4º
Trimestre/2018
Texto Base:
Lucas 10:25-37
"E que
amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de
todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os
holocaustos e sacrifícios" (Mc.12:33).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo das Parábolas de Jesus, trataremos nesta
Aula da Parábola do Bom Samaritano. Esta é uma das Parábolas mais belas, mais
profundas e mais intrigantes contadas por Jesus. Só aparece no Evangelho de
Lucas. Na Aula passada aprendemos sobre o perdão ao próximo, e agora Jesus
ensina quem é o próximo. Jesus quis dar uma lição especial aos judeus,
principalmente ao intérprete da Lei que o inquiriu. Amar o próximo já era um
mandamento compreendido há muito pelos rabinos, entretanto, a novidade é que o
próximo, objeto desse amor, poderia ser alguém com crenças diferentes, costumes
distintos e valores completamente opostos ao do judeu. Na Parábola, a imagem de
um samaritano (acompanhado de um adjetivo contraditório "bom", pois
para o judeu o samaritano não era bom por natureza) acolhendo um judeu é muito
ousada para qualquer israelita da época. O nosso Senhor é claro em dizer que o
próximo do samaritano é aquele judeu necessitado; o próximo do judeu é o
samaritano necessitado; enfim, o próximo é qualquer pessoa que esteja
necessitando de nossa ajuda, independente da religião, da etnia, dos valores que
elas portam. Jamais podemos perder de vista que somos os portadores da
compaixão de Jesus para com todos os homens. Enfatizar essa verdade deve ser
nosso maior objetivo nesta Aula.
I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
Jesus contou a Parábola
do Bom Samaritano como resposta a uma pergunta feita por certo doutor da Lei.
Antes de tratarmos a Parábola, vamos analisar alguns destaques com relação a
esse intérprete da Lei de Moisés.
1. O Doutor da Lei (Lc.10:25-28). Esse homem, perito nos primeiros cinco livros
do Antigo Testamento, desejou testar a sabedoria de Jesus. Ele não buscava
informação, mas queria ganhar uma vantagem sobre Jesus ou esperava envergonhar
Jesus. Na verdade, esse perito tentou enganar a Jesus, testando-o ao máximo.
25. E eis que se levantou um certo doutor da
lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
26. E ele lhe disse: Que está escrito na lei?
Como lês?
27. E, respondendo ele, disse: Amarás ao
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.
28. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e
viverás.
O texto nos mostra que o doutor queria apanhar Jesus no contrapé e se
tornou prisioneiro no cipoal de sua própria armadilha. Jesus virou a mesa, e o
escriba que tentou pegar Jesus com as minúcias da Lei é capturado pela
responsabilidade da graça. O doutor queria manter a discussão em nível complexo
e filosófico, mas Jesus o leva para o campo pratico do amor e da ação.
Tratando de um especialista na Lei, a armadilha era para descobrir se
Jesus era fiel às Escrituras e se observava os 613 mandamentos que o judaísmo
prescrevia. Talvez ele tenha pensado que o Senhor repudiava a Lei de Moisés.
a) Sua teologia equivocada (Lc.10:25). Para esse doutor, Jesus era somente um
ensinador, e a vida eterna era algo que ele poderia ganhar ou merecer. Ele fez
uma pergunta interessante, a qual revela o seu equívoco teológico: “...Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?”. Na mente desse doutor, a vida eterna era uma conquista das obras,
e não uma oferta da graça. A pergunta presume que ele tinha de fazer algo para
receber a vida depois da morte. O pensamento dele expressa uma salvação pelas
obras em vez de ser pela graça divina. Para ele, a salvação era uma questão de
merecimento humano, e não uma dádiva divina.
b) Uma pergunta perscrutadora (Lc.10:26). Se o referido doutor tivesse sido humilde e
penitente, o Senhor teria respondido mais diretamente. Nas circunstâncias,
Jesus dirigiu sua atenção à Lei. Jesus poderia ter enfatizado ao doutor da lei
que a vida eterna é um dom de Deus, mas ele não tenta corrigir o pensamento do
doutor da lei. Ele sonda a compreensão que esse perito tinha da Lei,
perguntando: “que está escrito na lei?
Como interpretas?”. Jesus usou, aqui, o método socrático, que consistia
em responder as perguntas que lhe eram feitas com outras perguntas.
Com esta pergunta, Jesus levou o doutor da Lei a dar exatamente a
resposta que Ele queria ouvir. Jesus respondeu perguntando sobre a Lei de
Moisés. Já que o homem era interprete da Lei e queria pôr Jesus à prova acerca
da vida eterna, Jesus devolve-lhe a pergunta, remetendo-o à Lei, para deixar
claro que, pelo padrão da Lei, é impossível ao homem ser salvo, uma vez que a Lei
exige uma perfeita relação do homem com Deus e com o próximo. A Lei exige
perfeição absoluta e nenhum homem é capaz de atender às demandas da Lei.
c) Uma resposta comprometedora (Lc.10:27). Esse doutor da Lei, que queria ouvir de Jesus
uma resposta fora da Lei, porque o seu intuito era provar a Jesus, por fim
respondeu a sua própria pergunta. Ele respondeu unindo os mandamentos de amar
Deus de todo o coração (Dt.6:5) e amar o próximo como a si mesmo (Lv.19:18). Em
suma, era isso que a Lei exigia, conforme explicou Jesus a outro doutor da Lei
(cf.Mt.22:37-39).
“E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”.
O intérprete conhecia a letra da Lei, mas não sabia interpretá-la. Sua
resposta revela que ele não conhecia o propósito da Lei, não conhecia a si
mesmo nem conhecia os fundamentos da salvação.
Com um só verbo, com uma só ação, era possível obedecer aos dois
mandamentos. Isso mostrava que Deus e o próximo são como as duas faces da mesma
moeda do amor. O amor a Deus é o elemento interno que se vê na prática externa
do amor ao próximo. O amor a Deus exige total devoção (coração, alma, força, entendimento); e o amor ao próximo, total
identificação (como a si mesmo).
Jesus concordou com a resposta do seu inquiridor e confirmou que a vida
eterna, depois da fé e do arrependimento, se encontra na experiência e na prática do amor (Lc.10:28) - “E disse-lhe:
Respondeste bem; faze isso e viverá”.
Ao mesmo tempo em que Jesus afirmou que se houvesse obediência a esses
dois mandamentos haveria vida, também mostrou que sem a nova vida isso não
seria possível. Só conseguiremos amar a Deus e ao próximo quando deixarmos a
vida divina, a vida do Espirito Santo, se manifestar em nós e através de nós.
d) O subterfugio do doutor da Lei (Lc.10:29). Percebendo que tinha sido apanhado pelas
cordas de sua própria astúcia, o doutor da Lei tenta uma evasiva - “Ele, porém, querendo justificar-se a si
mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?”.
Ele tentou Jesus primeiramente com uma pergunta capciosa e agora tenta se
esquivar com uma pergunta evasiva. Essa questão era muito discutida naquele
tempo e ainda hoje está presente em nossas mentes. Afinal, quem é o meu
próximo? Jesus não discutiu a teoria sobre o próximo; em vez disso, contou a
Parábola do Bom Samaritano e novamente devolveu a pergunta ao interprete da
Lei.
2. A Parábola do Bom Samaritano (Lc.10:29-35). Jesus contou a história do Bom Samaritano
para colocar os valores do referido doutor da Lei de cabeça para baixo. Ele
reprovou as atitudes dos religiosos (sacerdote e levita) e exaltou a atitude do
rejeitado pelos judeus (samaritano), evidenciando que temos de considerar toda
e qualquer pessoa como nosso próximo, independentemente de qualquer posição
social, religiosa ou etnia.
A Parábola descreve tudo o que o samaritano fez para salientar que a
prática do amor não tem fronteiras. É a necessidade do outro que diz o que
precisa ser feito e até que ponto se deve amar. Além disso, o amor quebra todas
as fronteiras. O samaritano não perguntou se o ferido era judeu ou não. O
próximo é qualquer pessoa que encontramos.
29.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu
próximo?
30.
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu
nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram,
deixando-o meio morto.
31.
E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o,
passou de largo.
32.
E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de
largo.
33.
Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de
íntima compaixão.
34.
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e,
pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;
35.
E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e
disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando
voltar.
a) Interpretações diversas. A Parábola do Bom Samaritano, ao longo da
história, tem sido alvo das mais diversas interpretações. Muitas destas
interpretações servem-se do método alegórico para atribuir ao texto alguns
objetivos que ele não tem. Entretanto, esta não é a maneira correta de
interpretar esta Parábola. Eis um exemplo: “A
vítima representa o pecador perdido. O sacerdote e o levita representam a lei e
os sacrifícios, ambos incapazes de salvar o pecador. O samaritano é Jesus
Cristo, que salva o homem, paga as suas contas e promete voltar. Os dois
denários são as duas ordenanças: o batismo e Ceia do Senhor”. É claro que
esta linha de interpretação está totalmente equivocada.
Outros entendem que esta Parábola é uma recomendação formal do caminho
das obras. Porém, ela é um repudio às obras como meio de salvação. Não é aquilo
que fazemos, considerado uma obra meritória, que importa, mas, sim, a atitude
de confiarmos em Deus e no que Ele fez por nós. Só amam a Deus e ao próximo
aqueles que foram transformados pelo amor de Deus. Esse tipo de amor é nossa
resposta ao amor que Deus tem por nós, e não a causa de aceitação de nós.
b) Três modos de viver a vida. Em relação a esta Parábola, verificamos que existem três modos de viver
a vida: o modo dos salteadores; o modo dos religiosos (sacerdote e do levita);
o modo do samaritano. São três compreensões diferentes que condicionam o nosso
ser e o nosso comportamento.
Ø Primeiro: a exploração, o
modo de viver dos salteadores (Lc.10:29). A estrada de 27
quilômetros que desce pelo deserto, de Jerusalém para Jericó, tem sido perigosa
durante toda a sua história. Essa estrada era um despenhadeiro, no perigoso deserto rochoso da
Judeia, um lugar de montes, vales e cavernas. Era conhecida como "caminho
sangrento". Essa região era mal afamada por causa de sua insegurança.
Segundo a história, os cruzados construíram um pequeno forte na metade do
caminho, para inibir os salteadores e proteger os peregrinos. Ainda hoje essa
estrada é perigosa.
Jerusalém está situada 800 metros acima do nível do mar, e Jericó, nas
proximidades do mar Morto, é a cidade mais baixa do mundo, está 400 metros
abaixo do nível do mar. Por ali, precisavam passar as caravanas que subiam e
desciam de Jerusalém. Esse caminho passava pelos desfiladeiros do terrível
deserto da Judeia. Viajar sozinho era um convite ao desastre. Foi o que
aconteceu. Esse homem que desceu de Jerusalém para Jericó caiu nas mãos dos
salteadores, que roubaram tudo o que ele tinha, e ainda o machucaram e o deixaram
semimorto à beira do caminho. Tudo faz crer que o homem que foi assaltado e
quase morto era judeu.
O modo de viver, portanto, dos saltadores é este: "O que é meu, é meu; mas, o que é teu deve
ser meu também".
Ø Segundo: a indiferença, o
modo de viver dos religiosos (Lc.10:31,32). O sacerdote e o levita eram homens religiosos
que cuidavam das coisas do templo e do culto ao Senhor. Eram exemplos de
piedade. Mas o medo de se tornarem cerimonialmente impuros ou o temor de serem
atacados pelos mesmos salteadores levou-os a passarem de largo e a revelarem
total indiferença para com o homem ferido. Eles não somente deixaram de ajudar,
mas foram para o outro lado da estrada, abandonando o homem no seu sofrimento e
na sua necessidade.
Muitas vezes nos esquivamos daqueles que precisam de ajuda porque achamos
que não vale a pena gastar nosso tempo, energia, disposição com eles. No fundo,
não queremos nos envolver porque pensamos: “cada um por si, Deus por
todos, e o diabo que carregue o último!”. Este tipo de vida, essencialmente
egoísta, é marca registrada da nossa sociedade hodierna. Precisamos lembrar da
pergunta de Jesus: “Mas se vocês amam apenas o que vos amam que recompensa
terão?” (Mt.5:46).
O modo de viver, portanto, dos religiosos é este: "O que é meu, é meu; o que é teu, é teu".
Ø Terceiro: a misericórdia, o
modo de viver do Samaritano (Lc.10:33-35). Jesus mais uma vez combate a postura dos escribas
e fariseus, mostrando que aqueles a quem se consideravam justos (sacerdote e
levita) são culpados e aqueles a que se consideravam indignos (samaritano)
despontam como os heróis.
Esse samaritano, mesmo sendo odiado pelos judeus, interrompe a sua viagem,
aproxima-se da vítima, aplica óleo e vinho nas feridas do semimorto, tira-o do
lugar de perigo, leva-o a uma hospedaria segura e ainda paga o seu tratamento. Isto
é o que chamamos de misericórdia.
- Misericórdia é
lançar o coração na miséria do outro e estar pronto em qualquer tempo para
aliviar a sua dor. A palavra hebraica para misericórdia é chesed: “é a capacidade de entrar
em outra pessoa até que praticamente podemos ver com os seus olhos, pensar
com sua mente e sentir com o seu coração.
- Misericórdia é ver
uma pessoa sem alimento e lhe dar comida; é ver uma pessoa solitária e lhe
fazer companhia; é atender às necessidades e não apenas senti-las; é mais
do que sentir piedade por alguém.
Para os religiosos (sacerdote e levita), era um incômodo a ser evitado,
mas, para o Samaritano, era alguém que necessitava de amor e de ajuda, de modo
que ele lhe ofereceu cuidado.
O modo de viver, portanto, do Samaritano é: "o que é teu, é teu; mas, o que é meu pode ser
teu também".
As relações entre as pessoas são governadas por um desses três modos de
ser e de viver. Resta-nos saber qual deles nos encaixamos, lembrando que o
Evangelho está totalmente do lado do bom samaritano.
II. COMPAIXÃO E CARIDADE SÃO INTRÍNSECAS À FÉ
SALVADORA
A compaixão e a caridade sempre foram virtudes que os cristãos herdaram
de nosso Senhor, um ensinamento bem arraigado nos cinco primeiros livros do
Antigo Testamento, o Pentateuco. Reconhecer isso é afirmar que tais virtudes
estão diretamente ligadas ao testemunho de uma fé salvadora, como nos diz
Tiago:
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser
que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão
ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas
necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não
tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg.2:14-17).
Na Parábola em comento, o sacerdote e o levita viram o homem caído e se
desviaram, “passando de largo”. Mas, o Samaritano, inimigo tradicional dos
judeus, se aproximou, viu e se encheu de compaixão, ou seja, “sofreu junto” com
o homem ferido. Ali mesmo providenciou os primeiros socorros, colocou o ferido
no seu jumento e, a pé, seguiu até uma pensão, onde continuou a cuidar dele. No
dia seguinte, deu duas moedas (salário de dois dias) ao dono da pensão e
comprometeu-se a pagar o que fosse gasto com o homem ferido. Esse samaritano
amava o próximo não apenas de palavra, ele demonstrou isso na prática.
Compaixão, caridade, cuidado e amor, para os discípulos de Cristo, não podem
ser apenas palavras bonitas, mas atitudes concretas.
E Jesus perguntou ao astuto intérprete da Lei: “Qual dos três te parece
ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?”(Lc.10:36). Ou
seja, quem foi que se tornou próximo dele?
O intérprete da Lei estava preocupado com a fronteira do amor, mas Jesus
mostrou que o amor é um centro que irradia ações práticas e não conhece nenhuma
fronteira. O intérprete da Lei reconheceu isso e, quando declarou que o próximo
foi o que usou de misericórdia, isto é, o que teve compaixão, mostrou muito bem
que tornar-se próximo é entrar em sintonia com o outro e sofrer junto com ele;
é condoer-se com o sofrimento alheio.
E, no final, Jesus deu uma ordem solene: “Vai e procede tu de igual modo”(Lc.10:37). Em outras palavras,
preocupe-se em praticar concretamente o amor sem se preocupar com as teorias
sobre o próximo que merece o seu amor.
Você tem amado como amou o samaritano, sem exigir que somente alguns
recebam o seu amor? Numa sociedade como a nossa, repleta de excluídos, essa é
uma avaliação que necessitamos fazer constantemente diante de Deus.
A compaixão e a caridade são a prova material de que nascemos de novo.
Devemos resgatar esse princípio sem qualquer medo de ser mal interpretado, pois
compaixão e caridade é resultado do amor que Deus derramou em nossa vida.
III. O NOSSO PRÓXIMO É QUALQUER PESSOA NECESSITADA
Jesus encerra a história do Samaritano com uma pergunta:
“Qual, pois, destes três te parece que foi o
próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?” (Lc.10:36).
Perceba que Jesus reverte a pergunta inicial do doutor da lei. Este havia
perguntado: "Quem é o meu próximo?". Jesus então conta a Parábola e
pergunta: "Quem foi o próximo?". Assim, Jesus encurrala o intérprete
da lei, levando-o forçosamente a admitir que o samaritano, aquele a quem ele
considerava indigno, foi o próximo do homem semimorto. Por preconceito, o
doutor não proferiu a palavra “samaritano”; apenas disse: “O que usou de misericórdia para com ele...” (Lc.10:37).
A resposta do preconceituoso doutor da Lei está correta, porque o
samaritano é aquele que agiu como próximo. Mostrando compaixão, ele se alinhou
com o amor de Deus e ao próximo. Ao contrario do sacerdote e do levita, ele se
submeteu ao mandamento de amor que resume toda a Lei. Jesus, então, fecha a
questão e diz a ele: “Vai e faze da mesma
maneira” (Lc.10:37). A resposta de Jesus envolveu três coisas:
·
Devemos ajudar aos
demais, ainda que eles tenham a culpa do que lhes sucedeu.
·
Qualquer pessoa, de
qualquer nação, que está em necessidade é nosso próximo.
·
A ajuda ao próximo deve
ser prática.
Enfim, quem é o
nosso próximo? A história do Bom
Samaritano ensina que o próximo é qualquer ser humano. Infelizmente, o
individualismo e o egoísmo têm dificultado, e até impedido, gestos de amor ao
próximo, até mesmo entre cristãos.
Observe que na Parábola há dois tipos de pecadores: os salteadores que
ferem o homem mediante a violência e os religiosos (sacerdote e levita) que
ferem o homem mediante a negligência. A Parábola dá a entender que todos eles
são culpados. A oportunidade não aproveitada para se fazer o bem torna-se um
mal. Está escrito: “Aquele, pois, que
sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg.4:17).
Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja, sentir a sua dor,
como se fosse nossa e, assim, suprir as necessidades imediatas do nosso
semelhante, lembrando que ele é tão imagem e semelhança de Deus quanto nós.
Este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e qualquer barreira, toda e
qualquer tradição.
Contudo, amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista
material, mas, sobretudo, levar esse alguém a uma vida de comunhão com Deus, a
um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Portanto, o que Jesus disse ao
doutor da Lei, ele diz também a nós: “Vai tu e faze o mesmo”.
Se a Parábola do Bom Samaritano fosse compreendia e praticada, removeria
o preconceito racial, o ódio e a inveja entre classes, e o mundo seria
extraordinariamente maravilhoso para se viver. Pense nisso!
CONCLUSÃO
“Aprendemos com esta Parábola que o amor não aceita limites na definição
de quem é o próximo. Enquanto todas as sociedades e seus segmentos sociais
acabam levantando barreiras para separá-las das demais pessoas, os discípulos
de Cristo devem olhar para os seres humanos com igualdade, pois o próprio Deus
não faz acepção de pessoas (At.10:34)”.
Quando amamos o próximo da forma determinada na Palavra de Deus,
melhoramos sensivelmente o ambiente em que vivemos.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Lucas, Jesus o
Homem perfeito.
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