2º Trimestre/2021
Texto Base: João 10:11,14; Tito 1:7-11; 1Pedro 5:2-4
"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas
ovelhas" (João 10:11).
João 10:
11.Eu sou o
bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
14. Eu sou o
bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
Tito 1:
7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8.mas dado à hospitalidade, amigo do bem,
moderado, justo, santo, temperante,
9.retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.
10.Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão,
11.aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância.
1Pedro 5:
2. apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
3.nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.
4.E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a
incorruptível coroa de glória.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula
trataremos do ministério de Pastor. Ele é considerado um despenseiro, que cuida
do principal bem: o rebanho do Senhor. Muitas são as demandas internas e
externas da Igreja Local, entre elas o cuidado do rebanho, visita a enfermos,
questões relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se
dedicar à oração, à pregação e ao ensino da Palavra de Deus. Não é uma função
para gente preguiçosa, pois exige todo esforço, todo empenho e todo zelo.
Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De: Pastor A: Pastor”, quando
afirma que “ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez de pisar os
tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir sapos e vomitar
diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem
receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é
dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o nosso galardão não
nos é dado aqui, mas no Céu”.
I. JESUS, O SUMO PASTOR
Assim como o
sumo é um líquido extraído de algumas substâncias vegetais ou animais, como o
vinho, o sumo Pastor é o mais alto ou elevado, supremo; é aquele de quem emana poder superior
ou sobrenatural; é excelente, excelso, poderoso, extraordinário, grande; é o
cimo, o cume.
1. Jesus é o Pastor
Supremo
“Ora, assim
que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imperecível coroa da glória!
Conselhos, votos e bênção final” (1Pd.5:4).
Jesus Cristo
é o Senhor da Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote.
Ele é o único que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima
de qualquer líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido
como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança
de um “pontífice” entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de
“ponte” entre Deus e os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia
religiosa ocorria no Antigo Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os
quais tinham a função de mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a
fim de que ocorresse o recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos;
mas, essa representação era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote,
por meio do qual toda e qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim,
não há qualquer ministério eclesiástico humano que deva ser reconhecido como
espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, e por meio do qual
os seguidores de Cristo recorram para que as bênçãos lhes sejam derramadas. Só
Jesus Cristo é o Pastor Supremo!
2. O pastor conhece
as suas ovelhas
Jesus como bom
Pastor conhecia suas ovelhas. Ele disse: ”Eu sou o bom Pastor, e conheço as
minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (João 10:14). Na Palestina, as
ovelhas eram criadas para produzir lã, sendo tosquiadas de ano em ano. Desta
feita, o pastor as mantinha sob seus cuidados durante muitos anos e entre eles
se desenvolvia um relacionamento de confiança e intimidade. O pastor sabia até
o nome de cada uma delas e as chamava pelo nome (João 10:3). Era esta
certamente a relação existente entre Jesus e seus discípulos. Ele conhecia
pessoalmente as suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava
Abraão, Moisés, Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e
chamava as pessoas individualmente. Quando Ele viu Natanael se aproximando, e lhe
disse: "eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo!", Natanael
perguntou-lhe, atônito: "donde me conheces?" (João 1:47,48). Tal
conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao
relacionamento entre Jesus e o Pai - “Assim como o Pai me conhece a mim, também
eu conheço o Pai”. Portanto, a mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo
conhecimento que há entre o Pai e o Filho também existe entre o pastor e as
ovelhas. Jesus nos conhece por nome. O bondoso Salvador conhece a sua Igreja
por inteiro, e se relaciona com cada membro (João 10:4,14). Creia nisso!
3. O Pastor dá a
vida pelas ovelhas
Disse Jesus:
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). O
Novo Testamento descreve Jesus como grande Pastor, o supremo Pastor e o bom
Pastor. Como o grande Pastor, Ele vive para as ovelhas; como o supremo Pastor, Ele
voltará para as ovelhas; como o bom Pastor, Ele deu sua vida pelas ovelhas. Estas
três verdades podem ser vistas também nos Salmos 22, 23 e 24. O Salmo 23 aponta
Jesus como o grande Pastor, que vive para cuidar de suas ovelhas; o Salmo 24
aponta Jesus como o supremo pastor, que voltará gloriosamente para buscar as
suas ovelhas; o Salmo 22 aponta Jesus como o bom Pastor, que deu Sua vida em
favor das Suas ovelhas.
Jesus é o Pastor
que deu Sua vida, é o Cordeiro que se ofereceu por nós. Seu amor não foi
proclamado do alto de uma cátedra, mas do alto da cruz; para libertar-nos da
escravidão do pecado, sofreu o castigo da Lei, fez-se pecado por nós; para livrar-nos
da maldição, fez-se maldição por nós; e para livrar-nos da morte, suportou o
golpe da morte em nosso favor.
O Salmo 22,
profeticamente, revela-nos que Jesus, o bom Pastor, não veio para explorar as
ovelhas e oprimi-las, mas para morrer por elas e dar-lhes a vida eterna. Ele
não é como o mercenário que foge ao ver o lobo e deixa as ovelhas entregues aos
predadores; ao contrário, ele as protege, as perdoa e as conduz a uma vida
maiúscula, abundante e bem-aventurada.
Em Israel, no
Antigo Testamento, a principal reclamação de Deus contra os líderes de Israel
era esta: "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão
os pastores as ovelhas?" (Ez.34:2; Jd.12). Jesus mesmo deu a vida pelas Suas
ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que faz o trabalho por
dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer por elas. Seu grande
amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si mesmo para servir
aos outros.
Um dos
diversos cuidados que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas,
curar as doentes, atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se
encontram extraviadas. É desse amor sacrificial - que serve -, que os pastores
precisam hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem
se desviar do caminho.
II. AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR
O verdadeiro
pastor de uma Igreja Local deve possuir características ímpares que o colocam
como um legítimo representante do Senhor Jesus Cristo. É claro que existem
muitas outras qualidades que um líder deve ter, mas nós citaremos apenas as
seguintes:
1. Um caráter
íntegro
“Caráter é o
conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam a
conduta e a concepção moral” (Aurélio).
Caráter é
diferente de reputação. A reputação é a fama da pessoa, o que os outros acham
quem ela é; já o caráter é a essência real da pessoa, quem realmente ela é. Veja
o exemplo do pastor da Igreja de Sardes. Jesus disse assim sobre esse pastor: “Eu
sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Ap.3:1). Esta frase
ilustra perfeitamente a diferença importante entre reputação e caráter. O líder
da Igreja de Sardes teve a reputação de ser ativo e famoso, mas Jesus sabia que
estava morto espiritualmente. A boa fama não ocultou dos olhos do Senhor a verdadeira
natureza desse pastor, e da congregação que ele liderava. O problema dessa
Igreja, reflexo do caráter do seu pastor, não foi a ausência total de obras,
mas a falta de integridade delas. É possível defender, diante da congregação, a
doutrina de Deus sem amar ao Senhor; é possível obedecer, diante da
congregação, a mandamentos de Deus sem inteireza de coração (2Cr.25:2); é
possível fazer coisas certas com motivos errados. Os homens podem ver as obras,
mas Deus vê, também, os corações. As pessoas podem ver somente por fora, mas
Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por
ninguém.
Um pastor que
não é íntegro em sua vida pessoal não é um verdadeiro líder. A integridade do
pastor é o fundamento sobre o qual ele constrói seu ministério. Sem vida
íntegra não existe pastorado. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser
sincero, e esta sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações,
no agir, nas finanças, no serviço. Infelizmente, hoje, assistimos com tristeza
a muitos pastores gananciosos que mercadejam a Palavra de Deus e vendem sua
consciência no mercado do lucro. Há obreiros que são rigorosos com os crentes,
mas vivem de forma frouxa em sua vida pessoal. Há pastores que apascentam a si
mesmos, e não o rebanho. Amam a sua própria glória, em vez de buscar a honra do
Salvador.
Concordo com
o pastor Elinaldo Renovato quando diz que “uma das piores queixas que se pode
ouvir acerca de um ministro é que sua palavra pastoral não se coaduna com a sua
vida. Como pode o líder falar sobre honestidade e ser desonesto? De
simplicidade e mostrar-se esbanjador? De humildade e comportar-se soberbo? A
melhor palavra pastoral é a vida do pastor em sintonia com a mensagem do Evangelho
que ele proclama”.
Veja o que
Jesus disse a respeito daqueles que têm reputação e não tem caráter íntegro: “Aquele
que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua
queda” (Mt.7:26,27). Atentem, também, o que Jesus disse a respeito do
caráter dos escribas e fariseus, em Mateus 23:2-36).
Portanto, não
nos preocupemos com os prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim,
com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a
vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua
vida. É pelos frutos que reconhecemos quem é crente e quem não o é, pois Jesus
disse que aquele que não produzisse fruto seria lançado fora da videira
verdadeira (João 15:2).
2. Exemplo para os
fiéis e os infiéis
Os requisitos
para ocupar uma posição de liderança na Igreja exigem mais excelência moral que
intelectual. Embora o pastor exerça o seu ministério entre os domésticos da fé,
seu testemunho transborda além das fronteiras da Igreja. Sua vida fora dos
portões não deve ser diferente daquela vivida dentro da família e da Igreja.
Disse o apóstolo Paulo: “Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão
de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo” (1Tm.3:7).
O apóstolo
Paulo, em 1Tm.3:2,3, exorta que o pastor não deve ser dado ao vinho,
espancador, cobiçoso de torpe ganância, contencioso ou avarento. Estes são os
melhores pré-requisitos para se indicar um pastor à liderança de uma Igreja Local.
Então, por que não se aplica isto na hora de escolher uma pessoa ao ministério eclesiástico?
Como bem diz o pr. Elinaldo Renovato, a Igreja Local precisa contemplar em seu pastor
sinais claros do fruto do Espírito, tais como domínio próprio, mansidão, bondade
e amor (Gl.5:22). Estas características denotam idoneidade moral e maturidade
espiritual, as quais devem transparecer, também, àquelas pessoas que ainda não
são do nosso meio (1Tm.3:7).
3. Exemplo para a
família
O apóstolo
Paulo exorta que o pastor, o líder da Igreja, ”governe bem a sua própria casa,
tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?)” (1Tm.3:4,5).
O primeiro
rebanho do pastor é sua família. Se ele fracassa em cuidar de sua casa, está
desqualificado para cuidar da Casa de Deus. Se não cria os filhos no temor do
Senhor, não é capaz de exortar os filhos dos demais crentes. Se os próprios filhos
não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente a Igreja Local onde ele exerce
liderança lhe obedecerá e respeitará sua liderança.
John Stott
diz corretamente que “o pastor é chamado a exercer liderança em duas famílias,
a dele e a de Deus, e a primeira é onde ele é treinado para poder atuar na
segunda"(Stott, John. A mensagem de 1Timóteo, Tito e Filemon).
Hans Bürki
alerta que, “se as famílias, mesmo as famílias nucleares de nosso tempo, não
forem mais centros espirituais e locais de treinamento do amor experimentado de
Deus, as igrejas se tornarão desertas, apesar de todo o ativismo. Por isso,
cuidar das igrejas significa construir antes de tudo famílias saudáveis na fé” (Bürki,
Hans. Cartas a Timóteo).
III. O MINISTÉRIO PASTORAL
O verdadeiro
pastor não se ufana no pedestal, revestido de orgulho, pela posição que exerce
diante de uma comunidade cristã, como se isto fosse uma conquista profissional à
semelhança do mundo secular. A função de pastor não tem caráter profissional, é
uma autorização dada pelo Espírito Santo a alguém para ser o despenseiro de
Cristo na Terra. Não é uma profissão, é uma missão.
Muitos olham
para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o
destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente
como pastores do rebanho local (veja 1Pd.5:1-3), apresentam-se em todo lugar
com o “título” de pastor. Em outras palavras, “amam o primeiro lugar nos
banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem
chamados mestres pelos homens” (Mt.23:6-7). O verdadeiro pastor é uma pessoa
chamada por Deus; seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é
terrena, mas celestial.
1. A missão do
pastor
O verdadeiro
pastor tem uma árdua missão, ela é múltipla, pois o pastor cuida desde os
assuntos espirituais até os mais terrenos. Veja algumas atividades exercidas:
a) Ele guia com amor e respeito as ovelhas de
Cristo. É solene responsabilidade do pastor guiar as
“ovelhas” de tal forma que seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor
tem de ser para as pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém
lembrarmos que Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber,
a liderança pelo serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro
compreendeu isto e o ecoou em seus ensinos: "Pastoreai o rebanho de Deus
que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram confiados, antes
tornando-vos modelos do rebanho “(1Pd.5:2,3). Com efeito, por bem ou por mal,
quer gostem ou não, as “ovelhas” vão segui-lo.
b) Ele alimenta as ovelhas. O alimento, claro, é a a Palavra de Deus, a boa doutrina. Jesus, na
qualidade de bom Pastor, foi sobretudo um Mestre; Ele alimentou os seus
discípulos com a boa comida da sua instrução. O bom pastor fortalece
espiritualmente o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua Palavra, sendo
este o seu principal empreendimento. Na pregação, a tarefa principal do pastor
não é ser brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus.
O pastor é,
acima de tudo, um mestre. Esta é a razão para duas qualidades de um pastor: Primeiro,
ele deve ser "apto para ensinar" (1Tm.3:2). Segundo, ele deve reter “firme
a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt.1:9).
Estas duas qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar e, ao
mesmo tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam ensinando a
uma multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo (Jesus mesmo
ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho pastoral é que
este é sempre um ministério da Palavra.
c) Ele protege o rebanho do Senhor. O pastor preserva o rebanho dos perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos
em sua peregrinação à glória, envolvendo-se ativamente no resgate dos
doutrinariamente “desgarrados”, mantendo-se atento para “defender”, por meio da
apologética cristã e da oração persistente, a união e a unidade das ovelhas.
Sua função é descrita como a de um “vigia” que, servindo sob o “estado de
vela”, permanece em constante exercício, espreitando a favor de seu rebanho.
d) Ele cuida das ovelhas com ternura. O verdadeiro pastor cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão,
entregando-se totalmente às suas demandas. O apóstolo Paulo tinha esta qualidade.
Ele afirmou: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos”
(1Ts.2;7). Paulo tratou os crentes de Tessalônica carinhosamente como uma ama que
acarecia seus filhos. A ênfase da mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como
uma mãe afetuosa cuidando do seu bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé
amor intenso, cuidado constante, dedicação sem reserva, paciência triunfadora,
provisão diária, afeto explícito, proteção vigilante e disciplina amorosa. Muitos
obreiros lideram o povo de Deus com truculência e rigor despótico; são
ditadores implacáveis, e não pastores amorosos; esmagam as ovelhas com sua
autoridade autoimposta, em vez de conduzir o rebanho com a ternura de uma mãe.
e) Ele cuida de si mesmo antes de cuidar do
rebanho de Deus. A vida do pastor é a vida do seu pastorado. Há
muitos obreiros cansados da obra e na obra, porque procuram cuidar dos outros
sem cuidar de si mesmos. Antes de pastorear os outros é preciso pastorear a si
mesmos. Antes de exortar os outros é preciso exortar a si mesmos. Antes de
confrontar os pecados dos outros é preciso confrontar os seus próprios pecados.
O pastor não pode ser um homem inconsistente. Sua vida é a base de sustentação
do seu ministério. O sermão da vida é o mais eloquente sermão pregado pelo
pastor. O sermão mais dificil de ser pregado é aquele que pregamos para nós
mesmos.
O pastor cuida
de si mesmo para não praticar o que condena. O ministério de pastor não é uma
apólice de seguro contra o fracasso espiritual. Há um grande perigo de o pastor
acostumar-se com o sagrado e perder de vista a necessidade de temer e tremer
diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a Arca da Aliança com uma vida
impura. A Arca não os livrou da tragédia.
Há pastores
vivendo na prática de pecados e ainda mantendo a aparência. Há muitos pastores
que navegam no lamaçal de sites pornográficos para, depois, subir ao púlpito e
exortar o povo à santidade. Essa atitude torna os pecados do pastor mais
graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados das demais pessoas.
Segundo
Hernandes Dias Lopes, há pastores que causaram mais males com seus fracassos do
que benefícios com seu trabalho. Se um pastor perder a credibilidade, perde
também o seu ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de
Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho
para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no
que nós fazemos. Pense nisso!
f) Ele é um despenseiro. Além dessas responsabilidades, o pastor age como o bom conciliador e
administrador eclesiástico dos bens materiais, patrimoniais, das finanças e
recursos humanos disponíveis para toda boa obra da Igreja Local.
2. O cuidado contra
os falsos pastores
Lamentavelmente,
existem falsos pastores no meio do povo de Deus. Existiu no Antigo Testamento e
existe no Novo Testamento. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como
profetas de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da
nação.
No período do
Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os
profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de
Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm.9:16;
ler Dt.17:14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo,
oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb.5:1-3; ler
Lv.10:8-11;16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento
e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez.2:1-10; ler Dt.18:20-22).
Deus se indignou contra os pastores que não respeitavam as ovelhas que lhe
foram confiadas. Deus falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de
negligenciar e maltratar o rebanho dele. Disse Deus (Jr.23:1-4):
“1. Ai dos pastores que destroem
e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim
diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu
povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes,
e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas
ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas
as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e
frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as
apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará,
diz o Senhor”.
Preste
atenção nos termos que Ele usou para descrever a conduta desses pastores: destruir,
dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar, alimentar,
cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao contrário.
Uma coisa marcante aqui é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o descreve
como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem
dEle mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não
amavam o povo como Deus o amava. Para eles, ser pastor era uma posição de
destaque, honra e privilégio. Mas, para Deus, ser pastor era e é uma posição de
responsabilidade, sacrifício e amor.
Também, à
época de Ezequiel, Deus foi contra os pastores infiéis de Israel, isto é,
seus reis, sacerdotes e profetas (Ez.34:2-6):
“2. Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não
apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e
degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não
curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a
perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se
espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do
campo, porquanto se espalharam. 6. As
minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro;
sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver
quem as procure, nem quem as busque”.
Nota-se que as
palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta
desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam
que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam,
automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não
entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por
eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que
confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus,
caso não se arrependessem.
Estas
palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os
pastores não são "donos" do rebanho de Deus, e por este motivo não podem
tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como
diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que
é chamado de Supremo Pastor (cf. 1Pd.5:4).
CONCLUSÃO
O Dom
Ministerial de Pastor é sobremodo importante, mas aqueles que aspiram ao pastorado
precisam estar conscientes de que um pastor é alvo de grandes oposições e sofrimentos.
O apostolo Paulo disse a Timóteo o seguinte: “Se alguém deseja o episcopado,
excelente obra deseja” (1Tm.3:1). Concordo com Hernandes Dias Lopes, quando afirma
que “precisamos de pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso pessoal.
Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo
para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela
oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que
deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores
que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer
“sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao
pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de
pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e
não de astros ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a: Pastor”).
Amém!
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. DONS ESPIRITUAIS & DONS MINISTERIAIS:
servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. CPAD.2014.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios (Igreja, noiva gloriosa). Hagnos.
Carlos Alberto R. de Araújo. A Igreja dos Apóstolos. CPAD.
Wayne Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.
Carlos Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD
Rev. Hernandes Dias Lopes – De: Pastor A: Pastor. HAGNOS.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra.
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