domingo, 27 de outubro de 2019

Aula 05 – A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL – Subsídio


4º Trimestre/2019

Texto Base: 1Samuel 8:4-7; 2Samuel 10:1-7


“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1Sm.8:4,5).
1 Samuel 8:
4-Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,
5-e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.
6-Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR.
7-E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele.
1 Samuel 10:
1-Então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura, te não tem ungido o SENHOR por capitão sobre a sua herdade?
2-Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou o negócio das jumentas e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho?
3-E, quando dali passares mais adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos, o outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.
4-E te perguntarão como estás e te darão dois pães, que tomarás da sua mão.
5-Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e profetizará
6-E o Espírito do SENHOR se apode-rará de ti, e profetizarás com eles e te mudarás em outro homem.
7-E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do “Governo Divino em Mãos Humanas”, tendo como base os Livros de Samuel, trataremos nesta Aula da Instituição da Monarquia em Israel. Desde os dias de Moisés, Deus governou Israel através de sacerdotes e juízes dotados com poder e habilidade. Quando Samuel, o último dos juízes, envelheceu, o povo pediu um rei para que eles fossem como as nações que estavam ao seu redor.
Aquele não era o momento apropriado para pedir um rei, mas Deus ordenou a Samuel que atendesse o pedido do povo. A partir de então, Israel deixou de ser uma teocracia, ou seja, uma nação governada por Deus, que era o seu rei (1Sm.8:7), para ser uma monarquia, ou seja, uma nação governada por um rei humano, como ocorria com todas as nações circunvizinhas (1Sm.8:5).
Todavia, como profeta e último dos juízes, Samuel alertou o povo que a instituição da monarquia em Israel traria mais malefícios que benefícios para eles. Mesmo assim, o povo quis um rei. Eles pediram um rei porque criam, erroneamente, que a razão das suas derrotas vinha da incompetência do governo em vigor, quando, na realidade, o problema era o pecado deles. Daí, eles conformarem-se com o modo de vida dos povos ímpios ao seu redor, ao invés de confiarem em Deus.
Outrora, Deus levantava juízes em diversas regiões, mas agora Ele levantaria uma monarquia em Israel. Embora a monarquia fosse um desejo nacional, Deus interveio e, segundo a sua vontade, estabeleceu essa forma de governo. Incialmente, Saul, da tribo de Benjamim, fora escolhido como o primeiro rei de Israel.
Deus, na sua presciência, sabia que um dia o seu povo ficaria descontente com o governo direto de Deus, e ordenou a Moisés que incluísse em sua Lei as diretrizes a serem seguidas pelo rei, quando isso acontecesse (cf. Dt.17:14-17).
Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim, porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o SENHOR, teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos.
Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho.
Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.
Embora aquele momento, para eles terem um rei, não fosse o momento de Deus, e fosse injusta a sua motivação, Deus os atendeu no que pediram. Apesar de tudo, Deus se propôs a guiar o povo, apesar dos fracassos do governo monárquico de Israel (cf. 1Sm.12:14,15;19-25). Isso revela o amor de Deus e a Sua paciência com a fraqueza humana.

I. POR QUE A MONARQUIA?

1. Porque o povo queria ser como as nações vizinhas (1Sm.8:5,20)

Esta posição era exatamente o que Deus não desejava. Ter um rei facilitaria o esquecimento de que o Senhor era o Seu verdadeiro Líder. Entretanto, não era errado Israel querer um rei; Deus mencionou esta possibilidade em Deuteronômio 17:14-20. Mas, na realidade, o povo rejeitava a Deus como seu verdadeiro Líder. Os israelitas queriam leis, um exército e um monarca no lugar do Senhor. Eles desejavam governar a nação através da força humana, embora somente a de Deus pudesse fazê-los prosperar na terra de Canaã.
O povo não viu nenhuma preparação nos filhos de Israel para assumir tal responsabilidade como eles exigiam. Além do mais, as 12 tribos viviam desunidas, pois cada uma possuía sua própria liderança e território, ou seja, não existia uma unidade entre as tribos que pudesse qualificar Israel como uma nação perante os povos vizinhos. Eles desejavam um rei que unisse as tribos em uma única nação e um só exército; eles queriam ter o orgulho de ser uma nação no seu stricto sensu: com um rei soberano, um exército e um comando que impusesse respeito e ordem. Isto significava rejeitar a liderança divina representada por Samuel. Dessa forma, os israelitas escolheram uma política meramente humana, fugindo de sua real vocação sacerdotal e profética.
Concordo com o Pr. Osiel Gomes quando diz que “há perigo quando o povo de Deus deixa a sua verdadeira vocação para imitar as instituições terrenas. Embora seja bíblico cumprir nossas obrigações políticas e sociais, a vocação da Igreja é espiritual, como afirmou Jesus: ‘O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui”’ (João 8:36).

2. Porque os filhos de Samuel fracassaram

Os israelitas estavam passando por um momento de turbulência espiritual e governamental, não por causa de Deus, que queria ser o Seu rei, mas por causa da rejeição do povo ao próprio Deus. O povo estava envolvido numa verdadeira idolatria; tenha uma noção disso em 1Sm.7:3,4. Além do mais, a Arca da Aliança tinha sido sequestrada pelos filisteus; havia ameaças constantes destes inimigos e os filhos de Samuel não andavam em caminhos retos.
Tendo Samuel envelhecido, procurou colocar seus dois filhos, Joel e Abias, como sucessores para julgar Israel, mas eles não andavam pelos caminhos de Samuel; antes, se inclinaram à avareza, se corromperam e “perverteram o juízo” (1Sm.8:3); eles foram corruptos qual os filhos de Eli (1Sm.2:12). Joel e Abias eram corruptos, portanto, não serviam a Deus e o povo se indignou tanto contra eles que pediu a mudança da forma de governo, rejeitando ao próprio Deus como rei sobre si (1Sm.8:4-7).
É impossível saber se Samuel foi um mau pai. Seus filhos eram adultos o suficiente para serem responsáveis pelos seus próprios atos. Todavia, os maus caminhos que eles andavam não foram bem vistos pelos anciãos de Israel, e por causa disto foram rejeitados para suceder a Samuel na liderança do povo de Deus. Embora fosse duro ouvir essa rejeição dos representantes principais do povo, os anciãos, Samuel era cônscio de que eles falavam a verdade. Como um líder fiel, sincero, autêntico, que só queria o bem maior do povo de Deus, aceitou essa rejeição sem nenhuma reserva. Para ele, a obra de Deus era muito mais importante do que as benesses empregatícias da família.
“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1Sm.8:4,5).
Contudo, Samuel, ao contrário de Moisés, esqueceu-se que o povo era de Deus e não dele. Assim, ao constituir seus filhos como juízes, tomou uma deliberação precipitada, sendo, aliás, este o seu grande erro. Samuel deveria ter pedido a Deus que escolhesse um sucessor e não fazer dos seus filhos sucessores.
Temos de admitir que, na atualidade, vivemos uma verdadeira “síndrome de Samuel”. Homens de Deus dedicados, exemplares e irrepreensíveis, em seu profundo zelo pela obra do Senhor, têm caído na armadilha em que caiu o profeta Samuel, e tem procurado resolver a sua sucessão em família, sem qualquer consulta a Deus. Que eles possam ver os prejuízos causados por este gesto de Samuel antes que o povo de Deus se indigne e passe a querer copiar o mundo, escolhendo formas de governo que signifiquem a rejeição do Senhor, como, aliás, infelizmente, já está ocorrendo.
Sem dúvida, faltou a Samuel, e falta aos líderes atuais que vivem essa síndrome, a convicção de que Deus é o principal responsável pela Sua obra e que, portanto, devemos nos cercar da orientação e sabedoria divina para tomarmos decisão a este respeito, não nos esquecendo de que a obra é do Senhor e que, portanto, nenhum líder tem a prerrogativa de ditar, por sua própria conta, o futuro do povo de Deus. Somente Deus sabe, de antemão, o que está para acontecer e, portanto, sabe muito bem quem deve liderar o povo nos anos que estão por vir.
Observação:
Devemos ter cuidado para não culparmos a nós mesmos pelos pecados de nossos filhos. Por outro lado, a paternidade é uma incrível responsabilidade, e nada é mais importante do que moldar e formar a vida de nossos filhos.
Se os seus filhos adultos não seguem a Deus, perceba que você não pode mais controlá-los. Não culpe a si mesmo por algo que não está mais sob sua responsabilidade. Mas, caso eles ainda estejam sob os seus cuidados, saiba que o que você faz e ensina pode afetar profundamente seus filhos e durar para toda a vida (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).

3. Rejeitando os planos de Deus (1Sm.8:6-22)

Diante das circunstâncias adversas em que vivia o povo de Israel, naquela época, com uma espiritualidade e um padrão moral totalmente desvirtuado daqueles estabelecidos por Deus, e os inimigos apertando cada vez mais o povo, sem dúvida, o Senhor desejava ser, Ele próprio, o único defensor e governador de Israel. O Senhor desejava que seu povo fosse santo e diferente de todas as outras nações da terra.
Deus tinha os seus planos no futuro para Israel no tocante ao governo do seu povo; Ele já tinha previsto que estabeleceria uma monarquia sobre o seu povo. É tanto que muito tempo antes, à época de Moisés, ele indicou as regras a serem seguidas pelo futuro rei. Ele sabia que esse momento chegaria (Dt.17:14). Assim, no tempo certo, o próprio Deus daria um rei com as qualidades necessárias. Entretanto, os israelitas exigiram um rei fora do tempo, fora dos planos de Deus; não quiseram ser diferentes, preferiram se conformar ao mundo (1Sm.8:20). Samuel se entristeceu com o pedido, mas o Senhor o instruíra a atendê-lo. Afinal, não rejeitaram ao profeta, mas, sim, ao Senhor (1Sm.8:7). Deus permitiu isto, porém, a sua vontade perfeita era que Ele próprio governasse o Seu povo (1Sm.8:7; 12:12).
“Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele” (1Sm.8:6,7).
Diante do pedido insistente do povo, Samuel teve que protestar solenemente e explicar o direito do rei. Ele disse que o monarca enriqueceria a si mesmo à custa dos súditos, convocaria rapazes e moças para o serviço militar e doméstico, e praticamente os transformaria em escravos. Samuel, certamente, disse isto com fulcro nos textos sagrados exarados no Livro de Deuteronômio (cf. Dt.17:14-20). As regras em Deuteronômio visavam a conter os males que, sem dúvida, resultariam da monarquia.
A Igreja não pode cometer o mesmo erro de Israel do passado, fazendo escolhas erradas quer na esfera espiritual, quer na esfera humana; para tanto ela deve lançar-se à oração, jejum, consagração e viver uma vida de constante santificação porque sem a qual ninguém verá a Deus.
A Igreja tem de pedir a direção divina para que, através de uma vida santa, Deus estabeleça homens segundo o Seu coração, cheios do Espírito Santo, homens que conhecem a vontade de Deus e que governem bem a Igreja de Jesus Cristo, sendo Ele mesmo a Cabeça da Igreja.
Jesus é a Cabeça da Igreja porque Ele a amou e por ela morreu. Jesus tem o direito de guiar a Igreja por causa de Seu grande sacrifício. Ver Cristo como a Cabeça da Igreja dá segurança àqueles que são membros da Igreja de Cristo, pois os faz lembrar a perfeita direção que dEle recebem. Esta também deve ser uma razão para os não cristãos quererem entrar na Igreja - para que venham submeter-se à liderança infalível de Cristo.

II. A ESCOLHA DE SAUL COMO REI

1. Por que Saul?

Saul foi escolhido para atender uma exigência, a destempo, do povo – “... porque tenho olhado para o meu povo, porque o clamor chegou a mim” (1Sm.9:16). Ele foi escolhido (1Sm.9:15-17), mas o contexto de 1Samuel deixa transparecer que o foco principal era outra pessoa: Davi. Deus, que conhece o interior do ser humano, sabia que Saul não era a pessoa certa para liderar o Seu povo. Saul foi escolhido porque o povo rejeitou o Senhor, e Deus queria mostrar ao povo o quanto era precipitada essa atitude. Deus, naquele momento, atendeu o desejo do povo, mas não correspondia a Sua vontade ter Saul como líder máximo da nação. Na Sua presciência, Ele sabia que Saul era orgulhoso, precipitado, não se arrependia quando era reprendido pelo Senhor, tinha um instinto vingativo, era inconsistente e inconsequente. Na verdade, profundamente analisando, foi o povo que elegeu Saul, e não Deus; Samuel afirmou isso (1Sm.12:12,13).
“E, vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o SENHOR, vosso Deus, o vosso Rei. Agora, pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o SENHOR tem posto sobre vós um rei”.
Com dois anos de reinado o Senhor rejeitou a Saul (1Sm.13:14), e disse, inclusive, que seria ele sucedido por alguém escolhido por Ele mesmo; seria escolhido um homem segundo o Seu coração. Para Saul, isto tornou-se um tormento, porquanto o Senhor confirmava que o sucessor ao trono seria alguém escolhido por Deus e não por Saul. Davi foi ungido, e Saul percebeu logo que a sucessão ao trono não viria da sua linhagem. Saul ficou obcecado para matar Davi, pois sabia que este o haveria de suceder, pondo em risco a sua própria casa.
Mesmo depois da morte de Saul, o grande ressentimento que se teve na sua casa foi sempre a circunstância de ter sido retirada do poder em favor de Davi e sua descendência (2Sm.6:20-23; 16:5-8), o que, inclusive, refletiu até mesmo na tribo de Saul (Benjamim), igualmente preterida em favor de Judá (2Sm.20:1), até porque frustrada foi a tentativa de Abner fazer continuar reinando o único filho sobrevivente da casa de Saul, Isbosete (2Sm.2:8; 3:6; 4:1,7,8), apesar de ele bem como Isbosete saberem que isto era contrário à vontade de Deus, o qual tinha ordenado ungir Davi para suceder a Saul.

2. A Unção de Saul por Samuel (1Sm.10:1)

“então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?”.
Quando um rei israelita tomava posse, ele não era apenas coroado, mas ungido também. Primeiramente, vinha a unção. A coroação era o ato político de estabelecer o rei como governador; a unção era o ato religioso de fazer do rei o representante de Deus para o povo.
Um rei era sempre ungido por um sacerdote ou profeta. O óleo especial da unção era uma mistura de óleo de oliva, mirra e outras especiarias. Era despejado sobre a cabeça do rei para simbolizar a presença e o poder do Espírito Santo em sua vida. Esta cerimônia tinha a finalidade de lembrar o rei sobre a sua grande responsabilidade de governar o povo através da sabedoria de Deus, e não da sua.
O que é unção? É a capacitação especial do Espírito Santo para realizar a Sua obra. Quando Saul recebeu a unção, ele foi imediatamente capacitado. Veja o que o texto sagrado afirma:
“Sucedeu, pois, que, virando ele as costas para partir de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos aqueles sinais aconteceram aquele mesmo dia. E, chegando eles ao outeiro, eis que um rancho de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio deles” (1Sm.10:9,10).
Na Nova Aliança, Deus capacita os seus líderes, e qualquer um que é vocacionado para realizar a Sua obra, com a Unção do Espírito Santo; é o que comumente chamamos de Batismo com o Espírito Santo, que é o revestimento e derramamento de poder do Alto.
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...”(Atos 1:8).
No Senáculo, todos aqueles que estavam esperando o Batismo com o Espirito Santo foram revestidos do poder do Alto para cumprir a Grande Comissão (Mt.28:19,20) estabelecida pelo Senhor.
“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”(Atos 2:2,3).
Não devemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1Co.12:13; Gl.3:27; Ef.4:5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o Novo Nascimento (João 3:5) são batizados (imersos) no corpo místico de Cristo (Hb.12:23; 1Co.12:12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.

3. Os sinais de confirmação da Unção (1Sm.10:2-7)

Samuel deu a Saul um sinal triplo a fim de comprovar a autenticidade de sua eleição como líder ungido de Israel e da comissão que Samuel tinha acabado de lhe transmitir. Os sinais foram:
Ø  Saul encontraria as jumentas perdidas de seu pai.
Ø  Ele encontraria três homens no Monte Tabor, um levando três cabritos, outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.
Ø  Ele teria capacidade de profetizar pelo Espírito de Deus.
-No entendimento do Pr. Osiel Gomes, o primeiro sinal representava o trabalho que o rei teria; o segundo apontava para o sustento divino para a tarefa de Saul; e o terceiro, o rei reinaria sob o Espírito de Deus e, assim, salvaria Israel de seus inimigos.
-No entendimento de Robert B. Chisholm Jr., os dois primeiros sinais mostraram o controle providencial de Deus sobre os acontecimentos e o terceiro mostrou que Deus tinha escolhido Saul para ser seu instrumento especial, ungido (capacitado) pelo Espirito Santo para realizar a tarefa que lhe foi confiada.
Uma vez cumprido os sinais e Saul se convencesse da presença de Deus e de seu poder capacitador, ele devia fazer o que fosse apropriado (1Sm.10:7).
“E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo”.
Embora essa ordem pareça ser tanto vaga, o contexto parece indicar que Samuel tinha em mente uma ação militar. Afinal, a incumbência de Saul consistia em livrar Israel de seus inimigos (cf. 1Sm.9:16), e Samuel faz questão de lembrá-lo da presença de uma guarnição de filisteus em Gibeá (1Sm.10:5 - ARA). A promessa de que o Espírito Santo “virá sobre Saul” (1Sm.10:6) também pode sugerir ação militar.
Uma vez cumprido todos esses sinais, Saul deveria ir a Gilgal e esperar sete dias até Samuel chegar para oferecer sacrifícios (1Sm.10:8). Todos os sinais indicados em 1Smuel 10:2-6 se cumpriram no mesmo dia, mas os acontecimentos em Gilgal ocorreram posteriormente (1Sm.13:7-15).
Não devemos concluir pelo texto de 1Samuel 10:9 que Saul teve uma experiência genuína de conversão. Na verdade, Saul vivia segundo a carne, como sua história posterior deixa claro.
Apesar de não ter havido uma experiência pessoal e salvadora, o Espírito Santo o capacitou para a posição oficial de governante do povo de Deus. Em outras palavras, oficialmente, Saul era um homem de Deus, mas, a nosso ver, não tinha um compromisso pessoal com o Senhor.
Num primeiro momento, podemos perceber que o rei Saul foi ungido pela soberana vontade de Deus; entretanto, ele reinou indiferente aos mandamentos divinos; era um rei falho, egoísta, ciumento e não estava nem aí para obedecer aos mandamentos do Senhor.
Por isso, mas tarde, por causa da desobediência às ordenanças de Deus, ele perdeu a unção, ou seja, perdeu a presença e o poder do Espírito Santo sobre a sua vida; por conseguinte, perdeu a capacidade de governar o povo de Deus. Está escrito:
“e o espírito do senhor se retirou de Saul, e o assombrava um espírito mau, da parte do Senhor” (1Sm.16:14).
Saul foi capacitado pelo Espírito Santo, mas perdeu a unção em sua vida. Aquele Saul, que Samuel derramou um vaso de azeite sobre a cabeça, e o beijou, e disse: “Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?”(1Sm10:1); aquele Saul, que após ser ungido o Espírito de Deus se apoderou dele e profetizou no meio dos profetas (cf. 1Sm.10:10), perdeu a unção. A unção de Saul, agora, era coisa do passado.
Isto nos traz uma grande lição que deve ser considerada: a unção do Espírito Santo pode ser retirada de nós. Todos nós, servos de Deus, temos a unção do Espírito Santo. Está escrito: “e vós tendes a unção do Santo...” (1João 2:20); mas, esta unção pode ser retirada de nós:
  • Se não estivermos no centro da vontade do Senhor.
  • Se não fizermos aquilo para o qual nos capacitou.
  • Se não nos empenharmos com amor e responsabilidade no reino de Deus.
Você entendeu? A unção pode ser tirada de nós! Perde-se a unção e fica somente o azeite sobre os cabelos! Tem muita gente vivendo somente de sua força física e capacidade intelectual, e do azeite que ainda pensa estar sobre sua cabeça, mas a unção de Deus já se foi há muito tempo.
Na Nova Aliança, os que são vocacionados por Deus para realizar a sua Obra, têm a unção do Espírito Santo – a capacidade que vem do alto para o exercício do santo ministério (Ef.4:11-14). Os que são separados para compor o ministério eclesiástico não é necessário o azeite para ungi-los, basta apenas a imposição de mãos do presbitério (1Tm.4:14; 2Tm.1:6) e ser escolhido de acordo com os preceitos estabelecidos pelo Espírito Santo em 1Tm.3:1-13. Se seguir estas diretrizes impostas pelo Espírito Santo, teremos uma Igreja esplendidamente sadia, forte e unida.

III. O REI QUE O POVO ESCOLHEU

1. Uma escolha pautada na aparência

A aparência nada diz acerca do caráter de uma pessoa. Se quer conhecer uma pessoa, conviva com ela por algum tempo, pois os seus atos lhe dirão quem realmente ela é. As primeiras impressões podem ser enganosas, especialmente quando a imagem criada pela aparência da pessoa é contraditada por suas qualidades e habilidades. Saul representava a imagem visual ideal de um rei, fisicamente, era um homem notável (1Sm.9:2), mas as tendências de seu caráter foram com frequência contrárias às ordens de Deus para um rei. O povo não via nada além que a aparência humana; mas Deus, que sonda todas as coisas, conhecia o coração de Saul.
Mesmo utilizando a aparência para escolher o rei Saul, e não o seu caráter, Deus atendeu ao pedido do povo que desejava um rei, mas seus mandamentos e requisitos permaneceram intactos. O Senhor deveria ser seu verdadeiro Rei, e tanto Saul como o povo deveriam estar sujeitos às suas leis. Nenhuma pessoa está excluída de sua jurisdição. O Senhor é o verdadeiro Rei de cada área de nossa vida. Devemos reconhecer sua soberania e padronizar nossos compromissos, profissão e nosso lar de acordo com seus princípios.

2. Os direitos do novo rei (1Sm.8:10-17)

Deus atendeu o pedido do povo, mas deixou claro quais eram os direitos que o rei teria, ou seja, esse novo posicionamento do povo traria peso sobre ele.
Sociologicamente, olhando para a forma como Israel vivia antes da monarquia, cada família era dirigida pelos seus anciãos; eram todos livres. Vivendo agora sob o domínio de um rei, o povo, que antes não prestava serviço a ninguém e que vivia dominado e orientado pelo Senhor, doravante iria sair dessa vida autônoma para uma vida de submissão, que envolvia alguns aspectos: (a) militar – seriam convocados para a guerra; (b) agrícola – o melhor das colheitas seria para o rei; (c) serviços gerais – as mulheres trabalhariam como perfumistas, cozinheiras, padeiras, etc.; (d) impostos – doravante pagariam impostos ao rei.
A vida livre que antes Israel vivia agora seria marcada pela imposição. A situação iria cada vez mais se intensificar, a ponto de os israelitas voltarem-se para o Senhor (1Sm.8:18). Samuel passa a descrever sobre as exigências reais. Estudiosos falam que essas exigências eram tão pesadas como são as exigências tributárias atuais em nosso país.
O texto diz mais que o rei iria presentear aqueles ministros que servissem bem. O presente, na verdade, era tomar a terra de alguém e entregar a esses servos reais. E mais, tudo que fosse melhor - jovens, bois, frutos, impostos da colheita -, o rei teria direito de tomar. Veja o que Samuel disse ao povo (1Sm.8:10-18):
10.E falou Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei,
11.e disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros;
12.e os porá por príncipes de milhares e por cinquentenários; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.
13.E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.
14.E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus criados.
15.E as vossas sementes e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados.
16.Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará e os empregará no seu trabalho.
17.Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados.
18.Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia.
Estas exigências descritas por Samuel, agora, iriam fazer parte do novo sistema político que o povo tanto desejava, um padrão praticado pelas nações gentílicas.
Samuel cuidadosamente explicou todas essas consequências negativas de se ter um rei, mas os israelitas se recusaram a dar ouvidos, e exigiram o rei.
“Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras” (1Sm.8:19,20).
Quando você quiser tomar uma importante decisão, veja os pros e os contras cuidadosamente e considere todas as pessoas que podem ser afetadas pela sua decisão. Quando se deseja algo prejudicial é difícil enxergar os problemas que advirão, mas não negligencie os pontos negativos. A menos que tenha uma maneira para lidar com cada um deles, mais tarde eles lhe causarão grandes dificuldades.
O motivo de os israelitas pedirem um rei era para serem como os povos ao seu redor; isto era totalmente oposto ao plano original de Deus. O erro não estava em querer um rei, mas nos motivos desse desejo.
Frequentemente, permitimos que os valores de outras pessoas ou povos ditem as nossas atitudes e comportamentos. Você já fez uma escolha errada porque quis imitar o mundo? Tome cuidado para que os valores de seus amigos ou “heróis” não o afastem da Palavra de Deus. Ao querer ser como os incrédulos, o povo de Deus rumará para o desastre espiritual e moral. Pense nisso!

3. O novo sistema político e o aspecto teológico

Com a instituição da monarquia, a liderança seria centralizada na pessoa do rei. Todavia, Deus não deixaria o seu povo totalmente à mercê do governo humano para estabelecer diretrizes e normas; Ele continuaria cuidando do seu povo, dando as diretrizes corretas ao rei para serem aplicadas, sob pena de responsabilidade governamental. Os reis deveriam governar tendo como medida o reino superior de Deus, com justiça e equidade. Caso não procedessem assim, seriam julgados pelo Senhor.
Deus havia feito um pacto perpétuo com a casa de Davi - ela teria que proceder com equidade -, porém, sempre fracassou, infelizmente, porque o governo humano é falho e inconsistente. O que ficou foi a promessa que, da linhagem de Davi, viria o grande Rei, Jesus, que julgará os povos com justiça (Is.11; Jr.23; Ez.34).
Teologicamente, entende-se que, no novo sistema político, a monarquia, Deus continuaria reinando no cenário humano, mas tendo como representante maior o seu ungido, o qual deveria representar a justiça do Senhor perante seu povo. Caso o rei não seguisse o padrão de justiça estabelecido por Deus, então ele seria castigado; sacerdotes e profetas representariam o conselho de Deus para o governo monárquico. Assim, o Altíssimo conduziria o seu povo pela história. Na oração de Ana, ela descreve Deus como aquele que controla tudo, ou seja, o destino do seu povo e da raça humana. Ele é quem abate e exalta, inclusive é quem dará força ao rei e ao seu ungido (1Sm.2:1-10).

CONCLUSÃO

Devemos ter em nossa mente a certeza de que Deus é quem domina a nossa vida e a história. Por isso, não podemos perdê-lo de vista, jamais. Como povo de Deus da Nova Aliança, devemos nortear a nossa vida, em todos os aspectos, conforme a vontade de Deus; nossas escolhas, decisões, diretrizes devem estar sempre bem alinhadas com os ditames de Deus exarados na Sua Palavra, que é a Carta magna de Deus para a Sua Igreja; todos os líderes das Igrejas Locais devem estar sob as suas determinações, caso contrário, esse líder será responsabilizado pelo Senhor por desobediência. Obedecer é um princípio fundamental para toda a Igreja, incluindo, claro, os líderes; e Deus requer obediência incondicional.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 80. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Osiel Gomes. O Governo divino em mãos humana. CPAD.
Bíblia da Liderança Cristã. Sociedade Bíblica do Brasil.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Roberto B. Chisholm Jr. 1 & 2 Samuel. Vida Nova.


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