Aula da Parábola do “Publicano e do Fariseu”. É uma Parábola unicamente lucana.
Ela nos ensina como devemos nos relacionar com Deus. Jesus dirige esta Parábola,
muito provavelmente, a um grupo de fariseus, uma vez que propôs a Parábola a
alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os
outros (Lc.18:9). Esta Parábola é a história de dois homens, duas orações e
dois resultados. Os dois foram ao mesmo templo, em uma mesma hora e com o mesmo
propósito: orar; o resultado, porém, foi bastante diferente: Deus ouviu a
oração de um, mas não respondeu a oração do outro. Com esta Parábola, Jesus nos
mostra que a oração deve ser feita sempre com humildade, com reconhecimento da
soberania divina e da indignidade do homem como tal. Não podemos jamais orar
com arrogância, como que a mostrar méritos ou "direitos" diante do
Senhor. Oramos porque precisamos de Deus e da Sua misericórdia, porque nos
reconhecemos pecadores e carentes da graça de Deus, algo bem diverso das
orações dos modernos fariseus, que são uma sequência de "exigências",
"determinações", "decretos", “profetadas” e tantas outras
invencionices, cujo único resultado é fazer com que as pessoas orgulhosas e soberbas
saiam sem justificação do local de culto onde vociferaram suas tolices. Iremos
aprender na Aula de hoje que o que Deus quer é que nossas orações sejam
permeadas de sinceridade, humildade, reverência, submissão e arrependimento.
Quando oramos a Deus, devemos confiar em quem Ele é, e não em quem nós somos.
I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO FARISEU E DO
PUBLICANO
Depois de haver ensinado, por meio da Parábola do "juiz
iníquo", a respeito da necessidade e da persistência da oração, Jesus
conta essa Parábola com o objetivo de ensinar a atitude correta na hora da
oração. As duas parábolas de Lc.18:1-14 se relacionam estreitamente. A oração
deve ser tanto com perseverança (Lc.18:1-8) quanto com humildade (Lc.18:9-14).
Na Parábola em epígrafe, vemos dois extremos da sociedade judaica: o Fariseu, que
se julgava justo, e o Publicano (cobrador de impostos), considerado um traidor
da nação de Israel.
1. O Fariseu. Fariseu é o nome dado a um grupo de judeus
devotos do Pentateuco (Torá), surgido no século II a.C.. Opositores dos
saduceus, seguiam muitas tradições orais, em conjunto com a Lei escrita, e
foram os principais mentores da instituição da sinagoga. Pertenciam ao grupo da
elite religiosa conhecida por sua observância cuidadosa da Lei judaica. Acreditavam
que para agradar a Deus cada pessoa tinha de obedecer rigorosamente a todas as
regras das Escrituras e da tradição (Mt.15:1,2). Eles observavam as práticas de
forma minuciosa, contudo, esqueciam do espírito da Lei, como se nota na forma
como se lavavam antes de fazer as refeições, no lavar dos copos, jarros, os
vasos de metal e as roupas de cama (Mc.7:3,4), em pagar cuidadosamente o dízimo
(Mt.23:23), na observância do sábado, etc. Nem tudo era reprovável nesta classe
de judeus. Eles acreditavam na ressurreição e aguardavam a vinda de um Salvador
de Israel.
Fariseu significa "separado"; era assim identificada porque não
somente se separava dos outros povos, mas também dos outros judeus,
principalmente os publicanos. Jesus condenou-os
por sua hipocrisia (Mt.23:27,28). Na
Parábola em epígrafe, o fariseu era separatista, mas o seu separatismo e o seu
desejo de permanecer puro perante Deus tinham resultado num modo de vida de
fanatismo religioso.
Os fariseus faziam muitas coisas só para manter as aparências e davam
mais atenção à tradição oral do que à Palavra de Deus. Muitos caíram no
legalismo: obedecer a todas as regras se tornou mais importante que um coração
sincero e arrependido. Jesus condenou
o desprezo e a falta de compaixão por todos que não conseguiam seguir o alto
padrão de vida dos fariseus. Porém, é
importante entender que Jesus não reprovava o que era certo do ensinamento dos
fariseus (Mt.23:1-3), mas desabonava a conduta deles, a hipocrisia, que era uma
marca persistente da personalidade dos fariseus.
Na Parábola em comento, o fariseu não foi criticado por orar em pé, que
era a posição judaica mais usada na oração. Ele também não foi criticado pelo
que disse, afinal, fazia mais do que a lei exigia. O problema do fariseu é o
que ele não disse. Ele não contou nada sobre os seus pecados. Só levou em conta
a sua poupança de méritos. Pior ainda, creu que Deus o escutava e não escutava
o Publicano. Ele não tinha mesmo como ser perdoado, porque nem tinha consciência
de que era pecador.
Jesus disse que o fariseu não estava orando a Deus; ele orava de si para
si mesmo (Lc.18:11). E esse é o tipo de oração hipócrita. Sua oração não ia
além do templo, não chegava à presença de Deus. Sabe por quê? Porque se tratava
de uma oração vazia, egoísta, vaidosa, cheia de arrogância, exaltação e
pedantismo religioso. Ora, nós sabemos que Deus não ouve a oração feita com
arrogância.
2. O Publicano. Os Publicanos eram
alguém da periferia da sociedade judaica e que não seguiam a Lei Mosaica; eram
considerados desterrados, e pessoas religiosas tendiam a evitar associação com eles.
Eram cobradores de impostos para o império romano. Os impostos do império eram
pesados e os publicanos muitas vezes cobravam além do determinado; alguns
acabavam extorquindo grandes quantias de dinheiro do seu próprio povo
(Lc.3:12,13; 19:8). Por isso, eram conhecidos como ladrões, avarentos, sem
coração; eram julgados como pessoas de vil caráter. Os judeus, que não gostavam
do domínio romano, sentiam-se traídos pelos publicanos. Os fariseus e outros
religiosos, para não serem contaminados, se recusavam a conviver com eles.
Todavia, Jesus não rejeitou nenhum publicano que queria segui-lo; Jesus
nunca rejeitou ninguém que quisesse segui-lo. Ele via que os Publicanos
eram pessoas que muito precisava da salvação. Por isso, Ele fazia amizade
com publicanos, visitava suas casas e até comia com eles. Mas, o povo,
principalmente os fariseus, murmurava pelo fato de Jesus comer com eles (Mt.9:11;
11:19; Lc.5:29; 15:1,2). Jesus não aprovava suas condutas, porém oferecia a
eles perdão e uma chance para mudarem de vida (Mt.9:11-13).
“E os fariseus, vendo
isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os
publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de
médico os sãos, mas sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa:
Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos,
mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt.9:11-13).
Na Parábola em epígrafe, o Publicano, ao contrário do fariseu, via muito
bem a si mesmo e só tinha olhos para os seus pecados. Não tinha nenhuma
pretensão, mas apenas a convicção de que era pecador. Esse homem humilde e
convicto de seu estado de pecador estava arrependido diante de Deus. Seu único
pedido era por piedade, ou seja, por perdão. O fariseu agradeceu a Deus por ser
“muito melhor” e “mais santo” que o publicano. Mas, o publicano reconheceu que
era pecador e pediu perdão dos seus erros. Deus perdoou o publicano
arrependido, mas não o fariseu arrogante (Lc.18:13,14). O publicano saiu
do templo perdoado e justificado.
“Digo-vos que este
publicano desceu justificado para sua casa, e não aquele fariseu...”(Lc.18:14).
3. A oração. A oração é importante, mas a atitude de orar
é de vital importância. Na Parábola em comento, o fariseu e o publicano subiram
ao Templo, em uma mesma hora, com o propósito de orar (Lc.18:11-13). O
propósito dos dois de buscar a Deus em oração era plausível, mas a oração dos
dois estava em contraste, e o resultado da sua oração foi totalmente diferente;
ou seja, Deus ouviu a oração do publicano, que era considerado uma pessoa que
vivia em grandes pecados e vícios, sendo mesmo equiparado aos gentios, mas não
respondeu à oração do fariseu, que era tido como um homem piamente religioso, e
que cumpria a Lei com rigor exemplar.
O fariseu tinha uma aura de autoconfiança arrogante. Em posição normal de
oração, ou seja, de pé, ele anunciou a Deus o tipo de pessoa que ele era:
“O fariseu, estando em
pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os
demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo” (Lc.18:11).
Ele não ofereceu graças a Deus por ter recebido bênçãos. Sua oração
apenas registrou suas atividades de maneira autoglorificadora; ele lembrou a
Deus dos vícios dos quais ele se privava e das práticas piedosas nas quais se
dedicava. A Lei exigia um dia anual de jejum, no Dia da Expiação (Lv.16:29; 23:27),
e o dízimo a ser pago de certas colheitas (Lv.27:30-32; Dt.14:22-27). Mas, o
fariseu foi além dessas exigências, jejuando duas vezes por semana e dava
dízimos de tudo. Suas declarações refletem que ele era um homem orgulhoso e
insensível, e não percebia a graça provedora de Deus. Ele não pediu nada a
Deus, nem lhe expressou gratidão. Ele queria que Deus apreciasse que homem
maravilhoso ele era.
O Publicano, a quem os fariseus menosprezavam, estava também em pé no
Templo. Mas, em contraste com o fariseu, ele estava sob convicção dos erros que
fez. Embora na posição normal de oração, ou seja, de pé, o Publicano “nem ainda
queria levantar os olhos ao céu”. Como sinal de tristeza e arrependimento, ele
se entregou à graça de Deus e orou da seguinte maneira: “... Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”(Lc.18:13). Ele pediu
a Deus que removesse sua ira contra ele por haver pecado. Ele sabia que pecou
e, ao preitear o perdão, ele imaginava o que merecia, castigo.
Os resultados das duas orações foram totalmente diferentes. Foram
diferentes porque as suas orações foram diferentes. O próprio Jesus anunciou os
resultados:
“Digo-vos que este
publicano desceu justificado para sua casa, e não aquele fariseu...”(Lc.18:14).
Com humildade, o Publicano clamou por misericórdia e recebeu a aprovação
de Deus sendo-lhe perdoado os seus pecados. Por outro lado, o fariseu hipócrita
não foi justificado. E Jesus disse o porquê: “porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será
exaltado” (Lc.18:14).
Sermos crentes religiosos, irmos ao templo todos os domingos, colocarmos a
Bíblia debaixo do braço e participarmos do culto, darmos ofertas e dízimos, não
significa que estamos agradando a Deus; é só dá uma lida nas Cartas que Jesus
enviou às Igrejas da Ásia (Ap.cap.2 e 3).
A religiosidade que ostentamos em nossa vida não significa nada para
Deus, se não brotar de um coração sincero, humilde e se não for de acordo com a
vontade dEle. O orgulho religioso é uma desgraça na vida de uma pessoa, e
mostra o quanto ela está distante de Deus. É o caso do fariseu; ele mostrou o
quanto estava distante de Deus quando exaltou suas próprias obras como sendo,
na visão dele, o motivo de Deus o aceitar em Sua presença. Porém, ele apenas
mostrou o quanto adorava a si mesmo e não a Deus (cf. Lc.18:11). O orgulho
é perigoso, pois nos leva a confiar em nós mesmos e em nossas habilidades, e
nos influencia a ser insensíveis às necessidades dos outros.
Como estamos comparecendo diante de Deus? Com que mentalidade nós oramos?
Como aquele que já sabe tudo e por isso só ora por obrigação, ou como alguém que
está convicto de sua própria fraqueza e por isso busca o Senhor com ardente
desejo interior? Em um dos Salmos encontramos a seguinte oração:
"Como suspira a
corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A
minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Sl.42:1,2).
Somos pessoas que de fato têm sede e fome por um encontro com o Senhor,
ou estamos contentes quando terminamos o nosso tempo diário de oração? Cada um
de nós deve dar uma resposta sincera a esta pergunta. Uma coisa é certa: a
presunção, o fato de se considerar melhor que os outros, porque se sabe quão
maus eles são, faz parte do perfil dos fariseus. Na Parábola em comento, o
fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente do
publicano; mas, se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em
que orarmos a Deus, então, como Jesus disse, voltaremos
"justificados" para nossa casa.
"Quem a si mesmo se
exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será
exaltado"(Mt.23:12).
Que nós, ao desenvolver nossa vida de oração, sejamos humildes para
confessar a nossa pecaminosidade, a nossa necessidade de Deus e a necessidade
do perdão que só Ele oferece.
II. A HIPOCRISIA DO FARISEU
O que é hipocrisia? É um disfarce, uma mentira, um engano. Quem é
hipócrita? É um ator que representa um papel diferente daquilo que é na vida
real; ele faz o papel de outra pessoa; ele apresenta-se como uma pessoa
totalmente distinta da sua verdadeira personalidade. O hipócrita vive de
aparências; ele se protege atrás de máscaras; vive uma mentira, uma farsa. Nada
há pior do que uma pessoa ser por fora aquilo que não é por dentro.
A hipocrisia dos fariseus foi altamente reprovada por Jesus durante todo
o seu ministério terreno. Cito duas advertências de Jesus no que tange à
posição hipócrita desse segmento religioso do povo judeu:
“E, quando orares, não
sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às
esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já
receberam o seu galardão (Mt.6:5).
“Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por
fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de
mortos e de toda imundícia” (Mt.23:27).
Todavia, é importante entender que Jesus não reprovou o que era certo do
ensinamento dos fariseus (Mt.23:1-3), mas desabonava a conduta deles.
“Então, falou Jesus à
multidão e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados
os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas
não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam”.
Na Parábola em comento, as ações e a oração do fariseu fornecem uma
imagem da sua vida e do seu trabalho. A hipocrisia do fariseu foi tão
abominável que bloqueou qualquer atendimento de sua oração. A oração dele,
inicialmente, mostra quem ele é. As palavras de sua oração, embora
provavelmente sinceras, não eram pronunciadas com a atitude correta de
humildade diante de Deus. Veja a seguir o porquê da sua oração não ter sido
atendida (Adaptado do Livro “Lucas – Jesus, o Homem perfeito”, do Rev.
Hernandes Dias Lopes).
1. A sua oração não foi atendida porque foi apenas
um discurso retórico para exaltar suas próprias virtudes (Lc.18:11,12). Orar não é proferir
fórmulas bonitas, bem colocadas retoricamente, ainda que regadas de lágrimas.
Orar não é se exaltar nem proclamar suas próprias virtudes. O fariseu não orou;
ele fez um discurso eloquente para se autopromover. Ele não orou; ele tocou
trombetas. Ele não orou; ele aplaudiu a si mesmo. Ele não orou; ele fez cócegas
no seu próprio ego. Ele não orou; ele fez um solo do hino "quão grande és
tu" diante do espelho. Ele não orou; ele apenas informou a Deus acerca do
grande homem que ele era. Não existe nada mais abominável aos olhos de Deus do
que a soberba. É impossível orar sem primeiro calçar as sandálias da humildade.
Soberba e oração não podem habitar no mesmo coração ao mesmo tempo.
2. A sua oração não foi atendida porque não se dirigia
precisamente a Deus (Lc.18:11). A oração do fariseu era voltada para a exaltação de si mesmo e dirigida
ao plenário que estava ali concentrado. Deus era apenas uma moldura para
realçar os seus feitos notáveis e a perfeição de suas ações. Deus era apenas um
trampolim para o fariseu alcançar a notoriedade pública e a admiração do povo.
Ele agradece não as dádivas divinas, mas suas próprias virtudes. A oração do
fariseu estava empapuçada de orgulho, recheada de vaidade, entupida de soberba.
O fariseu estava tão cheio de si mesmo que não conseguia ver a Deus nem amar o
próximo. A oração do fariseu não foi dirigida ao céu, mas às profundezas da sua
própria vaidade. Ele não falou com o Deus Supremo que está no trono do
universo, mas se dirigiu ao seu próprio eu, encastelado na torre de sua soberba
insana.
3. A sua oração não foi atendida porque estava fora
dos princípios de Deus. A oração do fariseu estava fora dos princípios de Deus em quatro áreas.
a) Pela sua
posição (Lc.18:11). Ele orou de pé, em lugar
elevado, à vista de todos. Sua oração foi rejeitada não por causa de sua
posição física, mas por sua altivez diante de Deus e do próximo. Ele se colocou
de pé para melhor destacar a sua pessoa e os seus decantados méritos. Ele orou
perto do altar, o lugar do sacerdote. Buscava as luzes do palco e queria que os
holofotes estivessem com o seu feixe de luz concentrado nele.
b) Pelas suas
palavras (Lc.18:11,12). Engenhosamente, ele escolheu as palavras que melhor enfocaram as suas
virtudes e tornaram mais abomináveis e desprezíveis a pessoa dos outros.
Avultou o pronome eu em igualdade ao nome de Deus e superior aos demais homens.
Considerou-se o melhor de todos os crentes e viu as demais pessoas como
ladrões, injustos e adúlteros.
c) Pelas suas
intenções (Lc.18:9,10). O fariseu procurou o templo no momento em que havia muita gente. Ele
queria plateia. Desejava destaque e evidência. Entrou no templo para orar e não
orou, dirigindo-se a Deus como alguém autossuficiente. Ele entrou no santuário
sem amor no coração pelo próximo e, por isso, sem amor a Deus.
d) Pelos seus
sentimentos (Lc.18:11). Sua oração é uma peça de acusação leviana contra todos os homens e mais
particularmente contra o humilde publicano. O fariseu olha para o próximo com
desdém e desfere contra ele perversas acusações e caluniosas referências. O
fariseu nada pediu. Ele tinha tudo e era tudo. Ele pensava ser quem não era.
Ele era um megalomaníaco, uma pessoa adoecida pelo sentimento de auto exaltação.
4. A sua oração não foi atendida porque não se
baseava na misericórdia de Deus, mas na confiança própria (Lc.18:14). A base da sua oração não
era a graça de Deus; ele confiava não em Deus, mas em si mesmo; ele orava não
para se quebrantar, mas para exaltar-se. Nenhum orgulhoso que menospreze seu
semelhante pode prevalecer na oração. O fariseu entrou no templo cheio de nada
e saiu vazio de tudo.
III. A SINCERIDADE DO PUBLICANO
1. Sinceridade, humildade e arrependimento. O Publicano quando foi
ao local de oração parecia saber muito bem a extensão do seu pecado. Ele se
sentia tão mal que não ousava sequer levantar os olhos ao Céu, para o trono de
Deus; em lugar disto, ele batia no peito (um sinal de pesar) pedindo que Deus
tivesse misericórdia dele (Lc.18:13). O termo grego utilizado é uma expressão
forte e definida para uma contrição dolorosa e arrependida, tal como aparece em
Lucas 23:48. Ele admitia ser um pecador. Ele tem consciência de sua condição,
por isso, prostra-se em sinal de sinceridade e arrependimento. Ele tinha se
convencido do seu pecado e tinha vindo ao único lugar onde poderia encontrar
perdão. Ele tinha vinda até Deus, humildemente, reconhecendo que não merecia
misericórdia. Surpreendentemente, somente ele voltou para casa justificado
diante de Deus. A palavra “justificado” significa o ato de Deus de declarar a
pessoa “inocente” do pecado. Somente ele reconheceu o seu pecado; assim, ele
foi o único que Deus justificou. O fariseu fanático e arrogante tinha dito que
não tinha pecado; assim, não havia nada que Deus pudesse justificar nele. Ele
voltou para casa exatamente como tinha entrado no templo.
“A oração que o pecador faz com humildade e arrependimento leva à
conversão genuína, que, por sua vez, se evidencia pela conversão comprovada,
pela reparação dos erros cometidos e a volta às atividades que honram a obra de
Deus e o glorificam. Os atos falam mais alto que as palavras. São os atos da
pessoa que atestam a sinceridade da sua conversão. Se você está em falta diante
de Deus, quanto maior for seu erro, tanto maior deve ser a humildade e o
arrependimento demonstrados em sua oração. Você estará orando a um Deus vivo
que conhece tudo que é rico em misericórdias" (SOUZA, Estevam Ângelo de.
Guia Básico de Oração, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.124,125-26).
2. A oração do Publicano foi aceita. A oração arrogante do Fariseu
foi rejeitada, mas a oração sincera e humilde do Publicano foi aceita (Lc.18:13,14).
Por quê?
·
Primeiro, porque foi uma petição
genuína - o publicano se apresentou a Deus como um suplicante necessitado de
misericórdia.
·
Segundo, porque foi uma oração
pessoal - ele não falou a respeito de seu próximo, mas de si mesmo.
·
Terceiro, porque foi uma oração
humilde e sincera - ele reconheceu seu pecado e o confessou.
·
Quarto, porque foi uma oração
que brotou de um coração quebrantado, humilde, sincero e com profundo
arrependimento - ele suplicou misericórdia, propiciação.
·
Quinto, porque foi uma oração
profunda, que brotou do seu coração - ele batia no peito e dizia: “ó Deus, sê propício a mim, pecador”.
O texto bíblico conclui dizendo que o Publicano, e não o Fariseu, desceu
para a sua casa justificado, ou seja, perdoado e "inocentado" dos
seus pecados, porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e toda aquele
que se humilhar será exaltado (Lc.18:14).
“Porquanto, qualquer que
a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será
exaltado” (Lc.14:11).
O pecador arrependido que humildemente busca a misericórdia de Deus,
certamente, a encontrará. Atualmente é muito comum líderes ensinarem, aos fiéis,
formas de orar, que em nada têm a ver com as Escrituras Sagradas. Vocábulos
como "determinar", "não aceitar" ou "se revoltar"
são incompatíveis com os princípios bíblicos de como deve ser feita uma oração.
Na Parábola, o Publicano nos mostra que a oração deve ser feita com humildade e
sinceridade, reconhecendo diante de Deus que somos miseráveis pecadores. O
testemunho da mulher sírio-fenícia - “Sim,
Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus
senhores" (Mt.15:27) -, confirma este princípio. A oração do Pai Nosso
- "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt.6:10) -,
reafirma tal conduta. Logo, devemos rejeitar completamente uma atitude de
oração que enalteça o nosso ego, a nossa natureza, que tenha a pretensão de nos
elevar diante de Deus, e que não nos coloque em nosso devido lugar, enquanto
falamos com o Criador dos Céus e da Terra. Pense nisso!
CONCLUSÃO
Aprendemos por meio desta Parábola que ninguém pode orar a Deus verdadeiramente
a não ser que tenha um coração quebrantado. Devemos nos aproximar de Deus como
o Publicano, reconhecendo nossa pecaminosidade e arrependendo-nos de pecado
cometido. Devemos orar com sinceridade e arrependimento diante de Deus. Quem se
humilha, quem se curva até ao pó, será amorosamente conduzido ao coração do
Pai.
“Os sacrifícios para Deus
são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não
desprezarás, ó Deus” (Sl.51:17).
Não há espaço para soberba diante de Deus, pois o Senhor declara guerra
contra os soberbos. Nenhuma oração prospera diante de Deus a não ser que o
coração esteja vazio de vaidade e cheio de amor. Onde há inveja, mágoa ou
desprezo pelo próximo, podemos encontrar abundante religiosidade, mas não
comunhão com Deus; podemos ver pomposa encenação, mas não oração que chega aos
céus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão
– nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Lucas, Jesus o Homem perfeito.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. “Oração - O Diálogo da Alma com Deus”_PortalEBD_2008.
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