1º Trimestre/2019
Texto Base: Mateus 4:1-11
“Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1João
2:16).
1- Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo.
2- E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta
noites, depois teve fome;
3-E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se
tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
4-Ele, porém, respondendo, disse: Está
escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de
Deus.
5-Então o diabo o transportou à Cidade Santa,
e colocou-o sobre o pináculo do templo,
6-e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus,
lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu
respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7-Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não
tentarás o Senhor, teu Deus.
8-Novamente, o transportou o diabo a um monte
muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9-E disse-lhe: Tudo isto te darei se,
prostrado, me adorares.
10-Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.
11-Então, o diabo o deixou; e, eis que
chegaram os anjos e o serviram.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da “Tentação - a batalha por nossas escolhas e
atitudes”. Em todo o nosso percurso no deserto da vida rumo à Canaã celestial,
somos instados pelo Maligno a negar nossa vida de santidade e ceder às obras da
carne, objetivando manchar as nossas vestes espirituais e impedirmos de morar
no Céu. Precisamos estar firmes, resistir ao Diabo e não nos dobrar diante de
seus ardis, que pertinaz procuram nos tirar do caminho da Verdade. A palavra de
ordem é: “perseverança”. Precisamos perseverar na fé em Cristo, buscar a sua
preciosa vontade para a nossa vida e honrá-lo até o final da nossa caminhada
cristã.
I. A TENTAÇÃO
No decorrer dos anos, a palavra tentação foi sendo ridicularizada. Hoje,
se alguém falar em tentação é capaz de ser tachado como fanático, ignorante ou retrógrado.
Mas, entender como vencer esse mal é assunto crucial para qualquer pessoa que
realmente deseja ser cada dia mais parecido com Cristo. Não é tarefa fácil!
Acredito até que por nós mesmos seja impossível. Mas existe alguém que, se
permitirmos que faça morada em nosso coração, vencerá qualquer tentação por nós;
esse alguém é Jesus Cristo.
1. O Que é Tentação. Tentação é o estímulo externo ou interno que
impulsiona o ser humano à prática do pecado. É a investida do Diabo contra os filhos
de Deus. Ela é inerente à carne – “Não
vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana” (1Co.10:13a). Ela tem influência destrutiva. Quando
a tentação é consumada, a consequência é o pecado (sua prática destitui o homem
da comunhão com o Eterno – Is.59:2) e a sua continuidade é punida com o castigo
eterno. A tentação é comum a todos os servos de Deus; todos são tentados no
dia-a-dia. O segredo é não ceder à tentação. Ainda que o Diabo tente uma pessoa, ela só cairá se ceder.
2. Não confundir Tentação com Provação. Muitos confundem Provação com Tentação.
Provação é teste enviado por Deus. Tentação é armadilha enviada por Satanás.
·
Tentação. É aquele impulso inicial que a pessoa sente
para cometer pecados (Rm.7:18,19). É seduzir alguém para o pecado,
persuadir a tomar um caminho errado. É de origem satânica e carnal
(Mt.4:1, João 13:2; Tg.1:14). Seu objetivo é fazer o crente abandonar a vontade
de Deus. Visa sempre tirar-nos da dependência de Deus (Mt.4:3-6,8,9). Todavia,
não é pecado em si, pois Jesus foi tentado em tudo (Hb.4:15).
Quando passamos por dificuldades somos tentados a questionar o amor e o
poder de Deus. Então, Satanás oferece um caminho para escaparmos das provas.
Essa oportunidade é uma tentação. Quando Jesus estava jejuando e orando no
deserto, Satanás o tentou, sugerindo a ele que transformasse pedras em pães.
·
Provação. Significa “por alguém à prova", submeter
a um teste; visa fortalecer a pessoa e não derrubar (Leia 2Cr.32:31, Hb.12:1-3,
11:17-19). É de origem divina. Veja o caso de Abraão (Gn.22:1). Muitos
outros homens de Deus foram provados e tentados: Jacó, José, Jó, Daniel e seus
amigos, Davi, Paulo, Jesus, etc.... Quando Deus nos prova é para que
possamos passar no teste e herdar as bênçãos.
“Bem-aventurado o homem que suporta a
provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor
prometeu aos que o amam”(Tg.1:12 ).
3. Armadilhas e atrativos perigosos. Vejamos alguns atrativos perigosos pelos
quais passaram alguns personagens bíblicos.
·
A tentação vem com o atrativo da
ambição – Abraão recusou a recompensa
por serviço oferecido (vide Gn.14).
·
A tentação vem como armadilha
enganadora - Daniel rejeitou o vinho (vide
Dn.1:8).
·
A tentação vem com o atrativo de
bens materiais – Eliseu recusou o pagamento de uma cura (2Rs.5:1-17).
·
A tentação vem como armadilha de
aliança pecaminosa - Cristo rejeitou a glória mundana (Mt.4:8-11).
·
A tentação vem com o atrativo das
más companhias – Jó recusou os maus conselhos, tanto da esposa
como dos seus amigos (Jó 3:9; Jó 2:11).
·
A tentação vem como armadilha
sedutora - Pedro rejeitou suborno (At 8:17-20).
4. Fatos que devemos considerar se queremos
vencer as tentações (Adaptado do Livro Tiago – Transformando
provas em triunfo. Rev. Hernandes Dias Lopes).
a) olhe para frente e considere o julgamento de
Deus (Tg.1:13-16). Não culpe a Deus pela
tentação, Ele é absolutamente santo para ser tentado e Ele é absolutamente
amoroso para tentar. Deus nos prova como provou a Abraão, mas Ele não nos
tenta. A prova é para santificar-nos, a tentação é para derrubar-nos. Uma tentação
é uma oportunidade de fazer uma coisa boa de maneira errada, como, por exemplo:
passar em uma prova é coisa boa, mas colar na prova para passar é uma coisa errada;
o prazer sexual é uma coisa boa, mas o sexo fora do casamento é uma coisa
errada. A provação visa o nosso fortalecimento; a tentação, a nossa
queda.
b) olhe ao redor e considere a bondade de Deus
(Tg.1:17). Quando Satanás tentou
Eva no jardim do Éden e Jesus no deserto, ele questionou o amor de Deus. A
bondade de Deus é o grande escudo contra a tentação do diabo. Quando sabemos
que Deus é bom, não precisamos cair nas armadilhas do diabo para suprir nossas
necessidades. É melhor estar faminto dentro da vontade de Deus do que estar
farto e cheio fora da vontade de Deus (Dt.6:10-15). Jesus foi categórico com
Satanás: "... não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da
boca de Deus" (Mt.4:4). Uma coisa é ser tentado, outra coisa é ceder à
tentação. Não é pecado ser tentado, mas, sim, ceder à tentação. Lutero
costumava dizer: "Você não pode
impedir que um pássaro voe sobre a sua cabeça, mas você pode impedir que ele
faça ninho em sua cabeça".
II. O AGENTE DA TENTAÇÃO
Satanás é o agente principal da tentação. Tentar é o seu principal trabalho desde a formação do homem e da mulher. O trabalho que mais o agrada é desviar o crente das
disciplinas da vida cristã. A Bíblia diz:
"quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio.
Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo"
(1João 3:8).
1. O principal trabalho do tentador. O trabalho que mais agrada ao maligno é
desviar-nos da disciplina da vida cristã. Ele sabe que temos "uma carreira
para correr"; por isto, busca, de todas as formas, colocar obstáculos em
nosso caminho. Ele é o autor de todas as investidas malignas contra o povo de
Deus. Veja as situações descritas em 1Cr 21:1; João 13:2; 1Ts.3:5.
·
Davi, e o seu censo: “Então, Satanás se levantou contra
Israel e incitou Davi a numerar a Israel” (1Cr.21:1)
Deus castigou Davi por ter sido imprudente ao
ceder à tentação de Satanás:
“Vai
e fala a Davi, dizendo: Assim diz o SENHOR: Três coisas te proponho; escolhe
uma delas, para que eu ta faça. E Gade veio a Davi e lhe disse: Assim diz o
SENHOR: Escolhe para ti: ou três anos de fome, ou que três meses te consumas
diante de teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que três
dias a espada do SENHOR, isto é, a peste na terra e o anjo do SENHOR destruam
todos os termos de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de levar a quem me
enviou. Então, disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; caia eu, pois, nas
mãos do SENHOR, porque são muitíssimas as suas misericórdias; mas que eu não
caia nas mãos dos homens. Mandou, pois, o SENHOR a peste a Israel; e caíram de
Israel setenta mil homens” (1Cr. 21:10-14).
·
Judas Iscariotes, e sua traição: “E, acabada a ceia,
tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o
traísse” (João 13:2).
·
A Igreja em Tessalônica, e sua débil maturidade cristã:
“Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo
que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil”
(1Ts.3:5).
Precisamos identificar a
isca e a arapuca do diabo, para não cairmos na rede de seu engano. Tiago usa
duas figuras para ilustrar o engano da tentação: a figura do caçador que
usa uma armadilha (atrai) e a figura do pescador que usa o anzol
com isca (seduz).
“Cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz” (Tg.1:14).
Se Ló pudesse ter visto a ruína que estava por trás de Sodoma e se Davi
pudesse ter visto a tragédia sobre a sua casa quando se deitou com Bate-Seba,
eles jamais teriam caído. Precisamos identificar a isca e a arapuca do
diabo, para não cairmos na rede de seu engano.
2. As principais fontes usadas pelo maligno para
tentar-nos. Um estudo da Palavra de
Deus nos revela quais são as principais fontes usadas pelo diabo para tentar o
crente. Vejamos três.
a) Cobiça (desejo insaciável, veemente, de possuir bens materiais; ambição
desmedida de riquezas).
“Cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz” (Tg.1:14).
“Ora os que querem ficar ricos caem em
tentação e ciladas ...porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os
males...” (1Tm.6:9,10).
”O homem fiel gozará de abundantes bênçãos;
mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune” (Pv.28:20).
Podemos transformar um desejo legítimo em um desejo pecaminoso. A cobiça
é a tentativa de satisfazer um desejo fora da vontade de Deus. Comer é
normal, glutonaria é pecado. Dormir é normal, preguiça é pecado. Sexo
no casamento é normal, sexo fora do casamento é pecado. Os desejos devem
estar sob controle, e não no controle. Devemos controlar os desejos, não estes
a nós.
A pessoa, dominada pela natureza carnal, no anseio de ver realizado o
desejo de possuir algo, procedem cegamente e sem medir as consequências, sejam
espirituais ou físicas partem para a prática de planos terríveis. Por isso,
quando nascer em nossa mente (coração) o desejo intenso por alguma coisa, não
devemos nos levar pelo impulso; antes, analisemos a situação e vejamos como o
Senhor será honrado e glorificado em nossos atos.
b) más companhias. Outra forma usada pelo diabo para tentar o
homem está nas amizades que ele gera entre os filhos da luz e os filhos das
trevas. Essas amizades têm corrompido a vida espiritual dos servos do Senhor,
quando induzidos, partem para a prática de atos que não condizem com o
procedimento que deve ser observado e vivido.
O salmista, do salmo primeiro, diz que é bem-aventurado aquele que não
anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem
se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl.1:1).
Em Provérbios 1:10 há a seguinte exortação: “Filho meu, se os pecadores
querem seduzir-te, não o consintas” (Pv.1:10).
O apóstolo Paulo alertou com propriedade aos crentes da Galácia da
seguinte forma: “Um pouco de fermento leveda toda a massa”(Gl.5:9); isso quer
dizer que basta apenas uma única pessoa errada para infectar todas as outras.
Infelizmente, muitas pessoas teimam em prosseguirem contrariamente a
estas ordenanças e o fim destes é a queda espiritual e, às vezes, a apostasia.
Vemos na Bíblia que todas as pessoas estão sujeitas à tentação, mas os
cristãos são o alvo principal de Satanás. Precisamos estar alertas, vigilantes,
“porque o diabo, vosso adversário, anda
em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd.5:8).
c) falso ensino. Veja o que aconteceu com os crentes da Galácia, eles estavam sendo
bombardeados pelo falso ensino, principalmente pelos legalistas judeus. Pela
expressão do apóstolo Paulo em Gálatas 5:7 – “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais a verdade?”
-, percebe-se que aquela igreja estava sendo bombardeada por falsos ensinos,
sendo estimulada ao erro pelo terrível tentador.
O falso ensino, ou nega as verdades fundamentais da fé cristã ou declara
que é necessário algo além do Compêndio doutrinário da Igreja (o Novo
Testamento) para o crente ser um cristão completo.
Todo o ensino cristão deve ser averiguado pelo teste da verdade apostólica;
isto é, o ensino em evidência deve conformar-se com a mensagem original de
Cristo e dos apóstolos do Novo Testamento (cf. Gl.1:11,12; Ef.2:20). Devemos
fazer as seguintes perguntas: o ensino omite parte da mensagem apostólica? O
ensino acrescenta algo extra-bíblico? Nunca devemos averiguar tais ensinos
exclusivamente pelos nossos sentimentos, experiência, resultados, milagres ou
por aquilo que outras pessoas estão dizendo. O Novo Testamento é o padrão
supremo da verdade para o povo de Deus da Nova Aliança.
Portanto, devemos acautelar-nos de qualquer ensino afirmando que as
Escrituras já não são suficientes e que a igreja precisa de erudição, ciência,
filosofia e psicologia modernas, ou de novas revelações a fim de alcançar sua
maturidade em Cristo. Não importa que falem que você é um cristão
fundamentalista.
3. Situações em que os crentes são alcançados pelas
tentações no desenrolar de suas vidas diárias.
a) em meio à pobreza. O pobre em meio às muitas dificuldades que
lhe sobrevém é alvo das tentações e precisa vigiar constantemente para não cair
nas ciladas do diabo. A murmuração, descontentamento, inveja, infelicidade,
etc., são instrumentos usados pelo inimigo para tentar-nos. Por isso, Agur
pediu a Deus para não dar pobreza a ele: “...não me dês...a pobreza...; para
que...empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus” (Pv.30:8,9).
b) em meio à riqueza. A prosperidade em muitos casos é a desgraça
do homem, levado pela sensação que tudo pode, esquecem-se do Senhor,
negando-lhe no dia-a-dia. Soberba, orgulho, indiferença, altivez, etc. estão
sujeitas a nascerem nos corações mais abastados. Por isso, Agur pediu a Deus para não lhe dar
riquezas materiais – “não me dês...riqueza... para que, porventura, de farto te
não negue e diga: quem é o SENHOR?” (Pv.30:8,9).
Muitas
pessoas, sem uma dimensão da eternidade, tem sua vista obscurecida pelas coisas
temporais e passageiras e, portanto, acaba se deixando dominar pela avareza,
pelo desejo de acumulação de riquezas, que é uma insensatez total, como deixou
bem claro Jesus na parábola do rico insensato (Lc.12:13-21) - “porque a vida de qualquer não consiste na
abundância do que possui”(Lc.12:15). Lamentavelmente, não são poucos os que
acabam se perdendo na caminhada para o céu por causa do dinheiro.
Riquezas
e glórias vêm de Deus, contudo, o dinheiro não é um tesouro para ser usado de
forma egoísta, apenas para o nosso deleite. Deus nos dá o dinheiro para O
glorificarmos com ele, e fazemos isso quando cuidamos da nossa família, dos
domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, inclusive nossos inimigos
(Mt.5:44).
A
Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a
salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt.19:22; Lc.18:23), de Judas
Iscariotes (Lc.22:3-6; João 12:4-6), de Ananias e Safira (At.5:1-5,8-10), de
Simão, o mago (At.8:18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta
a Timóteo (1Tm 6:9,10).
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação,
e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os
homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie
de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si
mesmos com muitas dores”(1Tm.6:9,10).
O Dinheiro é mais
que uma moeda, é um deus, é Mamom. É o ídolo que tem o maior número de
adoradores neste mundo. Milhões de pessoas se
prostram em seu altar todos os dias e dedicam tempo, talentos,
vida e devoção a esse deus. Quem coloca a sua confiança em Mamom (dinheiro) não pode
confiar em Deus para a sua própria salvação. Nossos corações somente têm espaço
para uma única devoção, e nós só podemos nos entregar para o único Senhor e
Deus, Jesus Cristo.
c) em meio ao sucesso. “...chegaram a Balaão, e lhe disseram...
grandemente te honrarei... amaldiçoa-me este povo”(Nm.22:16,17). O diabo
tem tentado a muitos com tesouros e honras, a exemplo do que fez com Balaão.
Quando as portas se abrem com muita facilidade para o sucesso é necessário
averiguarmos o que está por trás e sabiamente devemos ouvir a voz do Espírito
de Deus e optarmos a sermos fiéis.
O diabo tem tentado a muitos oferecendo a fama, e tem conseguido ser
vencedor. É triste vermos o fracasso espiritual das “estrelas gospel”, que
levados por toda sorte de influências, se entregam à aparência do mundo; com
direito a fã clube, distribuição de autógrafos e o absurdo de cobrarem valores
elevadíssimos para “louvarem ao Senhor”. São pessoas de sucesso na vida
secular, mas vazias de Deus. Muitas destas estrelas tem escandalizado o
evangelho, a igreja de Cristo, com prejuízos irreparáveis para o Reino de Deus.
Certamente, Deus requererá uma dura prestação de contas.
Para não cairmos em tentação Jesus nos recomenda: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na
verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”(Mt.26:41).
III. A TENTAÇÃO DE JESUS
Jesus foi tentado pelo Diabo no deserto da Judéia após o batismo no rio
Jordão. Satanás foi bastante astuto em tentar o Filho de Deus em um momento de
extrema carência e necessidade física. Mas, Jesus derrotou o vil tentador ao
dizer “não” a cada uma de suas propostas. É importante registrarmos que
essa prova a que Jesus foi submetido visava enfatizar a Sua humanidade. Como
nosso Salvador e Sumo Sacerdote, Ele teve que experimentar as nossas
experiências para vencê-las e nos dar condições de vencê-las também.
“Porque não temos um sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15).
1. A tentação de ser saciado - "... e, naqueles dias, não comeu coisa alguma, e,
terminados eles, teve fome. E
disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se
transforme em pão” (Lc.4:2,3).
A
verdadeira humanidade de Jesus é refletida pelas palavras “teve fome”. Esse foi o
alvo da primeira tentação: a tentação de
ser saciado. Satanás sugeriu que o Senhor deveria usar seu poder divino
para satisfazer a fome física. A sutileza da tentação foi que o ato em si era
perfeitamente legítimo. Mas o erro estaria em Jesus obedecer a Satanás.
O
diabo é um mestre das coisas aparentemente lógicas. Jesus estava faminto; ele
tinha poder para transformar as pedras em pão. O diabo simplesmente sugeriu que
ele tirasse vantagem de seu privilégio especial para prover sua necessidade
imediata.
Era
verdade que Jesus necessitava de alimento para sobreviver, mas a questão era
como ele o obteria. Lembre-se de que foi Deus quem o conduziu a um deserto sem
alimento. O diabo aconselhou Jesus a agir independentemente e encontrar seus
próprios meios para suprir sua necessidade.
Confiará ele no Pai ou
se alimentará a seu próprio modo? Há aqui, também, uma questão mais
básica: como Jesus usará suas aptidões? A
tentação era ressaltar demais os privilégios de sua divindade e minimizar as
responsabilidades de sua humanidade. E isto era crucial, porque o plano de
Deus era que Jesus enfrentasse a tentação na área de sua humanidade, usando
somente os recursos que todos nós temos à nossa disposição.
A resposta de Jesus: "E Jesus lhe respondeu,
dizendo: Escrito está que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de
Deus” (Lc.4:4). Mais importante que a satisfação do apetite físico é a
obediência à Palavra de Deus. Alguém disse que “o segredo total de força no
conflito é o uso da Palavra de Deus da maneira certa”. Jesus usou um meio que
nós também podemos empregar para superar a tentação: a Palavra de Deus. A
passagem que Jesus citou foi a mais adequada naquela situação.
No contexto, os israelitas tinham aprendido durante seus 40 anos no
deserto que eles deveriam esperar e confiar no Senhor para conseguir alimento,
e não tentar conceber seus próprios esquemas para se sustentarem.
Satanás não se
acanha em provar nossas áreas mais vulneráveis. Depois de jejuar 40 dias, Jesus estava
faminto. Daí, a tentação de fazer alimento de uma maneira não autorizada. O vil
tentador escolhe justamente aquela tentação à qual somos mais vulneráveis no
momento. De fato, as tentações são frequentemente ligadas a sofrimento ou
desejos físicos.
2. A tentação de ser celebrado - “E o
diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os
reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua
glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me
adorares, tudo será teu” (Lc.4:5-7).
Não levou muito tempo para Satanás mostrar tudo o que ele tem para
oferecer. Não foi o mundo em si, mas os reinos e sistemas deste mundo que ele
ofereceu. Por causa do pecado do homem, Satanás se tornou “o príncipe” deste
mundo (João 12:31; 14:30; 16:11), “o deus deste século” (2Co 4:4) e “o príncipe
da potestade do ar” (Ef.2:2). Deus propôs que “o reino do mundo” um dia se
tornará do “nosso Senhor e do seu Cristo” (Ap.11:15). Deus Pai prometeu o
reinado ao Filho depois de seu sofrimento (Hb.2:8,9). Assim, Satanás estava
oferecendo a Cristo o que certamente seria dele.
O Diabo
ofereceu um atalho: a coroa sem a cruz. Mas não poderia ter qualquer atalho ao trono. A cruz precisava vir
primeiro. Nos conselhos de Deus, o Senhor Jesus tinha de sofrer antes que
pudesse entrar na gloria. Ele não poderia conseguir um fim legítimo por um meio
errado. Em nenhuma circunstância ele adoraria o Diabo fosse qual fosse o
prêmio.
A resposta de
Jesus: "E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te,
Satanás, porque está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás”
(Lc.4:8). Aqui, o Senhor cita Deuteronômio 6:13 para mostrar que, como homem,
ele deveria adorar e servir somente a Deus. O Diabo sabe que o desejo de ser
celebrado, de ser chamado “senhor”, é algo que fascina os homens.
Satanás sabia que derrubaria Adão se o convencesse de que ele poderia se
tornar poderoso ao adquirir conhecimento. Adão acreditou que até mesmo poderia
ser como Deus (Gn.3:5). Adão acreditou na tese do Diabo e caiu. O Diabo por
certo acreditava que o mesmo aconteceria com Jesus, o Filho do Homem. Mas Jesus
não se dobrou diante de Satanás. Por certo muitos estão exercitando poder e
domino neste mundo, mas provavelmente também estão se curvando diante de
Satanás.
O Diabo oferece
o mais fácil, o mais decisivo caminho ao poder e à vitória. Ele oferece atalhos. Jesus recusou o atalho,
Ele ganharia os reinos pelo modo que o Pai tinha determinado. Hoje, Satanás
tenta as igrejas a usar atalhos para ganhar poder e converter pessoas. O
caminho de Deus é converter ensinando o evangelho (Rm.1:16). Exatamente como
ele tentou Jesus para corromper sua missão e ganhar poder através de meios
carnais, assim ele tenta a todos nós nestes últimos dias.
3. A tentação de ser notado. A terceira tentação de Jesus está localizada
em Jerusalém. Jesus é convidado a lançar-se do pináculo do templo:
“Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o
pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui
abaixo porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te
guardem e que te sustenham nas mãos, para que nunca tropeces com o teu pé em
alguma pedra” (Lc.4:9-11).
Jesus tinha replicado a tentação anterior dizendo que confiava em cada
palavra do Senhor. Aqui Satanás está dizendo: "Bem, se confia tanto em
Deus, então experimenta-o. Verifica o sistema e vê se ele realmente cuidará de
ti". E ele confirmou a tentação com um trecho das Escrituras, o Salmo
91:11,12, para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Satanás, porém,
empregou erroneamente a Bíblia; ele torceu um texto para atingir um propósito.
Talvez Satanás estivesse tentando Jesus a apresentar-se como Messias ao fazer
uma sensacional acrobacia. Malaquias predisse que o Messias viria de repente ao
seu templo (Ml.3:1). Aqui, então, chegou a oportunidade para Jesus obter fama e
notoriedade como o Libertador prometido sem ir ao Calvário.
A resposta de
Jesus: Jesus rejeita esta
tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado
verdadeiro da Bíblia – “E Jesus,
respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor, teu Deus” (Dt.6:16).
Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio
Filho de Deus encarnado.
O Diabo cita a Escritura; ele põe como isca no seu anzol os versículos da
Bíblia. Há muitas pessoas que frequentemente aceitam qualquer ensinamento
bíblico fora do contexto. Mas, cuidado, o mesmo diabo que pode disfarçar-se
como um anjo celestial (2Co.11:13-15) pode, certamente, deturpar as Escrituras
para seus próprios propósitos. Observe que Satanás usou uma passagem figurada
do Salmo 91 de forma literal. No contexto, o ponto não era uma proteção física,
mas uma proteção espiritual.
4. Elementos importantes que devem ser anotados (extraídos da LBM.CPAD):
a) Sobre o jejum de Jesus (Mt.4:1). Segundo a narrativa de Mateus, Jesus jejuou
"quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome". Só mais dois
personagens bíblicos praticaram um jejum tão prolongado de quarenta dias,
Moisés e Elias, mas isso aconteceu em situações específicas (Êx.34:28;
Dt.9:9,11; 1Rs.19:8). Isso mostra que esse tipo de jejum (quarenta dias e
quarenta noites) não é doutrina da Igreja. Lucas afirma que Jesus,
"naqueles dias, não comeu coisa alguma, e, terminados eles, teve
fome" (Lc.4:2). O verbo grego, nesteuou,"jejuar",
significa literalmente "abster-se de alimento".
b) Como a tentação aconteceu (Mt.4:3a). Está claro que Satanás se apresentou a Jesus
de forma visível, mas os detalhes são desconhecidos. Essa tentação foi literal,
e isso se evidencia pelos detalhes da própria narrativa. Rejeitamos, pois, a
ideia de uma tentação subjetiva, simbólica ou visionária. Com certeza, Jesus
mesmo contou essa experiência aos seus discípulos.
CONCLUSÃO
Diante dos fatos aqui
expostos, aprendemos a não subestimar a força e os ardis de Satanás, e seus
demônios, pois ele ousou tentar o próprio Filho de Deus. Todavia, nessa batalha
entre os dois leões (1Pd.5:8; Ap.5:5), o Leão da tribo de Judá foi vitorioso. E
Ele fez isso do mesmo modo que nós temos que fazer: confiou em Deus (1João 5:4;
Ef.6:16); usou as Escrituras (1João 2:14; Cl.3:16); resistiu ao diabo (Tg.4:7;
1Pd.5:9). O ponto crucial é este: Jesus nunca fez o que Ele sabia que não era
certo. Que Deus nos ajude a seguir seus passos (1Pd.2:21).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um
vencedor na batalha espiritual.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos
apelos do mundanismo. PortalEBD_2008.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Tiago – Transformando provas em triunfo.
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