1º Trimestre/2019
Texto Base: Lucas 1:26-25
"Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris
as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra" (Sl.103:20).
Lucas 1:26-35
26. E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel
enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
27. a uma virgem desposada com um varão
cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
28. E, entrando o anjo onde ela estava,
disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
29. E, vendo-o ela, turbou-se muito com
aquelas palavras e considerava que saudação seria esta.
30. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não
temas, porque achaste graça diante de Deus,
31. E eis que em teu ventre conceberás, e
darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
32. Este será grande e será chamado Filho
do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai,
33. e reinará eternamente na casa de Jacó, e o
seu Reino não terá fim.
34. E disse Maria ao anjo: Como se fará
isso, visto que não conheço varão?
35. E, respondendo o anjo, disse-lhe:
Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a
sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho
de Deus.
INTRODUÇÃO
A
Bíblia Sagrada mostra que os anjos não são mitos nem lendas, mas seres
angelicais criados por Deus. Se por um lado, somos confortados, sabendo que os
anjos de Deus acham-se à disposição dos que hão de herdar a vida eterna
(Hb.1:14), por outro, apesar de sua capacidade e poderio que lhes conferiu o
Senhor, não devem nem podem ser adorados (Ap.19:10; 22:9). Os anjos são seres
reais, plenamente espirituais, que, embora superiores aos homens, não têm qualquer
função na salvação do homem. Eles são ministros da providência de Deus e
agentes ativos na vida do crente e da Igreja de Cristo. O não entendimento, ou
a falta de estudo, sobre sua natureza e atividades, tem ocasionado o surgimento
de muitas seitas, heresias e credos, distintos e distantes da sã doutrina,
conforme encontrada na Palavra de Deus.
I. OS ANJOS
1. Quem são os anjos? O termo anjo
aplica-se a todas as ordens dos espíritos criados por Deus (Hb.1:14). A palavra
anjo no hebraico é “ma'ak” e no grego é “ângelus” que significam a mesma coisa:
mensageiro, enviado. Eles exercem atividades importantes no mundo espiritual,
mas não são independentes nessas atividades, pois as fazem dentro dos limites a
que foram criados. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação
do mundo físico (Jó 38:6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de
Deus as tábuas da Lei (Hb.2:2); no nascimento de Jesus (Lc.2:13); quando foram
servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt.4:11); na ressurreição de
Cristo (Mt.28:2; Lc.24:4,5); na ascensão de Cristo (At.1:10). Muitas outras
manifestações podem ser listadas em toda a Bíblia.
A
manifestação dos anjos é incorpórea; eles são seres espirituais e morais,
porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se comprova mediante
os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e
decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas através de formas materiais
inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus,
tomam, para se incorporarem, corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas
possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos
para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se
fazerem manifestos; podem se apresentar na forma humana, quando ocorrem as manifestações angelofânicas. Essas aparições
ocasionais são bíblicas (Jz.13:6; Hb.13:2).
“Então, a mulher
entrou e falou a seu marido, dizendo: Um homem de Deus veio a mim, cuja vista
era semelhante à vista de um anjo de Deus, terribilíssima; e não lhe perguntei
de onde era, nem ele me disse o seu nome”.
2. Sua natureza. Os anjos são criaturas espirituais e
invisíveis aos seres humanos. Eles são sobrenaturais e, como os humanos,
possuem natureza racional.
a) São criaturas de Deus. Os anjos são, assim
como os homens, criaturas de Deus. Em Gn.1:1 e Cl.1:16 está escrito que Deus
foi o criador dos anjos, de forma que os anjos são criaturas, ou seja, seres
inferiores a Deus, embora sejam superiores aos homens. Isto é muito importante,
pois não temos como confundir os anjos com o próprio Deus, nem podemos atribuir
a anjos quaisquer atributos divinos, pois Deus é o criador, enquanto os anjos
são apenas criaturas. É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos,
mas a resposta de Deus a Jó declara que eles foram criados antes de todas as
outras coisas (Jó 38:4,7).
b) São seres espirituais. A Bíblia mostra-nos
que os anjos são seres espirituais, ou seja, ao contrário do homem que é
formado de uma parte material (corpo) e de outra parte imaterial (alma e
espírito), os anjos são puro espírito. O escritor da carta aos hebreus diz que
os anjos são “espíritos ministradores enviados para servir a favor daqueles que
hão de herdar a salvação (Hb.1:14). Por serem espirituais, os anjos não estão
sujeitos às leis da física e é por isso que os vemos, ao longo do texto
bíblico, imunes às leis físicas, podendo aparecer e desaparecer (Jz.6:21;
Lc.1:11; 2:13); contrariar a lei da gravidade (Jz.13:20); ter poder de ferir
milhares de pessoas ao mesmo tempo (2Sm.24:16,17; 2Rs.19:35; 1Cr.21:16; 2Cr.32:21;
Is.37:36); fechar a boca de leões famintos (Dn.6:22); remover grandes pedras
(Mt.28:2); fazer emudecer (Lc.1:20); entrar e sair de lugares que estão
fechados (At.5:19; 12:7-11); ferir uma pessoa em particular de modo fulminante
e fatal (At.12:23); entre outros poderes, a mostrar que as leis vigentes para o
mundo físico e material não atingem estes seres, já que são puramente
imateriais.
c) São dotados de consciência, sentimento, entendimento
e vontade.
·
São dotados de
consciência.
No episódio da criação, é dito que os anjos cantavam e rejubilavam, ou seja,
demonstraram ter noção do que estava a acontecer e louvavam a Deus. Isto só é
possível para seres que têm consciência de si mesmos e consciência de quem é
Deus a ponto de reconhecerem Sua soberania e Sua dignidade para ser adorado. Os
anjos têm plena consciência de que devem adorar a Deus e de que somente Deus
deve ser adorado (Sl.103:20; Ap.22:9).
·
São dotados de sentimento. Em Jó, vemos que os
anjos estavam alegres enquanto Deus criava o mundo e, por isso, cantavam,
tendo, também, com alegria, trazido a mensagem do nascimento de Jesus
(Lc.2:10).
·
São dotados de
entendimento. Os
anjos sabem o que são, o que fazem e o que está acontecendo ou vai acontecer.
Os anjos, diz-nos a Bíblia, são seres que obedecem à voz de Deus (Sl.103:20),
que transmitem fielmente as mensagens divinas, bem sabendo o seu teor (Dn.8:16;
9:22; 10:14; Lc.1:19), como também conhecem como funciona a dimensão celestial
a que pertencem (Dn.10:12,13; Jd.9).
·
São dotados de
vontade.
Assim como os homens, os anjos foram criados com o livre-arbítrio, ou seja, com
o poder de escolher entre servir a Deus ou não. Tanto é assim que o “querubim
ungido” escolheu o mal, quis ocupar o lugar de Deus e, por isso, pecou, tendo
sido achado iniquidade nele, a ponto de ter perdido toda a glória que possuía
neste lugar de proeminência diante do Senhor (Is.14:12-16; Ez.28:12-19). Isto
só foi possível porque os anjos são dotados de livre-arbítrio. Entretanto, este
livre-arbítrio só pode ser exercido uma única vez, visto que os anjos estão na
dimensão celestial, onde não existe o tempo e, portanto, o arrependimento se
torna impossível. Tendo feito a sua escolha, quando do pecado do “querubim
ungido”, os seres angelicais a fizeram para sempre e, por isso, podemos, hoje,
falar em “santos anjos” (Mt.25:31; Mc.8:38; Lc.9:26; At.10:22; Ap.14:10) ou
“anjos de Deus” (Jó 4:18; Sl.91:11; Sl.148:2; Mt.4:6; 13:41; 16:27; 18:10;
24:31; Mc.13:27; Lc.4:10; Hb.1:7; Ap.3:5), como também em “anjos do diabo”
(Mt.25:41; Ap.12:7,9), também chamados de “anjos que não guardaram o seu
principado” (Jd.6).
d) São seres assexuados. Por serem
plenamente espirituais, os anjos também são assexuados, ou seja, não são nem do
gênero masculino, muito menos do gênero feminino. A Bíblia diz que os homens é
que foram criados macho e fêmea (Gn.1:27), a exemplo de grande parte das
criaturas animais da dimensão terrena (Gn.2:19,20). Assim, a sexualidade é uma
característica exclusiva da dimensão terrena (e, assim mesmo, há criaturas
desta dimensão que são assexuadas), sendo algo que não tem correspondência na
dimensão celestial, como, a propósito, bem nos ensinou o Senhor Jesus em Seu
diálogo com os saduceus (Mt.22:29,30; Mc.12:25). Não há, portanto, “anjos do sexo
masculino” nem tampouco “anjas”. Alguns procuram “provar” a existência de
“anjas”, como se fosse possível uma “prova bíblica” que contrarie o ensino de
Jesus por intermédio do texto de Zc.5:9, que relata uma visão do profeta em que
“duas mulheres saíram, agitando o ar com as suas asas, pois tinham asas como as
da cegonha e levantaram a efa entre a terra e o céu”. Entendem que estas duas
mulheres seriam “anjas”, pois “teriam asas”. Trata-se, evidentemente, de uma grande
deturpação do texto bíblico. Primeiro, porque estamos diante de uma visão, que
não pode ser tomada ao pé da letra na interpretação. Mas, não bastasse isso, na
própria visão vemos que estas duas mulheres vistas pelo profeta simbolizam a
“impiedade”.
e) Os anjos não devem ser adorados. Os anjos são criados
por Deus e não devem ser cultuados em nenhuma hipótese. Somente a Deus devemos
adoração.
- Satanás tentou a
Cristo
pedindo-lhe adoração e Jesus lhe respondeu: “Vai-te, Satanás, porque está
escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás” (Lc.4:8).
- Paulo alertou aos
crentes
de Colossos que não aceitasse esta heresia dos falsos mestres: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com
pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu;
estando debalde inchado na sua carnal compreensão” (Cl.2:18).
- Os próprios anjos
recusaram ser adorados (cf.Ap.19:10; 22:8,9); sendo também adoradores (Sl.148:2,5;
Hb.1:6) - “E eu lancei-me a seus pés para
o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus
irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de
Jesus é o espírito de profecia” (Ap.19:10). “Louvai-o, todos os seus anjos;
louvai-o, todos os seus exércitos” (Sl.148:2).
Lamentavelmente,
em algumas igrejas os anjos são mais prestigiados do que Jesus Cristo. Quando
alguém diz que viu um anjo com a bandeja na mão trazendo a bênção para cada um,
o som de aleluias é ensurdecedor.
f) Anjos bons e
maus.
Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus.
A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça bondade e
santidade (2Pd.2:4; Jd.5). O que define entre bons e maus é o fato de que foram
criados como seres morais com livre-arbítrio, e, daí, a liberdade de escolha
consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição
moral dos anjos (Is.14:12-16; Ez.28:12-19).
A
Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua
dignidade (2Pd.2:4; Jd.6; Jó 4:18-21) – “Porque,
se Deus não perdoou aos anjos que
pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da
escuridão, ficando reservados para o Juízo” (2Pd.2:4). Aos anjos que não
pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição
celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a
vontade do Criador (Mt.18:10; 26:53) -“Vede,
não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos
nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus”. “Ou pensas tu que eu
não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões
de anjos?” (Mt.26:53).
g) A habitação dos
anjos.
Ao estudarmos as várias classes angelicais, entendemos que estas são distintas
por várias atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das "regiões
celestiais". A Bíblia declara ainda que os anjos de Deus são organizados
em milícias espirituais que povoam os céus e são distribuídos em distintas
ordens e graus (Lc.2:13; Mt.26:53). Trata-se, portanto, de uma habitação numa
dimensão celestial.
“E, no mesmo
instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a
Deus” (Lc.2:13).
h) O número de
anjos.
É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo
número em todos os tempos, desde que foram criados. Como não há reprodução de
anjos, eles persistem com o mesmo número desde o momento em que foram criados
(Dn.7:10 e Ap.5:11). A quantidade existente de anjos é única e incontável,
porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não
procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia
utiliza expressões variadas para designar "milhares de milhares”,
"multidão dos exércitos celestiais”, "muitos milhares de anjos"
(Ap.5:11; Dn.7:10; Dt.33:2; Hb.12:22; Lc.2:13).
i) Satanás se transfigura em “anjo de luz” - “E não é maravilha, porque o próprio Satanás
se transfigura em anjo de luz” (2Co.11:14). O diabo se transfigura em anjo
de luz para enganar as pessoas. Muitas das heresias hoje existentes tiveram
origem em visões (visões?) de procedência maligna.
Ø Aconteceu com Joseph
Smith, fundador do Mormonismo, conhecida como “Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias”. Em sua primeira “visão”, em 1820, teria visto o Pai e
o Filho Jesus Cristo. Três anos depois, em 1823, teria lhe aparecido o Anjo
Morôni.
Ø Aconteceu com John
S. Scheppe, que em 1913, através de uma “visão”, teria recebido uma revelação
acerca do poder do nome de Jesus. Desta revelação originou-se o batismo nas
águas só em nome de Jesus, e não mais em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo.
Aquela visão deu origem ao Movimento “Só Jesus” ou “Nova Luz”.
Aquela visão deu origem ao Movimento “Só Jesus” ou “Nova Luz”.
Ø Aconteceu com Sum
Myung Moon, fundador da “Associação do Espírito Santo para a Unificação da Cristandade
Mundial”, também chamada de “Igreja da Unificação”, fundada na Coréia, em 1954.
Segundo declarou o Reverendo Moon, quando ele tinha 16 anos, teve uma “visão”,
na qual Jesus lhe aparecera dizendo: “termina a missão que eu comecei”. Segundo
ele, Jesus teria lhe revelado que a obra da redenção ainda não estava completa,
e que Moon seria o único capaz de completar a obra que o Filho de Deus havia
começado. Isto vai totalmente de encontro o que Jesus proferiu, na cruz: “está
consumado” (João 19:30). Portanto, a visão de Moon é uma heresia gerada no
coração de Satanás.
Heresias
semelhantes a estas continuam acontecendo no presente, porque “Satanás se
transfigura em anjo de luz” e, com facilidade engana “homens amantes de si
mesmos”. Satanás prossegue enganando crentes incautos, como afirma Pedro: “E
muitos seguirão suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da
verdade” (2Pd.2:2). Precisamos discernir o que é de Deus do que não é de Deus
para não cairmos nos laços do Inimigo.
II. OS SERES CELESTIAIS PARA SERVIR
1. Ofícios dos Anjos de Deus. Os anjos são
ministros de Deus que estão sempre pronto para servi-lo e executar suas ordens.
A Bíblia diz que os anjos são valorosos em poder e executam as ordens de Deus
(Sl.103:20). A Bíblia narra a atuação deles nas diversas esferas no céu e na
terra. Vejamos alguns ofícios exarados nas Escrituras Sagradas.
a) Enaltecer a Deus. Além de servir a
favor daqueles que hão de herdar a salvação, a Bíblia nos mostra que os anjos
também têm como função a de adorar a Deus na beleza da Sua santidade e louvar o
seu santo nome. Os anjos têm como sua principal função a de louvar ao Senhor
(Ne.9:6; Sl.103:21; 148:2; Is.6:3; Lc.2:13,14). Quanto mais elevada a categoria
angelical, maior é a tarefa de adoração a Deus, como se vê a categoria dos
serafins e dos querubins, superiores de anjos que estão vinculados à adoração e
ao louvor (Is.6:3; Ez.1:24,25).
b) Trabalhar em prol
dos que hão de herdar a vida eterna. A missão dos anjos é a de serem “espíritos
ministradores a favor da Igreja” (Hb.1:14), ou seja, eles servem a Deus e,
entre as suas funções, está a de favorecer os homens fiéis ao Senhor, de serem
instrumentos divinos para o bem-estar dos que creem em Jesus Cristo como seu
único e suficiente Senhor e Salvador. Assim, não se pode pedir a nenhum anjo que
interceda junto a Deus em favor de alguém, mas, sim, se deve pedir a Deus que
nos favoreça, e Ele, entre outros instrumentos, pode nos favorecer através de
anjos, mas só serão acionados única e exclusivamente por Deus, e se assim O
quiser. No livro de Atos, são os anjos enviados em diversas ocasiões para
socorrer os discípulos de Cristo (At.5:19; 12:7; 27:23).
c) Proteger a nação
de Israel.
Em Daniel 12:1, lemos que, nos últimos dias, levantar-se-á Miguel, o grande
príncipe, para proteger a nação hebreia. Não fosse a intervenção divina,
certamente Israel não mais existiria, pois muitos são os seus inimigos.
Acontece que Israel é ainda povo de Deus, alvo de seus cuidados, que aguarda um
futuro promissor. Não porque Israel mereça, mas por causa da graça de Deus e de
Sua Palavra.
Deus,
ao longo da história, usou anjos para beneficiar o seu povo, mas nem sempre
agiu assim. Deus não precisa dos anjos para favorecer e ajudar o seu povo, mas
tem os anjos como um dos instrumentos que estão à sua disposição. Assim, por
exemplo, na vida de Israel, para derrotar Senaqueribe e seu exército,
utilizou-se de um anjo que, em uma só noite, matou cento e oitenta e cinco mil
soldados (2Rs.19:35). Numa outra ocasião, para dar vitória a Israel, fez com
que os próprios inimigos se matassem uns aos outros (Jz.7:22). Deus é soberano
e opera quando e como quer.
2. Os Anjos não são
mediadores entre Deus e os homens. Os anjos são meros instrumentos nas mãos
de Deus, nunca mediadores entre Deus e os homens. Constitui-se, portanto, num
grave erro doutrinário a oração que se faz a Deus para que ponha anjos aqui e
acolá, para que escale este ou aquele anjo para guardar esta ou aquela pessoa. Existem
líderes de reuniões que pedem a Deus que se ponham um determinado número de
anjos em cada reunião de adoração, e já ocorreu até pessoas determinando que
Deus escale “o arcanjo Miguel” para guerrear por ele em determinado problema ou
dificuldade. Tais orações não têm qualquer respaldo bíblico, sendo, antes de
tudo, um atrevimento da parte de quem assim ora.
Cumpre-nos,
também, informar que não tem cabimento pôr-se uma cadeira para anjos,
entregar a direção do culto a anjos, nem levar toda a multidão a procurar ver
anjos, como se eles fossem o foco e o objetivo de um culto. O culto se faz a
Deus e o nosso objetivo será o de, sob a direção do Espírito Santo, cultuarmos
e adorarmos única e exclusivamente a Deus. Quem dirige o culto não é anjo
algum, mas o Espírito Santo que, para tanto, se servirá daquele ministro, um ser
humano, que Deus constituiu na Sua igreja para este mister. Portanto, não há
qualquer fundamento nestas “invencionices” que, infelizmente, estão levando
muitos a se desviar da fé, pois o culto aos anjos nada mais é que idolatria e
os idólatras não herdarão o reino de Deus. Fujamos disto enquanto é tempo.
3. Aos anjos não se
deve fazer petições ou orações. É um erro doutrinário gravíssimo se fazer
orações ou petições a anjos, em especial aos “anjos da guarda”, que seriam
anjos destacados especialmente para guardar a cada um. A Bíblia é claríssima ao
nos ensinar que devemos orar a Deus, em nome de Jesus Cristo, como o Senhor
deixou bem claro ao nos dar o modelo de oração que é o Pai nosso (Mt.6:9-13).
Todas as orações de Jesus registradas nas Escrituras são dirigidas ao Pai
(Mc.15:34; Lc.10:21; 23:34; Jo.17) e, mesmo quando disse que poderia pedir
legiões de anjos para livrá-lo, disse que o poderia fazer dirigindo-se ao Pai
(Mt.26:53). Portanto, não há qualquer fundamento bíblico a ideia de que podemos
fazer petições ou orações aos anjos.
Somos
servos de Deus, e devemos pedir a Ele que opere em nosso favor, mas a forma
desta operação é assunto que cabe somente ao Senhor. Além do mais, os anjos
estão organizados em classes e em hierarquia, com distribuição de funções, não
podendo nós, simples mortais, querer mudar aquilo que foi estabelecido no céu
pelo Senhor.
III. AS HOSTES ANGELICAIS
Há
uma organização clara dos anjos no céu, mas sobre a natureza dessa hierarquia a
Bíblia nos revela muito pouco.
1. As hierarquias
angelicais.
A Bíblia mostra-nos que os anjos foram ordenados por Deus em uma hierarquia, ou
seja, foram estabelecidas classes e posições bem definidas entre os anjos. Não
é à toa que os anjos são chamados de “exércitos” de Deus (Sl.103:21; 148:2), pois
a palavra “exército” dá-nos a ideia de uma força organizada, em que há
comandantes e comandados, em que há uma rígida hierarquia.
Ao
chamar a organização dos anjos por Deus de “exércitos”, a Bíblia, assim,
diz-nos que há uma ordem com base nas relações entre os seres celestiais, uma
organização que leva em conta não só a posição de cada ser angelical, como
também as suas funções, as suas tarefas. Nosso Deus é um Deus de ordem, e esta
ordem, na dimensão celestial, a mais próxima ao Senhor, não poderia mesmo
deixar de existir em seus mínimos detalhes.
A
Bíblia mostra-nos que a organização dos seres celestiais é bem complexa, nem
podendo ser diferente, já que são milhares de milhares e milhões e milhões de
seres. O texto sagrado revela que há outras classes denominadas de “tronos”,
“domínios”, “principados”, “potestades” (Cl.1:16; Ef.1:21), cujas funções não
são explicitamente estabelecidas na Bíblia e que geram um sem-número de debates
e polêmicas entre os estudiosos. Basta-nos, porém, saber que existe uma hierarquia
e que nem todos os anjos são de igual porte, função e posição.
2. Serafins e
querubins.
Os querubins e serafins são dois tipos de anjos, possivelmente as duas ordens
mais altas de anjos.
a) Querubins. Essa classe de
anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de
Deus. A palavra querubim, no original hebraico "querub", tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela
primeira vez na Bíblia em Gn.3:24 no Jardim do Éden para guardar a entrada
oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse
acesso ao caminho da árvore da vida. O que aprendemos acerca dos querubins é
que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente
ligados ao trono de Deus (1Sm.4:4; 2Rs.19:15; Sl.80:1; 99:1; Is.37:16). Em
Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima
deles. A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam
o acesso à presença de Deus. Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou
“Lugar Santíssimo” com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb.10:19-22).
b) Serafins. O vocábulo serafim
deriva do "saraph", e
significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe
de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6:1-3. Nesta escritura, os
serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor.
Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão
de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada
serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude
de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando
de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam.
As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de
movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma
materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque,
de fato, os anjos são incorpóreos e não possuem asas.
3. Arcanjo. Arcanjo significa,
literalmente, principal entre os anjos. Miguel é o único ser angelical que é
chamado na Bíblia de "arcanjo" (Jd.9), sendo certo que a palavra foi
utilizada apenas em 1Ts.4:16, também no singular, de modo que há quem defenda
que haja apenas um arcanjo nos céus, precisamente Miguel, ser, aliás, que já
aparecera como figura de proeminência no céu no Antigo Testamento, onde é
chamado de “um dos primeiros príncipes” (Dn.10:13), também apontado como o príncipe
de Israel (Dn.10:21) e “o grande príncipe” (Dn.12:1). Por fim, no livro do
Apocalipse, é apresentado como tendo anjos a seu serviço (Ap.12:7). Miguel
parece ter, mesmo, uma função de proeminência entre os demais anjos, sendo o
encarregado de liderar as batalhas contra o diabo e seus anjos principais, como
também de cuidar, pessoalmente, dos serviços em favor de Israel, a propriedade
peculiar de Deus entre os povos (Ex.19:5,6), tanto que foi o escalado pelo
Senhor na contenda sobre o corpo de Moisés (Jd.9).
Por
causa de Dn.10:13 e de nítida influência gentílica, os judeus, após o cativeiro
da Babilônia, passaram a admitir a existência de “sete arcanjos”, que seriam os
“anjos-comandantes”, os “anjos maiorais”, os “primeiros príncipes” mencionados
no texto de Daniel. Seriam eles: “Miguel, Gabriel, Samael, Rafael, Saquiel,
Anael e Cassiel”, dos quais teriam referência na Bíblia tão somente Miguel e
Gabriel (ainda que Gabriel jamais seja chamado de arcanjo nos textos bíblicos).
Samael seria o “querubim ungido”, que se teria tornado Satanás. Tais ensinos,
apesar de terem sido adotados pela tradição judaica e de lá passado para alguns
segmentos cristãos (o catolicismo romano, em especial), não podem ser aceitos
como verdadeiros, pois não têm respaldo bíblico. Além do mais, é nítida a
associação deste pensamento às religiões gentílicas, principalmente a
babilônica e a persa, ou seja, trata-se de adaptação do paganismo. Tanto é
assim que a “teoria dos sete arcanjos” é hoje utilizada abertamente por
esotéricos e até mesmo por teóricos dos cultos afro-brasileiros. Devemos ficar
com a Bíblia e, portanto, admitir a existência de apenas um arcanjo conhecido,
que é Miguel.
IV. JESUS E O ARCANJO MIGUEL
Alguns
grupos religiosos ensinam que Miguel é o próprio Jesus Cristo. Isto é uma pura
heresia, e facilmente refutada pelas Escrituras Sagradas. O que nos chama a
atenção é o fato de segmentos que se dizem cristãos e que afirmam crer na
Trindade, confundam o Criador com a criatura.
1. A identidade de
Miguel.
O nome do arcanjo Miguel aparece cinco vezes na Bíblia, como
"príncipe" (Dn.10:13,21; 12:1), arcanjo (Jd.9) e combatente contra
Satanás e seus anjos (Ap.12:7). As referências bíblicas que citam Miguel nos
dão a entender que ele tem uma posição de superioridade em relação aos demais
seres angelicais. Ele se destaca biblicamente como uma espécie de administrador
e protetor dos interesses divinos em relação a Israel (Jd.9; Dn.12:1). Ele é
denominado “príncipe dos filhos de Israel” porque é o guardião dessa nação. Foi
ele quem sepultou o corpo de Moisés (Jd.1:9). Na visão apocalíptica e
escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá
como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas,
representadas pelo dragão, figura de Satanás (Ap.12:7-12). Na vinda pessoal de
Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura
não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos
mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para
ir ao encontro do Senhor nos ares (1Ts.4:16) – “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta
de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”.
2. Uma diferença
abissal.
A diferença entre Jesus e Miguel é abissal, pois Jesus é Deus, o Criador e
transcendente; Miguel é anjo, portanto, criatura (João 1:1-3; Cl.1:16,17;
Jd.9). Há um falso ensino, este formulado pelos sabatistas (adventistas do sétimo
dia), e também repetido pela seita as Testemunhas de Jeová, segundo os quais Miguel
é, na verdade, Jesus. Trata-se de mais um sutil engano do adversário de nossas
almas que, ao defender esta tese, procura negar a divindade de Cristo. Miguel é
um arcanjo, é um anjo e, portanto, uma criatura. Pode ter uma posição excelente
no céu e não se pode sequer deixar de reconhecer que é possível que tal posição
tenha ganhado proeminência maior após a queda de Lúcifer, no entanto, Miguel
não é Jesus. Miguel foi criado, Jesus é criador; Miguel não ousou repreender
Satanás, Jesus feriu a cabeça do diabo, ao vencer a morte e o inferno na cruz
do Calvário; Miguel é príncipe de Israel, Jesus é o Rei de Israel, Rei dos reis
e Senhor dos senhores; Miguel se levantará na Grande Tribulação pelos filhos de
Israel, mas Jesus libertará Israel e porá fim a Grande Tribulação na batalha do
Armagedom. Jesus é adorado até pelos anjos, e isso inclui o próprio Miguel; no
entanto, Miguel, sendo anjo, não pode ser adorado (Hb.1:6; Ap.19:10; 22:8,9). Por
fim, admitindo-se que o arcanjo de 1Ts.4:16 é o único mencionado na Bíblia, ou
seja, Miguel, como poderiam Jesus e Miguel ser a mesma pessoa? Portanto, não se
deve confundir o Criador com a criatura.
CONCLUSÃO
A Bíblia traz muitas
informações acerca dos anjos e, apesar das inúmeras referências bíblicas, ainda
muito pouco sabemos a respeito de quem eles são e do que fazem. Sabemos que os anjos
adoram e cultuam a Deus, no céu; a Igreja adora e cultua a Deus, na terra; os anjos
adoram e cultuam a Deus, como Criador; a Igreja adora e cultua a Deus na Pessoa
de Jesus, como Salvador e Redentor. A Igreja, quando for arrebatada, e após as
Bodas do Cordeiro, será superior aos anjos, pois, ali ela será a Esposa do
Cordeiro, e, como Esposa, estará sempre ao seu lado.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. João – as glórias
do Filho de Deus.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um
vencedor na batalha espiritual.
Rev. Augustus Nicodemus Lopes. Quatro
Princípios Bíblicos para se Entender a Batalha Espiritual.
Pr. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Anjos,
ministros e enviados por Deus. PortalEBD_2006.
Pr. Dr. Caramuru Afonso Francisco. As heresias
e o culto aos anjos. Portal EBD.
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