quarta-feira, 10 de abril de 2013

O LÍDER NO PLANO DE DEUS


2º Trimestre/2013

Subsídio para lição 02  da revista da EBD – Educação Cristã Continuada.


Leitura Básica: Gênesis 45:4-8


 

 “Não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó...e como governador em todo a terra do Egito” (Gn 45:8).

INTRODUÇÃO


Todos nós fazemos parte de um Plano e de um propósito de Deus. Não importa em que circunstâncias estivermos, quando fazemos parte do Plano de Deus nada poderá obstar os desígnios dEle. Daniel e seus amigos foram levados para a Babilônia(em 605 a.C), o momento era de adversidades extremas, mas foi do agradado de Deus que Daniel e seus amigos fossem os maiores líderes que a Babilônia já teve. Outro exemplo foi José(filho de Jacó) no Egito; ele saiu de um sórdida prisão para ser o governador da maior potência econômica e militar da sua época. Outro exemplo foi Neemias, quando foi usado por Deus para ser um dos maiores líderes junto ao seu povo na reconstrução dos muros de Jerusalém; abnegado e fiel servo de Deus, ele tornou-se um exemplo para a liderança da igreja atual; Neemias destacava-se por um elevado senso de organização, humildade e coragem; era um líder completo. Não poderíamos deixar de falar de Moisés; foi tirado do exílio, em Mídiã, da situação de empregado do sogro para se tornar o maior líder do povo escolhido de Deus, Israel. Poderíamos falar de Paulo; ele é um dos maiores exemplos de liderança do Novo Testamento; seu modelo máximo é Jesus.

Deus traçou um Plano bem definido, mediante o qual a sua vontade será cumprida. Portanto, quando falamos sobre o Plano de Deus, queremos dizer com isso que Deus tem uma maneira certa e especifica de cumprir o seu propósito, e Ele providenciará para que tudo se cumpra. Nada impede os desígnios de Deus. Se você estiver dentro do Seu plano para ser um líder, nada neste mundo e nem Satanás serão óbices para o cumprimento da vontade de Deus.

I. O CHAMADO À LIDERANÇA


Uma coisa devemos estar ciente: a Obra de Deus foi e sempre será realizado por pessoas guiadas e capacitadas pelo Espírito Santo. Logo, é clarividente que ao escolher alguém para ser líder na Sua Obra, Deus o adorna com algo a mais, a fim de que o Seu propósito de expressar amor e misericórdia para a salvação da humanidade seja o mais amplamente alcançado.

Deus pode escolher a quem Ele quiser para ocupar a posição de líder. Afinal de contas, Ele é Deus, nós apenas criaturas, Ele o Criador. Deus está chamando líderes. Ele está à procura de líderes. “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ez 22:30).

Esse texto de Ezequiel mostra que a corrupção dos líderes (Ez 22:25-28) e do povo (22:29) era tão grande em Judá que Deus não encontrou uma só pessoa disposta a levar o povo de volta a Deus. É uma tragédia, quando certas igrejas estão tão dominadas pelo mundanismo que Deus não encontra ninguém na congregação disposto a interceder, isto é, a “tapar o muro” ou “ficar na brecha” da situação, espiritualmente crítica; ninguém para bradar contra a decadência espiritual e moral, ninguém para liderar a oração com humilhação, com verdadeiro arrependimento e com sincera busca da face de Deus, visando um avivamento espiritual (cf 2Cr 7:14). No meio do povo de Deus há muitos crentes fiéis que poderiam se impor contra a mornidão espiritual e tornarem-se  fervorosos intercessores por um avivamento. Mas, estão em silêncio, por receio ou acomodação. Deus está à procura de líderes que se ponham na “brecha” da situação espiritual critica porque passa a igreja nestes últimos dias que antecedem a volta do Senhor Jesus.

1. Evidência histórica. Ao longo do compêndio veterotestamentário bem como no compêndio neotestamentário, vemos Deus desenvolvendo Seus propósitos, escolhendo e chamando líderes, dando-lhes instruções precisas, inspirando-os, de modo que cada indivíduo seja afetado com Sua mensagem e Seu plano de ação. Como exemplo no Antigo Testamento, vemos o caso em que Moisés foi orientado por seu sogro, Jetro, para descentralização das tarefas. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro(Ex 18:24,25), demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a criticas. Portanto, a evidência histórica denuncia que nenhum mal impediu e impedirá a execução do Plano de Deus. Para isso, ele escolhe os líderes com o fim de cumprir os seus propósitos. Seja qual for o método escolhido.

2. Chamada. Em algumas situações especificas, para execução de Seu Plano, Deus escolhe diretamente os seus lideres e lhes diz o que devem fazer.

No Antigo Testamento, vemos isso ocorrer com Moisés – “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 1:1-4,10). Outro exemplo que podemos citar é o de Samuel – “Então, veio o Senhor, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”(1Sm 3:10,19).

No Novo Testamento, vemos o caso de Paulo, ao qual é dado instruções pormenorizadas sobre o que deve fazer ao longo de seu ministério – “E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse- lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer” (At 9:6).

Deus concede à Sua Igreja líderes para preencherem posições especificas de liderança.  E o padrão universal de liderança eclesiástica que Deus estabeleceu para sua Igreja, bem como a descrição dos propósitos, definidos e mensuráveis, que Ele propôs para serem alcançados, encontra-se em Efésios 4:11 - E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Estes dons exarados neste texto, bem como em Rm 12:6-8, são de natureza espiritual, não são título; e são provas da liderança inspiradora dentro do Plano de Deus.

3. Qualificação. Outra evidencia de que o Plano de Deus inclui a ideia de liderança são as listas de descrições detalhadas das qualificações e responsabilidades dos lideres escolhidos por Deus. Na Igreja, a liderança para ser legítima, deve ter qualificação espiritual e moral e o consentimento dos santos, tudo sob a direção do Espírito Santo (At 14:23).

- No Antigo Testamento, encontramos detalhes das qualificações requeridas de reis e sacerdotes, bem como suas respectivas responsabilidades (Lv 4:3; Nm 31:24; Sl 2:10-11;Pv16:12).

- No Novo Testamento, as qualificações que se exigem das pessoas responsáveis pela liderança e administração da igreja encontram-se listadas em 1Tm 3:1-8 e Tt 1:6-9; 1Pe 5:1-4.

Alistamos algumas destas qualificações:

A - Quanto à sua moral, o líder deve ser:


a.1) Irrepreensível (1Tm 3:2). O líder não pode ter uma conduta que seja alvo de repreensão(1Tm 3:2,7), o que não significa não ser alvo de crítica, pois sempre haverá quem fale mal do cristão por seu bom porte, mas a crítica deverá sempre enaltecer o testemunho do obreiro (cf. 1Pe 2:19,20).

a.2) Esposo de uma só mulher (1Tm 3:2). A moral do líder deve ser exemplar. Isso é evidenciado logo por sua total devoção à sua esposa. O Espírito Santo acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (1Tm 3:2,4,5; Tt 1:6). Isto é, o obreiro deve ser um exemplo para a família de Deus, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Ele deve ser marido de uma só mulher (1Tm 3:2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa.

B - Quanto ao seu modo de viver, o líder deve ser:


b.1) Sóbrio (1Tm 3:2; 1Pe 1:13). O líder cristão precisa ter equilíbrio, domínio próprio, autocontrole. Isto é resultado da unção do Espírito sobre sua vida (cf. Ec 9:8). Ao tomar decisões usa de sabedoria. Infelizmente, em nossos dias, muitos têm perdido o equilíbrio. Uns por falta de conhecimento da Palavra de Deus, põem-se a ensinar costumes e modos humanos, que nada tem a ver com a salvação ou santificação; são doutrinas dos homens, que perecem com o tempo (Cl 2:22). Outros preferem ignorar totalmente qualquer ensino de santificação e consagração, preferindo transformar suas igrejas em verdadeiras sociedades entre irmãos, mas voltados para o lazer e a satisfação da carne. Tais "pastores" e "mestres" são considerados biblicamente falsos.

b.2) Honesto (1Tm 3:2). A honestidade é indispensável ao líder, que deve se credenciar, como nenhum outro, para habitar no tabernáculo de Deus (cf. Sl:15).

C - Quanto ao seu serviço, o líder deve ser:


Apto para ensinar (1Tm 3:2). O líder precisa ter uma certa aptidão para ensinar. Entre os crentes sempre há a necessidade de ensino e esta oportunidade não deve de forma alguma ser negligenciada pelo líder, ele deve procurar aproveitá-la ao máximo possível. Ele deve ensinar a outros e treinar líderes (Tt 1:9). Infelizmente, temos observado que muitos têm galgado o ministério sem que possam ensinar a quem quer que seja. 

D - Quanto às suas atitudes, o líder deve ser:


d.1) Não dado ao vinho(1Tm 3:3). Deve ser pessoa que não se deixe dominar por qualquer vício, seja ele qual for, pois não pode, como qualquer crente, deixar-se dominar por coisa alguma (cf 1Co 6:12).

d.2) Não espancador(1Tm 3:3). O líder não pode ser pessoa violenta, mas, assim como o Senhor, "ser manso e humilde de coração"(Mt 11:29). Não se espanca apenas com agressões físicas, mas, também, com palavras, cuidado que o obreiro sempre deve ter (ler 2Tm 2:14,16).

d.3) Cordato. Justamente o contrário do homem que é violento em modo de agir. É alguém cuja natureza é calma, prudente e bem controlado. Pessoa que tem bom senso. É moderado em sua forma de agir (Tt 3:2).

d.4) Inimigo de contendas(1Tm 3:3). O líder cristão não usa de rivalidades. Não entra em lutas com outra pessoa (1Co 1:11; 3:3).

d.5) Não avarento (1Tm 3:3). O líder que está no Plano de Deus não é uma pessoa escrava do desejo de acumular riquezas para si. Não é dominado pela avareza, não tem apego demasiado ou sórdido pelo dinheiro.

d.6) Governa bem sua própria casa (1Tm 3:4). Não assume o papel de ditador. A sua autoridade deve ser moral e espiritual, usando para isso a autoridade da Palavra de Deus.

II. QUALIDADES DO LÍDER INSPIRADOR


O líder de Deus deve possuir características ímpares que o colocam como um legítimo representante do Senhor Jesus Cristo. É claro que existem muitas outras qualidades que um líder deva ter, mas nós citaremos apenas as seguintes:

1. Empatia. Empatia significa colocar-se na situação de outrem. Significa, na prática, ver as coisas pelo ponto de vista de outras pessoas, procurando entender como as mesmas se sentem, coadunando-se com a regra área ditada por Jesus, exarada em Lucas 6:31 - “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazeis vós, também”. Significa comungar, sincera e amorosamente, dos sentimentos de nossos irmãos, conforme enfatiza o apóstolo Paulo: "Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram" (Rm 12:15).

Um grande edifício é construído de pedras que possuem arestas que de vez em quando se cortam e arranham umas nas outras, porém quando são rebocadas e pintadas não mais se lembram das diferenças, pois o mais importante é fazer parte do edifício que chega ao céu. No edifício de Deus, a Igreja, os irmãos se perdoam e se amam, procurando esquecer as falhas de cada um e ajudando-se uns aos outros a serem membros deste tão maravilhoso edifício que vai morar no céu. Em 1Pe 2:5 está escrito: “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo”.

A empatia é essencial para que líderes não sejam egoístas e medíocres, mas sim solidários e companheiros. É essencial quando o líder compartilha a liderança, em apreciar trabalhar ao lado de outros líderes. Citamos o exemplo de Neemias (Ne 1:4). Seus ouvidos estavam abertos ao clamor do seu irmão e seu coração profundamente sensível às necessidades do seu povo. Neemias vivia no luxo, mas também vivia de forma piedosa. Ele vivia com Deus e se importava com aqueles que viviam na miséria. Jerusalém estava a 1.500 km de Susã. Neemias nunca vira antes a cidade dos seus pais, mas ele se importava com ela. Os problemas da cidade eram os seus problemas, a dor da sua gente era a sua dor. Na sua agenda havia espaço para receber aqueles que estavam sofrendo. Era um homem que tinha conhecimento, influência e poder, mas não se afastava daqueles que viviam oprimidos pelo sofrimento. Muitos homens que vivem encastelados no poder aproximam-se do povo apenas para auferir benefícios próprios; correm atrás do povo apenas à cata de votos para depois se locupletarem com lucros abusivos, esquecendo-se deliberadamente daqueles que os guindaram ao poder. Neemias caminha na direção do povo para socorrê-lo e não para explorá-lo. Esse homem tinha um sentimento empático.

2. Foco no alvo. Alguém disse que a “liderança é o que move as pessoas e as organizações para que cumpram seus alvos”. Portanto, um líder inspirador deve estabelecer alvos claros a serem atingidos; ele romperá todos os obstáculos para que os alvos estabelecidos tornem-se uma realidade. Ele deve estabelecer alvos para si mesmo, bem como para seus liderados. O apóstolo Paulo tinha uma meta pessoal, que é a mesma de todo e qualquer líder: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”(Fp 3:14).

O bom líder inspira pessoas desanimadas e desmoralizadas e dá nova vida a uma organização agonizante. Alguém disse que “O poder de inspirar os outros para o serviço e o sacrifício é a marca do líder de Deus. Sua chama acende os que ficam à sua volta”. Não basta estar à frente do rebanho, é preciso inspirá-lo com disposição e entusiasmo.

Motivação é chave para atingir os planos. O líder deve estar sempre motivando os demais, bem como motivando a si mesmo. Quando o trabalho é bem executado, ele deve saber dar crédito às pessoas por isso, deve elogiar o trabalho bem feito. Deve também cobrar quando o trabalho não acontece.

Quando Neemias chegou em Jerusalém para reconstruir os muros e as portas da cidade, ele mobilizou o povo para o trabalho e tornou-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse "vá e construa”, mas "vinde e construamos!"(Ne 2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água”(Ne 4:23). Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu!’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”.

3. Digno de Confiança. “Para que um homem seja líder ele tem de ter seguidores, e para que tenha seguidores ele tem de ter a confiança deles. Assim sendo, a primeira qualidade do líder tem de ser integridade inquestionável. Sem ela, não é possível o verdadeiro sucesso, não importam se estejam trabalhando em turma de fábrica, campo de futebol, no exército ou num escritório. Se os colegas de um homem descobrem nele falsidade, se percebem que nele falta integridade direta, este homem fracassará. Seus ensinos e seus atos devem ser congruentes. Assim, a maior necessidade é integridade e propósito elevado” (BARBER, Cyril J. Neemias e a Dinâmica da Liderança Eficaz. São Paulo, SP.: Editora Vida, 1999, p.79).

Esse é o segredo do autêntico líder para conquistar a confiança de seus liderados e motivá-los a segui-lo: a sua integridade deve ser indiscutível. Um líder que não é íntegro em sua vida pessoal não é digno de confiança, não é um verdadeiro líder. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser sincero e esta sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações, no agir, nas finanças, no serviço. Ninguém pode falar mal do líder que assim procede. Ele é digno de confiança.

Temos na vida de Daniel um grande exemplo: ele era íntegro e irrepreensível; não havia nada que pudesse macular o seu caráter. Sendo assim, seus inimigos tentaram achar algo para acusá-lo na lei de Deus. Nada encontraram. Por fim, tiveram que fazer algo para que ele viesse a cair, mas sua vida espiritual era tão elevada que mesmo diante do decreto do rei, ele não sucumbiu. Ele era um líder digno de confiança.

4. Testemunho. O líder é uma pessoa cuja influência se faz sentir em todos os aspectos. Por onde quer que vá, ele é alvo de observações e por isso há de exercer uma influência na vida das pessoas que o cercam. Ele não deve procurar fazer certas coisas somente para que outras pessoas vejam que ele está fazendo, mas ele deve ter em sua mente que quando ele faz alguma coisa os outros estão observando o seu modo de fazer ou agir. Até mesmo tudo o que o líder fala, faz ou pensa serve para influenciar os seus liderados, quer positiva, quer negativamente. De uma maneira ou de outra, o líder, influenciará os seus liderados em tudo o que faz, portanto, é necessário que se tenha o máximo cuidado para não ser uma influência negativa na vida deles.

Timóteo era um líder que tinha uma chamada. Uma das coisas mais importantes na vida de Timóteo era o seu testemunho. Para ser padrão exige-se um exemplo bastante elevado. Se Timóteo fosse padrão apenas na Palavra e não no procedimento, ele se tornaria imprestável para o ministério. Sem amor, não se pode viver. “Sem fé é impossível agradar a Deus”. Se não for puro, a impureza há de derrubar por completo a vida do líder. O apóstolo Paulo admoestou a Timóteo que fosse um exemplo tanto aos que estão de fora(os infiéis), quanto aos de dentro (os féis): “Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo”(1Tm 3:7). “...sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, n o amor, no espírito, na fé, na pureza”(1Tm 4:12).

Portanto, o líder eficaz, que está no Plano de Deus, deve ter a consciência de que ele é um canal pelo qual Deus manifesta seu amor e misericórdia. Logo, deve procurar permanecer na dependência e orientação do Espírito Santo. Desta feita, deve buscar a primazia do testemunho de ter um caráter irrepreensível, vivendo sempre em consonância com os princípios espirituais revelados na Palavra de Deus tal qual foi Timóteo, tal qual foi Josué, tal qual foi Moisés, tal foi Paulo, tal qual foi José (filho de Jacó), etc.

III. JOSÉ, O EXEMPLO


O José que referimos neste tópico, é o patriarca José, filho de Jacó e Raquel. Deus escolheu José para ser um exemplo de que a piedade e o temor a Deus são indispensáveis na vida do líder inspirador, e independem das circunstâncias da vida debaixo do sol.

1. Na escravidão. E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia. Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha”(Gn 39:3,4). José era servo (Gn 39:1,2) e superintendente dos bens de Potifar (Gn 39:4-6). A Bíblia não diz quanto tempo ele exerceu esta função, mas afirma que Potifar sabia que o Senhor estava com ele e o fazia prosperar em tudo (Gn 39:3).

Apesar de ter perdido a condição de filho predileto na casa de seu pai e de, agora, ser um escravo em terra estrangeira, José não havia perdido a companhia do Senhor. O texto sagrado é enfático ao afirmar que “o Senhor estava com José” (Gn 39:2). E por que Deus estava com ele? Porque José se manteve fiel ao Senhor. Como disse o salmista: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade”(Sl 145:18). José servia verdadeiramente a Deus, adorava a Deus pelo que Ele é, não pelo que Ele fazia ou deixava de fazer e, por isso, o Senhor estava com ele.

José manteve a mesma disposição que já demonstrara na casa de seu pai. O texto bíblico diz que José “…estava na casa de seu senhor egípcio” (Gn 39:2), expressão que significa que José mantinha o seu lugar, cumpria à risca os seus deveres, assim como fizera para Jacó. Era escravo, não era mais o filho predileto, mas mantinha a excelência de seu serviço, mantinha a dedicação, apesar de toda a adversidade. O resultado deste serviço sincero foi José se tornar o mordomo da casa de Potifar, o administrador de toda a casa, vez que achara graça aos olhos do seu senhor. A consequência deste gesto de Potifar foi a bênção de Deus sobre todo o patrimônio de Potifar. E José compreendia que seu bom êxito vinha somente de Deus e respeitava o seu senhor Potifar, e ainda mais, a Palavra de Deus (Gn 39:1-6).

2. Na prisão. Mas, quando tudo parecia estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de Potifar quis praticar relação sexual com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gn 39:6). José resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor, pois era fiel a Deus e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina. Ele... Fugiu( Gn 39:12).

Acusado injustamente, José foi preso por seu próprio senhor, Potifar (Gn 39.20). Mais uma vez, José é humilhado, desta feita porque resolvera servir a Deus e dar-lhe a devida obediência. José foi levado injustamente ao cárcere, mas ali, também, “o Senhor estava com José” (Gn 39:21). Além de estar com ele, mesmo numa situação tão difícil, a Bíblia nos diz que o Senhor “estendeu sobre ele a Sua benignidade” (Gn 39:21). O momento era assaz difícil para José, que sentia a dor da injustiça e revivia o trauma da cova em que fora lançado pelos seus próprios irmãos. Ciente desta circunstância psicológica altamente adversa, o Senhor lança sobre seu servo a sua benignidade, o seu bem-querer.

O Senhor estava com José e José se manteve na mesma linha da vida de comunhão com o Senhor e da excelência do serviço, do esforço e da dedicação. O resultado não poderia ter sido outro: José achou graça também aos olhos do carcereiro-mor (Gn 40:21). Mais uma vez José faz brilhar o nome do Senhor através do seu bom testemunho e isto num tempo em que nem sequer sabia que o servo de Deus deveria ser luz do mundo. E nós, a quem esta verdade bíblica já foi revelada, temos sido luz do mundo? Temos sido “…irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2:15)?

José voltou a liderar, porque ele era um líder inspirador que estava no Plano de Deus. Passou a ser o encarregado de todos os presos que estavam na casa do cárcere (Gn 39:22), inclusive do padeiro-mor e do copeiro-mor, altos funcionários de Faraó que haviam sido presos (Gn 40:3,4). O ambiente prisional não é fácil, é extremamente violento, repleto de intrigas e de crueldade. Ali, notadamente nos dias de José, as pessoas não tinham praticamente nenhuma esperança de sobrevivência, eram extremamente maltratados e a vida não assumia qualquer valor. José, porém, soube liderá-los e ganhar não só a confiança do carcereiro-mor como também dos próprios presos, pois, se assim não fosse, não teriam o copeiro e o padeiro de Faraó tido confiança em lhes contar os sonhos que tiveram, ainda mais sendo, como o eram, egípcios, altamente supersticiosos e que criam que somente os sacerdotes e magos tinham capacidade para interpretar sonhos. José estava, então, sem o saber, iniciando a fase final do seu aprendizado, para, então, exercer a função para a qual o Senhor o estava preparando.

3. No triunfo. José ainda trabalhou dois anos inteiros na casa do cárcere depois que o copeiro-mor foi restituído ao seu cargo e o padeiro-mor, enforcado. Entretanto, depois destes dois anos, exatamente no dia do aniversário de Faraó(Gn 40:20), que este teve dois sonhos seguidos que muito o perturbaram e que não teve qualquer interpretação por parte dos magos (Gn 41:8). O copeiro-mor, então, lembrou-se de José e ele foi chamado à presença de Faraó, que lhe contou os sonhos, que foram interpretados por José (Gn 41:1-32). José, então, não só interpretou os sonhos, mas deu a solução para a questão, aconselhando a Faraó que deveria se prover de um varão entendido e sábio, que fosse posto sobre a terra do Egito e administrasse os anos de abundância para que, nos anos de fome, esta fosse mitigada (Gn 41:33-37).

Ao interpretar o sonho de Faraó, José poderia engrandecer-se. Mas não o fez (Gn 41:39-41). Ele era humilde e soube esperar o tempo de Deus. A confiança no Senhor e o auto-domínio de José estavam sendo provados. Uma pessoa impaciente pediria ao rei a liberdade, um cargo público, ou algum outro tipo de benesse. Entretanto, José foi longânimo, e Deus moveu o coração de Faraó para nomeá-lo como governador do Egito, transformando-o na maior autoridade do país, devendo obediência tão somente a Faraó(Gn 41:38-41).

Enquanto governador do Egito, José continuou a ter a mesma integridade de seu tempo de filho predileto, escravo na casa de Potifar e preso na casa do cárcere. Ele era o mesmo, pois a pessoa íntegra é aquela que é o que é, que tem todo o seu ser completamente entregue nas mãos do Senhor, que O serve de coração inteiro. José foi líder inspirador que estava no Plano de Deus. Ele é, sem dúvida, um grande exemplo a todos nós.

CONCLUSÃO


A liderança advém de uma atitude de serviço e de trabalho. Verdade é que o servo do Senhor é chamado para servir neste ou naquele lugar, seja na igreja local, seja na vida secular. Entretanto, apesar da consciência de seu chamado, o servo do Senhor não deve querer prevalecer apenas com base na divulgação das promessas de Deus, mas, sim, em termos de serviço, de trabalho, de dedicação e esforço. A melhor maneira de mostrarmos que temos chamada divina, que temos uma vocação do Senhor para exercer esta ou aquela tarefa é a realizando, é trabalhando harmoniosamente com as pessoas que lidera, esperando sempre o melhor das mesmas. Foi assim que os grandes líderes que estavam no Plano de Deus procederam.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.

José, um líder piedoso e temente a Deus – Caramuru Afonso Francisco.

Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu Faria. 

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