1º Trimestre/2019
Texto Base: Marcos 5:2-13
"E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu
nome, até os demônios se nos sujeitam" (Lc.10:17).
Marcos 5:2-13
2.E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu
encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo;
3.O qual tinha a sua morada nos sepulcros, e
nem ainda com cadeias o podia alguém prender;
4.Porque, tendo sido muitas vezes preso com
grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões
em migalhas, e ninguém o podia amansar.
5.E andava sempre, de dia e de noite, clamando
pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras.
6.E, quando viu Jesus ao longe, correu e
adorou-o.
7.E, clamando com grande voz, disse: Que tenho
eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me
atormentes.
8. (Porque lhe dizia: Sai deste homem,
espírito imundo).
9.E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe
respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10.E rogava-lhe muito que os não enviasse para
fora daquela província.
11.E andava ali pastando no monte uma grande
manada de porcos.
12.E todos aqueles demônios lhe rogaram,
dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
13.E Jesus logo lho permitiu. E, saindo
aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um
despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao
tema sobre batalha espiritual, estudaremos nesta Aula a respeito da “possessão
demoníaca e a autoridade do nome de Jesus”. A possessão demoníaca é uma
realidade espiritual que escraviza pessoas e faz com que elas não tenham
domínio sobre suas faculdades psíquicas, transformando-as em pessoas
destituídas de qualquer lucidez para a vida. A possessão demoníaca só pode ser
vencida com a autoridade do nome de Jesus. Só a autoridade do nome de Jesus
pode libertar tais pessoas dessa escravidão espiritual. É importante ressaltar
que os demônios continuam a assaltar e a prejudicar vidas e famílias inteiras.
Eles continuam a odiar o ser humano, a mais bela criação de Deus. Por isso,
precisamos estar na presença do Altíssimo, cheios do Espírito Santo, e com a
autoridade do nome de Jesus atuar na libertação de vidas que se encontram
amarradas pelas correntes do Maligno.
I. A POSSESSÃO MALIGNA
Nesta Aula, daremos maior
atenção ao relato do endemoninhado gadareno, tendo como base o texto de Marcos
5:2-13. Endemoninhado é a pessoa controlada por um ou mais demônios. Os
demônios são anjos caídos que se uniram a Satanás em sua rebelião contra Deus e
agora são espíritos malignos sob o controle de Satanás. Eles auxiliam Satanás a
levar as pessoas ao pecado e têm grandes poderes destrutivos. Embora possamos
não ter certeza da razão pela qual acontece a possessão demoníaca, sabemos que
os espíritos malignos podem prejudicar uma pessoa, afastando-a de um
relacionamento com Deus e com os semelhantes; eles são perigosos, poderosos e
destruidores. Adverte o apóstolo Paulo: “não dês lugar ao diabo” (Ef.4:27).
1. A cidade de Gadara. No tempo de Jesus, Gadara fazia parte
de uma confederação de dez cidades, chamada de Decápolis. Segundo alguns
estudiosos, essa "Decápolis" era uma liga de dez
cidades helênicas: Citópolis, Filadélfia, Gerasa, Pela, Damasco, Kanata, Dion,
Abila, Gadara e Hippo. Estas cidades eram
centros da cultura helênica, povoadas por elementos de língua e cultura
grega, em meio a uma região de povos semitas, os Judeus, Nabateus e
Sírios. Os Gadarenos são um remanescente dos antigos Girgaseus
(cidade dos gigantes Anaquins e Refains), por isso em alguns manuscritos do
Novo Testamento, principalmente no Evangelho de Mateus (Mt.8:28), Marcos
(Mc.5:1) e Lucas (Lc.8:26,37), encontramos o termo Gergesenos/Gerasenos. Os
Girgaseus eram descendentes de Cão, filho de Noé, da parte de seu
neto Canaã, conforme lemos em Gênesis 10:15,16: “E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete; E ao
jebuseu, ao amorreu, ao girgaseu”. Quando Israel foi introduzido na Terra
de Canaã, a ordem divina era que os girgaseus não convivessem com o povo de
Israel: “Quando o SENHOR teu Deus te
houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e tiver lançado fora
muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus… (Dt.7:1).
2. Harmonização nas
narrativas. Marcos e Lucas, que
seguem um estilo próprio de narrar a vida de Jesus, com mais detalhes que
Mateus, relatam que um homem, o endemoninhado gadareno, se aproximou do
Mestre, assim que Ele desceu do barco, às margens do lago de Tiberíades. Mateus,
porém, conta que eram dois homens endemoninhados; mas, Mateus apresentou
apenas um resumo do episódio, pois a sua ênfase é a autoridade de Jesus sobre
os espíritos malignos. Mateus omite o fato de o porta-voz dos demônios se identificar
como "legião" e também o desejo de o gadareno seguir a Jesus, após
sua libertação.
Apesar
das diferenças nas narrativas dos Evangelhos, há também muitas
similaridades nas três descrições registradas em Mateus, Marcos e
Lucas. Nas três narrativas, podemos ver o diálogo que ocorreu entre
Jesus e os espíritos malignos. Porém, cada um dos três evangelistas trouxe
perspectivas únicas sobre essa incrível batalha espiritual.
- Em
Mateus nós aprendemos
que os espíritos impuros tornavam o endemoninhado gadareno extremamente
antissocial. Isto é indicado pelo fato de que não vivia na cidade,
mas em um túmulo (morte social).
- Marcos
enfatiza que este
homem não podia ser contido, nem preso nem mesmo por correntes, pois ele
as fazia em pedaços (roubo da sanidade).
- Lucas
nos mostra que os
demônios tornaram o gadareno em um homem imoral. Ele não usava roupas, e
estava nu por muito tempo (destruição da moral).
Essas três descrições nos
remetem para as três desgraças que são características das forças do
mal: “O ladrão não vem senão a roubar,
a matar, e a destruir…”(João 10:10).
3. O valor de uma vida. Satanás roubou tudo de precioso que esse
homem possuía: família, liberdade, saúde física e mental, dignidade, paz e
decência. Para os demônios, para a família daquele rapaz e para sociedade de
Gadara a vida daquele homem não valia nada; mas, para Jesus, a vida desse homem
tinha um preço incalculável; por isso, Jesus enfrentou uma tempestade
repentina, de noite, para libertar aquele homem da possessão demoníaca.
Ao chegar em Gadara,
Jesus deparou-se com um espectro tenebroso. Era um lugar deserto, íngreme,
cheio de cavernas, um cemitério, onde havia corpos expostos, alguns deles em
decomposição. O lugar em si já metia medo nos mais corajosos. Desse lugar
sombrio, sai um homem louco, desvairado, possesso, nu, ferindo-se com pedras;
ele era um pária, um aborto vivo, uma escória da sociedade. Humanamente
falando, não havia solução para esse homem, tanto que a família e a sociedade
de Gadara o desprezaram. Mas, para Jesus, nada é impossível. Por isso, Jesus subjugou
a fúria do mar e depois a fúria dos demônios para libertar o gadareno da
possessão demoníaca. Jesus fez um alto investimento na vida desse homem,
libertando-o da possessão maligna, dando-lhe uma nova vida. Jesus devolveu a
esse homem a dignidade da vida. Essa é a expressão do infinito amor de
Jesus por qualquer vida humana.
4. A opressão. O gadareno estava possuído por espíritos
imundos. Todos já haviam desistido dele, menos Jesus. Mesmo depois de um dia
exaustivo de trabalho, depois de uma terrível tempestade, Jesus se dispôs a libertar
e salvar esse homem possesso.
Havia dentro dele uma legião de demônios (Mc.5:9). No exército romano, legião era uma corporação
de seis mil soldados romanos. Nada infundia tanto medo e terror quanto uma
legião romana. Era um exército de invasão, crueldade e destruição. A legião
romana era composta de infantaria e cavalaria. Numa legião havia flecheiros,
estrategistas, combatentes, incendiários, e aqueles que lutavam com espadas.
Por onde uma legião passava, deixava um rastro de destruição e morte. Uma
legião romana era irresistível. Aonde ela chegava, as cidades eram assaltadas,
dominadas e seus habitantes arrastados como súditos e escravos. Uma legião
romana era a mais poderosa máquina de guerra conhecida nos tempos antigos. As
legiões romanas formavam o braço forte com o qual Roma havia subjugado o mundo.
Assim era o poder diabólico que dominava o pobre endemoninhado gadareno. Havia
um poder de destruição descomunal dentro daquele homem, transformando sua vida
num verdadeiro inferno. Esse homem vivia como um louco, desvairado, possesso,
nu, feria-se com pedras, vivia nos sepulcros, e era tão violento que nem mesmo
os grilhões e as cadeias podiam detê-lo. Ele era um aborto vivo, um cavalo de
Satanás, uma escória da sociedade. Ainda hoje milhares de pessoas vivem no
cabresto de Satanás.
5. Um quadro estarrecedor. A possessão demoníaca não é um mito, mas uma
triste realidade. Esse homem estava possesso de demônios. Veja o quadro
estarrecedor desse gadareno (Adaptado do
Livro: “Marcos – o evangelho dos milagres. Rev. Hernandes Dias Lopes”.
a) Ele tinha dentro de si muitos demônios (Mc.5:2,9). Esse homem não estava no controle de si
mesmo. Suas palavras e suas atitudes eram determinadas pelos espíritos imundos
que estavam dentro dele. Ele era um capacho de Satanás, um cavalo dos demônios,
um joguete nas mãos de espíritos assassinos.
b) Ele manifestava uma força sobre-humana (Mc.5:3,4). As pessoas não podiam detê-lo nem as cadeias
subjugá-lo. A força destruidora que despedaçava as correntes não procedia dele,
mas dos espíritos malignos que nele moravam.
c) Ele manifestava frequentes acessos de raiva. O evangelista Mateus, narrando esse episódio,
diz que os endemoninhados estavam a tal ponto furiosos que ninguém podia passar
por aquele caminho (Mt.8:28). Normalmente uma pessoa possessa revela uma
fisionomia carregada de ódio, olhos arregalados e vermelhos.
d) Ele perdeu o ânimo próprio (Mc.5:3,5). Esse homem andava nu e feria-se com pedras. Em vez de proteger-se,
feria-se a si mesmo. O ser maligno que estava dentro dele empurrou-o para as
cavernas da morte. A legião de demônios que estava nele tirou dele o pudor e
queria destruí-lo e matá-lo. O diabo veio para roubar, matar e destruir. Ele é
ladrão e assassino. Há muitas pessoas que hoje ceifam a própria vida, quando
esses espíritos imundos entram nelas, foi assim com Judas Iscariotes; Satanás
entrou nele e o levou ao suicídio.
e) Ele atormentava as pessoas (Mc.5:5). Ele, de noite e de dia, gritava por entre os sepulcros. Não havia
descanso para a sua mente nem para o seu corpo. Ele estava perturbado
mentalmente. Além da perturbação mental, ele golpeava-se com pedras. Vivia nu e
ensanguentado, correndo pelos montes escarpados, esgueirando-se como um
espectro de horror, no meio de cavernas e sepulcros. Seu corpo emagrecido
refletia o estado deprimente a que um ser humano pode chegar quando está sob o
domínio de Satanás. Há muitas pessoas hoje atormentadas, inquietas e
desassossegadas, vivendo nas regiões sombrias da morte, sem família, sem
liberdade, sem dignidade, sem amor próprio, ferindo-se a si mesmas e espalhando
terror aos outros.
f) Ele vivia uma vida sem pudor (Lc.8:27). Esse endemoninhado há muito tempo não se
vestia. Ele tinha perdido completamente o senso de dignidade própria. Não
respeitava a si nem aos outros. A obscenidade era a marca de sua vida. Ainda
hoje, vivemos numa cultura saturada pela influência dos demônios, uma cultura
que se esforça para deixar as pessoas nuas; vemos isso sobejamente nas redes
sociais e em vários sites.
g) Ele revelava um conhecimento sobrenatural por clarividência e
adivinhação (Mc.5:6,7).
Logo que Jesus desembarcou em Gadara, esse homem possesso correu cheio de medo,
e prostrou-se aos seus pés para adorá-lo. Ele sabia quem era Jesus. Sabia que
Jesus é o Filho do Deus Altíssimo, que tem todo poder para atormentar os
demônios e mandá-los para o abismo. Os demônios creem na divindade de Cristo,
na sua total autoridade. Eles oram e creem nas penalidades eternas. A fé dos
demônios é mais ortodoxa do que a fé da maioria dos teólogos liberais.
h) Ele arrastava as pessoas para a impureza (Mc.5:2,3a). Gadara era uma terra gentílica, onde as
pessoas lidavam com animais imundos. O espírito que estava naquele homem era um
espírito imundo. Por isso, levou-o para um lugar impuro, o cemitério, para
viver no meio dos sepulcros. Humanamente falando, não havia esperança para esse
pobre homem.
Os espíritos malignos levam as pessoas a se
envolverem com tudo o que é imundo. Hoje, há pessoas chafurdando-se na lama.
Quem pratica o pecado é escravo do pecado. Quem vive na prática do pecado é
filho do diabo. Há pessoas que entram em cemitérios e desenterram defuntos para
fazerem despacho aos demônios.
A promiscuidade está atingindo patamares
insuportáveis, no mundo inteiro. As emissoras de televisão no Brasil e no mundo
todo expõem o homossexualismo como comportamento natural e normal. A maioria
dos países estão legitimando o casamento de pessoas do mesmo sexo. A
promiscuidade presente na geração contemporânea faz de Sodoma e Gomorra cidades
puritanas.
i) Ele tornou-se um problema para a família e para a sociedade de Gadara
(Mc.5:3,4). O amor familiar e a
repressão da lei não puderam domesticar aquela fera indomável. Ele era como um
animal selvagem. Resistia a qualquer tentativa de controle externo. As pessoas
não o suportaram mais e o expulsaram. Ele foi morar com os mortos. Estes não
lhe faziam nenhum mal, mas também não o protegiam de si mesmo. Ele agora estava
nu entre os demônios.
Há um espírito que atua nos filhos da
desobediência e torna as pessoas furiosas, violentas e indomáveis nesses dias.
Há seres humanos que se transformam em verdadeiros monstros malfeitores, em
feras indomáveis. Nem o amor da família nem o rigor da lei têm abrandado a
avalanche de crimes violentos em nossos dias. São terroristas que enchem o
corpo de bomba e explodem-se espalhando morte. São os vândalos que incendeiam
ônibus nas ruas. São pistoleiros de aluguel que derramam sangue por dinheiro.
São traficantes que matam e morrem para alimentar o seu vício execrado.
II. O PODER DE JESUS SOBRE OS DEMÔNIOS
Jesus é aquele que veio
para resgatar o homem das mãos de Satanás. Ele veio para o bom combate, para
restaurar a imagem de Deus, a moralidade do ser humano e transformá-lo em um
vaso de honra.
"Para isto o Filho de Deus se manifestou:
para desfazer as obras do diabo" (1João 3:8).
Jesus é aquele que viria
para destronar Satanás e ferir sua cabeça, e que um Dia esmagará a cabeça dele
(Rm.16:20).
"E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar" (Gn.3:15).
“E o
Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso
Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém!” (Rm.16:20).
1. O
poder de Jesus sobre os demônios. Na batalha espiritual travada entre
Jesus e os demônios, em Gadara, os demônios não puderam resistir à mera
aproximação de Jesus, eles se prostraram diante dele. Aquele que vivia como um
animal feroz, uivando pelas montanhas, escondido pelos sepulcros, quebrando
correntes, ameaçando de morte qualquer um que dele se aproximasse, caiu de
joelhos ao chão, pela simples presença de Jesus.
"E, quando viu Jesus ao longe, correu e
adorou-o" (Mc.5:6).
Os demônios sabem e reconhecem
que Jesus é o Filho do Altíssimo. Quando a legião de demônios viu Jesus, rogou-o
que não os atormentassem, e que não os mandassem para fora daquela região.
"E, clamando com grande voz, disse: Que
tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não
me atormentes. (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito
imundo)"(Mc.5:7,8).
O Mestre perguntou-lhes o
nome, e eles deram uma resposta que mostra o quanto eles estavam se alimentando
do ódio, dos conflitos psicológicos e das más obras praticadas pelo povo
daquelas cidades; chegando ao ponto de se identificarem com as circunstâncias
sócio-politico-econômicas da época, afirmando que eram uma "legião",
nome dado às milícias romanas compostas de seis mil soldados.
"E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E
lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe
muito que os não enviasse para fora daquela província "(Mc.5:9,10).
Apesar de serem muitos,
aquela casta diabólica ficou impotente diante da presença de Jesus, que com
apenas uma palavra os expulsou e acabou com o cativeiro em que o pobre gadareno
há muito tempo era aprisionado.
2. Jesus libertou o gadareno da escravidão dos demônios (Mc.5:6-15). Jesus se manifestou para destruir as obras do
diabo (1João 3:8). Até os demônios estão debaixo da sua autoridade. Mediante a
autoridade da palavra de Jesus, a legião de demônios bateu em retirada e o
homem escravizado ficou livre.
Cristo é o atormentador
dos demônios e o libertador dos homens. Aonde Ele chega, os demônios tremem e
os cativos são libertos. Satanás tentou matar Jesus na tempestade e agora tenta
impedi-lo de entrar na região de Gadara. Mas, em vez de intimidar-se com a
legião de demônios, Jesus é quem espalha terror no exército demoníaco.
3. Jesus devolveu ao gadareno a dignidade da vida (Mc.5:15). Três coisas nos chamam a atenção nessa libertação:
a) O homem estava assentado aos pés de Jesus (Mc.5:15; Lc.8:35). Aquele que vivia perturbado, correndo de dia
e de noite, sem descanso para a mente e para o corpo, agora está quieto, sereno,
assentado aos pés do Salvador. Jesus acalmou o vendaval do mar, e também o
homem atormentado. Alguns estudiosos entendem que a tempestade que Jesus
enfrentara para chegar a Gadara fora provocada por Satanás, visto que a mesma palavra
que Jesus empregou para repreender o vento e o mar, empregou-a para repreender
os espíritos imundos. Seria uma tentativa desesperada de Satanás de impedir
Jesus de chegar nesse território pagão, onde ele mantinha tantas pessoas sob
suas garras assassinas.
b) O homem estava vestido (Mc.5:15). Esse homem havia perdido o pudor e a dignidade. Ele andava nu. Havia
muito tempo que não se vestia (Lc.8:27). Tinha perdido o respeito próprio e o
respeito pelos outros. Estava à margem não só da lei, mas também da decência.
Agora que Jesus o transformou, o primeiro expediente é vestir-se, é cuidar do
corpo, é apresentar-se com dignidade. A prova da conversão é a mudança. A
conversão sempre toca nos pontos nevrálgicos. Zaqueu, o homem amante do
dinheiro, ao ser convertido, resolveu dar metade dos bens aos pobres.
c) O homem estava em perfeito Juízo (Mc.5:15). Jesus restituiu a esse homem sua sanidade
mental. Aonde Jesus chega, Ele restaura a mente, o corpo e a alma. Esse homem
não é mais violento, não oferece mais nenhum perigo à família nem à sociedade. Jesus
continua transformando monstros em homens santos, escravos de Satanás em homens
livres, abortos vivos da sociedade em vasos de honra.
4. Jesus dá ao gadareno uma gloriosa missão (Mc.5:18-20). Jesus enviou esse homem como missionário para
sua casa, para ser uma testemunha na sua terra. Antes, ele espalhava medo e
pavor, agora, anuncia as boas-novas de salvação; antes, era um problema para a
família, agora, é uma bênção; antes, era um mensageiro de morte, agora, um
embaixador da vida. Jesus revela a ele que o testemunho precisa começar em sua
própria casa. O nosso primeiro campo missionário precisa ser o nosso lar. Sua
família precisa ver a transformação que Deus operou na sua vida. O que Deus fez
por nós precisa ser contado aos outros.
III. TRÊS ORAÇÕES, TRÊS PEDIDOS
Marcos 5:1-20 registra três orações, três pedidos.
As duas primeiras foram prontamente atendidas por Jesus, mas a última foi
indeferida (Adaptado do Livro de Marcos –
o evangelho dos milagres – do Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. Jesus atendeu ao pedido dos demônios (Mc.5:10,12). Os demônios pediram, e pediram
encarecidamente. Havia intensidade e urgência no pedido deles. Eles não queriam
ser atormentados (Mc.5:7) nem enviados para o abismo (Lc.8:31) nem para fora do
país (Mc.5:10), mas para a manada de porcos que pastava pelos montes (Mc.5.11,12).
É intrigante que Jesus tenha atendido prontamente ao pedido dos demônios, e a
manada de dois mil porcos precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do
mar, onde se afogaram (Mc.5:13).
Por que Jesus atendeu aos demônios? Por cinco razões, pelo menos:
a) Para mostrar o potencial destruidor que agia naquele homem. O gadareno não estava fingindo nem encenando.
Seu problema não era apenas uma doença mental. Não se transfere esquizofrenia
para uma manada de porcos. Os demônios não são seres mitológicos nem a
possessão demoníaca uma fantasia. O poder que estava agindo dentro daquele
homem foi capaz de matar dois mil porcos.
b) Para revelar àquele homem que o poder que o oprimia tinha sido vencido. Assim como a ação do mal não é uma simulação,
a libertação também não é apenas um efeito psicológico, mas, um fato real,
concreto e perceptível. A Bíblia diz: "Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente, sereis livres" (João 8:36).
c) Para mostrar à população de Gadara que, para Satanás, o valor de uma
pessoa humana tem o mesmo valor de um porco. De fato, Satanás tem transformado muitas pessoas em porcos. Jesus está
alertando aquele povo sobre o perigo de ser um escravo do pecado e do diabo.
d) Para revelar a escala de valores dos gadarenos. Eles expulsaram Jesus, por causa dos porcos.
Eles amavam mais aos porcos que a Deus e ao próximo. O deus mamom era o deus deles.
e) Para mostrar que os demônios estão debaixo da sua autoridade. Os demônios sabem que Jesus tem poder para
expulsá-los e também para mandá-los ao abismo. Alguém mais poderoso que Satanás
havia chegado e os mesmos demônios que atormentavam o homem agora estão
atormentados na presença de Jesus. Os demônios só podem ir para os porcos se
Jesus o permitir. Eles estão debaixo do comando e autoridade de Jesus. Eles não
são livres para agir fora da autoridade suprema de Jesus.
2. Jesus atendeu ao pedido dos moradores de Gadara (Mc.5:17). Os gadarenos expulsaram Jesus da sua terra.
Eles amavam mais aos porcos e o dinheiro que a Jesus. Essa é a terrível
cegueira materialista. Lucas registra: "Todo o povo da circunvizinhança
dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande
medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou" (Lc.8:37). Jesus não os
constrangeu nem forçou sua permanência na terra deles. Sem qualquer
questionamento ou palavra, entrou no barco e deixou a terra de Gadara. Os
gadarenos rejeitaram Jesus, mas Jesus não desistiu deles; eles expulsaram
Jesus, mas Jesus enviou para o meio deles um missionário. O Senhor não nos
trata de conformidade com os nossos pecados.
3. Jesus indeferiu o pedido do salvo (Mc.5:18-20). O gadareno, agora, liberto, curado e salvo quis,
por gratidão, seguir a Jesus, mas o Senhor não o permitiu. O mesmo Jesus que
atendera a petição dos demónios e dos incrédulos, agora rejeita a petição do gadaremo
salvo. Por quê?
a) Porque a família precisa ser o nosso primeiro campo missionário. A família dele sabia como ninguém o que havia
acontecido, e agora, poderia testificar sua profunda mudança. Não estaremos
credenciados a pregar para os de fora, se ainda não testemunhamos para os da
nossa própria família. Esse homem tornou-se uma luz no meio da escuridão. Ele
pregou não só para a sua família, mas também para toda a região de Decápolis. Ele
não apenas anunciou uma mensagem teórica, mas o que Jesus lhe fizera, a sua
própria experiência. Ele era um retrato vivo do poder do evangelho, um
verdadeiro monumento da graça.
b) Porque Jesus sabe o melhor lugar onde devemos estar. Devemos submeter nossas escolhas ao Senhor.
Ele sabe o que é melhor para nós. O importante é estar no centro da sua
vontade. Esse homem tornou-se um dos primeiros missionários entre os gentios.
Jesus saiu de Gadara, mas ele permaneceu dando um vivo e poderoso testemunho da
graça e do poder de Jesus.
IV. OS PORQUEIROS
Segundo alguns estudiosos, Gadara era uma
cidade que adotou a religião greco-romana, e havia um templo dedicado
ao deus Zeus, na cidade. Na religião romana, o animal sagrado era o
porco, que após morto e oferecido, tinha a sua carne vendida nos mercados.
1. O pedido dos demônios. Os demônios pediram a Jesus para entrar nos porcos que estavam ali.
“E os demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos
expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos. E ele lhes disse:
Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda
aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram
nas águas” (Mt.8:31,32).
Por que os demônios queriam os porcos? Provavelmente, aqueles porcos seriam oferecidos no templo pagão que
existia naquela cidade. O povo sacrificava ao deus Dionísio - o deus
do vinho e da impureza sexual. Nesse culto, os habitantes de
Gadara se embriagavam e tinham relações sexuais imorais, onde os
espíritos impuros teriam nova oportunidade de capturar mais vidas. Por
isso, eles pediram para habitar nos porcos.
2. O suicídio dos porcos. Mas até mesmos os porcos tiveram mais “bom senso” do que os homens
daquela cidade, não permitindo ser habitação de demônios, e se precipitaram por
um despenhadeiro, afogando-se no lago (Lc.8:33). O prejuízo foi grande, já que
eram dois mil porcos (Mc.4:13). Com a morte dos porcos, Jesus estava permitindo
que a “oferta” usada nos sacrifícios pagãos e abomináveis, fosse destruída.
Jesus expulsou os demônios, juntamente com os animais usados como
ofertas a esses mesmos espíritos imundos.
Jesus em si não tinha
nada contra os porcos, nem mesmo no aspecto da lei dietética dada aos judeus,
pois o povo de Gadara era gentio. Não há nada de errado em um gentio se
alimentar da carne de porco, pois essa proibição era parte da lei que
protegia os sacerdotes e os levitas do Templo de Jerusalém, contra
qualquer tipo de possibilidade de contraírem doenças causadas por germes e
vermes, que ocasionalmente poderiam se alojar na carne dos animais considerados
impuros. A exigência, porém, era em relação ao judeu, quando entrasse no
Templo. Dos gentios, nada de errado, pois a Lei Mosaica não exigia que um
gentio seguisse toda a lei, da forma como os judeus seguiam. O problema estava
no empoderamento que as pessoas davam e ainda dão a certas coisas, objetos ou
animais; que neste caso, era para retroalimentar a prática de culto aos
demônios e as relações sexuais ilícitas.
3. A fúria dos porqueiros. Os homens da cidade ficaram furiosos com Jesus, pois o “suicídio” em
massa dos porcos trouxe um grande prejuízo financeiro, justamente em um “bem
precioso para o culto pagão”, pois servia-se a carne desses animais, e
juntamente praticava-se a imoralidade homossexual da religião greco-romana.
Essas relações homossexuais eram um convite a novas possessões malignas.
Furiosos, por causa do
prejuízo (Mc.5:16,17), os porqueiros pediram para Jesus se retirar de suas
terras. Na concepção daquela gente, os porcos valiam mais que a vida humana. Eles
se importaram mais em manter o estilo de vida pecaminoso, do que se
alegrar com a libertação do homem gadareno. Como diz um certo teólogo, “os habitantes
de Gadara, ao expulsarem Jesus, estavam dizendo: não perturbem nossa
comodidade, preferimos que deixe as coisas como estão; não perturbem nossos
bens; não perturbem nossa religião”.
Hoje não é diferente. Muitos
substituem Jesus por qualquer coisa. Para alguns, hoje em dia, os animais valem
muito mais do que o ser humano. Os noticiários mostram diariamente como muitos
governantes tratam os imigrantes de modo inferior aos animais. Esse espírito já
existia nos tempos do Novo Testamento – “Respondeu-lhe,
porém, o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada
um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber água? E não convinha soltar
desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos
Satanás mantinha presa?” (Lc.13:15,16).
CONCLUSÃO
“A possessão demoníaca é
um fenômeno estarrecedor que só pode ser contido pelo poder de
Jesus. O Senhor Jesus manifestou seu poder sobre toda a natureza,
sobre o vento, sobre o mar, sobre a morte, sobre as enfermidades, sobre o poder
das trevas. Os demônios estremecem diante dEle. O poder de Satanás é muito
limitado diante do poder de Jesus. Todos nós precisamos de Jesus, da comunhão
com Ele, para dEle receber poder e assim expulsar aos demônios, pois Ele nos
deu essa autoridade (Lc.10:19,20)” (LBM.CPAD).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um
vencedor na batalha espiritual.
Rev. Augustus Nicodemus Lopes. Quatro
Princípios Bíblicos para se Entender a Batalha Espiritual.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Marcos. O Evangelho
dos Milagres.
Acompanho a muitos anos seus comentários e são esclarecedores, parabéns pelo serviço prestado ao reino de Deus.
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