terça-feira, 26 de setembro de 2023

A GRANDE COMISSÃO: UM ENFOQUE ETNOCÊNTRICO

        4º Trimestre/2023

Subsídio para a Lição 01

Texto Base: Mateus 28.19,20; Marcos 16.15-18

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc.16:15).

 

Mateus 28:

19.Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20.ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

Marcos 16:

15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

16.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17.E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18.pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos a respeito da obra missionária até os “Confins da Terra”. É um convite a refletir sobre o imperativo de nosso Senhor Jesus para pregar o Evangelho a toda a criatura. É considerada a principal missão da Igreja de Cristo.

Nesta Primeira Lição teremos como tema: “A Grande Comissão: um Enfoque Etnocêntrico”. A princípio, o termo "enfoque etnocêntrico", sugere uma perspectiva centrada em uma única cultura ou grupo étnico, o que poderia ser problemático quando se trata de cumprir a Grande Comissão, haja vista que o mandamento de Jesus é para que seus seguidores façam discípulos de "todas as nações", o que implica uma abordagem universal e inclusiva. Acredito que o pr. Wagner Gaby quer transmitir que a evangelização em todo o mundo está centrada na Grande Comissão de Jesus, ou seja, que há uma relação da Grande Comissão com as Missões Transculturais. Por isso, nesta primeira lição, nosso propósito é esclarecer a respeito da Grande Comissão, conceituar e desenvolver o tema das Missões Transculturais e apresentar uma visão global da mensagem do Evangelho no mundo.

Veremos que missões é uma ordem divina e que Deus conta com cada crente para dizer “sim” à obra que Ele iniciou por intermédio de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. A Grande Comissão, tendo como texto base Mateus 28:19,20, é interpretado como um mandamento de Jesus para que os discípulos espalhem o evangelho, façam novos seguidores de Cristo e difundem os Seus ensinamentos por todo o mundo, qualquer que seja a etnia e cultura. Como diz o Pr. Hernandes Dias Lopes, “a igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada. Se a igreja não cumprir a grande comissão será culpada de uma grande omissão”.

I. A GRANDE COMISSÃO

1. O que é a Grande Comissão?

A Grande Comissão é uma ordem dada por Jesus aos seus discípulos após a sua ressurreição e antes de ascender aos céus. Essas instruções são encontradas principalmente no Novo Testamento, nos evangelhos de Mateus (capítulo 28, versículos 18-20) e Marcos (capítulo 16, versículos 15-18), e são consideradas fundamentais para a missão da Igreja de Cristo.

Esta ordem é constituída em grandes três imperativos: “Ide”, “Ensinai” e “Batizai”.  Estas palavras declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da Igreja. Uma igreja só se envolverá de maneira séria e responsável com a Grande Comissão, quando estiver sob forte poder e unção do Espírito Santo.

No princípio da Igreja, a evangelização atingiu o ápice quando experimentava um efusivo derramamento do Espírito Santo (Atos 2:1-4). Essa unção extraordinária modificou a estrutura espiritual de um grupo de homens assustados em verdadeiras brasas ardentes, e os levou a testemunharem do amor de Deus com o sacrifício de suas próprias vidas.

É bom ressaltar que “proclamar o evangelho” não é apenas fazer um sermão, uma exposição eloquente da Palavra de Deus a um grupo de ouvintes. Isto também é proclamar, mas não é esta a única forma que se tem para proclamar o Evangelho, nem a só a isto que Jesus Se refere na “Grande Comissão”. Proclamar o evangelho” é mostrar Cristo, de forma adiantada, antes que se mostre quem Ele é nas Escrituras, as quais dEle testificam (João 5:39). Mas como podemos mostrar Jesus antes que O mostremos na Bíblia Sagrada? Através de nossas próprias vidas. O povo de Antioquia da Síria, ao ouvir a mensagem do Evangelho, começou a chamar os discípulos de cristãos, porque, ao compararem o modo de vida de cada crente com o que era mostrado nas Escrituras, descobriram que os crentes daquela igreja eram “parecidos com Cristo”, ou seja, eram “cristãos”. Portanto, a melhor e mais impressionante forma de proclamarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e das pessoas.

Portanto, para que a missão evangelizadora da igreja seja eficaz é preciso ter como base a vivência na Palavra de Deus. Não se trata de uma experiência apenas intelectual, envolve também a prática. Precisamos viver o que pregamos, ou pregar o que vivemos. Não há uma dualidade entre o que o crente diz e faz, do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. O testemunho do cristão é feito principalmente por meio de sua vida; o testemunho fala mais alto do que as palavras. Por isso o apóstolo Paulo exorta-nos: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.

É dever de todo cristão, ter uma vida íntegra, independente do modelo e dos padrões da sociedade moderna. Como disse o Senhor, por intermédio do profeta Malaquias: "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não serve" (Ml.3:18); demonstrando, assim, que o mundo deve ver esta diferença em nós (1Tm.4:12).

2. A questão cultural

O “Ide” de Jesus significa também atravessar fronteiras. Disse Paulo: “Esforçando-me deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já foi anunciado” (Rm.15:20 – NAA). Porém, a igreja não pode desprezar a cultura de um povo a quem pretendemos evangelizar, nem lhe impingir a nossa cultura (1Co.1:1,2). Deve, sim, ser avaliada e provada pelas Escrituras.

Todavia, anunciar o Evangelho em uma cultura diferente é o grande desafio da Obra Missionária. Como diz certo teólogo, Timóteo Carriker, “a igreja que não for missionária não pode ser igreja, pois nega a razão de sua existência (1Pd.2:9,10). Por isso, a igreja que não for missionária, logo se tornará um campo missionário”.

A Igreja do Senhor no Brasil tem aproximadamente 35 milhões de membros, entretanto, em vista deste número, a quantidade de missionários transculturais é insignificante. É preciso uma mudança profunda na visão dos líderes das igrejas, em suas prioridades com relação a evangelização, sensibilizando-se com os povos além-fronteiras, que ainda não conhecem Jesus como Salvador da humanidade.

3. A ordem de fazer discípulos em todas a nações

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações...”(Mt.28:19 – ARA). Esta ordem tem o sentido de “estar com” as pessoas e torná-las seguidora de Cristo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversões. Os esforços engendrados não devem ser concentrados meramente em aumentar o número de membros da igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e vontade (cf. João 8:31). Este é o propósito da Grande Comissão.

A ordem do Senhor é que devemos ir por todo o mundo: ir ao encontro do mundo; ir ao encontro dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co.4:4). Portanto, a ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for.

É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo, e nós, o que estamos a fazer?

“Somos testemunhas de Cristo; somos embaixadores de Cristo; somos pregadores do Evangelho de Deus e portadores da mensagem de Deus para a humanidade. Nossa mensagem está contida em um livro, a Bíblia. Felizmente, suportamos o desdém do mundo por sermos pessoas de um Livro, os mensageiros de uma mensagem antiga.

O desafio de um cristão é ser um ‘missionário’, um ‘enviado’, comissionado pelo Espírito Santo através da igreja (At 13.4) para ser testemunha de Cristo e proclamar a mensagem revelada do ato redentor de Deus em Cristo Jesus. Isso, claro, requer um conhecimento absoluto da mensagem como é encontrada na Bíblia, e uma familiarização íntima e pessoal com Cristo” (PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.195).

4. A eficácia e os objetivos da Grande Comissão

A eficácia e os objetivos da Grande Comissão de Cristo são os seguintes:

a) Proclamação do Evangelho. O principal objetivo da Grande Comissão é a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo a todas as nações e a todas as pessoas. Jesus instruiu seus discípulos a "fazer discípulos de todas as nações", o que implica compartilhar a mensagem do perdão dos pecados e da salvação através da fé em Cristo.

b) Ensino e Batismo. Jesus também instruiu seus discípulos a ensinar todas as coisas que ele lhes havia ensinado. Isso envolve não apenas a pregação do Evangelho, mas também o ensino e o discipulado dos novos crentes. O batismo é mencionado como parte desse processo, simbolizando a identificação com Cristo e a “imersão” na Igreja de Cristo.

c) Transformação de Vidas. A eficácia da Grande Comissão é medida, em parte, pela transformação de vidas. Através da proclamação do Evangelho e do ensino das verdades de Cristo, as pessoas podem experimentar uma mudança espiritual profunda e uma nova vida em Cristo.

d) Expansão do Reino de Deus. A Grande Comissão tem como objetivo a expansão do Reino de Deus na terra, à medida que mais pessoas se tornam seguidoras de Jesus Cristo. Isso envolve não apenas a conversão de indivíduos, mas também a influência do Evangelho na sociedade e na cultura.

e) Unidade e Comunhão. A Grande Comissão une os crentes em um propósito comum de compartilhar o Evangelho e fazer discípulos. Isso promove a unidade e a comunhão na Igreja, à medida que os crentes trabalham juntos para cumprir a missão de Cristo.

Em resumo, a eficácia da Grande Comissão de Cristo está relacionada à disseminação do Evangelho, à transformação de vidas, à expansão do Reino de Deus e à unidade da comunidade cristã em torno desse propósito. Ela continua sendo uma parte central da fé cristã e da missão da Igreja até os dias de hoje.

II. MISSÕES TRANSCULTURAIS

1. Conceito

Missão transcultural refere-se a um esforço organizado e direcionado da Igreja para propagar o Evangelho de Cristo em um ambiente cultural ou social diferente do contexto de origem. Isso implica que os missionários ou evangelistas estão indo para uma área onde a cultura, língua, tradições e crenças religiosas são distintas daquelas com as quais estão familiarizados.

A missão transcultural pode incluir atividades como pregação do evangelho, estabelecimento de igrejas, educação religiosa, distribuição de literatura religiosa e realização de serviços humanitários como parte do esforço evangelístico. O objetivo principal é converter as pessoas a Cristo e discipulá-las na fé cristã.

Essa forma de missão transcultural muitas vezes envolve desafios significativos, incluindo a adaptação às práticas e crenças locais, aprendizado de novos idiomas e compreensão das sensibilidades culturais. É importante que os missionários ajam com sensibilidade em relação à cultura local para construir relacionamentos e credibilidade com as pessoas que estão tentando alcançar para Cristo.

2. Visão transcultural da Bíblia

A visão transcultural da Bíblia se refere à ideia de que as mensagens e os ensinamentos contidos na Bíblia são aplicáveis e relevantes para todas as culturas e povos ao redor do mundo. Isso implica que os princípios e valores encontrados na Bíblia têm uma aplicação universal e não estão restritos a uma cultura específica.

A visão transcultural da Bíblia tem sido um incentivo para missões transculturais, onde pessoas ou grupos procuram compartilhar a mensagem da Bíblia com culturas diferentes das suas, adaptando-a ao contexto local, mas mantendo a essência dos ensinamentos bíblicos. Aqui estão alguns pontos-chave que descrevem a visão transcultural da Bíblia:

a)    Universalidade dos ensinamentos. A Bíblia é vista como um guia espiritual e moral que se aplica a todas as pessoas, independentemente de sua cultura, língua ou origem étnica. Os princípios e ensinamentos contidos na Bíblia são considerados atemporais e relevantes para todas as épocas e lugares.

b)   Mensagens de amor e compaixão. A Bíblia ensina princípios fundamentais, como o amor ao próximo, a compaixão pelos necessitados e a justiça, que são considerados valores universais que podem ser aplicados em qualquer contexto cultural.

c)    Transformação pessoal e social. A visão transcultural da Bíblia enfatiza que a leitura e a aplicação de seus ensinamentos podem levar à transformação pessoal e ao bem-estar comum e espiritual da sociedade como um todo, independentemente da cultura em que se encontra.

d)    Contextualização. Embora os princípios bíblicos sejam considerados universais, a visão transcultural da Bíblia também reconhece a importância da contextualização. Isso significa que a maneira como os ensinamentos bíblicos são aplicados pode variar de acordo com a cultura e o contexto específico, desde que os princípios fundamentais sejam preservados.

Em resumo, a visão transcultural da Bíblia enfatiza a universalidade dos princípios e valores contidos na Bíblia, ao mesmo tempo em que reconhece a importância da adaptação cultural e contextualização para tornar esses ensinamentos acessíveis e relevantes em diferentes partes do mundo. Ela desempenha um papel significativo na disseminação e interpretação da fé cristã em um contexto global diversificado.

3. Barreiras nas Missões Transculturais

Ao embarcar nessa nobre Missão, encontramos desafios teológicos significativos. Por exemplo, a questão da pluralidade religiosa e cultural nos leva a considerar como comunicar o Evangelho de maneira relevante e eficaz em contextos diversos. Devemos lembrar que a verdade do Evangelho é universal, mas sua aplicação pode variar culturalmente.

Os desafios que enfrentamos ao cumprir a Grande Comissão de Jesus, principalmente quando se trata de missões transculturais, são muitos. Veja alguns exemplos:

-Primeiro, a diversidade cultural e religiosa do mundo requer sensibilidade e compreensão para alcançar diferentes grupos de pessoas. Cada cultura tem sua própria maneira de ver o mundo e sua espiritualidade, e devemos abordá-las com respeito e amor. Além disso, a barreira do idioma pode ser um obstáculo significativo, mas a tradução das Escrituras e a aprendizagem de línguas estrangeiras são ferramentas essenciais para superá-la.

-Segundo, a oposição e a perseguição que alguns missionários podem enfrentar em áreas hostis ao cristianismo. No entanto, devemos lembrar que Deus está conosco em todos os momentos e que Ele pode transformar até mesmo as situações mais adversas em oportunidades para a Sua glória. A perseverança e a oração são nossos aliados nessa jornada.

-Terceiro, a compreensão da justiça social na missão. A missão não é apenas espiritual, mas também social, buscando transformar vidas e comunidades. Isso requer um entendimento profundo da teologia da justiça e da compaixão.

O pr. Douglas elencou outros desafios:

a) Barreiras geográficas: novas nações e novas culturas;

b) Barreiras culturais: valores de vida, costumes e hábitos;

c) Barreiras econômicas: diferenças de moeda e comércio;

d) Barreiras linguísticas: as línguas nativas;

e) Barreiras religiosas: Islamismo, ateísmo, materialismo, secularismo etc.

Os apóstolos enfrentaram essas mesmas barreiras, mas, na força do Espírito Santo, o Evangelho saiu de Jerusalém e alcançou os “confins da Terra”. Esse mesmo Espírito está com a Igreja do presente século para confirmar a nobre missão de proclamar o Evangelho.

Apesar desses desafios, há inúmeras bênçãos associadas à obediência a esse chamado. Em primeiro lugar, a alegria de ver vidas transformadas pelo Evangelho é incomparável. Testemunhar almas perdidas sendo encontradas por Cristo e vendo comunidades inteiras se voltando para Ele é uma experiência indescritível. Além disso, o Senhor promete estar conosco sempre, fortalecendo-nos e guiando-nos ao longo do caminho.

III. VISÃO GLOBAL DO EVANGELHO NO MUNDO

1. Evangelização e Discipulado

-Evangelização é a pregação do Evangelho a judeus e a gentios, o anúncio de que Jesus veio salvar o ser humano, perdoando os pecados e restabelecendo a comunhão entre Deus e a humanidade.

Para que não houvesse qualquer dúvida a respeito de qual seria o papel da Igreja, ainda mesmo de seu estabelecimento na Terra, Jesus bem mostrou aos Seus discípulos qual era o papel destinado aos Seus seguidores. Cumprindo o desiderato divino de anunciar a salvação ao povo judeu (João 1:11a), Jesus, a fim de atingir a todas as aldeias e povoados da nação israelita no território de Israel, destacou setenta discípulos, de dois em dois, para pregar o evangelho (Lc.10:1-24), mostrando, assim, que a tarefa primordial daqueles que O servem é o de levar a mensagem das boas-novas de salvação, que é o que denominou de “a obra do Senhor” (Lc.10:1,2).

Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição (At.3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At.1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (2Co.9:16). A Igreja, portanto, existe para dizer ao mundo que “Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o Céu”.

-Discipulado é o acompanhamento do novo convertido até à sua maturidade cristã e espiritual. É como se a pessoa fosse uma planta que acabou de nascer; se ela for bem cuidada, conseguirá desenvolver suas raízes, caule e folhas; e na vida adulta, ela produzirá frutos e sementes, que darão continuidade a vida da espécie. Assim é o crente; se ele for acompanhado na sã doutrina, mais tarde, em sua maturidade cristã, frutificará, ou seja, ganhará outros para Cristo. Em muitos crentes, este discipulado se estende a vida toda, pois, apesar do tempo de fé, continuam meninos na fé (cf. Hb.5:12-14).

Portanto, a Igreja deve pregar o Evangelho, mas é preciso, também, que ela “ensine”, “faça discípulos”; cuidado este que era patente nos tempos apostólicos, a ponto de os apóstolos terem chamado para si esta tarefa, considerando, inclusive, não ser razoável deixar de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra (At.6:2,4); sem falar no zelo de Barnabé com relação à primeira Igreja gentílica, a de Antioquia da Síria (At.11:25,26), e dos conselhos que Paulo dá a Timóteo no sentido de jamais se descuidar do ensino da Palavra de Deus aos crentes (1Tm.4:12-16).

2. Arrependimento e capacitação do Espírito

Antes de Sua ascensão, Jesus direcionou a atenção dos seus discípulos para a natureza e abrangência da missão da qual seriam incumbidos. Quanto à natureza dessa incumbência, os discípulos deviam ser testemunhas; quanto à abrangência, deviam testemunhar tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.

Antes disso, porém, precisavam receber o poder do Espírito Santo (Atos 1:8). Esse poder é o elemento absolutamente indispensável do testemunho cristão. Uma pessoa pode ter muitos talentos, treinamento e experiência, mas, sem o poder do Espírito Santo, será ineficaz. Em contrapartida, uma pessoa pode ter pouca instrução, ser pouco atraente e polida, mas, ao receber o poder do Espirito Santo, é capaz de fazer grandes coisas para Deus. Os discípulos temerosos precisavam de poder para testemunhar e de ousadia santa para pregar o evangelho. Esse poder lhes seria dado quando o Espirito Santo descesse sobre eles.

Da mesma forma é a Igreja atual. Ela precisa do poder do Espirito Santo para anunciar a mensagem de Jesus até os confins da Terra, anunciando aos pecadores que se arrependam dos seus pecados e creiam no Evangelho de Jesus Cristo (Mc.1:15).

CONCLUSÃO

O mandamento de pregar o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo é uma tarefa divina permanente que nos foi confiada. É um chamado que requer sacrifício, coragem e persistência, mas que também traz inúmeras bênçãos espirituais e alegria indescritível. Devemos abraçar essa missão com zelo e dedicação, sabendo que Deus está conosco a cada momento. Jesus prometeu que estaria com seus discípulos até o fim dos tempos, dando-lhes a autoridade e o poder para cumprir a Grande Comissão. Isso significa que os cristãos não estão sozinhos em sua missão, mas têm a presença e a ajuda de Jesus através do Espírito Santo. Que o amor de Cristo nos inspire a levar Sua luz aos confins da Terra, para que todos os povos possam conhecer a esperança que encontramos Nele. Que Deus os abençoe ricamente enquanto continuamos a cumprir essa nobre missão.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão máxima da Igreja.

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