1º Trimestre/2019
Texto Base: Atos 8:5-13,18-21
"Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na
cidade Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49).
Atos 8:5-13,18-21
5-E, descendo Filipe à
cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo.
6-E as multidões
unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os
sinais que ele fazia,
7-pois que os espíritos
imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos
paralíticos e coxos eram curados.
8-E havia grande alegria
naquela cidade.
9-E estava ali um certo
homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e
tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem;
10-ao qual todos
atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Esta é a grande virtude
de Deus.
11-E atendiam-no a ele,
porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12-Mas, como cressem em
Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se
batizavam, tanto homens como mulheres.
13-E creu até o próprio
Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e
as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
18-E Simão, vendo que
pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro,
19-dizendo: Dai-me também
a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito
Santo.
20-Mas disse-lhe Pedro: O
teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se
alcança por dinheiro.
21-Tu não tens parte nem
sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre Batalha Espiritual
estudaremos nesta Aula a respeito do poder de Deus, do poder da pregação do
Evangelho, contra as obras das trevas que pertinaz procuram impedir a salvação
das pessoas que ainda não foram alcançadas para Cristo. Daremos ênfase ao que o
Espírito Santo operou em Samaria pela instrumentalidade do evangelista Filipe
(Atos 21:8), que era um dos diáconos da Igreja em Jerusalém (Atos 6:5). A
pregação do Evangelho em Samaria, bem como a manifestação do Espirito Santo,
quebrou a animosidade histórica que havia entre os judeus e os samaritanos
desde 722 a.C. O poder do alto trouxe alegria e libertação para essa cidade e
desfez a obra das trevas naquele lugar. Se cremos no poder do evangelho,
saiamos a falar de Cristo, e comecemos pela nossa casa. Assim, haveremos de
constatar que nenhuma porta resistirá ao impacto da Palavra de Deus. Jesus não diz
que o mundo inteiro será convertido, todavia, constrange-nos a espalhar a sua
mensagem até aos confins da terra (Atos 1:8), porque o Evangelho “é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que nele crê” (Rm.1:16).
I. O PODER DO ALTO
EM SAMARIA
1. Cidade de
Samaria. Esta cidade foi fundada
pelo pai do rei Acabe – Onri -, o qual reinava sobre as dez tribos do Norte,
que se apartaram de Jerusalém no século X a.C. (1Rs.12:19,20); era a capital do
Reino do Norte. O rei Onri comprou, de uma pessoa chamada Semer, um monte, onde
fundou a cidade de Samaria, em homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital
do seu reino (cf.1Rs.16:24).
Em 722 a. C., Samaria foi sitiada e conquistada pelo rei da Assíria,
Salmaneser V (2Rs.17:3; 18:9), e os israelitas, que eram constituídos de 10
(dez) tribos, que ali habitavam, foram levados cativos para regiões pagãs fora
dos seus termos (cf. 2Rs.17:18). O espaço territorial de Samaria foi povoado,
por imposição do rei da Assíria, por estrangeiros pagãos. Os poucos israelitas
que ficaram na terra se misturaram com esses estrangeiros deportados de suas
terras (cf. 2Rs.17:24-31). Desse modo, os filhos de Israel não eram totalmente israelitas
nem completamente gentios, eram chamados de samaritanos. Com o passar do tempo,
essa mescla veio a ser também religiosa. Na época de Jesus e da apostólica, o
clima entre judeus e samaritanos era tenso. Podemos perceber o clima não
amistoso entre os judeus e samaritanos nas seguintes palavras da mulher
samaritana, em João 4:9: "os judeus não se comunicam com os
samaritanos" (João 4:9).
Os samaritanos eram diferentes dos judeus em vários aspectos. Dentre esses
aspectos, se destacaram o livro sagrado que seguiam como regra de fé e prática,
e o local do santuário de adoração a Deus. Eles se opuseram à reconstrução do Templo
em Jerusalém no século VI a.C. O cisma samaritano se consolidou com a
construção de um templo rival no monte Gerizim. Os samaritanos instituíram
novos sacerdotes e rejeitaram o Antigo Testamento, exceto o Pentateuco. Não se
davam com os judeus, pois estes os desprezavam como um povo híbrido, tanto na
raça como na religião. Para os judeus os samaritanos eram hereges e cismáticos.
Mas havia um ponto comum importante: eles esperavam também a vinda do Messias
(João 4:25). Somente o poder do evangelho poderia quebrar essa animosidade, e
isto foi iniciado pelo próprio Jesus, quando teve o encontro com a mulher
samaritana (João cap. 4).
2. A importância da plenitude do Espírito Santo. Não é exagero expressar a importância que o
Espírito Santo exerce em nossa vida. O apóstolo Paulo falou que somos selados
pelo Espírito Santo (Ef.1:13-14), que não devemos entristecer o Espírito
(Ef.4:30) e ordena que estejamos cheios do Espírito Santo (Ef.5:18).
É o Espírito Santo que nos convence do pecado (João 16:8). É Ele que
opera em nós o Novo Nascimento. É Ele quem nos ilumina o coração para
entendermos as Escrituras. É Ele quem nos consola e intercede por nós com
gemidos inexprimíveis (Rm.8:26). É Ele quem nos batiza no corpo de Cristo
(1Co.12:13). É Ele quem testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus
(Rm.8:16). É Ele quem habita em nós (João 14:17; 1Co.3:16; 6:19). Todavia, é
possível ser nascido do Espírito Santo, ser batizado com o Espírito, habitado
pelo Espírito, selado pelo Espírito e estar ainda sem a plenitude do Espírito.
Nós que já temos o Espírito Santo, que somos batizados no Espírito, devemos ser
cheios do Espírito Santo.
Há uma profecia no sentido de que João Batista seria cheio do Espírito
Santo desde o ventre materno (Lc.1:5), ao passo que se diz de Isabel bem como
de Zacarias que ficaram cheios do Espírito Santo (Lc.1:41,67). O mesmo Espírito
estava sobre Simeão, revelou-lhe que haveria de ver o Cristo, e o guiou para o
Templo no momento apropriado (Lc.2:25-27). Com relação a Jesus Cristo, o
Espírito Santo estava ativo em conexão com o Seu Ministério; este fato remonta
até à concepção original, pois o anjo Gabriel informou a Maria que desceria sobre
ela o Espírito Santo e o poder do Altíssimo lhe envolveria com a sua sombra (cf.
Lc.1:35).
Quando Jesus estava para começar Seu ministério, há várias referências ao
Espírito Santo. João Batista profetizou que Jesus batizava com o Espírito Santo
e com fogo (Lc.3:16). Quando Jesus foi batizado, o Espírito Santo veio sobre
Ele “em forma corpórea como pomba” (Lc.3:22), e o mesmo Espírito O encheu e O
guiou para o deserto na ocasião da tentação (Lc.4:1). Depois de terminada a
tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “Jesus, no poder do
Espírito, regressou para a Galileia” (Lc.4:14). Depois, quando pregou na
sinagoga de Nazaré, Jesus aplicou a Si mesmo as palavras: “O Espírito do Senhor
está sobre mim” (Lc.4:18).
Em certa ocasião Jesus “exultou no Espírito Santo” (Lc.10:21) e
provavelmente devamos entender que isto indica que o Espírito Santo estava
continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas
emergências, o Espírito Santo lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (Lc.12:12).
Jesus disse a Seus discípulos que o Pai daria o Espírito Santo àqueles
que lhes pedirem (Lc.11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio
sobre vós a promessa de meu Pai”; e passou a assegurar os discípulos que seriam
“revestidos de poder do alto” (Lc.24:49). Esta é uma clara referência à vinda
do Espírito Santo, profecia esta que foi cumprida no Pentecostes, e que está
constantemente operante desde aquele Dia.
3. O poder de Deus entre os samaritanos. No início da Igreja houve uma grande
perseguição aos crentes. E esta perseguição dispersou os crentes, que saíram
pregando a Palavra de Deus em várias cidades. A perseguição faz com a Igreja
aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos
de Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para
plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Um desses solos foi
Samaria. E Filipe, diácono, judeu de língua grega, foi impulsionado pelo
Espirito Santo para pregar em Samaria (Atos 8:5) – “E, descendo Filipe à cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo”. Esse
lugar foi impactado com a pregação do evangelho e do poder de Deus. Filipe era
um homem cheio do Espirito Santo, de fé e sabedoria. Ele tinha vida e
testemunho. Pregava aos ouvidos e aos olhos (Atos 8:6).
“E as multidões unanimemente prestavam atenção
ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia”.
Os samaritanos não só
ouviram, mas também viram as maravilhas que Filipe fazia. Os samaritanos não
apenas ouviram dele belas palavras, mas também viam por intermédio dele grandes
obras (Atos 8:6) – “...ouviam e viam
os sinais que ele fazia”. Era
algo inédito e que atraía as multidões - “pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando
em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados” (Atos 8:7).
Essa manifestação era o autêntico poder do alto contra as hostes espirituais da
maldade por meio da pregação do evangelho. Filipe revolucionou a cidade pelo
poder de Deus.
Hoje, há gigantes do saber nos púlpitos, mas anões na demonstração de
poder do Alto. Os samaritanos foram libertados de aflições físicas, controle
demoníaco e, sobretudo, de seus pecados. Em Samaria, o evangelho produziu
salvação, libertação e alegria.
4. Em Samaria, a pregação foi endereçada aos
ouvidos e aos olhos: houve impacto, prodígios e alegria (Atos 8:6,7) – “E as
multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e
viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que
os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados”.
Percebe-se pelos textos que os samaritanos “ouviam e viam” o poder
de Deus por meio de Filipe. Hoje as pessoas escutam belos sermões, mas não veem
vida. A Igreja é mais conhecida pelos seus escândalos do que pelos seus
milagres. A Igreja divorciou a pregação da vida, infelizmente!
Na Parábola do semeador, a boa semente produz a trinta, sessenta e cem
por um. Por que hoje a semente não produz nem a um por cento? É que hoje a
Igreja prega apenas aos ouvidos, mas não aos olhos. Vale destacar que o diácono
Filipe operou milagres, mostrando que as Escrituras Sagradas não restringiram
os milagres aos apóstolos. Os samaritanos que ouviram o evangelho e creram
foram libertados de suas aflições físicas, da possessão demoníaca e, acima de
tudo, de seus pecados.
5. O batismo no Espírito Santo (Atos 8:14-17). Quando os apóstolos em Jerusalém receberam a
noticia de que Samaria havia recebido de bom grado a Palavra de Deus,
enviaram-lhes Pedro e João. Ao chegarem a Samaria, os apóstolos ficaram sabendo
que os cristãos haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus, mas não haviam
recebido o Espirito Santo. Agindo, sem duvida, sob a orientação de Deus, os
apóstolos oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo e lhes impuseram
as mãos. Logo em seguida, os samaritanos receberam o batismo no Espírito Santo.
“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém,
ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João,
os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.
(Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em
nome do Senhor Jesus). Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito
Santo”.
O Batismo no Espírito Santo
é uma promessa dirigida aos cristãos, para quem é salvo em Cristo.
"Porque a promessa vos diz respeito a
vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso
Senhor, chamar" (At.2:39).
O batismo no Espírito
Santo, com a evidência inicial do falar em línguas (At.2:1-6; At.10:44-48; At.19:1-6),
é um revestimento de poder celestial que capacita o crente a testemunhar
eficazmente de Jesus (Atos 1:8).
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo,
que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
O apóstolo Paulo escreveu
aos cristãos de Éfeso afirmando que a nossa luta não é contra a carne e o
sangue (Ef.6:10-18). Essa batalha se trava no mundo espiritual, onde as forças
demoníacas atuam para destruir a nossa fé. É uma guerra incessante na qual o
interesse do inimigo é o futuro de nossas almas e onde ele emprega os seus
agentes mais poderosos para distanciá-las de Deus. Assim, esse revestimento
vindo do céu permite ao crente combater contra as forças espirituais da maldade
no poder do Senhor (Lc.9:1; 10:19; At.4:7-10). O crente cheio do Espírito Santo
faz bom uso das armas de Deus para resistir aos ataques malignos e triunfar
contra todas as ciladas do Diabo.
II. SIMONIA - TENTATIVA
DE BARGANHAR COM DEUS
“E
estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela
cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma
grande personagem; E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era
dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim
esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo
(Atos 8:9,18,19).
1. Origem do termo. O nome “Simão” (Atos 8:9) deu origem à palavra
moderna “simonia”, que é a tentativa de comercializar coisas
sagradas. A “simonia” inclui a venda de todas as formas de comércio
relacionadas a questões divinas. Hoje
é aplicada aos mercadores da fé, que oferecem as bênçãos divinas mediante o
pagamento de certa quantia em dinheiro. O apóstolo Paulo via, com muita
tristeza, o crescimento dessa tendência mercadológica; para combatê-la, usou
uma palavra cujo sentido é “falsificar ou mercadejar a Palavra de Deus”; isso envolve práticas de "simonia” e
adulteração da Palavra de Deus, é
transformar o cristianismo numa prática comercial, visando apenas interesses
pessoais.
2. A perversão de Simão (Atos 8:18,19). Simão, o mágico,
ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o
batismo com o Espírito Santo (At.8:18-21). Ele ficou extremamente impressionado
com o fato de o Espírito Santo ter sido concedido quando os apóstolos impuseram
as mãos sobre os samaritanos. Desprovido de qualquer entendimento acerca das
implicações espirituais desse acontecimento, Simão o considerou apenas uma
demonstração de poder sobrenatural que lhe poderia ser útil em sua ocupação. Então,
ofereceu dinheiro aos apóstolos em troca desse poder.
Infelizmente,
hoje, muitos estão indo atrás de Jesus não porque queiram ter vida eterna, mas
apenas para obter vantagens materiais e fama. Querem não servir a Jesus, mas,
sim, se servir de Jesus, e é precisamente esta a mensagem antropocêntrica da
“teologia da prosperidade”. Estas pessoas, como diz o apóstolo Paulo, são as
mais miseráveis criaturas humanas da face da Terra (1Co.15:19), porque, sabendo
quem é Jesus e o que veio fazer neste mundo, querem apenas dEle se servir para
terem bens e tesouros que nada lhes representará na eternidade. São pessoas
que, infelizmente, não seguem a doutrina de Cristo que, tão explicitamente
exposta no sermão do monte, nos manda ajuntar tesouros no céu e não na terra,
pois onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração (Mt.6:19-21).
3. A punição de Simão
(Atos 8:20-23).
Esse ato insano de barganhar com Deus foi rispidamente repreendido pelo
apóstolo Pedro. Ele disse que Simão estava sendo inspirado por Satanás.
“O teu dinheiro seja contigo para perdição,
pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem
sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”.
A
resposta de Pedro indica que Simão não era um homem convertido:
Ø O teu dinheiro seja contigo para perdição. Nenhum cristão
verdadeiro será entregue à perdição (João 3:16).
Ø Não tens parte nem sorte neste ministério. Em outras palavras,
não fazia parte da comunhão dos santos.
Ø O teu coração não é reto diante de Deus. Uma descrição
apropriada para uma pessoa que não é salva e que quer barganhar com Deus. Simão
não era convertido. Impressionado com os milagres que Filipe operava, Simão
teria se convencido de ser Jesus o Messias, mas não houve transformação em sua
vida.
Ø Estás em fel de amargura e laço de iniquidade. Palavras como essas
não poderiam ser usadas para uma pessoa regenerada.
Esta é a segunda vez
que o pecado tenta entrar na igreja por meio do dinheiro: em Jerusalém, Ananias
tentou comprar reconhecimento (Atos 5:1-5); em Samaria, Simão, o mágico, tentou
comprar poder espiritual. A igreja de Deus precisa ter discernimento para não
receber qualquer tipo de oferta. Se a motivação do ofertante não for pura
diante de Deus, sua oferta torna-se maldição, e não bênção, para a igreja.
4. A Súplica de Simão (Atos 8:24). Pedro instou Simão a
se arrepender de seu pecado grave e orar para que seu plano perverso fosse
perdoado (Atos 8:22,23). Em resposta, Simão pediu que Pedro servisse de
mediador entre ele e Deus e, com isso, foi o precursor daqueles que preferem se
dirigir a um mediador humano a ir diretamente ao Senhor.
“Respondendo, porém, Simão disse: Orai vós por
mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim”.
As
palavras de Simão indicam que não houve arrependimento sincero da sua parte. Em
vez de expressar contrição por seus pecados, ele demonstrou apenas preocupação
com as suas consequências. Na verdade, ele não demonstrou sincero
arrependimento. Quis livrar-se das consequências do seu pecado, e não do pecado
propriamente dito. John Stott diz que o que realmente o preocupava não era o perdão
de Deus, mas apenas escapar do juízo de Deus (Atos 8:24).
Simão
ouviu o evangelho, viu os milagres, professou sua fé em Cristo e foi batizado,
no entanto, nunca chegou a nascer de novo. Ele foi batizado junto com os
samaritanos para não ofender o povo com quem vivia e trabalhava. Era uma das
falsificações engenhosas de Satanás.
III. O PERIGO
DE BARGANHAR COM DEUS
1. O perigo de se ter
um Deus imanente, mas não transcendente. Deus é transcendente e imanente. Ou
seja, a despeito de habitar nas alturas mais insondáveis, e apesar de infinito
e imenso, não permanece alheio às suas criaturas. Assim, ao longo dos séculos,
o Eterno vem se comunicando com o homem, direta ou indiretamente. Ele tem
prazer de ser assim com o ser humano; é tanto que, após o pecado do homem, Ele
proveu o Cordeiro imaculado, Jesus Cristo, para através de sua morte vicária
resgatar o ser humano ao estado original da criação.
- Deus é
transcendente.
Conquanto a natureza possa nos fazer inferir que haja um Deus, não permite que
nós, através dela ou da razão, possamos descobrir os mistérios e as
profundidades do pensamento divino, pois Deus é Deus, e nós, meros homens. Ou
seja, Deus é transcendente - Ele é diferente e independente da sua criação (ver
Ex.24:9-18; Is.6:1-3; 40:12-26; 55:8,9). Seu Ser e sua existência são
infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada
(1Rs.8:27;At.17:24,25).
- Deus é Soberano. Embora Deus tenha o
prazer de atender ao ser humano em suas necessidades, não podemos nos esquecer de
que Ele é soberano e está acima de toda criação. Deus é superior ao homem e,
portanto, o homem não pode querer esquadrinhar os Seus pensamentos ou entender
os Seus propósitos, a não ser pela própria revelação divina. Atualmente, os
teólogos adeptos da “teologia da barganha”, tentam, a bel prazer, priorizar a
relação de Deus com a criação, ignorando propositalmente a soberania e a
vontade de Deus. Ninguém deve, jamais, pensar que é merecedor de qualquer coisa
da parte de Deus. Isso deve se aplicar a todos os aspectos da vida do cristão,
desde o ar que respiramos, passando pela salvação provida na cruz, ou qualquer
outro benefício que venhamos a receber dEle (Tg.4:13-15).
Quando
vemos as promessas divinas, como ato soberano de Deus, temos motivos para nos
humilhar perante Sua potente mão e reconhecermos que não passamos de homens e
mulheres carentes de Sua graça. É uma pena que alguns cristãos não estejam se
apercebendo disso, resultando em exageros nas orações e nas pregações. De vez
em quando, vemos e ouvimos pregadores que oram determinando bênçãos às vidas de
seus expectadores. Alguns, mais ousados, querem pôr Deus no “canto da parede”,
justificando, não poucas vezes, que Deus, ao prometer, não pode mais voltar
atrás, tornando-se, assim, escravo de Sua palavra. Tal ensino é um acinte à
soberania divina, uma verdadeira blasfêmia, que não ficará impune. Deus não tem
que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo. Ao assumir um compromisso,
como diz a Bíblia em Isaías 55:10,11, assume um compromisso com Ele mesmo. Deus
é fiel, como dizem as Escrituras (1Co.1:9; 10:13; 2Co.1:18), ou seja, cumpre a
sua Palavra, não porque o homem passe a lhe mandar, mas, sim, porque o caráter
de Deus diz que Ele não muda (Ml.3:6), é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), é Justo
(Ex.9:47; 2Cr.12:6; Sl.11:7) e que, portanto, sua Palavra só pode ser “sim e
amém” (2Co.1:20). Certo teólogo afirmou que Deus “pode fazer tudo o que quer,
mas não quer fazer tudo o que pode”. Isto significa que o poder de Deus está
sob o controle de sua sábia vontade.
2. O perigo de transformar o sujeito em objeto. Hoje estamos
assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. A falaciosa “teologia da
barganha” tem, vergonhosamente, transformado a fé em um grande negócio rentável
e cada vez mais crescente. Isso tem trazido prejuízos enormes para a Igreja do
Senhor Jesus. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e
os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e
enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da
riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam
prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si
mesmos.
A
briga por espaços na mídia tem sido assaz notória, vendendo uma ilusão de que
seus ministérios são aprovados por Deus, quando na verdade eles estão iludindo
uma parcela dos que cristãos dizem ser, que não entendem que essa atitude
mercantilista é reprovada por Deus.
O
Senhor, em Sua Palavra, nos primórdios da fé cristã, advertiu os crentes que
muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas
(2Pd.2:3).
“e, por avareza, farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença,
e a sua perdição não dormita”.
Antes
mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de
pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas
(Ez.34:4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na
salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam
a igreja em um negócio lucrativo.
Vergonhosamente,
muitos pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com
suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna
o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O
ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada,
e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns
para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada
no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras
preocupante. O meu maior desejo é que esses pastores se convertam dos seus maus
caminhos, antes que seja tarde demais, antes que sua mente fique cauterizada e
a apostasia não mais ofereça lugar à piedade e a honestidade (ler Pv.29:1).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e
não em relacionamentos. Os adeptos da “doutrina da barganha” têm transformado o
relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Segundo seus
ensinamentos, para se obter o que se deseja de Deus é preciso fazer quatro
coisas, as chamadas “regras da fé” ou “fórmulas da fé”, a saber:
Ø Confessar o que você
quer.
Ø Crer que você tem
aquilo que você quer.
Ø Receber o que você
quer.
Ø Contar aos outros que
você tem o que você quer.
De
pronto, observamos que a soberania de Deus não é levada em consideração. Tudo
gira em torno do que “você quer”, sem que se indague se o que se quer é o que
Deus quer. Desprezam a realidade de que, apesar de sermos filhos de Deus, somos
totalmente submissos à sua vontade e à sua soberania, como Jesus mesmo nos
ensinou na oração-modelo – “o Pai nosso” – e na sua oração no jardim do
Getsêmani(vide Lc.22:42; veja também 1João 5:14).
Temos,
portanto, mais uma vez, evidenciado que a “doutrina da barganha” diviniza o
homem, dá uma “roupagem evangélica” para o desejo pecaminoso de se ser
independente de Deus. Que Deus nos guarde de agirmos assim, pecando contra a
Sua soberania. Que Deus nos conceda poder do Alto contra as hostes da maldade.
CONCLUSÃO
“A
história de Simão, o mágico, nos mostra que seu comportamento foi reprovado por
Deus. Há uma diferença abissal entre o poder que vem do alto, o poder
sobrenatural do Espírito Santo, e os pseudomilagres operados por charlatões e
embusteiros, agentes a serviço do reino das trevas. Isso nos serve de lição
para estarmos alertas quanto aos líderes enganosos” (LBM.CPAD).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos
apelos do mundanismo. PortalEBD_2008.
Dr.Caramuru Afonso Francisco. A promessa da verdadeira Prosperidade.
PortalEBD_2007.
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