3° Trimestre de 2022
“Porque as suas
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a
sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas,
para que eles fiquem inescusáveis” (Rm.1:20).
Romanos 1:
18. Porque do céu se manifesta a ira de Deus Sobre toda impiedade e
injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;
19. porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque
Deus lho manifestou.
20.Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o
seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
21.porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e 0 seu coração
insensato se obscureceu.
22.Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
23.E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de
homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da “sutileza do materialismo e do ateísmo”. São
dois pensamentos que o mundo sem Deus, que está no maligno (1João 5:19b), tem
privilegiado, e que tem alcançado a adesão de milhões de seres humanos. O
materialismo é a posição que se recusa a crer em algo além do estritamente
material, que se volta única e exclusivamente para as coisas da natureza, para
as coisas desta terra. O ateísmo é a recusa à crença na existência de Deus.
Estes dois pensamentos têm sido terrivelmente agressivos e inimigos da
fé cristã. Apesar de serem dois pensamentos distintos, seus princípios
norteadores são os mesmos. Logo, pode-se considerar que ambos são como duas
faces de uma mesma moeda.
Nos dias difíceis em que estamos vivendo, o materialismo e o ateísmo têm
alcançado grande projeção no “modus vivendi” das pessoas, e tem engodado a vida
de muitos que dizem ser cristãos. Infelizmente, o materialismo invadiu a vida
da igreja, até mesmo sua doutrina e expectativa escatológica, pois a visão da
eternidade futura está carregada de cobiça material. Os crentes são encorajados
a esperarem as mesmas coisas que buscam aqui, como amplas moradias (mansões),
ruas bem pavimentadas com ouro e diamante, e constante lazer e descanso. Precisamos
ter cuidado com os ardis de satanás que pertinaz tem se utilizado dessas
ferramentas para confundir os fiéis da Igreja de Cristo.
I. COMPREENDENDO O MATERIALISMO E O ATEÍSMO
1. O Materialismo
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define “materialismo” como
sendo a “doutrina que identifica, na matéria e em seu movimento, a realidade
fundamental do universo, com a capacidade de explicação para todos os fenômenos
naturais, sociais e mentais”. Portanto, o materialismo caracteriza-se como todo
e qualquer pensamento que entende que, no universo, só existe a matéria, ou
seja, substância sólida, corpórea. Este pensamento não é novidade na história
da humanidade. Os primeiros filósofos ocidentais, na Grécia, voltaram-se para a
discussão a respeito do que seria a matéria e não poucos deles viram a
realidade como sendo puramente material. Demócrito (460-370 a.C.), por exemplo,
apresentou uma teoria em que “supõe a gênese da natureza, e até da alma humana,
a partir do movimento, da agregação e da dissociação de porções mínimas e
indivisíveis de matéria, os átomos, que não foram criados nem antecedidos por
qualquer divindade ou força imaterial”. Para este filósofo, a origem de todas
as coisas era fruto dos átomos, partículas materiais que seriam as fontes de
todas as coisas que existiam no universo, átomos estes que não teriam sido
criados por ninguém. Tudo, inclusive a alma, seria material, portanto, formada
destes átomos. O pensamento de Demócrito encontrou grande guarida no mundo
grego e, por conseguinte, em todo o mundo conhecido de então, já que Demócrito
viveu numa época em que a cultura grega estava se espalhando pelo mundo todo.
O Materialismo sustenta a eternidade da matéria; é propagado que foi
dela e nela que todas as coisas existentes tiveram seu início, incluindo a
vida. Por conseguinte, o Universo se reduz à matéria e, além dela, nada existe.
Então, se Deus não é formado de matéria, segue-se que Deus não existe, segundo
a cosmovisão materialista. Propagam também que o homem é simplesmente um
animal, ou uma máquina, é um produto de transformação, e que a vida humana está
limitada ao tempo entre a fecundação e a morte; a morte é, pois, o ponto final,
o fim da linha, ou onde e quando tudo se acaba; não creem, portanto, na alma e
no espírito do ser humano, que são eternos.
Quando os materialistas comparam o homem a uma máquina por certo que imaginam
que nunca na história a natureza produziu uma máquina. Atrás dela sempre há uma
inteligência superior, quer na sua fase de projeto, de fabricação, e de
produção. Porém, os materialistas não reconhecem a existência dessa
inteligência superior criadora e sustentadora do ser humano.
Coerentes com o princípio da inexistência de Deus, os materialistas
rejeitam toda e qualquer manifestação de cunho espiritual ou sobrenatural. Mas,
a Bíblia afirma que Deus preexiste a tudo, que Ele é eterno, e que foi Ele quem
criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Está escrito: “Porque nele foram
criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis,
sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi
criado por ele e para ele” (Col.1:16).
2. O Ateísmo
O Ateísmo é a doutrina que nega a existência de Deus, sobretudo, a de um
Deus pessoal conforme revelado na Bíblia. Não existindo Deus, segue-se que não
existe o mundo espiritual - céu, inferno, Satanás, anjos, demônios.... Assim, segundo
o ateu, qualquer manifestação de cunho espiritual ou sobrenatural deve ser
rejeitada. Também a Bíblia Sagrada não é tida como sendo a Palavra de Deus, mas
apenas um livro comum.
Considera-se dois tipos de ateu: o prático e o teórico:
- O Ateu prático. Este pode até nem
saber que é ateu, e na prática não confessa ser; porém, pela sua maneira de
viver, nega a existência de Deus. Ele vive como se Deus não existisse, como se
não fosse o seu Criador e o seu Sustentador. Na prática, pouco, ou nada, se
difere dos irracionais.
- O Ateu teórico. Este não é bobo,
nem inocente; é apenas louco, ou néscio, aquele referido pelo Salmista Davi,
nos Salmos 14:1 e 53:1 – “Disse o néscio no seu coração: não há Deus. Têm-se
corrompido e têm cometido abominável iniquidade...” (Salmos 53:1). São,
geralmente, filósofos, como Shopenhauer e seu discípulo Friedrich Nietzche,
tristemente famoso por ter proclamado a morte de Deus. São dele estas palavras:
“que nos importa em nossos dias Deus, a crença em Deus? Deus não é hoje
senão uma palavra sem sentido, nem mesmo um conceito”. Ainda, segundo ele,
“Deus não é senão uma ilusão do homem inquirindo uma compensação de sua
miséria. Sonho mau que leva a um escape fora do mundo e das magnas tarefas
humanas”. Para ele, Deus é como uma caricatura do homem, sendo que o homem
não foi criado à imagem de Deus, mas, sim, Deus é que foi feito à semelhança do
homem. O Cristianismo, segundo ele, é como a mais deletéria das seduções e dos
embustes, é a grande mentira e a blasfêmia personificada. Do seu pedestal de
orgulho, bestialmente afirmou: “De fato, nós filósofos e espíritos livres,
sentimo-nos, à notícia de que o velho Deus está morto, como que iluminados
pelos raios de uma nova aurora...”.
Para Friedrich Nietzche, anunciar a morte de Deus era dar ao homem todas
as chances de se engrandecer. Ele se orgulhava de debochar do cristianismo e de
Deus; dizia-se sábio ao propagar a sua filosofia tresloucada e sem fundamento.
Para pessoa dessa estirpe, Paulo chamou de louco (Rm.1:22) – “Dizendo-se
sábios, tornaram-se loucos”. Muitos destes “sábios” (sábios?) abraçaram o
ateísmo por vaidade, pelo desejo de serem diferentes dos demais mortais, por
orgulho, conforme declarou o Salmista – “Porque o ímpio gloria-se do desejo da
sua alma, bendiz ao avarento e blasfema do Senhor. Por causa do seu orgulho, o
ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: não há Deus” (Salmos 10:3,4).
Ao homem vaidoso, orgulhoso, é cômodo dizer-se ateu quando tudo,
inclusive a saúde, vai bem. Todavia, ao sentir a proximidade da morte, a
realidade é outra. A história nos mostra que sentindo a proximidade da morte,
muitos disseram como disse um famoso poeta - “Rasguem meus versos, creiam na
eternidade”.
A ignorância de Deus é um fato transitório. Os mais avançados estudos
antropológicos não detectaram ainda pessoas que tenham passado pela vida sem
nunca haverem tido uma noção de Deus. Isto porque toda a natureza está ordenada
pela inteligência divina para que o homem possa descobrir e ver Deus através da
própria natureza, conforme afirmou Paulo - “Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se
entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas” (Rm.1:20).
Portanto, o ateísmo nada mais é que o resultado da cegueira espiritual, de
escuridão e obscurecimento que o inimigo implanta na mente dos incrédulos
(2Co.4:3,4). O salmista chama o ateu de “néscio”, ou seja, “ignorante”, “sem
conhecimento”. Somente quem não tem conhecimento, quem é ignorante é capaz de
dizer “não há Deus” (Sl.14:1; 53:1). Por isso, quando vemos o contínuo aumento
do pecado no mundo (Mt.24:12), percebemos como tem se intensificado o ateísmo
sobre a face da Terra, sendo, aliás, como demonstram as estatísticas e as
pesquisas, crescente o número de pessoas que se dizem ateias ou sem qualquer
religiosidade no mundo todo, a comprovar como tem operado o espírito do anticristo,
o mistério da injustiça nestes dias derradeiros antes da volta de Cristo.
Por fim, o ateísmo, embora se diga uma doutrina que nega a existência de
um Deus, nada mais é que um artifício maligno para atacar o único e verdadeiro
Deus, uma forma de levar a descrédito a ideia de Deus. O intuito do inimigo não
é que o homem não creia em coisa alguma, mas que, ao rejeitar a Deus, aceite
adorar o próprio adversário, o que, efetivamente, ocorrerá de forma maiúscula na
Grande Tribulação. Por isso, o ateísmo é apenas mais um passo para que a
humanidade perdida seja levada a adorar e idolatrar Satanás.
II. RAÍZES DO MATERIALISMO E ATEÍSMO
O Materialismo e o Ateísmo são consequências diretas do pecado e da
cegueira espiritual idealizada pelo deus deste século.
1. A consequência
do pecado
Segundo a Bíblia Sagrada, o Ateísmo é uma consequência da Queda. A
partir da queda, todos os homens nascem caídos, contaminados e corrompidos pelo
pecado; todos os seres humanos foram lançados no abismo do pecado (Rm.5:19). O
homem tornou-se inimigo de Deus, rendido ao pecado. Com a entrada do pecado no
mundo, a incredulidade e a consequente rejeição a Deus tomaram conta do coração
humano. Portanto, a queda de Adão foi o maior desastre da História. Dessa queda
decorrem todos os desastres subsequentes.
Os efeitos da Queda são universais. Porque estávamos nos lombos de Adão
quando ele pecou, tornamo-nos pecadores nele e com ele. Embora o pecado já
tivesse ocorrido no mundo angelical com a queda de Lúcifer, na história humana o
pecado foi introduzida pela queda de Adão. O pecado é uma conspiração contra Deus;
é a transgressão da sua lei, um ato de rebeldia e desobediência a Deus. O
pecado não é algo neutro ou inofensivo, é maligníssimo; é um atentado e uma
conspiração contra Deus e o seu projeto. O pecado atrai a ira de Deus; por isso,
os que vivem no pecado não podem agradar a Deus; antes, permanecem sob sua ira;
estão sob sentença de condenação.
Não há desculpa para o ímpio no grande dia do julgamento final, pois,
mesmo que nunca tenha ouvido o evangelho da salvação em Cristo Jesus, a criação
proclama a glória de Deus (Salmos 19; 29:3-9; 104:1-4; Rm.1:20). Em Romanos
1:18-23, Paulo destaca que Deus pode ser conhecido através das coisas criadas.
A natureza é suficiente para mostrar a majestade de Deus. John Stott destaca
que a criação é uma manifestação visível do Deus invisível. A criação ou
revelação natural fala sobre os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder
e sua divindade. Deus deixou sobre sua obra criada as “impressões digitais” de
sua glória, que se torna manifesta a todos. Portanto, a Criação revela o
Criador, o que deveria conduzir os homens a buscarem e glorificarem a Deus; contudo,
isso não acontece porque os homens que se dizem sábios “se tornaram tolos”
(Rm.1:22).
Deus criou todas as coisas. O universo não é fruto de geração espontânea;
não é resultado de uma explosão cósmica, uma vez que a desordem não produz a
ordem nem o caos produz o cosmo; não é consequência de uma evolução de bilhões
e bilhões de anos. Antes, é obra de Deus e arauto de Deus. Todo o cosmo é um
testemunho eloquente da existência de Deus (Salmos 19:1).
Portanto a revelação natural é suficiente para tornar o homem
indesculpável perante Deus (Rm.1:20). Mesmo que a revelação natural não seja
suficiente para salvar o homem, é suficiente para responsabilizá-lo. Todos os
homens são indesculpáveis perante Deus porque a verdade de Deus tem-se
manifestado a eles tanto na luz da consciência como no testemunho da criação
(Rm.1:19,20), Os homens não poderão fazer apologia em seu próprio favor.
Ninguém poderá dizer a Deus no dia do juízo: “Ah! Eu na sabia que o Senhor
existia, não sabia que o Senhor é criador do universo”. Portanto, cai por terra
a teoria do índio inocente, dos povos remotos que estão em estado de inocência.
Não é esta a teologia de Paulo. Todos os povos são indesculpáveis diante de
Deus. Eles pecam contra Deus conscientemente e deliberadamente. Paulo está
dizendo também que o Ateísmo é uma grande tolice. Ninguém nasce ateu. Os ateus
se fazem assim. O ateísmo não é uma questão intelectual, mas moral.
2. A cegueira
espiritual
Outra raiz do Materialismo e do Ateísmo é a cegueira espiritual. As
Escrituras mostram que a cegueira espiritual também é causada por Satanás. É
exatamente isso o que o apóstolo Paulo diz: “nos quais o deus deste mundo cegou
o entendimento dos descrentes, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2Co.4:4). O diabo não dorme,
não tira férias nem descansa. Ele age diuturnamente buscando obstaculizar a
obra da evangelização. Ele age não nas emoções, mas na mente. Ele cega não os
olhos, mas o entendimento. Ele torna o evangelho ininteligível para os
descrentes e para aqueles que perecem. Assim como os judeus tinham um véu sobre
o coração que só era removido pela conversão (2Co.3:15,16), assim também, ainda
hoje, o diabo que é o príncipe das trevas (Ef.2:2), mantém os incrédulos sob um
manto de trevas para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da gloria de
Cristo, o qual é a imagem de Deus. Os que estão perdidos não são capazes de
entender a mensagem do evangelho, pois satanás os mantem em trevas.
Em Corinto, muitos se recusavam a aceitar o evangelho, e, para estes,
ele permanecia encoberto. A causa disso, porém, não se achava no próprio
evangelho, que era suficientemente claro, nem em Cristo, que havia comissionado
os apóstolos, mas nos ouvintes que rejeitavam a mensagem de Cristo. William
Macdonald ilustra essa verdade dizendo que em nosso universo físico, o sol está
sempre brilhando, contudo, nem sempre nós o vemos brilhar. A razão disso é que,
algumas vezes, nuvens densas se interpõem entre nós e o sol. Assim acontece com
o evangelho. A luz do evangelho está sempre brilhando. Deus está sempre
buscando resplandecer sua luz nos corações dos homens. Mas satanás põe várias
barreiras entre os incrédulos e Deus. Pode ser a nuvem do orgulho, da rebelião,
da injustiça própria, do materialismo, do ateísmo ou centenas de outras coisas.
Como foi dito anteriormente, o Materialismo e o Ateísmo nada mais são que o
resultado de cegueira espiritual, de escuridão e obscurecimento que o inimigo
implanta na mente dos incrédulos.
III. PRESSUPOSTOS DAS DOUTRINAS MATERIALISTAS E ATEÍSTAS
1. Negação da
existência de Deus
Diante do que foi dito anteriormente, negar a existência e Deus é uma
aberração e uma clara rebelião contra o Criador. Só os ignorantes e os que têm
cegueira espiritual negam a existência de Deus cuja evidência é clara em tudo
que nos rodeia. Todos os seres humanos têm condição de perceber a existência de
Deus, porque Ele criou todas as coisas e a criação manifesta a Sua existência
(Sl.19:1-3; Rm.1:19,20). Mas, além da criação, o Senhor se revelou de forma
especial ao homem através da Bíblia Sagrada, a sua Palavra.
O homem dominado pelo pecado, cego e completamente tolo, chega a
discutir a própria existência de Deus; só que a existência de Deus não precisa
ser demonstrada com base na lógica humana. A própria natureza, o corpo humano, cuja
complexidade e grandiosidade deixam perplexos a todos, tanto os sábios e
eruditos, quanto os simples e humildes, demonstram a sua existência.
Entretanto, para as gerações corrompidas pela natureza pecaminosa, o adversário
pôde apresentar a questão da existência de Deus, pois, se o homem crer que Deus
não existe, terá muita facilitada a sua tarefa da divinização, vez que o
ateísmo é a forma mais fácil de justificar as pretensões humanas de senhorio e
de determinação do certo e do errado, do bem e do mal. Ao negar a existência de
Deus, não resta qualquer ser superior ao homem e, deste modo, é muito mais
aceitável a ideia de que o homem pode decidir tudo a seu respeito. As próprias
Escrituras informam a existência deste pensamento desde a Antiguidade, vez que
a Bíblia chama de “néscios”, isto é, ignorantes, despidos de sabedoria, aqueles
que dizem que Deus não existe (Sl.14:1; 53:1).
Os homens buscam, de todas as formas, uma maneira de se provar a
existência de Deus por intermédio da razão, mas isto é totalmente dispensável
para quem se baseia nas Escrituras, que, já no seu introito, mostra Deus como o
Ser que existe, aquele que é o que é (Ex.3:14). Daí porque não haver qualquer
sentido em se ficar indagando sobre provas de que Ele exista ou não, pois a
Bíblia se contenta em revelar que Deus existe e ponto final (1Co.8:6; 2Co.4:4;
Hb.11:5).
Os materialistas e os ateístas tentam se firmar em pressupostos
científicos para negarem a existência de Deus e das demais verdades
espirituais. Contudo, como bem afirma o pr. José Gonçalves, a negação de Deus
por parte do ateu e do materialista não acontece em razão de fatos
cientificamente provados, mas porque eles se recusam em reconhecer as
evidências apresentadas. As Escrituras deixam claro que “Deus Lho manifestou”
(Rm.1:19). Em outras palavras, o ateu depende da não-fé dele, e não da ciência,
para tentar provar que Deus não existe, uma vez que Ele já se manifestou
claramente.
Embora não seja preocupação das Escrituras trazer argumentos pelos quais
possamos conceber a existência de Deus, apresentamos alguns fatores, dentre
muitos, que fazem com que percebamos a Sua existência:
a) A criação do mundo. A grandeza da criação de todas as
coisas, a imensidão do universo e tudo o que foi criado, tem por finalidade
mostrar ao homem a glória de Deus (Sl.19:1). A natureza, dizem os estudiosos da
doutrina de Deus, é o primeiro livro escrito por Deus ao homem, de tal maneira
que a criação, por si só, é suficiente para revelar Deus ao ser humano e
torná-lo sem desculpa diante de uma eventual rejeição ao Seu senhorio
(Rm.1:20).
b) A consciência. A consciência dá-nos a demonstração clara e
evidente de que existe alguém que está acima de nós, indicando o que é o
correto e o que não o é, ou seja, a consciência nos desperta a crer na
existência de um ser que comanda todas as coisas e que a todos julgará pelas
suas ações. A compreensão que temos de que fizemos algo justo ou injusto, bom
ou mau, ao contrário do que dizem muitos “sábios” do nosso tempo, não é
resultado puro e simples de nossa educação ou do ambiente em que vivemos, pois,
se assim fosse, não haveria o arrependimento ou a convicção interna, muitas
vezes não confessada, de que erramos ao tomarmos esta ou aquela atitude, ainda
que tal gesto tenha tido a aprovação do ambiente em que vivemos. A consciência
é considerada verdadeira “filial” divina em nosso ser; uma verdadeira “lei
escrita nos corações” (Rm.2:15), que nos indica a presença de um Ser superior,
a dizer o que se deve, ou não, fazer. Este Ser não é outro senão o próprio
Deus.
c) Jesus Cristo, o Emanuel, ou seja, Deus conosco (Mt.1:23). Através de Cristo,
sabemos quem é Deus (Lc.10:22; Jo.1:16; 14:6,9). Como disse o escritor aos
hebreus, o Filho é “o resplendor da sua glória, a expressa imagem da sua
pessoa” (Hb.1:3). Por isso, Jesus foi bem claro ao afirmar que quem O conhecia,
conhecia o Pai.
f) A experiência pessoal da salvação. Quando somos salvos, Deus vem habitar
em nosso interior (Jo.14:23) e, então, notamos que Deus existe e que está
disposto a estar conosco para sempre. Sentimos que Deus não está distante de
nós; não mais tateamos, mas com Ele mantemos um relacionamento, um permanente
diálogo, que nos traz a certeza de que não só Deus existe como também que somos
seus filhos (Ef.2:13; Gl.4:6; Mt.6:9).
Portanto, através destes e outros fatores todo ser humano consegue
perceber que Deus existe. A Bíblia diz que jamais nenhum ser humano poderá
dizer que nunca teve a oportunidade ou a possibilidade de perceber que Deus
existia; por isso que não devemos achar que, no julgamento do Trono Branco (o
chamado “juízo final”), haverá pessoas que possam apresentar a Deus esta
desculpa, pois todo ser humano é capaz de perceber, por sua consciência e pela
criação, que Deus existe e que é o Senhor de todas as coisas e a quem,
portanto, se deve obediência e submissão.
2. Negação de que o
homem é um ser singular
Outro pressuposto utilizado pelos materialistas e ateístas é a negação
da singularidade do homem. O homem é o ser mais singular da criação; é a coroa
da criação, a imagem e semelhança Deus (Gn.1:26). Quando observamos o relato bíblico
da criação, de imediato se percebe que o homem foi criado de forma distinta dos
demais seres criados na Terra. Enquanto os demais seres foram criados tão
somente pela palavra do Senhor, o homem foi objeto de cuidado especial, tendo
Deus deixado bem claro que ele seria um ser diferente, pois seria feito à
imagem e semelhança de Deus e que, além disso, seria constituído como superior
em relação aos demais.
É por este motivo que não se pode considerar que a estrutura do homem
seja idêntica a dos demais seres criados na Terra, como querem pretender as
teorias evolucionistas que dominaram as ciências biológicas a partir do século
XIX, com as obras de Lamarck e de Darwin, pois há uma distinção fundamental
entre o homem e os demais seres. Todos os seres criados na Terra, com exceção
do homem, são guiados pelo instinto e, se são dotados de alguma inteligência,
esta se dá e se revela apenas por força do adestramento, da repetição, sem
qualquer consciência, como ocorre com os primatas ou com outros animais, ao passo
que o homem é totalmente diferente, tendo a capacidade de inferir, de criar, de
adquirir novos conhecimentos além dos que foram aprendidos e absorvidos pela
repetição e observação.
No relato da criação do homem a Bíblia já nos informa que ele seria um
ser diferenciado dos seres criados na Terra; ele é o único ser que é
tricotômico, que é dotado de espírito, alma e corpo. Esta estrutura é a única
que explica por que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, bem assim
como teria capacidade de dominar sobre os demais seres. Para os materialistas e
ateístas, porém, o ser humano não possui uma alma imortal e, por isso, não
passa de um simples produto da cadeia evolutiva. Essa conclusão, porém, é pura
explosão de rebelião e de oposição a Deus.
O homem é a síntese da criação terrena; recebeu o fôlego de vida
diretamente de Deus. O seu interior (alma e espírito), considerada a sua parte
imaterial, é sinal da sua relação especial e peculiar para com o seu Criador. A
alma é considerada a sede dos sentimentos, do entendimento e vontade – é a
marca da individualidade de cada ser humano; já o espírito é a sede da
consciência da existência de uma relação de dependência do homem em relação a
Deus – é a ligação do homem com o seu Criador.
IV. RESPONDENDO AO MATERIALISMO E AO ATEÍSMO
1. Afirmando as
verdades da Bíblia
Para responder ao Materialismo e ao Ateísmo não existe arma mais eficaz
do que a Bíblia Sagrada; Ela é uma das armaduras que o Espírito dispõe à Igreja
contra as sutilezas de satanás (Ef.6:17). Jesus quando foi tentado pelo diabo
no deserto, Ele usou esta arma (Mt.4:3,4). A todas as investidas de satanás,
Jesus respondeu com: “está escrito”. É isto que significa, na guerra
espiritual, a “Espada do Espírito”, que é a Palavra de Deus - é você responder
as dúvidas, questionamentos, repelir a mentira, as acusações, a culpa, com
“está escrito”. Portanto, qualquer resposta ao Materialismo e ao Ateísmo, e a
seus derivados, como o Neoateísmo, precisa partir das Escrituras Sagradas; são nelas
que encontramos as verdades sobre Deus de uma forma precisa e sem erros. É na
Bíblia que aprendemos que Deus é o Criador dos céus e da terra (Gn.1:1,2), é o
sustentador e mantenedor do universo (Hb.1:3). Só a Bíblia explica por que
existe beleza e feiura, vida e morte, saúde e doença, amor e ódio. Só a Bíblia
fornece relato verdadeiro e confiável da origem de todas as entidades básicas
da vida e de todo o universo.
Observe que a Bíblia Sagrada - a Espada do Espírito - é arma de ataque.
Vencemos os ataques do diabo e triunfamos sobre ele por meio da Palavra. A
Palavra é poderosa, viva e eficaz. Moisés quis libertar os israelitas do Egito
com a espada do homem carnal, e fracassou; mas quando usou a Espada do Espírito
o povo foi liberto. Pedro quis defender Cristo com a espada humana, e
fracassou; mas quando brandiu a Espada do Espírito, multidões se renderam a
Cristo. Precisamos conhecer bem a Palavra de Deus. Infelizmente, há multidões
de crentes mais comprometidos com as mídias sociais do que com a Palavra de
Deus. Isso é lamentável!
2. Fazendo uso
correto da razão
Deus nos deu a razão para que fôssemos superiores às demais criaturas
terrenas. Ela é muito importante e poderosa, porém tem seus limites. A vida, a
morte e o universo não podem ser explicados exclusivamente pela razão. Por quê?
A mente possui uma capacidade impressionante para processar informações,
entretanto, não temos à nossa disposição todos os dados sobre todos os
assuntos, principalmente no que tange à espiritualidade. E quando recebemos
algum conhecimento nesse sentido, faltam-nos parâmetros de avaliação, pois a
nossa lógica está restrita a elementos terrenos. Até no campo natural estamos
bastante limitados. A ciência, por mais avançada que esteja, não sabe como
funciona o cérebro de uma pulga. É verdade que muitas descobertas úteis e
invenções extraordinárias têm sido produzidas, mas tudo isso está localizado
dentro de um limite intransponível.
A razão faz parte de nosso ser, contudo, não devemos nos estribar nela
para tomar decisões importantes no campo espiritual. Está escrito: “Confia no
Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento”
(Pv.3.5). Observe que o sábio recomenda: “não te estribes”; “estribar”
significa “firmar-se”, “apoiar-se” em algo. Quando se vai montar num cavalo,
coloca-se o pé no estribo, que é o ponto de apoio para se tomar o impulso
necessário à montaria. O mesmo equipamento ajuda no equilíbrio do cavaleiro
durante a cavalgada.
Qual é o nosso “estribo” na vida? Em que nos firmamos para fazer nossas
escolhas, tomar nossas decisões e determinar o nosso destino? Será que a razão
humana é suficiente para garantir nosso êxito em todas as áreas? Se nos
firmarmos em algo instável, poderemos ser vítimas de uma queda perigosa ou até
fatal. A ordem de não se estribar no entendimento não significa que devamos
desprezá-lo. Entretanto, é necessário que compreendamos que existe o campo da
razão e o campo da fé, embora haja uma considerável interseção entre ambos.
Muitos desprezam a fé em Deus e vivem guiados por sua própria razão;
estão firmados no entendimento intelectual como se este fosse totalmente eficaz
e confiável para todos os fins. Trata-se de uma forma de antropocentrismo. Segundo
o pr. José Gonçalves, o Ateísmo e o Materialismo recorrem ao uso da razão,
apoiado na ciência, para fundamentar seus pressupostos. Contudo, convém dizer
que aquilo que eles denominam de “ciência”, na verdade, é um cientificismo, ou
seja, a ciência usada fora de seus parâmetros e princípios para confirmar uma
crença ou ideologia já previamente adotada; isso porque a boa ciência, na
verdade, não nega a existência de Deus, mas a confirma.
Fé e razão caminham juntas até certo ponto. Daí se falar em “culto
racional” (Rm.12:1) e “razão da esperança” (1Pd.3:15), passíveis de explicação
e compreensão (Pv.1:2; 1:6; 2:5; 2:9; 14:8). Nossa fé não dependerá da razão,
mas não será necessariamente contrária a ela. Vamos além da razão, mas nem
sempre estaremos contra a razão. O bom senso não pode ser abandonado, exceto em
situações necessárias, quando se faz algo aparentemente absurdo por causa de
uma ordem de Deus. Foi o caso de Noé construindo a arca. Em casos extremos como
esse, é imprescindível uma ordem direta de Deus, de modo que não haja nenhuma
dúvida. Entretanto, algumas pessoas fazem loucuras em nome de Jesus sem que Ele
lhas tenha mandado; nesse caso, a razão e a fé foram abandonadas e a presunção
tomou o seu lugar. Precisamos, sempre que possível, conciliar a fé e a razão; se
abandonarmos uma das duas, correremos em direção ao fanatismo ou ao racionalismo.
Devemos usar nossa fé e também a nossa razão quando expressamos nossa confiança
em Deus.
CONCLUSÃO
Os defensores do Materialismo, do Ateísmo e do Neoateismo dizem que se
valem de argumentos científicos para negar a fé e a existência de Deus; porém, o
que se observa é que suas teses e argumentos são de natureza meramente ideológica,
e não cientifica; eles adotam o cientificismo, um discurso que está
estreitamente ligado ao materialismo filosófico. Para eles, a realidade última
do universo é a matéria. Assim, o que não passar pelo crivo dos supostos
argumentos científicos deve ser rejeitado. Segundo o pr. José Gonçalves, o fato
é que a ciência não refuta Deus, mas antes confirma a sua existência. A negação
desse fato não se baseia em provas científicas, mas numa simples incredulidade
que se recusa a admitir as evidências que demonstram a existência de um
Criador. A todos que cristãos dizem ser precisam estar revestidos das armaduras
de Deus para resistir as sutilezas do Materialismo, do Ateísmo e do Neoateismo,
que têm se fortalecido nestes últimos tempos, e que tem procurado espreitar a
Igreja de Cristo.
----------------
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Luciano de
Paula Lourenço. Aula 08 – Ética Cristã e Sexualidade – Subsídio. 2º
Trimestre/2018.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Materialismo e o Ateísmo. PortalEBD_2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário