2º Trimestre/2019
Texto Base: ÊXODO 25:1-9
“E me farão um santuário, e
habitarei no meio deles” (Êx.25:8).
Êxodo 25.1-9
1
- Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 - Fala aos filhos de
Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover
voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
3 - E esta é a oferta
alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre,
4 - e pano azul, e
púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras,
5 - e peles de carneiros
tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim,
6 - e azeite para a luz,
e especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso,
7 - e pedras sardônicas,
e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral.
8 - E me farão um
santuário, e habitarei no meio deles.
9 - Conforme tudo o que
eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis,
assim mesmo o fareis.
INTRODUÇÃO
Estamos iniciando mais um
trimestre letivo, e nele estudaremos preciosas lições a respeito de “o “Tabernáculo:
símbolo da Obra Redentora de Cristo”. Após o êxodo, Deus queria habitar no meio
de seu povo, por isso Ele ordenou e orientou a Moisés que, juntamente com o
povo recém-liberto da escravidão do Egito, estabelecesse um local e um ritual
para o culto que deveriam prestar a Ele (Êx.cap.25-30). Esse lugar seria o
“Tabernáculo” (hebraico mikadesh,
santuário), um lugar de adoração ao único Deus verdadeiro.
A ideia central do
Tabernáculo era que Deus habitava entre o seu povo; sua plena realização
encontra-se na encarnação de Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós” (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se chama
Emanuel - “Deus conosco” (Mt.1:23). Em nossos dias a presença de Deus se
manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos cristãos
(Ef.2:21,22).
O Tabernáculo tinha
vários nomes; em regra geral, chamava-se "tenda" ou
"tabernáculo", porque a sua cobertura exterior assemelhava a uma
tenda. Também se denominava "tenda da congregação", porque ali Deus
se reunia com o seu povo (Êx.29:42-44). Visto como continha a Arca e as tábuas
da lei, chamava-se "tabernáculo do testemunho" (Êx.38:21; Nm.9:15) - testificava
da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem. Além disso, chamava-se
"santuário" (Êx.25:8), porque era uma habitação santa para o Senhor.
Era nesse recinto,
relativamente simples, que Deus encontrava-se com seu povo - “... à porta da
tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar
contigo ali" (Êx.29:42).
I. A PARCERIA DE DEUS COM SEU POVO PARA A
CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO (Êx.25:1-7)
1. Por que construir um Tabernáculo no deserto? Desde o inicio, na criação, Deus estabeleceu
com o ser humano um relacionamento íntimo e de comunhão (Gn.3:8), para que lhe
fosse prestado um culto de louvor e adoração. Noé e seus descendentes, assim
como os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó mantinham viva essa relação cultual
por meio de sacrifícios prestados em altares de pedra (Gn.8:20; Gn.12:7; 26:25;
35:1,2).
Quando o povo de Israel
saiu do Egito em direção à Terra Prometida, Deus mandou Moisés construir o
Tabernáculo - “E me farão um santuário,
para que eu possa habitar no meio deles”(Ex.25:8). Foi construído conforme
as orientações concedidas por Deus a Moisés, para que Ele pudesse manifestar
Sua presença e receber a devida adoração. O “Tabernáculo” era de caráter
provisório, pois podia ser armada e desarmada durante a caminhada israelita
pelo deserto.
Embora em sentido literal
seja impossível que a presença de Deus se limite a um lugar (Atos 7:48,49),
pois "o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens"
(Atos 7:48; 1Rs.8:27), o Tabernáculo tinha um propósito precípuo: lembrar ao
povo que ele possuía o privilegio incomparável de ter o Senhor no meio de
Israel. No Tabernáculo, Deus se fazia presente como Rei do seu povo e recebia
culto de louvor e adoração. Além disso, o Tabernáculo também era o símbolo do
relacionamento e da intimidade do ser humano com Cristo.
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a
casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração (…). Guardemos firme a
confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é
fiel”(Hb.10:19-23).
Em
resumo, o Tabernáculo tinha os seguintes propósitos:
Ø Proporcionar um lugar onde Deus se manifestasse entre seu
povo
(Êx.25:8; 29:42-46; Nm.7:89). Ali, o Todo Poderoso podia encontrar-se com os
representantes de seu povo, e eles com Deus. Até aquele momento, Deus já havia
se manifestado várias vezes em favor de Israel, mas não tinha sido visto ainda
“no meio deles”. Quando Deus falava a Moisés no monte, o povo assistia à
distância, impactado pela visão dos raios projetados lá de cima. Agora, porém,
Deus está dizendo que a sua presença, que os assistira até ali, estaria
permanentemente no meio do arraial, representada por um santuário erguido sob
Sua orientação. O Tabernáculo lembrava também aos israelitas que Deus os
acompanhava em sua peregrinação.
Ø Ser o centro da vida religiosa, moral e social. O Tabernáculo sempre se situava no meio do
acampamento das doze tribos (Nm.2:17), e era o lugar de sacrifício e centro de
celebração das festas nacionais.
Ø Representar grandes verdades espirituais que Deus desejava
gravar na mente humana, tais como sua majestade e santidade, sua proximidade e
a forma de aproximar-se de um Deus santo. Os objetos e ritos do Tabernáculo
mostravam essas verdades espirituais, que eram figuras para o povo de Deus da
Nova Aliança (Hb.8:1,2,8-11; 10:1). Os cerimoniais também desempenhavam um
papel importante em preparar os hebreus para receber a obra sacerdotal de Jesus
Cristo.
Observação: o “Tabernáculo” não se trata de morada de Deus. O
principal objetivo do Tabernáculo (Mikadesh,
santuário) é “... e habitarei no meio
deles” (Êx 25:8b), ou seja, entre eles, e não “nele” (“shakan”). Com isso se chega à absoluta negação do antropomorfismo,
no sentido de morada de Deus. O Templo, Tabernáculo, não é morada de Deus, mas
dos homens, e seu principal objetivo é o de aperfeiçoar a condição humana à
condição divina.
O Tabernáculo foi,
durante os anos de peregrinação pelo deserto, o lugar de encontro de Deus com o
seu povo; ali, o Todo-poderoso revelou-se e recebeu adoração (Êx.40:34,35).
Esse santuário simbolizava a verdade de que lugares secos e áridos enchem-se de
vida com a presença de Deus entre o Seu povo.
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação,
e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de maneira que Moisés não podia
entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória
do SENHOR enchia o tabernáculo” (Êx.40:34,35).
2. A materialização da obra de Deus (Êx.40:2,17). Foi Deus quem projetou o Tabernáculo, e sua
materialização no deserto do Sinai, no primeiro mês do segundo ano, após a
saída do povo hebreu do Egito.
“E aconteceu no mês primeiro, no ano segundo,
ao primeiro do mês, que o tabernáculo foi levantado“ (Êx.40:17).
Deus exigiu que o
Tabernáculo fosse construído exatamente de acordo com os padrões divinos. Ele
ensinou a Israel muitas lições mediante o livramento do Egito, das
experiências no deserto e das leis dadas no Sinai.
Não obstante, há lições
que podem ser aprendidas somente trabalhando em cooperação com Deus e na forma
como ele deseja. Se essa verdade se aplica à construção física, muito mais
importante é edificar congregações (pessoas) em nome de Cristo de acordo com o
padrão divino do Novo Testamento.
3. As ofertas (Êx.25:2-7). Para construção do Tabernáculo a primeira coisa que Deus pediu foi uma
oferta. O tabernáculo foi construído com as ofertas voluntárias do povo.
Ninguém foi obrigado a dar. Não devia haver obrigação de nenhum tipo, exceto a
que nasce do amor e da gratidão.
Moisés foi instruído a
pedir ao povo uma oferta de materiais para construir o Tabernáculo. Sem dúvida,
os metais e pedras preciosas, tecidos, especiarias e óleo correspondiam ao
pagamento que os israelitas receberam dos egípcios quando saíram do Egito. Eles
trabalharam arduamente (mais que isso, foram escravizados) por essas riquezas e
agora as ofereciam ao Senhor em sacrifício. Deus desejava ver um coração bem
disposto. Ninguém foi obrigado a ofertar, mas não poderia ofertar qualquer coisa;
teriam que se enquadrar dentro de uma lista predeterminada pelo Senhor (cf.
Êx.25:2-7). Como no passado, ainda hoje os templos são construídos graças à
oferta do povo. De outra maneira não seria possível. A obra de Deus requer
parceria humana.
2. Fala aos filhos de Israel que me tragam uma
oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele
tomareis a minha oferta alçada.
3. E esta é a oferta alçada que tomareis
deles: ouro, e prata, e cobre,
4. e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho
fino, e pêlos de cabras,
5. e peles de carneiros tintas de vermelho, e
peles de texugos, e madeira de cetim,
6. e azeite para a luz, e especiarias para o
óleo da unção, e especiarias para o incenso,
7. e pedras sardônicas, e pedras de engaste
para o éfode e para o peitoral.
O ato de ofertar foi e é um ato voluntário
“Tomai, do que vós tendes, uma oferta para o
SENHOR; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta
alçada ao SENHOR...” (Êx.35:5).
“Todo homem e mulher, cujo coração
voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o SENHOR
ordenara se fizesse pela mão de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel
por oferta voluntária ao SENHOR” (Êx.35:29).
Êxodo 35:4-29 demonstra quão importante era para o Senhor que cada um tivesse a
oportunidade de dar alguma coisa. Precisava-se de metais, materiais e tecidos
de todos os tipos. Todos podiam dar segundo o que possuíam. Deus não depende de
uns poucos homens ricos para pagar as contas; Ele deseja que todos desfrutem a
emoção e a bênção de partilhar o que têm. Os israelitas deram com alegria, e
foi tão abundante que foi necessário suspender a oferta (Êx.36:5-7).
“e falaram a Moisés, dizendo: O povo traz
muito mais do que basta para o serviço da obra que o SENHOR ordenou se fizesse.
Então, mandou Moisés que fizessem passar uma voz pelo arraial, dizendo: Nenhum
homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário.
Assim, o povo foi proibido de trazer mais, porque tinham material bastante para
toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava”.
“Que
lição preciosa! Quando cada crente entende que a oferta é parte vital na
comunhão com Deus e dá liberalmente, a igreja não precisa descer ao ‘Egito’ (ao
mundo) e mendigar a ajuda dos infiéis! Bem escreveu Arnold Doolan, em sua obra
O Tabernáculo no Deserto, p.15: ‘Que insigne exemplo de devoção ao Senhor e de
obediência ao seu mandamento. É impossível computar o valor de tudo quanto foi
oferecido pelos israelitas, tudo dado espontaneamente e de muito boa vontade,
para a construção do Tabernáculo e dos seus apetrechos. Devia representar uma
elevadíssima soma. Contudo, o que mais impressiona o meu coração é o fato de
que tudo deram voluntariamente e de todo o coração. Eles ouviram a voz do
Senhor e corresponderam imediatamente. Sem dúvida, o Diabo era bastante
astucioso para insinuar que aquela obra envolvia despesas extraordinárias, que
o custo de vida seria elevado e que era prudente poupar ou guardar
cuidadosamente o que possuíam. Mas os filhos de Israel, naquele tempo da sua
história, tinham os seus olhos postos no Senhor, e a vontade do Senhor era de
suprema importância para todos eles’” (Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a
Igreja).
Ao povo de Deus da Nova
Aliança, o fator motivante para a contribuição é a alegria (2Co.9:7).
“Cada um contribua segundo propôs no seu
coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria” (2Co.9:7).
II - O TABERNÁCULO FOI UM PROJETO DE DEUS (Êx.25:8,9)
1. Deus arquitetou o Tabernáculo (Êx.25:8). Quando o povo de Israel saiu do Egito em direção
à Terra Prometida, Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo - “E me farão um santuário, para que eu possa
habitar no meio deles”. Todos os detalhes foram feitos de acordo com o
desenho que Deus mostrou a Moisés no Monte Sinai (Êx.25:9,40; 26:30; 35:10).
Por quarenta dias e
quarenta noites Moisés esteve no Monte para ouvir a Deus (Êx.24:18). Ali, o
Altíssimo deu a Moisés as diretrizes para construir o lugar onde Ele estaria. Isto
nos ensina que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o
culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto
prestado segundo prescrições de homens (Cl.2:20-23). Temos de adorar a Deus da
forma indicada em sua Palavra.
Ao construir o
Tabernáculo estritamente conforme as ordenanças de Deus, os israelitas foram
recompensados, pois a glória do Senhor encheu a “tenda” e a nuvem do Senhor
permaneceu sobre ela (Êx.40:34-38).
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação,
e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de maneira que Moisés não podia
entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória
do SENHOR enchia o tabernáculo”.
“Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o
tabernáculo, então, os filhos de Israel caminhavam em todas as suas jornadas.
Se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam até ao dia em que ela se
levantava; porquanto a nuvem do SENHOR estava de dia sobre o tabernáculo, e o
fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em
todas as suas jornadas”.
Igualmente conosco, se
desejamos a presença e bênção divinas, temos de cumprir as condições expressas
na Palavra de Deus.
2. O plano térreo do Tabernáculo (Êx.25:9). O Tabernáculo era composto por três partes:
Pátio, Santo Lugar e Santo dos Santos. Cada parte do Tabernáculo carregava um
ensinamento espiritual sobre a pessoa e a obra de Cristo, assim como a respeito
de como devemos nos aproiximar de Deus.
Observação: O Termo Tabernáculo algumas vezes se refere à
tenda central em que se situava o lugar Santo e o Santo dos Santos, área
coberta com cortinas bordadas. Entretanto, em outras passagens se refere a toda
a construção, incluindo o Pátio e a cerca de proteção.
2.1. O Pátio do Tabernáculo (Êx.27:9-19) - “Farás
também o pátio do tabernáculo; ao lado do meio-dia, para o sul, o pátio terá
cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados”
(Êx.27:9).
O Pátio tinha um formato
retangular e media cerca de 45 metros de comprimento por 22,5 metros de largura
(Êx.27:18). Ele era cercado por cortinas e havia uma única entrada para ele. Isto
simbolizava a separação que deve haver para adoração a Deus.
Segundo Mattew Henry, o “Pátio
era um tipo da igreja, fechada e separada do resto do mundo, encerrada por
colunas, indicando a estabilidade da igreja, fechada com o linho limpo, que
está escrito que é a justiça dos santos (Ap.19:8). Este era o local que Davi
ansiava estar e onde ele anelava residir (Sl.84:2,10), e onde o povo de Deus
entrava com louvor e agradecimentos” (Sl.100:4).
O Pátio era descoberto.
Isso significava que quem estava ali (e a maioria dos crentes ainda estão no
pátio) estava exposto às intempéries do tempo - sol, chuva, ventos, etc.., além
de tipificar a primeira experiência que todo homem deve ter para com Deus. Esta
fase nos fala que o Pátio é somente uma parte do caminho a ser percorrido.
O Pátio compunha-se de três elementos: a Porta, o Altar e a Pia.
a) A PORTA. Só existia uma porta de
entrada para o Pátio; representava Cristo, que é a única Porta de acesso a
Deus, o único Caminho para o Céu (João 10:9;14:6). Ficava virada para o leste,
o lado onde nasce o sol. Quando o dia nascia, a primeira coisa que viam era o
nascimento do sol, que simboliza Jesus Cristo. Isto nos fala de nossa primeira
experiência com o Eterno: a salvação. Quando passamos pela Porta (Jesus),
saímos do mundo e entramos numa nova vida. Nossa vida recomeça então a partir
do zero, pois iniciamos uma nova caminhada, só que agora com Deus. Nosso
objetivo e alvo é crescermos até a estatura de varão perfeito em Cristo.
b) O ALTAR. Era a primeira coisa vista pela pessoa que
adentrava o Pátio; era feito de madeira de cetim (acácia) coberta de bronze, e
seu formato era de um quadrado com 2,25 metros de cada lado por 1,35 metro
de
altura (Êx.27:1,2). Cada canto do Altar tinha uma ponta que se sobressaía em
forma de chifre de boi. Os animais para o sacrifício eram atados a este chifre
(Salmo 118:27). Também, se alguma pessoa era perseguida, podia apegar-se aos
chifres do Altar a fim de obter misericórdia e proteção (1Reis 1:50,51). Ali os
animais eram imolados em sacrifício para expiação dos pecados. O sangue das
vítimas era colocado nas pontas do Altar e o restante dele era derramado na sua
base (Lv.4:7).
O Altar, portanto, é o
local de morte; é ali que nossa vida é colocada como um sacrifício para Deus.
No Altar nós morremos para as nossas próprias convicções, vontades, desejos,
expectativas, etc. Ali tem fim o velho homem. O desejo do coração do Eterno é
que, após termos um verdadeiro encontro com Ele, possamos verdadeiramente
morrer.
Quando o sacrifício
queimava, subia um cheiro que se desprendia da vítima. E é isso que o Deus
espera, que quando nossa vida for a Ele oferecida, possamos liberar um cheiro
suave a fim de agradarmos ao Senhor - “Assim
queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor, cheiro
suave; uma oferta queimada ao Senhor” (Êx.29:18).
c) A PIA DE BRONZE (Êx.30:17-21). A Pia de bronze era utilizada
para o sacrifício de purificação (Êx.30:17-21). Essa lavagem cerimonial era
feita com água constantemente substituída, já que não havia
sistema de
torneiras ou bicas disponíveis. Os sacerdotes deveriam se lavar sempre nela
antes de ministrarem no interior do Tabernáculo ou no Altar dos Holocaustos.
Para o cristão, a Pia
simboliza o batismo. Ela nos fala de limpeza, onde os pecados são lavados
publicamente e somos integrados a uma nova realidade. Tipifica nossa morte e
ressurreição a fim de vivermos uma nova vida com Cristo - “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que,
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do pai, assim
andemos nós também em novidade de vida” (Rm.6:4).
2.2. A Tenda do Testemunho. A Tenda do Testemunho era a parte coberta do Tabernáculo. Dividia-se em
duas câmaras. A entrada ficava ao oriente e conduzia ao Lugar Santo; este media
nove metros de comprimento. Mais para dentro estava o Santo dos Santos ou Lugar
Santíssimo. Entre os dois compartimentos havia um Véu de linho com desenhos em
cor azul, púrpura e carmesim, adornado com figuras de querubins.
a) O Lugar Santo. Era
neste Lugar que os sacerdotes adentravam na presença do Eterno, pois todos os
mobiliários do Lugar Santo são de ouro, e o ouro nos fala da divindade, nos
fala da realeza e da eternidade. No Lugar Santo encontravam-se três móveis: a
mesa dos pães, o castiçal e o altar do incenso.
-À direita estava a mesa dos pães da proposição, feita de acácia e revestida de ouro; media
noventa e um centímetros de comprimento por quarenta e seis de largura, com uma
altura de sessenta e sete centímetros. Todos os sábados os sacerdotes punham
doze pães sem fermento sobre a mesa e retiravam os pães envelhecidos que os
sacerdotes comiam no Lugar Santo.
-Ao lado esquerdo do Lugar Santo encontrava-se o Castiçal
ou Candelabro de ouro com
suas sete lâmpadas (Ex.25:31-40). Sua "cana" ou tronco descansava
sobre um pedestal. Tinha sete braços, três de cada lado e um no centro. Cada um
com figuras de maçãs, flores e copos lavrados em derredor. Todas as tardes os
sacerdotes limpavam as mechas e enchiam as lâmpadas com azeite puro de oliva a
fim de que ardessem durante toda a noite (Êx.27:20,21; 30:7,8).
-Diante do véu no Lugar Santo estava o Altar do
Incenso, no qual se faziam
intercessões pelo povo de Deus (Êx.30:1-10; 37:25-28). À semelhança dos outros
móveis da Tenda, era feito de acácia e revestido de ouro. Tinha seus quatro
lados iguais; cada lado media meio metro e sua altura era aproximadamente de um
metro. Sobressaindo da superfície, havia em seus quatro cantos umas pontas em
forma de chifre. Todas as manhãs e todas as tardes, quando preparavam as
lâmpadas, os sacerdotes queimavam sobre esse Altar o incenso utilizando-se de
fogo tirado do Altar do holocausto. O Altar do Incenso relacionava-se mais
estreitamente com o Lugar Santíssimo do que com os demais móveis do Lugar Santo.
É descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor" (Lv.4:18)
como se não existisse o véu entre ele e a arca.
b) O Lugar Santíssimo. O Lugar Santíssimo tinha a forma de um cubo, e continha um único móvel: a
Arca do Concerto (Nm.10:33) ou Arca do Testemunho (Êx.25:22), ou também “Arca
da Aliança”, na qual se guardavam as “Tábuas da Lei” (Êx.31:18); era o objeto
mais sagrado de Israel. A Arca era um cofre de 1,15m por 0,70m construído de
acácia e revestido de ouro por dentro e por fora. Sobre a coberta da Arca
estavam dois querubins (figuras de seres angelicais) diante um do outro, feitos
de ouro, que com suas asas cobriam o local conhecido como "propiciatório".
Para os israelitas o
Lugar Santíssimo e em especial o propiciatório (coberta) da Arca representavam
a imediata presença de Deus. Ali se manifestava a glória de Deus, que
representava sua própria presença. A coberta se dava o nome de
"propiciatório", pois ali o mais perfeito ato de expiação era
realizado uma vez por ano pelo sumo sacerdote.
As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto
de cada um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a
Deus.
A Arca continha as duas tábuas da lei, um vaso com maná, e mais tarde se
incluiu a vara de Aarão. Todos esses objetos lembravam a Israel o
concerto e o amor de Deus. As tábuas da lei simbolizavam a santidade de Deus e
a pecaminosidade do homem; também lembrava aos hebreus que não se pode adorar a
Deus em verdade sem se dispor a cumprir sua vontade revelada.
O Véu que separava o Lugar Santíssimo do Lugar Santo, e excluía todos os
homens com exceção do sumo sacerdote, acentuava que Deus é inacessível ao homem
pecador. Somente por via do mediador nomeado por Deus e do sacrifício de um
inocente podia o homem aproximar-se de Deus.
Para o crente de hoje estas coisas servem de "alegoria para o
tempo presente" (Hb.9:9), onde Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote, entrou
de uma vez para sempre com seu próprio sangue para fazer propiciação por nossos
pecados e expiá-los. É interessante notar a relação que existe entre o
"propiciatório" e as palavras do apóstolo Paulo quando disse,
referindo-se a Cristo: "ao qual Deus
propôs para propiciação" (Rm.3:25). Pela obra de Cristo no Calvário,
"o Véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo" (Mt.27:51). Este
símbolo da separação entre Deus e os homens foi entretecido por nossos pecados;
agora está rasgado e os crentes têm acesso à presença de Deus (Hb.10:19,20;
4:14-16; Rm.5:1,2). Aleluia!
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no
Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb.10:19,20).
III. A RELAÇÃO TIPOLÓGICA ENTRE O TABERNÁCULO E A
IGREJA
A palavra “igreja” fala
de uma “reunião”, ou seja, um grupo de pessoas. Portanto, Igreja não é um
indivíduo, não é uma pessoa solitária, mas, sim, um grupo de pessoas, um
conjunto de pessoas. Desta forma, a salvação proporcionada por Jesus Cristo
cria um novo grupo de pessoas, um novo povo. Não se pode, pois, biblicamente
falando, ser salvo e permanecer isolado, solitário na vida sobre a face da
Terra. Este novo povo, a Igreja, vem, portanto, realizar, concretizar aquilo que
Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6), era
apenas uma figura, um símbolo, uma sombra (Hb.10:1).
A “Igreja”, portanto, é a
reunião de todos os salvos que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da
obra redentora na cruz do Calvário; é a “universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a); é o “Corpo de Cristo”
(1Co.12:27,28; Ef.4:12); é a “ geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido” (1Pd.2:9).
O conjunto de salvos que
creram em Jesus Cristo ao longo da história se reunirá, pela primeira vez,
quando do arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo
Filho com as seguintes palavras: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me
deu”(Hb.2:13).
O Tabernáculo, bem como o
Templo de Salomão, simboliza a Igreja de Cristo edificada "para morada de
Deus em Espírito" (Ef.2:22); simbolizam também o próprio crente cujo corpo
"é o templo do Espírito Santo" (1Co.6:19). Ademais, o Tabernáculo,
representa, por tipos, a realidade suprema do Céu, onde agora mesmo Cristo, o
nosso Sumo Sacerdote, comparece, "por nós, perante a face de Deus"
(Hb.9:24).
Nas lições seguintes,
veremos a importância simbólica do Tabernáculo em seus adereços, utensílios e
cultos, seus ministros e ajudantes, sua ordem e o significado de cada item na
relação espiritual-tipológica com a Igreja de Cristo.
Paulo tipificou a Igreja
como edifício de Deus para falar de crescimento coerente e organizado da
comunidade cristã (1Co.3:9). Neste edifício, os crentes em Cristo são
identificados como “pedras vivas”, as quais são edificadas umas sobre as
outras.
Portanto, a Igreja é o Edifício
Espiritual construído para morada de Deus, assim como era o Tabernáculo no
Antigo Testamento. Ela também é tratada como “Templo de Deus” (1Co.3:16). Aqui,
a figura do templo tem dupla referência, pois refere-se à Igreja e, também, ao
lugar da presença de Deus.
A Igreja é tipificada
como a Casa de Deus – “mas, se tardar,
para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do
Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15). Isto tem um caráter
familiar, porque a palavra “casa”,
nesse contexto, refere-se à família que mora na casa.
O Tabernáculo de Moisés
era material, e Deus habitava nele; a Igreja é o Tabernáculo Espiritual onde o
Altíssimo habita e se manifesta gloriosamente (Ef.2:22).
“no qual também vós juntamente sois edificados
para morada de Deus no Espírito”.
CONCLUSÃO
O Tabernáculo arquitetado
por Deus no deserto foi um modelo futurista da Igreja que iria surgir com a
vinda de Cristo. Mas, também, apontava para a Pessoa de Jesus Cristo, que viria
a esse mundo para mostrar, na prática, o desejo de Deus em habitar entre os
homens. Ele fez isso na encarnação de seu Filho, o Tabernáculo divino. O
Tabernáculo e o Templo de Salomão não existem mais, porém a Bíblia diz que,
desde o dia em que entregamos nossa vida a Cristo, passamos a ser templos –
tabernáculos - do Espirito Santo (1Co.6:19,20), peregrinando no deserto desta
vida, aguardando o Dia em que seremos transportados para a nossa Terra
Prometida – a Cidade Celestial (Fp.3:20). Portanto, onde quer que estejamos,
carreguemos e manifestemos a glória do Senhor em nossa vida; e para que isso se
torne uma realidade, que os seus mandamentos estejam sempre gravados no fundo
do nosso ser. Amém!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Eugene
H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Silas
Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.
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