domingo, 27 de outubro de 2024

A PROMESSA DE SALVAÇÃO

       4° Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇAO 05

Texto Base: João 3:14-21

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).

João 3:

14.E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,

15.para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

16.Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

17.Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

18.Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

19.E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.

20.Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.

21.Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos a promessa mais sublime e central de toda a Bíblia: a promessa de salvação. Essa promessa não apenas representa o ápice do plano divino, mas também revela a profundidade do amor de Deus por toda a humanidade. A salvação é o que confere significado eterno à nossa existência. Sem ela, prosperidade e saúde tornam-se meramente temporais e vazios. Através da doutrina da salvação, entendemos a extensão da graça divina, manifestada de forma mais plena em Jesus Cristo, que se entregou por nós para que pudéssemos ter vida eterna (João 3:16). A salvação é, portanto, o maior presente que Deus oferece ao ser humano, e sua aceitação transforma não apenas nosso destino, mas nossa própria natureza.

I. A PROMESSA DA SALVAÇÃO

1. Uma maravilhosa Salvação

A Salvação não é apenas maravilhosa, ela é infinitamente grande. Foi Jesus quem disse:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Neste texto, Jesus explicou a Nicodemos o porquê de a Salvação ser tão grande (adaptado do livro: “João, as glórias do Filho de Deus”, de Hernandes Dias Lopes):

a) Porque procede de Deus, o autor da vida e da Salvação: “Porque Deus amou...”. A salvação procede do coração de Deus, do seu íntimo. O Criador do universo, o Senhor dos céus e da terra, o Deus eterno, colocou o Seu coração em nós e nos amou desde a fundação do mundo. Deus nos amou não por causa dos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. A causa do amor de Deus por nós não está em nós, a causa do amor de Deus por nós está nEle mesmo. Deus nos amou de forma incondicional; Ele nos amou desde toda a eternidade; amou-nos apesar de sermos fracos, ímpios, pecadores e Seus inimigos.

b) Porque o seu alcance é universal: “Porque Deus amou o mundo...”. Essa salvação é tão grande e maravilhosa não somente por causa da sua procedência, mas também por causa de seu alcance. O mundo aqui são as pessoas de todos os tempos, de todas as etnias, de todos os lugares, de todos os extratos sociais, de todos os segmentos religiosos. Este mundo aqui extrapola as fronteiras geográficas, culturais, filosóficas, ideológicas, religiosas.

Deus ama a todos indistintamente. Deus não faz acepção de pessoas. Deus ama o pobre, o rico, o analfabeto, o doutor; Deus ama o homem do campo, da cidade, o religioso, o não religioso. O amor de Deus não tem a sua causa em nós, tem a sua causa em Seu próprio coração amoroso.

A questão aqui não é que Deus tenha amado um mundo tão grande. A questão aqui é que Deus tenha amado um mundo tão mau, um mundo que é hostil, inimigo de Deus. A despeito disso, Deus nos amou grandiosamente com amor eterno.

c) Porque ninguém pode dimensionar a sua intensidade: “Porque Deus amou o mundo de tal...”. Note isso, Deus não amou o mundo de uma maneira pequena, limitada. Deus amou o mundo ao ponto de Se dar por nós, de Se sacrificar por nós. Esse amor é superlativamente intenso. Esse amor é eterno. Esse amor é sacrificial. Esse amor é perseverante. O apóstolo Paulo diz que Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou (Rm.8:32). Essa é a grandeza; esta é a intensidade do amor de Deus por você e por mim.

d) Porque o sacrifício que proporciona essa salvação é insubstituível e vicário: “Que deu o Seu Filho Unigênito...”. Deus não nos amou a ponto de dar ouro e prata. Deus não nos amou a ponto de dar as riquezas das entranhas da terra. Deus não nos amou a ponto de dar um anjo. Deus nos amou de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito. E deu para vir ao mundo e Se esvaziar de Sua glória. E deu para entrar neste mundo e vestir pele humana, e aqui ser humilhado, ser esbofeteado, ser pregado na cruz. Deus nunca recuou deste amor a nós. O Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo. Esse decreto estava tomado desde a eternidade. Deus jamais retrocedeu neste amor imenso.

e) Porque a sua oportunidade é única e insubstituível: “Para que todo aquele que nEle crê...”. Deus providenciou essa salvação e oferece essa salvação: Não àqueles que são religiosos. Não àqueles que são sinceros. Não àqueles que praticam boas obras. Não àqueles que fazem penitências e sacrifícios. Diz o texto sagrado que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho para todo aquele que nEle crê”. Não é crer em Jesus e acrescentar a esta fé alguma coisa a mais: não é crer em Jesus e em Pedro; não é crer em Jesus e em Maria; não é crer em Jesus e no pastor; não é crer em Jesus e no padre; não é crer em Jesus e na igreja.... É crer unicamente em Jesus. Ele é absolutamente suficiente para dar a você e a mim essa grande e maravilhosa salvação. Ele é o caminho, a verdade e a vida. Ele é o único mediador entre Deus e os homens pelo qual possamos chegar a Deus. Ninguém pode ir a Deus senão por Jesus. Portanto, é preciso crer em Jesus.

f) Porque essa Salvação é um grande livramento: “Não pereça...”. O texto diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira [...] não pereça...”. Jesus está nos alertando acerca de um perigo enorme: perecer eternamente. O que é perecer aqui? Não é apenas morrer fisicamente. Não é apenas, como muitos imaginam, ser extinto. Não. Jesus fala de uma condenação eterna, de trevas exteriores, de banimento para sempre da presença de Deus. Jesus fala de uma condenação eterna. Jesus fala de um fogo que não se apaga, de um bicho que não para de roer. Jesus fala de choro e ranger de dentes. Jesus fala de inferno, de condenação para sempre no lago de fogo e enxofre. Aquele que não crer vai perecer. Pense nisso!

g) Enfim, a salvação é tão grande e maravilhosa porque a sua oferta é bendita e gloriosa: “a vida eterna. O texto termina dizendo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

O que é a vida eterna? Não é apenas uma vida que nunca vai acabar, porque aqueles que vão para o inferno também nunca vão cessar de existir, com tormento. Vida eterna é uma qualidade excelente de vida, de riqueza perenal, de santidade, de contentamento, de alegria, de pureza, que nunca vai terminar. É quando Deus vai enxugar de nossos olhos toda lágrima. É quando não haverá mais dor. É quando não haverá mais luta. É quando não haverá mais tristeza. É quando não haverá mais despedida. É quando não haverá mais velhice. É quando não haverá mais tropeço. É quando não haverá mais cortejo fúnebre. É quando não haverá mais cansaço. É quando estaremos com Deus e para Deus eternamente: numa festa e no melhor lugar, com as melhores companhias, com as melhores iguarias, com as melhores roupas, com as melhores músicas, desfrutando das venturas celestes que Cristo preparou para nós e que haveremos de desfrutar para sempre, e sempre, e sempre.

E quando o salvo em Cristo Jesus ultrapassar os umbrais da morte, ele estará de posse dessa vida eterna. É quando alcançaremos a estatura de varão perfeito. É quando alcançaremos a felicidade plena. Essa é a tão grande e maravilhosa salvação que Deus nos dá através de Seu Filho Jesus Cristo. Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação?

2. A obra de salvação

O Evangelho de João revela que a salvação é uma iniciativa divina, uma expressão do amor de Deus que visa resgatar o ser humano da condenação eterna. Esta obra de salvação não é apenas uma simples oferta, mas uma intervenção profunda e necessária para libertar a humanidade da escravidão do pecado e do juízo eterno.

A salvação se manifesta plenamente quando uma pessoa recebe Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador. Nesse momento, ocorre uma transformação espiritual instantânea: somos libertos do domínio do pecado e somos justificados diante de Deus. O apóstolo Pedro, em Atos 4:12, enfatiza que não há salvação em nenhum outro nome além de Jesus, e o apóstolo Paulo enfatiza que Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Em Romanos 6:4-11, Paulo nos ensina que, ao nos unirmos a Cristo, tanto em Sua morte quanto em Sua ressurreição, participamos de uma nova vida, uma vida que é liberta do poder destrutivo do pecado e segura em sua promessa de eternidade. Assim, a obra de salvação não é apenas um conceito teológico, mas uma realidade transformadora que redefine nosso destino e nos reconcilia com Deus, garantindo-nos uma vida plena e eterna.

3. O Salvador

A essência da obra de salvação está fundamentada na entrega sacrificial do Filho de Deus, Jesus Cristo, como Aquele que pagou o preço supremo pelo pecado da humanidade. Jesus é o Salvador, como proclamado desde o Seu nascimento (Lucas 2:11) até a Sua obra redentora, reconhecida pelos primeiros cristãos (João 4:42; Atos 5:31; 2Pedro 1:11).

O Evangelho de João revela a condição universal do ser humano: todos foram corrompidos pelo pecado, e, por isso, necessitam desesperadamente de um Salvador. Esse Salvador, Jesus Cristo, é apresentado como a resposta divina ao problema do pecado e da condenação eterna. João 3:16,17 destaca que Deus, em Seu infinito amor, enviou Seu Filho ao mundo não para condená-lo, mas para salvá-lo, oferecendo a cada pessoa a oportunidade de crer e receber a vida eterna.

Jesus, como Salvador, não apenas oferece uma solução para o pecado, mas também garante uma transformação radical na vida daqueles que se arrependem e creem nEle. A salvação que Ele oferece é abrangente e eterna. Aqueles que permanecem em Cristo estão seguros contra a condenação eterna e são preservados para a vida eterna. A obra de Jesus como Salvador é, portanto, a pedra angular da fé cristã, pois é por meio dEle que a promessa de salvação é acessível a todos os que nEle crerem, garantindo não apenas a libertação do pecado, mas também a comunhão eterna com Deus.

II. A NATUREZA DA PROMESSA DE SALVAÇÃO

Veja alguns aspectos salvíficos do processo da Salvação.

1. Justificação

A justificação é um dos aspectos centrais da obra salvífica, descrito na Bíblia como o ato pelo qual Deus declara justo aquele que crê em Seu Filho, Jesus Cristo. Este conceito teológico é profundamente transformador, pois se refere ao momento em que o pecador, ao ser alcançado pelo Evangelho e responder em fé, é absolvido de toda culpa e das consequências do pecado. A justificação não é simplesmente um perdão, mas uma declaração divina de que o crente, embora culpado, é considerado justo diante de Deus.

Esse ato jurídico espiritual significa que o crente é tratado como se nunca tivesse cometido pecado algum. Em Romanos 5:1, Paulo afirma que, ao sermos justificados pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Isso implica que a barreira que o pecado havia erguido entre Deus e o ser humano é derrubada, permitindo uma relação restaurada e harmoniosa com o Criador. A justificação, portanto, não só remove a condenação que o pecado traz, mas também garante uma nova posição diante de Deus, onde o crente é visto através da justiça de Cristo.

Essa declaração de justiça é fundamental para a natureza da promessa de salvação, pois é a base sobre a qual se constrói a paz, a segurança e a certeza da vida eterna. A justificação é, portanto, um dom da graça de Deus, oferecido a todos que colocam sua fé em Jesus, e é um dos maiores benefícios da obra redentora de Cristo.

2. Regeneração

A regeneração, ou Novo Nascimento, é um elemento essencial na experiência da salvação, como destacado no Evangelho de João, capítulo 3. Para que a promessa de salvação se concretize na vida do crente, é indispensável que ocorra uma transformação profunda e interior, conhecida como regeneração. Este processo é mais do que uma simples mudança de comportamento ou de perspectiva; trata-se de uma renovação radical do coração e da mente, operada diretamente pelo Espírito Santo.

Jesus explicou a Nicodemos que, para entrar no Reino de Deus, é necessário nascer de novo, uma referência clara à regeneração (João 3:1-6). Este Novo Nascimento é um milagre espiritual onde o Espírito Santo atua de forma soberana para transformar o ser humano, levando-o de uma condição de morte espiritual para uma vida nova em Cristo. Essa obra do Espírito Santo envolve a convicção do pecado (João 16:7-11), o arrependimento e a subsequente criação de um novo coração, sensível às coisas de Deus e inclinado a seguir Seus caminhos.

A regeneração não apenas restaura a comunhão com Deus, mas também redefine a identidade do crente, que passa a ser visto como filho de Deus, participante da natureza divina e membro da família celestial (Romanos 8:16,17; 2Coríntios 5:17). Como nova criatura, o crente é chamado a viver em novidade de vida, evidenciando o poder transformador do Evangelho em todas as áreas de sua existência.

Essa transformação é o início de uma jornada contínua de santificação, onde o crente, regenerado pelo Espírito, cresce em conformidade com a imagem de Cristo. A regeneração, portanto, é um testemunho poderoso da graça de Deus, que não apenas nos perdoa, mas nos renova completamente, habilitando-nos a viver para a Sua glória e a desfrutar da plenitude da vida eterna.

3. Santificação

A santificação é uma etapa crucial no processo de salvação, que se desenrola a partir da obra redentora de Cristo no Calvário. Este aspecto da salvação é multidimensional, englobando tanto uma santificação posicional quanto uma progressiva.

Primeiramente, a santificação posicional ocorre no momento em que o crente é justificado e regenerado. Nesse instante, ele é separado por Deus, declarado santo e colocado em uma nova posição diante do Criador. Essa santificação inicial é um ato divino, onde o crente, embora ainda esteja em um corpo corruptível e sujeito ao pecado, é considerado santo pela justiça de Cristo que lhe é imputada. A santificação posicional, portanto, é um status dado por Deus, que marca o início da nova vida em Cristo e assegura ao crente a sua aceitação diante de Deus.

No entanto, a santificação não se limita a este ato inicial. Ela é também um processo contínuo e progressivo, onde o crente, com a indispensável ajuda do Espírito Santo, cresce em santidade ao longo de sua vida. Este crescimento se dá através de um relacionamento profundo e constante com Cristo, onde o crente, à medida que se submete à Palavra de Deus e à direção do Espírito Santo, vai sendo moldado à imagem de Cristo. A santificação progressiva é um chamado à vida de santidade, onde o crente se esforça para afastar-se do pecado e aproximar-se de Deus, refletindo cada vez mais o caráter de Cristo em sua vida diária.

Este processo culminará na glorificação, a etapa final da santificação, que ocorrerá no arrebatamento da Igreja. Naquele dia, os crentes serão transformados, recebendo corpos glorificados semelhantes ao corpo ressurreto de Jesus (Filipenses 3:21). Esta transformação final libertará os crentes de toda a presença do pecado, completando a obra que Deus começou em nós. A santificação, portanto, é tanto um presente imediato quanto uma jornada de vida, que nos prepara para a glória eterna com Cristo.

III. PROMESSA E PERSEVERANÇA NA SALVAÇÃO

1. A base da promessa de salvação é Cristo

A promessa de salvação tem sua base firmemente estabelecida na pessoa e na obra de Jesus Cristo. João 3 revela que Jesus é o centro dessa promessa, demonstrando que a salvação não é apenas um conceito abstrato, mas uma realidade viva, encarnada no Filho de Deus. O propósito eterno de Deus, conforme descrito em Efésios 1:4, é escolher um povo para si mesmo, não baseado em mérito humano, mas na graça soberana. Esse povo é composto por aqueles que, em arrependimento e fé, se voltam para Cristo como Senhor e Salvador.

Cristo, portanto, é a âncora da nossa salvação. Sua obra redentora no Calvário é o fundamento sobre o qual toda a nossa esperança está edificada. Por meio de Seu sacrifício, Ele não apenas pagou o preço do pecado, mas também nos reconciliou com Deus, permitindo que nos tornássemos parte do Seu Corpo, a Igreja. Em Efésios 1:7, Paulo nos lembra que a redenção e o perdão dos pecados, que são elementos centrais da nossa salvação, foram alcançados pelo sangue de Cristo.

Além disso, Efésios 1:9,10 enfatiza que Cristo é o ponto de convergência de todo o plano divino. Deus, em Sua sabedoria, uniu todas as coisas em Cristo, tanto as que estão nos céus quanto as que estão na terra, fazendo de Jesus o centro do Seu propósito redentor. Essa união em Cristo não é apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente para aqueles que estão em Cristo Jesus.

Portanto, a base da promessa de salvação não está em nossos esforços ou realizações, mas exclusivamente em Cristo e na obra que Ele consumou. É por causa dEle que podemos ser chamados filhos de Deus, e é nEle que encontramos a garantia de nossa salvação eterna. Assim, ao nos unirmos a Cristo pela fé, participamos dessa promessa, sendo feitos membros do Seu Corpo, vivendo sob a certeza de que nossa salvação está segura nAquele que é o autor e consumador da nossa fé.

2. A apostasia individual

Apostasia deriva-se da expressão grega “apostásis”, que significa afastamento. Em termos bíblicos, envolve o abandono consciente e deliberado da fé. Trata-se de uma renúncia intencional dos ensinamentos fundamentais da Palavra de Deus (apostasia doutrinária) ou de um retorno voluntário à prática do pecado (apostasia moral). Ambos os caminhos levam à separação de Deus, uma vez que a pessoa rejeita a graça salvadora que lhe foi concedida e rompe o relacionamento que tinha com o Senhor.

No Antigo Testamento, a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era chamado de “esposa de Jeová”, e sempre que Israel seguia a outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico.

Não se pode confundir apostasia com heresia. Apostasia é a perda total da fé, enquanto heresia é a negação parcial, ou seja, é a negação de uma ou outra verdade da fé.

A apostasia individual é uma das advertências mais sérias encontradas nas Escrituras sobre a promessa da salvação. A Bíblia deixa claro que, embora a salvação seja oferecida pela graça através da fé em Cristo, ela não é uma condição estática ou irreversível. Jesus, em João 3:18-20, enfatiza que a rejeição da luz, isto é, a recusa em crer e seguir a verdade de Deus, resulta em condenação. Essa rejeição pode ocorrer não apenas entre aqueles que nunca aceitaram o Evangelho, mas também entre aqueles que um dia professaram fé em Cristo.

As Escrituras nos alertam repetidamente sobre esse perigo. Em Atos 14:21,22, Paulo e Barnabé exortam os novos convertidos a permanecerem firmes na fé, afirmando que é necessário passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus. Isso indica que a perseverança na fé é essencial para a manutenção da salvação. Da mesma forma, em 1Timóteo 6:10-12, Paulo adverte sobre o perigo do amor ao dinheiro e outras paixões que podem desviar alguém da fé, encorajando Timóteo a lutar o bom combate e a agarrar-se à vida eterna.

O livro de Hebreus é especialmente enfático sobre os riscos da apostasia. Em Hebreus 2:1-3, somos advertidos a prestar muita atenção ao que ouvimos, para que não nos desviemos. O autor sublinha que negligenciar uma salvação tão grande resulta em consequências severas, destacando a gravidade da rebelião contra Deus e do abandono da fé.

Portanto, a apostasia individual não é apenas uma possibilidade teórica, mas uma realidade que as Escrituras reconhecem e contra a qual nos advertem. É uma decisão voluntária e consciente de abandonar a fé e rejeitar a salvação, o que resulta em uma separação definitiva de Deus. Este perigo deve ser encarado com a máxima seriedade, lembrando-nos da importância de perseverar na fé, mantendo-nos firmes em Cristo, o autor e consumador da nossa fé, até o fim.

3. A promessa e a segurança da Salvação

A promessa de salvação, conforme revelada nas Escrituras, não apenas oferece esperança, mas também garante uma segurança consoladora aos que verdadeiramente creem e permanecem em Cristo. O apóstolo Paulo, ao escrever em Filipenses 1:23, expressa essa confiança ao afirmar seu desejo de partir e estar com Cristo, reconhecendo que tal estado é "ainda muito melhor". Essa declaração reflete a certeza que permeia o Novo Testamento: a de que, ao passarem pela morte, os salvos estão imediatamente na presença de Cristo.

A segurança da salvação não é baseada em méritos humanos, mas na fidelidade e na obra consumada de Jesus Cristo. O apóstolo João reforça essa verdade ao afirmar que aqueles que creem em Jesus e o reconhecem como Senhor têm a vida eterna (1João 5:13). Essa vida eterna não é apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente para aqueles que mantêm um relacionamento pessoal com Cristo.

Contudo, essa segurança é acompanhada por um chamado à perseverança. A garantia da salvação é dada aos que permanecem firmes na fé, que continuam a submeter-se a Cristo como seu Senhor e Salvador. A salvação, portanto, é uma promessa que traz paz e segurança, mas também uma responsabilidade contínua de viver em obediência e comunhão com Deus.

Essa segurança não deve ser confundida com uma "permissão" para viver de forma desleixada ou distante de Deus. Em vez disso, é um incentivo poderoso para buscar uma vida de santidade, gratidão e serviço, sabendo que, em Cristo, nossa salvação está firmada e segura. A certeza de estar com Cristo após a morte, como Paulo descreve, não é apenas um conforto para o futuro, mas uma força motivadora para a vida presente, impulsionando-nos a viver de forma digna da nossa chamada em Cristo.

Assim, a promessa de salvação traz consigo não apenas a esperança de uma vida futura na presença de Deus, mas também a segurança de que, enquanto permanecermos em Cristo, essa vida eterna já começou e nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8:38,39). Essa segurança é o alicerce da nossa fé e o motivo pelo qual podemos viver com confiança, tanto agora quanto na eternidade.

CONCLUSÃO

A Promessa da Salvação nos convoca a viver com diligência e reverência diante de Deus e do mundo. Embora a salvação seja uma obra soberana de Deus, que estende sua mão ao pecador perdido, ela também exige uma resposta humana. Aceitar, com humildade, o amor e a graça de Deus é fundamental. Aqueles que creem em Jesus Cristo recebem o dom da salvação e são libertos do poder do pecado e da condenação eterna. Entretanto, aqueles que rejeitam essa oferta divina permanecem presos em seus delitos e pecados (Efésios 2:1). Portanto, a Promessa da Salvação é tanto um chamado à fé quanto um lembrete da responsabilidade que temos de viver de acordo com essa nova vida em Cristo.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Lawrence O. Richards. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Filipenses, a alegria triunfante no meio das provas. HAGNOS.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Romanos, o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.

Pr. Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus. HAGNOS.

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